segunda-feira, 26 de junho de 2017

O QUE É DIALÉTICA?



Ø  Dialética é uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa:
·         a arte do diálogo;
·         a arte de debater;
·         de persuadir ou raciocinar.

Ø  Dialética é um debate onde há ideias diferentes, onde um posicionamento é defendido e contradito logo depois.

Ø  Consiste em uma forma de filosofar que pretende chegar à verdade através da contraposição e reconciliação de contradições.

Ø  A dialética propõe um método de pensamento que é baseado nas contradições entre a unidade e multiplicidade, o singular e o universal e o movimento da imobilidade.

Ø  Para os gregos, dialética era separar fatos, dividir as ideias para poder debatê-las com mais clareza.

Ø  Dialética é o poder de argumentação, mas também pode ser utilizado em um sentido pejorativo, como um uso exagerado de sutilezas.

Ø  A dialética também é uma maneira de filosofar, e seu conceito foi debatido ao longo de décadas por diversos filósofos, como:
·         Heráclito;
·         Sofistas;
·         Sócrates;
·         Platão;
·         Aristóteles;
·         Hegel;
·         Marx...

DIALÉTICA DE SÓCRATES

Ø  Sócrates dizia que seu método dialético era semelhante a parir crianças, que dialética era “parir” ideias, penetrar em novos conhecimentos.

Ø  Sócrates dividiu a dialética em:
·         a ironia (Pergunta);
·         a maiêutica (Parto).

DIALÉTICA DE PLATÃO
Ø  Platão disse que dialética é a arte e técnica de questionar e responder algo.

Ø  Para Platão, a dialética é:
·         o movimento do espírito;
·         é sinônimo de filosofia;
·         é um método eficaz para aproximar as ideias individuais às ideias universais.


DIALÉTICA DE ARISTÓTELES
Ø  Para Aristóteles, dialética é:
·         um processo racional;
·         a probabilidade lógica das coisas;
·         algo que é aceitável por todos, ou pelo menos pela maioria.

DIALÉTICA HEGELIANA

Ø  Para Hegel, a dialética é responsável pelo movimento em que uma ideia sai de si própria (tese) para ser uma outra coisa (antítese) e depois regressa à sua identidade, se tornando mais concreta (síntese).

Ø  Apesar disso, Hegel também afirma que a dialética não é apenas um método, mas consiste no sistema filosófico em si, porque não é possível separar o método do objeto, porque o método é o objeto em movimento.

Ø  A dialética hegeliana é muito importante na filosofia existencial e outras áreas como a teologia evangélica.

Ø  Segundo o filósofo alemão Hegel, a dialética é:
·         a lei que determina e estabelece a auto-manifestação da ideia absoluta.

DIALÉTICA MARXISTA

Ø  Para a teoria marxista, dialética compreende a teoria do conhecimento, através dos filósofos Hegel, Marx e Engels.

Ø  Para a dialética marxista, o mundo só pode ser compreendido em um todo, refletindo uma ideia a outra contrária até o conhecimento da verdade.

Ø  Marx e Engels mudaram o conceito de Hegel, e introduziram um novo conceito, a dialética materialista, que dizia que os movimentos históricos ocorrem de acordo com as condições materiais da vida.

Ø  Para o marxismo, dialética é:
·         o pensamento e a realidade ao mesmo tempo, ou seja, a realidade é contraditória com o pensamento dialético.

PERSPECTIVA KANTIANA

Ø  Kant disse que dialética é:
·         uma lógica de aparências;
·         uma ilusão;
·         baseia-se em princípios muito subjetivos.

PERSPECTIVA SCHOPENHAURIANA
(Dialética Erística)

Ø  A dialética erística é um sistema filosófico do filósofo alemão Arthur Schopenhauer que difere da dialética de Marx e Hegel.

Ø  Esta expressão também descreve uma obra não concluída por Schopenhauer, mas que foi publicada em 1831 por um amigo do filósofo.

Ø  Nesta obra, que ficou conhecida como "A Arte de Ter Razão" ou "Como Vencer um Debate Sem Ter Razão", são abordadas 38 estratégias para ganhar uma discussão, independentemente de ter razão ou não.

Adaptado de: 
https://www.significados.com.br/dialetica/


domingo, 4 de junho de 2017

GILBERTO FREYRE (1900-1987)

(Casa Grande e Senzala)

Ø  O livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, fez um grande sucesso no Brasil e no exterior quando foi lançado, em 1933.

Ø  A obra, que completou 80 anos em 2013, gerou muita polêmica.

Ø  Alguns críticos acusavam Freyre de não ter retratado com fidelidade a relação entre negros e brancos, entre dominadores e dominados.

Ø  Por causa disso, o escritor não teria registrado de forma fiel a escravidão que existiu durante o Brasil Colônia.

OPINIÕES: PRÓS E CONTRAS


Ø  Antônio Paulo Resende -  Segundo o historiador, o autor foi muito leve na análise da escravidão no País.

"Eu acho a obra de Gilberto Freyre muito importante para gente entender o que foi o Brasil. Ele é um intérprete da sociedade brasileira, a gente não deve negar o valor que ele tem. Mas eu acho que ele suaviza muito a violência que, a meu ver, existia na sociedade colonial e existe ainda na sociedade brasileira; então, quando ele suaviza e dá uma cor de nostalgia ao passado, a gente deixa de entender muita coisa que está acontecendo agora no Brasil, com relação à violência, com relação à discriminação, com a relação à manutenção de certos preconceitos que a gente diz que no Brasil não existem, inclusive preconceito racial, que pra mim ainda existe no Brasil”.

Ø  Fátima Quintas - Para a presidente da Academia Pernambucana de Letras e especialista na obra de Freyre, o autor de Casa Grande e Senzala nunca negou a existência da escravidão.


"Ele é criticado por romantizar um pouco a escravidão. E ele até responde a essa crítica. Ele diz que ele é romântico, realmente, mas que tentou mostrar a vida como ela era, um tanto à Nelson Rodrigues, sendo que maquiando um pouco, mas nunca negando que a escravidão deixou grande marca no Brasil; ele não suaviza, ele mostra momentos muito fortes, [como] a presença do sadismo que existia no mundo patriarcal. Ele fala desse sadismo, havia sadismo e diz que a mulher foi mais sádica ainda, com a mucama, por conta do ciúme, que a gente sabe que o senhor patriarca transava com as escravas. Então ela tinha ciúmes”.

Ø  Mário Hélio - escritor e jornalista, afirmou:

"Não creio que ele amenize a situação. Acho que Casa Grande Senzala mostra bastante bem como era a situação da sociedade brasileira, da família brasileira no tempo da sua formação. Não vejo que ele adocicasse tanto isso. É um livro que põe a nu também esse aspecto. Não é uma obra que simplesmente fala de uma maneira singela sobre o que seria uma democracia racial. É uma obra complexa. Quem se dá ao trabalho de ler, vai encontrar muito mais do que isso, muito mais do que uma ideia linear do que seria uma mestiçagem. Há muito mais do que isso lá".

Ø  Sônia Freyre - filha do autor e presidente da Fundação Gilberto Freyre, lembra-se das críticas que o pai recebeu, mas disse que ele não se incomodava muito com elas.

"Ele era muito aberto às críticas; ria muito com as coisas. As pessoas que, a princípio, criticaram muito, depois que leram, passaram a minimizar o que disseram. E muita gente passou para o outro lado depois do que viu o que era. Porque essa história de ouvir dizer e criticar é muito fácil, mas não tem fundamento. Não se justifica. Não persevera”.


SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA (1902-1982)

O HOMEM CORDIAL
NA FORMAÇÃO DO BRASIL
 Antropologia Social
(Sérgio Buarque de Holanda)
Pai e filho: Sérgio e Francisco (Chico) Buarque de Holanda. 
Foto da década de sessenta


Extraído da net; organizado por:
Claudio Fernando Ramos, 04/06/2017. Cacau “:¬)

CHAVE INTERPRETATIVA
Ø  A contribuição do “O Homem Cordial” na formação do Brasil é, para Sérgio Buarque de Holanda, uma das principais chaves interpretativas do Brasil.
 
O MODERNISMO E A REDESCOBERTA
Ø  As décadas de 1920 e 1930 foram de intensa atividade intelectual e artística no Brasil.

Ø  Foi nessas duas décadas que, segundo muitos estudiosos, o Brasil foi “redescoberto”, isto é, novas formas de interpretar a nossa identidade e singularidade ante as outras civilizações foram desenvolvidas, tanto no âmbito da literatura quanto no âmbito da história e das chamadas “ciências sociais”.

Ø  A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Movimento Regionalista, de Pernambuco, foi um dos marcos desse esforço interpretativo sobre o que vem a ser o Brasil.

Ø  Nessa efervescência de ideias, um livro tornou-se um marco: “Raízes do Brasil”, do paulista Sérgio Buarque de Holanda, no qual é desenvolvido o fundamental conceito de “homem cordial”.

RAÍZES DO BRASIL (1936)


Ø  “Raízes do Brasil”, publicado em 1936 pela editora: José Olympio, é uma obra que tem por objetivo investigar o que fundamenta a história do Brasil, de seu povo e de suas instituições mais peculiares, como a família patriarcal, formada durante o período da Colônia.

Ø  Vale dizer que esses temas também interessaram a outro grande intelectual brasileiro, contemporâneo de Sérgio, o pernambucano Gilberto Freyre, cujas obras “Casa Grande & Senzala” (1933) e “Sobrados e Mucambos” (1936) são fundamentais para se pensar a formação do Brasil.

Ø  As pesquisas para a composição de “Raízes do Brasil” começaram a ser esboçadas em 1930 por Sérgio Buarque, na Alemanha, na época em que ele havia sido enviado como correspondente brasileiro dos Diários Associados para Polônia, Rússia e Alemanha.

Ø  Ao regressar ao Brasil, completou as pesquisas e, a convite do editor José Olympio (que preparava uma coleção intitulada “Documentos brasileiros”), publicou o livro em 1936.

Ø  Raízes do Brasil é dividido em sete partes, intituladas:
·         “Fronteiras da Europa”;
·         “Trabalho & Aventura”;
·         “Herança Cultural”;
·         “O semeador e o Ladrilhador”;
·         “O Homem Cordial”;
·         “Novos Tempos”;
·         “Nossa Revolução”.

O HOMEM CORDIAL:
ARDIL DA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA


Ø  A parte em que é desenvolvido o conceito de “homem cordial” é uma das que mais revelam as intuições de Sérgio Buarque.

Ø  O conceito foi extraído de uma carta do escritor paulista Ribeiro Couto endereçada ao também escritor mexicano Alfonso Reyes. 

Ø  A expressão “cordial” não indica, ao contrário do que se pensa, apenas bons modos e gentileza.

Ø  Cordial vem do radical latino “cordis” (cujo significado mais remoto é cordas), isto é, relativo a coração.

Ø  Sérgio Buarque acentua essa explicação etimológica da palavra para ressaltar a sua dubiedade e, a um só tempo, a sua adequação àquilo que caracteriza, segundo sua tese, o temperamento do homem brasileiro.

Ø  Ao contrário do povo japonês, entre os quais a polidez é parte intrínseca do processo civilizacional, no Brasil ela está apenas na superfície. Em suas palavras:

Ela pode iludir na aparência – e isso se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no 'homem cordial': é a forma natural e viva que se converteu em fórmula. Além disso, a polidez é, de algum modo, organização da defesa ante a sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica, do indivíduo, podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência. Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual preservar inatas suas sensibilidades e suas emoções”.


Ø  O homem cordial, segundo Sérgio Buarque, precisa expandir o seu ser na vida social, precisa estender-se na coletividade – não suporta o peso da individualidade, precisa “viver nos outros”.

Ø  Essa necessidade de apropriação afetiva do outro pode ser notada, a título de exemplo, até em expressões linguísticas.

Ø  Sérgio Buarque cita o sufixo “inho”, colocado em palavras como “senhorzinho” (“sinhozinho”), que revela a vontade de aproximar o que é distante do nível do afeto.

Ø  No brasileiro a cordialidade é ocasional e difusa em suas emoções:
·         Admirável hospitalidade;
·         Inclinação às ações emotivas (intimidades e afetividades); o que nos impede de desenvolver uma racionalidade mais efetiva;
·         Valoração mais das qualidades do que das capacidades pessoais;
·         Dificuldades em separar as instâncias públicas das privadas;
·         Sociabilidade que não chega ao ponto da solidariedade e da coletividade.

Ø  O “homem cordial” é, portanto, um artifício, um ardil psicológico e comportamental, que está incrustado em nossa formação enquanto povo.

Ø  É por isso que Sérgio Buarque diz que:

 “A contribuição brasileira para a civilização será o homem cordial”.


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