domingo, 28 de janeiro de 2018

PIERRE BOURDIEU (1930-2002)

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

“Quando se trata do mundo social, as palavras fazem as coisas porque elas fazem o consenso sobre a existência do senso das coisas”.
Adaptado (da net) e complementado por: Claudio Fernando Ramos, 22/01/2017. Cacau “:¬)

CRIADOR - Violência simbólica é um conceito social elaborado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. 

DOMÍNIO ECONÔMICO - O conceito serve para descrever o processo pelo qual a classe que domina economicamente impõe sua cultura aos dominados.

DANOS PSÍQUICOS E MORAIS - Bourdieu fala sobre uma forma de violência exercida pelo corpo sem coação física, em que causa danos morais e psicológicos.

Os tipos de capitais, segundo Bourdieu: 
1) O capital econômico - a renda financeira; 
2) O capital social - suas redes de amizade e convívio; 
3) O capital cultural - aquele que é constituído pela educação, diplomas e envolvimento com a arte; 
4) O capital simbólico - que está ligado à honra, o prestígio e o reconhecimento. 

OBS 1 - Capital Simbólico - É através desse capital que determinadas diferenças de poder são definidas socialmente. 

OBS 2 - Capital Simbólico - É através desse capital que instituições e indivíduos podem tentar persuadir outros com suas ideias.

OBS 3 - Capital Simbólico - A violência simbólica se dá justamente pela falta de equivalência desse capital entre as pessoas ou instituições.


VERDADES FABRICADAS - A violência simbólica se funda na fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante.

A FORÇA DO ARBÍTRIO - Bourdieu parte do princípio de que a cultura e/ou o sistema simbólico, é arbitrária, uma vez que não se assenta numa realidade dada como natural.

CONSTRUÇÃO, MANUTENÇÃO E PERPETUAÇÃO DO SISTEMA - O sistema simbólico de uma determinada cultura é uma construção social e sua manutenção é fundamental para a perpetuação de uma determinada sociedade, através da interiorização da cultura por todos os membros da mesma.

INTERIORIZAÇÃO DA IMPOSIÇÃO: LEGITIMAÇÃO - A violência simbólica expressa-se na imposição "legítima" e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante, reproduzindo as relações do mundo do trabalho.

DETERMINISMO SOCIAL: NATURALIZAÇÃO - O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima deste processo: ao contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável.



PRÁXIS
Atividade humana em sociedade
“A violência simbólica é o meio de exercício do poder simbólico”.
FATOS NÃO EXISTEM PARA SEREM CRIDOS - Aqueles que restringem a violência apenas à dimensão física ignoram a possibilidade de as crenças dominantes imporem valores, hábitos e comportamentos sem recorrer necessariamente à agressão física.

A IGNORÂNCIA PODE ATÉ REDIMIR DA CULPA, MAS NÃO GARANTE INOCÊNCIA - Ignorar a violência simbólica é o mesmo que compactuar com situações onde o indivíduo que sofre a violência simbólica sente-se inferiorizado como acontece, por exemplo, nas questões de bullying (humilhação constante), raça, gênero, sexualidade, filosofia etc.

ACREDITAR NO QUE NINGUÉM NUNCA VIU; É BEM MENOS COMPLICADO DO QUE IGNORAR AQUILO QUE TODOS ENXERGAM - A violência simbólica está muito presente na educação (formal e informal), a partir do momento em que as instituições (Estado, família, escola e igrejas...) tentam impor suas convicções e/ou crenças particulares.

ALGUNS TIPOS DE VIOLÊNCIA
a) A Violência Física - é o resultado do uso da força física para assaltar, ferir, constranger alguém.
b) A Violência Indireta - acontece quando o ato visa um fim próximo que não é a violência em si.
c) A Violência Simbólica - resulta da força de natureza psicológica.
d) A Violência Passiva - ocorre toda vez que deixamos de fazer determinadas ações necessárias para
salvar vidas.

ALGUNS QUE NÃO QUEREM SER AGREDIDOS, TORNAM-SE AGRESSORES
“Os atos de violência exercidos contra pessoas mais frágeis ou dependentes, como velhos, mulheres,
crianças, subordinados e pobres, são mais frequentes do que se imagina. Alguns teóricos consideram
que as pessoas como pouco poder de decisão no trabalho e na política tendem a descontar em
dependentes ou subordinados, exercendo o pequeno poder. Assim, o funcionário público insatisfeito e de
baixo salário se atribui de poder extraordinário diante do usuário que chega ao guichê. O subordinado,
com raiva de obedecer às ordens dos superiores, maltrata a mulher e os filhos. A mãe, dominada pelo
marido, exerce seu poder contra os filhos”. (Heleieth Saffioli). 

BOURDIEU E O HABITUS

- Habitus é um instrumento conceptual que auxilia a apreender uma certa homogeneidade nas disposições, nos gostos e preferências de grupos e/ou indivíduos produtos de uma mesma trajetória social.

  • O conceito consegue apreender o princípio de parte das disposições práticas normalmente vistas de maneira difusa.

- Segundo Bourdieu – o habitus refere-se a um conjunto de disposições duráveis, estruturas estruturadas que são incorporadas pelos indivíduos através da sua experiência social e que, por sua vez, os orientam no seu modo de pensar, sentir e agir. 

  • É um instrumento que ajuda a compreender como a sociedade se “deposito” nas pessoas, moldando as suas preferências e comportamentos. 

ESTRUTURAS ESTRUTURADAS/ESTRUTURANTES

- O habitus é tanto uma resultante de estruturas sociais (como a classe social, a família etc.) como uma força que as reproduz através das práticas e ações dos indivíduos. 

MEDIAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL E O SOCIAL

- O habitus funciona como um ponto de encontro entre a experiência individual e a estrutura social. 

  • Ele permite que os indivíduos percebam, interpretem e se posicionem no mundo social, orientando as suas práticas. 

DISPOSIÇÕES DURÁVEIS

- O habitus não é apenas um conjunto de ideias ou crenças, mas também uma forma de ser, uma “capacidade treinada” que se traduz em hábitos e comportamentos. 

PRINCÍPIO UNIFICADOR

- O habitus funciona como um princípio unificador das práticas e das ideologias de um grupo, permitindo que as ações de um grupo social sejam compreendidas como parte de um sistema coerente.

HABITUS PERMITE UMA ANÁLISE DA REALIDADE SOCIAL

- Bourdieu utiliza este conceito como uma ferramenta para analisar como os indivíduos se relacionam com o mundo social, como as estruturas sociais influenciam a sua experiência, e como, por sua vez, as suas ações contribuem para a manutenção ou transformação dessas estruturas.

  • O habitus é uma das principais ferramentas teóricas de Bourdieu, permitindo entender como a sociedade se interioriza nos indivíduos e como essa interiorização, por sua vez, orienta as suas práticas sociais.  

BOURDIEU E O CONCEITO DE CAMPO

- O conceito de campo em Bourdieu oferece uma ferramenta para analisar as relações sociais, as lutas e as dinâmicas de poder em diferentes espaços sociais.

  • O conceito mostra como os indivíduos são afetados por esses campos e como eles, por sua vez, os transformam. 

- O conceito de "campo" refere-se a um espaço social de relações objetivas, onde indivíduos e grupos se posicionam e lutam por recursos, poder e reconhecimento. 

  • Cada campo tem regras e valores próprios, e os agentes que o compõem são influenciados pelo seu próprio "habitus" e pela "illusio". 

CAMPO - ESPAÇO DE RELAÇÕES

- O campo é um espaço social onde ocorrem relações, disputas e jogos de poder entre diferentes agentes e grupos. 

CAMPO - REGRAS E VALORES

- Cada campo possui regras e valores próprios que definem o que é considerado valioso e legítimo dentro daquele espaço. 

CAMPO - POSIÇÕES E ESTRUTURAS

- Os indivíduos e grupos se posicionam dentro do campo, e as suas posições são determinadas pela estrutura do campo e pela distribuição dos recursos. 

CAMPO E O CAPITAL

- O capital, que pode ser cultural, econômico, social ou simbólico, é um recurso central na luta e na competição dentro do campo. 

CAMPO - LUTAS E DISPUTAS

- O campo é um espaço de lutas, onde os agentes buscam a manutenção e a obtenção de determinados postos e a sua ascensão social. 

EXEMPLOS DE CAMPOS

- A filosofia, a academia, as artes, a política, o esporte, e a cultura são exemplos de campos sociais que podem ser analisados sob a ótica de Bourdieu. 

INTERCONEXÃO DOS CAMPOS

- Os campos não são isolados, mas interconectados entre si, e as suas relações podem influenciar o seu desenvolvimento. 

O PAPEL DO HABITUS NO CAMPO

- O "habitus" é um sistema de disposições duráveis que os agentes internalizam ao longo das suas vidas e que os orienta nas suas ações e decisões dentro dos campos. 

 

BOURDIEU E A ILLUSIO

- Conforme Bourdieu - a illusio é uma libido (busca instintiva pelo prazer, desejo), um interesse que proporciona um enorme “prazer de jogar” dentro do contexto de um campo de acordo com o habitus já incorporado.

- Em teoria sociológica, "illusio" é a crença, o interesse ou o "prazer de jogar" que um indivíduo tem dentro de um determinado "campo", ou seja, um espaço social com regras e valores específicos. 

  • É o sentimento de que o jogo vale a pena, de que a participação tem sentido e de que a luta pela vitória (ou mesmo pela permanência) é justificável. 

- Para Bourdieu, a illusio é fundamental para a reprodução social. 

  • Ela leva os indivíduos a darem valor às regras e hierarquias do campo, mesmo que essas regras sejam injustas ou desfavoráveis para eles. 
  • A illusio é, portanto, um mecanismo de legitimação do poder dentro do campo, pois os agentes se envolvem e se empenham em suas práticas sociais, mesmo que de forma inconsciente, por estarem a aderindo à ordem social, ou seja, ao campo. 

- A illusio é o que faz com que os agentes, através do seu "habitus" (disposições e hábitos incorporados através da socialização), acreditem que o campo vale a pena, mesmo que isso signifique aceitar desigualdades e injustiças. 

  • A illusio é, portanto, um fator importante na reprodução social, pois mantém os agentes dentro do campo, a aderirem às suas regras e hierarquias, mesmo que isso signifique reproduzir desigualdades e hierarquias. 

 

 

 

 

 



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