domingo, 15 de junho de 2025

IDENTIDADE E AUTONOMIA EM CRISES

 IDENTIDADE E AUTONOMIA

EM CRISES

Claudio Ramos, produzido e organizado a partir de livros e da net.

C@cau “:¬)15/06/2025

VÍDEOS AULAS:

https://www.instagram.com/reel/DHgN2DiRdSN/?igsh=eXAyaWptbnY4eG94

https://www.youtube.com/watch?v=0QsY7Pf8v8Q

https://www.youtube.com/watch?v=snNehBxn_W0

- Crises na identidade e autonomia: referem-se a momentos de questionamento e conflito em relação à autoimagem, papéis sociais e senso de propósito na vida. 

·         Essas crises podem ocorrer em diversas fases da vida, como adolescência e idade adulta, e são caracterizadas por incerteza, ansiedade e busca por significado. 

  

CRISES DE IDENTIDADE:

- As crises de identidade: são períodos de conflitos em que a pessoa questiona sua autopercepção e papéis sociais, podendo levar a desorientação e confusão. 

·         Erik Erikson (1902-1994)1 descreveu a crise de identidade como uma fase crucial na adolescência, onde o indivíduo busca definir quem é e qual seu lugar no mundo.

·         Essa busca pode envolver a exploração de diferentes valores, crenças e escolhas, resultando em uma identidade mais definida ou em confusão se a exploração não for bem-sucedida.

·         Crises de identidade não são necessariamente negativas, mas sim momentos de mudança e desenvolvimento psicossocial, segundo Erikson. 

1Erik Homburger Erikson (1902-1994) Frankfurt, foi um psicólogo e psicanalista do desenvolvimento, conhecido por sua teoria sobre o desenvolvimento psicológico dos seres humanos. Ele cunhou a expressão crise de identidade. Apesar de não ter diploma universitário, Erikson atuou como professor em instituições proeminentes, incluindo Harvard U. da Califórnia, Berkeley e Yale. Uma pesquisa da Review of General Psychology, publicada em 2002, classificou Erikson como o 12º psicólogo mais eminente do século XX.

  

CRISES EXISTENCIAIS:

- Refletem a insatisfação com o sentido da vida e a própria existência, gerando ansiedade e preocupação com o futuro e propósito de vida.

·         Podem surgir de experiências de perda, mudanças significativas ou reflexões sobre o propósito da vida.

·         A crise existencial pode levar a questionamentos profundos sobre valores, crenças e o significado da própria existência. 

"Quando você olha para o abismo, o abismo olha para você".

(F. Nietzche)2  

AUTONOMIA:

- Refere-se à capacidade de tomar decisões independentes e controlar a própria vida. 

Crises de identidade podem afetar a autonomia, especialmente se a pessoa estiver insegura sobre suas escolhas e valores.

·         A busca por autonomia envolve a construção de um senso de self forte e capaz de fazer escolhas alinhadas com seus próprios valores. 

2A frase "quando você olha para o abismo, o abismo olha para você" é uma citação de Friedrich Nietzsche, que é uma metáfora sobre a natureza da fixação e da obsessão. Quando nos concentramos intensamente em algo, especialmente em aspectos negativos ou desafiadores, corremos o risco de sermos consumidos por eles.

 

RESUMO:

- Crises na identidade e autonomia são momentos de questionamento e conflito que podem ocorrer em diferentes fases da vida, impulsionando a busca por autoconhecimento e significado, seja através da exploração da identidade ou da reflexão sobre o propósito da vida. 

sábado, 19 de abril de 2025

A POLÍTICA NACIONAL E SUAS IDIOSSINCRASIAS

 A POLÍTICA NACIONAL E SUAS IDIOSSINCRASIAS

(Excentricidade – Esquisitice – Particularidade)

Por: Claudio F Ramos, C@cau “:¬)19/04/2025 

Idiossincrasia, palavra incomum em nosso vocabulário cotidiano; mas, se levarmos em conta as palavras, as ações e os distorcidos valores dos nossos políticos, principalmente os de Brasília, ela até que é bastante conhecida e utilizada (se não é, deveria ser!). Há alguns dias, como se todos os nossos problemas financeiros, de segurança pública, moradia, saúde e educação, não bastassem, o nosso “bondoso” Presidente da República decidiu oferecer asilo diplomático a ex-primeira-dama do Peru (“fulana de tal”, condenada, juntamente com o “sicrano de tal”, seu marido e ex-presidente do Peru, por corrupção). A decisão do Presidente, além de questionável, suscita antigas rivalidades políticas, legais e ideológicas sobre a operação lava jato (combate à rede de corrupção ocorrida no Brasil a partir de 2014 e que também alcançou o país sul-americano por meio das empreiteiras). Em um período de convulsão mundial em que os conflitos bélicos parecem indissolúveis e o presidente dos EUA se esvaia em bravatas tarifárias, aqui no Brasil, só para variar, nós temos um chefe de Estado preocupado com a saúde da condenada peruana e a criação de seu filho de 14 anos de idade, uma vez o pai do jovem, o ex-presidente, também foi condenado (de acordo com o Itamarati, esses foram os motivos que levaram a concessão do asilo diplomático).

Mas onde está a idiossincrasia em tudo isso? Bem, ela se encontra exatamente em dois fatores: 1 – a delação premiada nada vale quando o acusado é o nosso “pariceiro” (parceiro): Lula desacreditou Antônio Palloci, seu ex-ministro, que depôs contra ele na lava jato (o homem que estava no meio de tudo, não sabia de nada?); Bolsonaro desqualificou Mauro Cid (seu ajudante de ordens) que depôs contra ele na PF (o homem que cumpria ordens, agia por conta própria?) e agora, por intermédio da benevolência de Lula, aceitamos uma condenada que também faz o mesmo que eles (desacredita a delação contra ela no Peru). 2 – O PL e boa parte do centrão (defensores de Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco 1979-2018) criticam o PT pelo asilo político a uma condenada estrangeira, mas querem soltar, por intermédio de uma anistia fraudulenta, uma turba de “patriotas” que invadiram e anarquizaram o patrimônio público no dia 08 de janeiro de 2023 (Donald Trump já conseguiu fazer isso com “os patriotas” de lá, os invasores do Capitólio). Aí estão as singularidades, ou seja, as idiossincrasias da política nacional. Como diriam os antigos: o sujo falando do mal lavado.

O PL, além da retórica eloquente nas redes sociais, não tem moral alguma; o PT, além de suposto defensor das minorias sociais, desconhece completamente a existência da palavra moral; mas, curiosamente, ambos falam o tempo todo sobre ética, honestidade, justiça e transparência (veja o caso das emendas PIX)! Quanto mais você estuda e pesquisa, menos você entende a política nacional. É excêntrica demais; é esquisita demais; é peculiar demais; é simplesmente a maior dentre as malditas heranças que os nossos colonizadores lusitanos nos deixaram e que nós, diligentemente, nos dedicamos a aperfeiçoar. C@cau “:¬)

 

quinta-feira, 27 de março de 2025

DIÁRIOS DE MOTOCICLETA

 DIÁRIOS DE MOTOCICLETA

(FILME BIOGRÁFICO- 2004)

Por: Claudio F Eamos, C@cau “:¬)23/03/2025

Ver parte da vida pretérita do famoso argentino, entes de se tornar a figura icônica da guerrilha mundial (Chê Guevara), foi deveras interessante! Isso se torna ainda mais fascinante se levarmos em conta a sensibilidade cinematográfica do excelente cineasta Walter Salles (1956 -). Diferentemente do que se poderia supor, Salles não nos apresentou, ao menos não de maneira direta, o Chê Guevara que “todos” conhecemos. No lugar do guerrilheiro marxista, Salles nos mostrou um Ernesto Guevara de la Serna (1928-1967) jovem e cordial; além disso, ele também nos revelou um estudante de medicina, um espirituoso e sonhador argentino de 23 anos de idade, oriundo da classe média. De maneira leve, divertida, mas não menos realista, o diretor nos permitiu conhecer a “gênesis” do futuro revolucionário; ou seja, a sensibilidade do homem, do cidadão, do profissional de medicina (ainda em formação) que, durante a sua trajetória pela América Latina (na companhia do amigo Alberto Granado), não deixou de ver, sentir e se importar com as dores e mazelas dos menos afortunados que viviam na região (oito meses de uma viagem que teve início em 1952). No filme percebesse a ausência de vários determinismos e/ou naturalizações morais e sociais por parte do protagonista principal. O que se quer dizer com isso? Ter nascido na classe média, ser médico em formação, ser argentino, ser branco, ser homem etc., nada disso foi fator decisivo, nem, muito menos, tornou-se obstáculo para o desenvolvimento de uma verdadeira empatia e alteridade social para com o outro. Mais do que formular teorias, fazer greves, tornar-se militante desta ou daquela causa e/ou situação, práticas muito comuns nos campus universitários da vida, Salles nos apresentou um homem que foi lenta e gradativamente transformado pela crua e impiedosa realidade dos fatos testemunhados durante a viagem. Ao final do filme, ficou muito claro que estávamos diante do início e não do fim de uma épica jornada. O filme me levou a refletir sobre os pseudorrevolucionários atuais, revolucionários entrincheirados nas universidades públicas; revolucionários armados com teses e teorias conspiratórias: sem eles é possível que não haja revoluções, mas com a revoluções que eles fazem, dificilmente alguma coisa mudará (sempre mais do mesmo). Em razão de tudo isso, senti saudades de um Chê que, infelizmente, nunca tive o privilégio de conhecer. C@cau”:¬)

 

 

 

segunda-feira, 24 de março de 2025

O TRABALHO

 O TRABALHO

O trabalho é essencial para a visão que o ser humano tem de si mesmo.

Organizado a partir de livros didáticos e da net. C@cau “:¬)24/03/2025 

VÍDEO DE APOIO: https://www.youtube.com/watch?v=C8kXG25Z2cY

TRABALHO E SOCIALIZAÇÃO

- Uma visão superficial: quando se começa a trabalhar, com responsabilidades e horários a cumprir, muita coisa muda na vida de uma pessoa.

·         O indivíduo é obrigado a aprender a se relacionar com outras pessoas.

·         O trabalho passa a ser um meio de aprendizado das relações sociais, tanto quanto uma forma de obter o sustento.

- A coisa é mais complexa: a questão do trabalho não é tão simples.

·         Dependendo de como se compreende o trabalho, e de como esse trabalho se realiza, pode-se ter uma ou outra visão de mundo.

·         É importante compreender diferentes noções de trabalho para compreender diferentes formas de socializações.

- EX: “[...] Na produção, os homens não atuam apenas sobre a natureza, mas também atuam uns sobre os outros. Não podem produzir sem se associarem de um certo modo, para atuarem em comum e estabelecerem um intercâmbio de atividades. Para produzir, os homens contraem determinados vínculos e relações sociais, e só através deles se relacionam com a natureza e se efetua a produção. [...] As relações sociais que os indivíduos produzem mudam, transforma-se, na medida da mudança e do desenvolvimento dos meios materiais de produção, isto é, das forças produtivas. [...]”

MARX, Karl. Trabalho assalariado e capital. In: REZENDE, Antonio (org.). Curso de filosofia. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. p. 178.

A ANTIGUIDADE E O TRABALHO

(Manual e Contemplativo)

- O trabalho em dois aspectos: os antigos e boa parte dos medievais o consideravam como dividido em duas partes: como trabalho manual e como trabalho contemplativo.

·         O trabalho manual era algo tido como degradante e inferior ao trabalho contemplativo.

·         O trabalho contemplativo envolvia a atividade intelectual, artística e política.

·         Aristóteles (384-322 a C.) declarou que o trabalho manual é uma atividade ignóbil.

·         Acreditava-se que o trabalho manual era causa de deformações somáticas e psíquicas.

- O trabalho e o uso de instrumentos: o trabalho manual estava vinculado ao uso de utensílios.

·         Aristóteles considerava que a obrigatoriedade do uso do utensílio tornava aquela atividade escrava dos instrumentos.

·         O trabalho intelectual, que prescindia dos utensílios, estava assim libertado.

·         O critério de autonomia (autarquia), foi para os gregos antigos muito importante para fazer esse tipo de distinção.

OBS – Autarquia: concepção grega importante que significa, em geral, autossuficiência, o governo de si mesmo, de ser o mais independente possível. Nas tradições socráticas e helenísticas, era a condição da felicidade e da paz de espírito (Ataraxia). 

- O trabalho contemplativo acima do mecânico: Aristóteles também compreendia que todas as Artes necessitam também de alguns instrumentos.

·         Não se poderia descartar as atividades manual e mecânica do conjunto das atividades humanas.

·         Para Aristóteles as atividades manuais estão submetidas às atividades contemplativas.

- EX: o construtor manual deve seguir o plano do arquiteto.

OBS – A escravidão no mundo antigo: No sistema escravista, o escravo eram os únicos que realizavam os trabalhos manuais, tal atividade passa a ser considerada objeto de desprezo pelas classes dirigentes das sociedades (Aristocracia).

A IDADE MÉDIA E O TRABALHO

(Sociedade Estamental)

- Os três estados: a posição do trabalho na IM estava de acordo com a chamada fórmula dos três estados, rigidamente hierarquizada e de pouca mobilidade social.

·         Oradores (eclesiásticos) - responsáveis pela orientação espiritual da comunidade.

·         Defensores (guerreiros, nobreza) - responsáveis pela proteção da comunidade.

·         Lavradores (campesinato, agricultores) - responsáveis pela produção.

- O trabalho artesanal: a condição de subordinação do trabalho com base nessa fórmula está mais relacionada aos lavradores do que aos artesãos.

·         As comunidades monásticas – aquelas que abdicam de bens comuns do cotidiano em prol da prática religiosa –, também realizavam esse tipo de trabalho.

·         A ação dos clérigos fez com que os medievais tivessem mais respeito pelos trabalhos artesanais manuais que os antigos.

A MODERNIDADE E O TRABALHO

(A dignificação pelo Trabalho)

- A divinização do trabalho: na modernidade o trabalho manual adquire grande valorização, passando a ser visto como uma atividade de natureza quase divina.

·         De acordo com Max Scheler (1874-1928), em  muitos povoados da Alemanha, essa valorização do trabalho traduziu-se como o hábito de trabalhar apenas por trabalhar, mesmo sem considerar seus fins.

·         Para Max Scheler e também para Max Weber, a supervalorização do trabalho manual manifesta o ressentimento que o ser humano moderno vai pouco a pouco tendo com relação aos valores vitais e espirituais.

·         Passa-se a considerar que só possui valor aquilo que é feito e adquirido pela própria pessoa por meio de esforço, cumprimento e dever.

·         O produto do trabalho é visto como uma prova de que o ser humano pode assumir papel de protagonista diante da natureza, modificá-la, controlá-la, subjugá-la.

·         A noção de trabalho passa a adquirir uma importância central e a influenciar outros valores dentro das sociedades modernas.

- A Revolução Industrial e o trabalho como técnica: ao se falar da Revolução Industrial, fala-se também do desenvolvimento da técnica ou da tecnologia.

·         A questão do trabalho muda bastante com o aprimoramento da técnica.

·         O alemão Karl Jaspers (1883-1969) procura compreender o trabalho a partir do uso da técnica.

·         A técnica surge quando o ser humano se dispõe a realizar qualquer atividade.

- O trabalho como transformação e diferenciação entre o homem e o animal: isso ocorre de três modos: como trabalho corporal, como ação de acordo com um plano e como uma característica do ser humano que o diferencia do animal.

·         Considerar o trabalho como comportamento fundamental do ser humano (Karl Marx) está ligado ao processo de humanização do mundo ao redor do homem e do próprio homem.

OBS: A valorização do trabalho está fortemente associada à Revolução Industrial

HEGEL E O TRABALHO

(Mediação entre o Mundo e o Humano)

- Hegel (1770-1831) compreende o trabalho como mediação entre o ser humano e o mundo.

·         Distintamente dos animais, o ser humano não consome imediatamente o produto que elabora por meio do trabalho, mas elabora de forma cada vez mais complexa a matéria fornecida pela natureza, atribuindo-lhe valor humano.

·         O ser humano só se realiza como tal nas necessidades que satisfaz por meio do trabalho.

·         Ao trabalhar, o ser humano se torna humano, ou seja, passa pelo processo de humanização, tanto teoricamente, por meio do trabalho intelectual, como na prática, por meio da ocupação manual.

·         O ser humano que se civilizou é aquele que compreendeu a necessidade do trabalho para sua formação.

- Divisão Social do Trabalho (não se pode fazer tudo, um depende do outro): há um crescimento infinito das necessidades e a concepção da divisão social do trabalho, que tem por consequência a divisão de classes.

·         A divisão social do trabalho facilita o trabalho e aumenta a produção, mas também aumenta a especialização e as desigualdades – o que faz com que o indivíduo passe a depender cada vez mais do conjunto da sociedade.

·         A especialização tira a necessidade de se aprender a realizar várias tarefas, de modo que o indivíduo se vê obrigado a depender dos outros para que realizem trabalhos que ele mesmo não sabe mais fazer.

OBS: O avanço da técnica gera a substituição das pessoas pelas máquinas.


KARL MARX E O TRABALHO

(Trabalhando o homem humaniza-se)

- Os temas de Hegel são aceitos por Karl Marx, que passa a desenvolvê-los.

·         Para Marx, os seres humanos começam a se distinguir dos animais quando começam a produzir seus meios de subsistência.

·         Trabalhando, os indivíduos produzem indiretamente sua própria vida material.

·         O trabalho não é apenas o meio de subsistência, mas sobretudo a própria realização e a produção da vida humana.

·         O trabalho não é uma condenação para o homem, mas o próprio homem, modo específico de existir, de se fazer humano.

·         Por meio do trabalho, o indivíduo percebe-se como um ser social.

·         Pelo trabalho, a natureza torna-se uma extensão do corpo humano, por meio do qual o ser humano pode tomar consciência de si mesmo.

- Trabalho alienado: só há humanização por meio do trabalho não alienado, isto é, que não é uma mercadoria.

·         No capitalismo, surge o confronto entre a personalidade do proletário como indivíduo e o trabalho como condição de vida, que lhe é imposta pelas relações, e das quais não participa mais como ator, mas como objeto.

·         As relações de trabalho e produção constituem a estrutura autêntica da história, de onde são refletidas as diversas formas de consciência.

·         A visão de mundo do ser humano está totalmente vinculada à maneira de produzir sua subsistência.

·         A consciência humana estaria vinculada ao modo como trabalha e produz sua subsistência, segundo tese clássica de Marx.

·         É por meio do trabalho que o ser humano pode se libertar da natureza e ser protagonista de sua transformação.

OBS: O trabalho reflete e fundamenta, a visão sobre o papel do ser humano em sociedade.

 

sábado, 15 de março de 2025

GILBERTO FREYRE (1900-1987)

GILBERTO FREYRE (1900-1987)

Material adaptado a partir de livros didáticos e da net. C@cau “:¬)15/03/2025

VÍDEOS:

https://www.youtube.com/watch?v=fRnUhvFzG2c

https://www.youtube.com/watch?v=4ivp18oNVAM

INTRODUÇÃO

- A busca pela identidade nacional é um dos temas fundamentais da sociologia brasileira.

- A sociologia moderna brasileira começa a dar frutos a partir das primeiras décadas do século XX.

- Uma certa sociologia de caráter brasileiro começa a se formar a partir da obra do seguinte pensador:

·         Gilberto Freyre (1900-1987) - Casa-grande & senzala (1933)

- As obras são clássicos fundamentais para compreender a formação da realidade brasileira, assim como o diagnóstico necessário para avaliar nossos aspectos positivos e negativos.

BIOGRAFIA

 - Nasceu em Recife, Pernambuco, onde recebeu uma alta educação, aprendendo francês, latim e grego.

·         Em 1918, mudou para os Estados Unidos, para estudar Literatura e Sociologia.

·         Nesse período, fez uma pesquisa sobre a situação dos negros e dos mexicanos marginalizados na sociedade americana.

·         Viajou por outros países, sobretudo da Europa, adquirindo conhecimento das principais correntes intelectuais e artísticas daquele continente, até retornar ao Brasil em 1924.

·         Em 1928, tornou-se professor de Sociologia da escola normal do estado de Pernambuco.

·         Publicou, em 1933, sua obra mais famosa e importante, Casa-grande & senzala.

OBS - Outras obras: Sobrados e mucambos (1936), Ordem e progresso, O mundo que o português criou, Vida Social no Brasil nos meados do século XIX etc.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE I

(Evitava as generalizações)

- A importância de Gilberto Freyre está em sua inovadora metodologia científica.

·         Influenciado pelo antropólogo Franz Boas (1858-1942), valorizava a necessidade de pesquisa empírica detalhada, evitando grandes generalizações.

·         Apesar dessa importante influência, desenvolveu seu método próprio, baseado na interdisciplinaridade, isto é, estudar a realidade social usando os métodos da Economia, da Sociologia, da cultura e da Psicologia de forma integrada.

·         Para compreender a sociedade, é preciso levar em conta sobretudo áreas que se influenciam umas às outras, sobretudo a natureza, a psique e a cultura.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE II

(Distância de Karl Marx)

- Gilberto Freyre se afasta do método da leitura marxista da realidade social, que irá dizer basicamente que os fenômenos culturais são resultados das condições e estruturas econômicas.

·         Essa é fundamentalmente a tese do materialismo histórico.

·         Freyre considera que tal premissa exagera em generalizações.

·         Ainda que a influência da técnica e da produção econômica seja fundamental, é uma influência que está sujeita à reação de outras realidades.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE III

(Livros, não dissertações)

- Para conseguir colocar em prática seu método, escrevia sobretudo livros, em vez de dissertações acadêmicas.

·         Escritor exemplar, tinha paixão pelo detalhe e pela minúcia descritiva, usando técnicas de literatura para explicar a realidade social, em um estilo literário excepcional.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE V

(Antropologia: diferenciou raça de cultura)

- Por meio dos estudos de Antropologia, Freyre foi capaz de diferenciar a raça da cultura, separando as relações genéticas e sociais da herança cultural e do meio.

·         A primeira crítica de Freyre foi em direção ao pensamento sociológico em voga na época, segundo o qual haveria uma relação entre o “atraso” cultural dos negros, indígenas e mestiços e sua herança genética.

·         Grande parte do esforço da sociologia de Freyre é de criticar tal concepção, diferenciando raça de cultura (ver Franz Boas).

·         Para Freyre é equivocada a ideia segundo a qual a cultura negra, indígena e mestiça é atrasada.

·         Elas não apenas possuem riquezas próprias, como também contribuíram de forma positiva e decisiva para a formação cultural brasileira.

OBS - Misturar não enfraquece: Freyre combateu a concepção segundo a qual a miscigenação “enfraqueceu” o povo brasileiro, sendo uma das causas do “atraso da nação”, chegando até a defender a eugenia.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE VI

(O lusotropicalismo)

- Um dos conceitos fundamentais retirados do método de Freyre é aquele por vezes chamado de lusotropicalismo, que se refere à herança portuguesa nos brasileiros.

·         Os portugueses já eram um povo relativamente miscigenado, formado por celtas, visigodos, romanos, mouros e semitas.

·         Fruto dessa miscigenação, entre outros aspectos, o português é mais liberal e tolerante que os saxões etc.

·         Os portugueses também tinham uma vocação mais ecumênica que os protestantes do Norte à época.

·         Esse fator ajudou na interpenetração das culturas que passou a existir no Brasil.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE VII

(O negro)

“[...] Basicamente o que une os autores referidos (Sociologia no Brasil contemporâneo) é a preocupação em analisar a “formação do Brasil”.

CARDOSO, Fernando Henrique. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 10. 

- Gilberto Freyre mostra que a suposta inferioridade negra era, na verdade, não fruto de fatores genéticos, mas resultado da escravidão, que não permitiu que o negro desenvolvesse todo o seu potencial cultural e humano.

·         A incorporação do negro influenciou muitos hábitos e costumes.

·         A histórias dos portugueses eram contadas pelas escravas negras, que, ao fazê-lo, introduziram elementos de suas próprias culturas. Assim, a língua passou por transformações.

·         Do ponto de vista da religião, o catolicismo incorpora alguns santos negros: São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

OBS – O Brasil semifeudal: a relação entre brancos, negros e indígenas se deu em uma sociedade latifundiária e de monocultura, gerando uma sociedade semifeudal: uma minoria de brancos dominando de forma patriarcal, a partir das casas-grandes, não só os escravizados, mas também os lavradores e os agregados.

OBS – Nem todos eram maus: Freyre acredita que inda que muitos portugueses tenham vindo ao Brasil como degredados, isso não quer dizer que fossem de forma geral assassinos, corruptos e ladrões.

OBS- A unidade a partir dos Jesuítas: Freyre mostra que os jesuítas foram fundamentais para dar unidade religiosa a um povo tão miscigenado e evitar guerras (entre católicos e protestantes).

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE VII

(A mobilidade social)

- O latifúndio e a escravidão, isto é, a casa-grande e a senzala são os pilares da ordem social que formou o Brasil em sua origem.

·         As estruturas sociais e econômicas não são apresentadas como o horizonte exclusivo da ação social, inerte e imóvel, mas como processos móveis, vivenciados e, portanto, modificados pelas pessoas, movidas por suas emoções.

·         O que acontece no dia a dia pode sim mudar as estruturas sociais.

OBS – A dinâmica da linguagem: no caso da língua portuguesa, ela nem se entregou completamente à forma como era falada nas senzalas, nem se enrijeceu como os jesuítas professores de gramática gostariam.

A IMPORTÂNCIA DE FREYRE IV

(Criticado: democracia racial)

- Conhecia bem a sociologia americana e a europeia e distanciou-se tanto das correntes progressistas e marxistas que recebeu muitas críticas de ambos os lados.

·         Para Freyre, a miscigenação não é apenas um problema; na verdade, é a expressão de um fator cultural positivo do Brasil: a capacidade de equilibrar e sintetizar diferenças.

·         O Brasil passa assim a ser nessa área, sem deixar de lado seus graves problemas, uma espécie de modelo social para as sociedades que procuram resolver seus impasses de integração social.

“A força, ou antes, a potencialidade da cultura brasileira parece-nos residir toda na riqueza de antagonismo equilibrados [...]. Não que no brasileiro subsistam, como no anglo-americano, duas metades inimigas: a branca e a preta; o ex-senhor e o ex-escravo. De modo nenhum. Somos duas metades confraternizantes que se vêm mutuamente enriquecendo de valores e experiências diversas; quando nos completarmos num todo, não será com o sacrifício de um elemento a outro”.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48. ed. São Paulo: Global, 2003. (adaptado).

OBS – A democracia freiriana: críticos costumam dizer que Freyre suavizava a colonização, romantizando-a até. De forma equivocada, algumas pessoas atribuem ao pensamento de Gilberto Freyre o conceito de democracia racial, ideia segundo a qual a miscigenação acabou com as diferenças, gerando total mobilidade social.

 

IDENTIDADE E AUTONOMIA EM CRISES

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