sábado, 31 de março de 2018

BOA PÁSCOA!


“Argumentar sem discutir; discutir sem suspeitar e suspeitar sem caluniar”.

Nem todos querem relações conflituosas, no entanto, eles nos encontram!
Em razão disso, devemos optar entre o sábio silêncio ou a franca argumentação; nunca pelo confronto encarnado na descaracterizadora discussão.

Muitos buscam a paz; mas ela quase nunca depende só dos que a buscam!
Consequentemente, talvez tenhamos que discutir; todavia, não precisamos personalizar o discurso, fazendo uso indevido de armas pessoais. As palavras podem girar somente em torno de ideias, temas e ideologias.

Todos idealizam a existência humana; mas só o que é real se manifesta no dia-a-dia!
Como intragável herança, por vezes nos encontramos obrigados a desconfiar do que vemos, ouvimos e sentimos; no entanto, não há justificativa para caluniar, como pérfidos algozes, os nossos interlocutores. Tornar pior aquilo que, pela força da realidade, já nos parece ruim, não nos torna melhor do que nada, muito menos, melhor do que ninguém!
Cacau “:¬) 31/03/2018.





sexta-feira, 30 de março de 2018

QUESTÕES FILOSÓFICAS II (Os Pré-Socráticos)


FILOSOFIA
(Ler, Pensar e Viver)
Algumas das questões elencadas abaixo não se encontram, necessariamente, dentro do padrão proposto pelo ENEM; no entanto, entendemos o valor e a importância das mesmas no que diz respeito ao fomento da exposição, discussão e apreensão em torno de temas pertinentes ao estudo da filosofia. Quando em sala, não objetivamos apenas explicar conteúdos e resolver questões padronizadas; mas, acima de tudo, ler, entender, problematizar e vivenciar questões filosóficas, tanto as acadêmicas (de caráter lógico/metodológico) quanto às do dia-a-dia (refém dos duvidosos auspícios do senso comum). Acreditamos que com isso poderemos fazer valer uma singular e significativa máxima da filosofia iluminista kantiana: “não se ensina filosofia, mas a filosofar”.
Cacau “:¬) 30/03/2018.


Respostas - Os Pré-Socráticos 1-7
1. (Enem 2017)  A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura.
HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado).
O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
a) número, que fundamenta a criação dos deuses.   
b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.   
c) água, que expressa a causa material da origem do universo.   
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.   
e) átomo, que explica o surgimento dos entes.   
  
2. (Enem PPL 2016) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.
DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967.
O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem
a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza.   
b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia.   
c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.   
d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.   
e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.   
  
3. (Enem 2016)
Texto I
Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

Texto II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das
a) investigações do pensamento sistemático.    
b) preocupações do período mitológico.    
c) discussões de base ontológica.    
d) habilidades da retórica sofística.   
e) verdades do mundo sensível.   

4. (Enem 2015)  A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.   
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.   
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.   
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.   
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.   
  
5. (Uema 2015)  Leia a letra da canção a seguir.
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo [...]
Fonte: SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de Janeiro: Sony-BMG, 2004.
Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, que vê a realidade passando como uma onda, assim também pensaram os primeiros filósofos conhecidos como Pré-socráticos que denominavam a realidade de physis. A característica dessa realidade representada, também, na música de Lulu Santos é o(a)
a) fluxo.   
b) estática.   
c) infinitude.   
d) desordem.   
e) multiplicidade.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir e responda à(s) próxima(s) questão(ões).
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.

6. (Uel 2015)  Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses.   
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas.   
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação.   
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas.   
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas.   
  
7. (Unimontes 2013)  Segundo a tradição, Heráclito, também chamado “o obscuro”, era um homem reservado e de poucas palavras. Seu “riso” fora interpretado por muitos. Padre Antônio Vieira foi um desses intérpretes e, segundo ele,
a) Heráclito ria das ignorâncias humanas.   
b) Heráclito ria das loucuras humanas.   
c) Heráclito ria das travessuras humanas.   
d) Heráclito ria das misérias humanas.   


Resp. 1: Demócrito é considerado um dos pensadores pré-socráticos, que, em linhas gerais, buscavam compreender a natureza e sua origem. Para ele, a origem das coisas está no átomo, o menor e indivisível elemento dos entes.  [E]

Resp. 2: Pode-se dizer que os pré-socráticos tinham em comum uma preocupação em compreender os fenômenos naturais ou cosmológicos, desenvolvendo reflexões sobre a natureza e sobre as coisas.  [A]

Resp. 3: Heráclito e Parmênides apresentam visões opostas sobre uma mesma questão: “o que é o ser?”. Enquanto o primeiro defende a volatilidade, o segundo afirma a imutabilidade. Tal questionamento ontológico é a base das discussões pré-socráticas, ainda que as respostas para essa pergunta sejam diversas. [C]

Resp. 4: Pode-se dizer que a filosofia grega, em seu início, esteve preocupada com a origem das coisas, em especial da natureza. É essa uma das características que Nietzsche diagnostica e que está bem destacada na afirmativa [C].  [C]

Resp. 5: Os filósofos Pré-socráticos eram conhecidos como os pensadores da “physis” (natureza), pois tentavam encontrar na própria realidade o “arché” (princípio) que lhes permitisse formular explicações pela qual pudessem compreender a mutabilidade observada na realidade. Assim para alguns destes pensadores a natureza é um fluxo constante que esta sempre em transformação.
Assim como na música de Lulu Santos a mutabilidade, a transformação, o fluxo se expressa nas passagens: “Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia [...]” e “Tudo que se vê não é/ Igual ao que a gente/ Viu há um segundo/ Tudo muda o tempo todo/ No mundo [...]”.
Filósofos que corroboram estas teses são: Tales de Mileto que afirmava que a água era o princípio da realidade, pois estava em constante fluxo; Anaxímenes que afirmava que o ar era o princípio vital, pois estava em constante movimento; e Heráclito que colocava o fogo como elemento central, pois ele representava transformação constante de realidade.
Em relação às demais as concepções expressas nas alternativas restantes: a estática era defendida por Zenão: a infinitude era defendida por Anaximandro, a desordem era defendida por Empédocles e a multiplicidade era defendida por Empédocles. Estas concepções não se relacionavam com o conceito de mutabilidade. [A]

Resp. 6: Os filósofos pré-socráticos representam uma mudança no pensamento grego por serem os primeiros a buscarem explicações sobre a origem do universo (cosmos) e da natureza (phisys) por meio do discurso racional (logos), sem apelar para o recurso mítico. Em suas elaborações buscavam determinar um princípio unificador (arché) que pudesse servir de referencial básico para alicerçar suas teorias. Eles desenvolveram suas teorias em diferentes localidades ao longo de toda a Grécia (Samos, Mileto, Efeso), construindo diferentes escolas que defendiam diferentes princípios explicativos. Não havia uma unificação no pensamento.
Por exemplo, Tales de Mileto tinha como arché a água, a fim de demonstrar a mutabilidade da realidade. Anaxímenes, mesmo sendo de Mileto, definia como arché o ar. Já Heráclito definia como arché o fogo. O princípio do ilimitado foi criado por Anaximandro e é conhecido como ápeiron, representa aquilo que une as coisas, mas não possui materialidade. Assim para Tales, Anaxímenes e Heráclito, o arché é uma transformação da matéria e o ápeiron é a geração a partir do indefinido. A alternativa [B] é a única que esta de acordo com as características e teorias referentes aos filósofos pré-socráticos.  [B]

Resp. 7: A questão está errada ao dizer que Heráclito teve o seu “riso” interpretado pelo Padre Antônio Vieira. O padre dos grandes sermões interpretou o choro de Heráclito, e o interpretou como uma postura superior a de Demócrito, este, sim, o filósofo que ri. A citação a seguir – que poderia servir de referência no enunciado – esclarece:
“Como nem todas as misérias são ignorâncias e todas as ignorâncias são misérias, e as maiores misérias, muito maior matéria e muito maior razão tinha Heráclito de chorar, que Demócrito de rir, antes digo, que só Heráclito tinha toda a razão e Demócrito nenhuma. Todas as misérias humanas eram o assunto de Heráclito e o de Demócrito só uma parte delas; e como toda a miséria é causa da dor, e nenhuma dor pode ser causa do riso, o riso de Demócrito não tinha causa, nem motivo algum que o justificasse”.
(Antônio Vieira. As lágrimas de Heráclito. São Paulo: Ed. 34, 2001, p. 125) [D]

QUESTÕES FILOSÓFICAS I (Do Mítico ao Filosófico)


FILOSOFIA
(Ler, Pensar e Viver)
Algumas das questões elencadas abaixo não se encontram, necessariamente, dentro do padrão proposto pelo ENEM; no entanto, entendemos o valor e a importância das mesmas no que diz respeito ao fomento da exposição, discussão e apreensão em torno de temas pertinentes ao estudo da filosofia. Quando em sala, não objetivamos apenas explicar conteúdos e resolver questões padronizadas; mas, acima de tudo, ler, entender, problematizar e vivenciar questões filosóficas, tanto as acadêmicas (de caráter lógico/metodológico) quanto às do dia-a-dia (refém dos duvidosos auspícios do senso comum). Acreditamos que com isso poderemos fazer valer uma singular e significativa máxima da filosofia iluminista kantiana: “não se ensina filosofia, mas a filosofar”.
Cacau “:¬) 30/03/2018.

O Pensamento Mítico 1-7
1. (Uema 2015)  Leia a fábula de La Fontaine, uma possível explicação para a expressão ¯ ”o amor é cego”.
No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o amor é cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego. Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do assunto o conselho dos deuses. Mas a Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou da visão. Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter, de Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu filho não podia ficar cego. Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do supremo tribunal celeste consistiu em declarar a loucura a servir de guia ao Amor.
Fonte: LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores contos de loucura. Flávio Moreira da Costa (Org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para uma realidade humana. Esse tipo de explicação classifica-se como
a) estética.   
b) filosófica.   
c) mitológica.   
d) científica.   
e) crítica.   
  
2. (Uel 2015)  Leia os textos a seguir.
Texto I
Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91.

Texto II
Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada e sustento aos homens.
“A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em: <http://super.abril.com.br/religiao/criacaomundo-447670.shtm>. Acesso em: 1 abr. 2014.

Texto III
No começo do tempo, tudo era caos, e este caos tinha a forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e Yang, as duas forças opostas que compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e luz, feminino e masculino, frio e calor, seco e molhado.
PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo. Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22.

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a passagem do mito para o logos na filosofia, considere as afirmativas a seguir.
I. As diversas narrativas míticas da origem do mundo, dos seres e das coisas são genealogias que concebem o nascimento ordenado dos seres; são discursos que buscam o princípio que causa e ordena tudo que existe.
II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e impreciso, em geral grandes feitos apresentados como fundamento e começo da história de dada comunidade.
III. Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em certa medida, um modo de expressar determinadas verdades que fogem ao raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser.
IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é reduzido a um conto fictício desprovido de qualquer correspondência com algum tipo de acontecimento, em que inexiste relação entre o real e o narrado.

Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.   
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.   
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.   
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.   
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.   
  
3. (Unesp 2014) 
Texto 1
Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. As causas dos fenômenos naturais, aquilo que acontece aos homens, tudo é governado por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados são capazes de interpretar. Os sacerdotes, os rituais religiosos, os oráculos servem como intermediários, pontes entre o mundo humano e o mundo divino. Os cultos e os sacrifícios religiosos encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se agradecer esses favores ou de se aplacar a ira dos deuses.
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001. Adaptado.)

Texto 2
Ao longo da história, a corrente filosófica do Empirismo foi associada às seguintes características: 1. Negação de qualquer conhecimento ou princípio inato, que deva ser necessariamente reconhecido como válido, sem nenhuma confirmação ou verificação. 2. Negação do ‘suprassensível’, entendido como qualquer realidade não passível de verificação e aferição de qualquer tipo. 3. Ênfase na importância da realidade atual ou imediatamente presente aos órgãos de verificação e comprovação, ou seja, no fato: essa ênfase é consequência do recurso à evidência sensível.
(Nicola Abbagnano. Dicionário de filosofia, 2007. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados, comente a oposição entre o pensamento mítico e a corrente filosófica do empirismo.
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4. (Ufsj 2013) A construção de uma cosmologia que desse uma explicação racional e sistemática das características do universo, em substituição à cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia
a) medieval.   
b) antiga.   
c) iluminista.   
d) contemporânea.   
  
5. (Unimontes 2013)  Muitos pensam que os mitos são lendas restritas aos povos tribais e que teriam desaparecido com a crítica do pensamento científico moderno. No que se refere ao mito, podemos afirmar, EXCETO
a) O mito é falso e enganador, pois o mesmo falta com a verdade.   
b) O mito orienta a vida e o sentido da existência.   
c) Os mitos têm como função acomodar o homem em um mundo assustador.   
d) As narrativas míticas eram próprias de um mundo onde a oralidade ocupava lugar central na vida humana.   
  
6. (Unesp 2012)  Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.)
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos,
a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.   
b) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.   
c) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.   
d) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica.   
e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.   
  
7. (Uncisal 2012) O conhecimento mítico apresenta características próprias que o diferencia de outros modos de conhecer. Ele invariavelmente se vincula ao conhecimento religioso, mas conserva suas funções especificas: acomodar e tranquilizar o homem em meio a um mundo caótico e hostil. Nas sociedades em que ele se apresenta como um modo válido de explicação da realidade assume uma abrangência tamanha que determina a totalidade da vida, tanto no âmbito público como privado. Com referência ao conhecimento mítico, é incorreto afirmar que
a) a adesão ao conhecimento mítico ocorre sem necessidade de demonstração, apenas se aceita a autoridade do narrador.   
b) as explicações oferecidas pelo conhecimento mítico essencialmente são de natureza cosmogônica.   
c) as representações sobrenaturais são utilizadas no intuito de explicar os fenômenos naturais.   
d) a narrativa mítica faz uso de uma linguagem simbólica e imaginária.   
e) se pauta na reflexão, apresentando a racionalidade e a cosmologia como componentes definidores do seu modo próprio de ser. 

GABARITO COMENTADO
Resp. 1: A fábula de La Fontaine se classifica como uma narrativa mitológica, pois estrutura-se por meio da mistura de elementos fantásticos e de elementos que compõe a realidade; tem o objetivo de narrar a origem dos acontecimentos de tempos imemoriais; cria suas narrativas por meio de genealogias; e busca possibilitar aos ouvintes o entendimento de questões complexas. A narrativa mitológica não se preocupava com a questão da coerência entre a realidade em a fantasia, seu objetivo era descrever através da narrativa uma explicação sobre as origens das questões que compõe a realidade humana, por meio da descrição de acontecimentos de tempos antigos, baseada não na razão, mas na autoridade de quem serve como interprete entre o mundo divino e o mundo natural. Esta narrativa era desprovida de caráter crítico ou científico. Embora represente a primeira tentativa de explicação da realidade, não se configurava ainda como um discurso filosófico ou estético. [C]

Resp. 2: Os mitos representam um ponto fundamental para o surgimento da filosofia, ou passagem para o logos. Estes possuem as seguintes características: são trabalhados por meio do discurso, são acríticos, são tidos como verdadeiros devido à autoridade de que os narra, por serem estes os responsáveis pela ligação do mundo natural com o mundo sobrenatural, misturam elementos naturais e sobrenaturais; tratam os elementos do mundo natural e do mundo sobrenatural como possuidores das qualidades e vícios encontrados nos humanos; os mitos narram o surgimento do mundo por meio de genealogias e lutas de contrários; e narram acontecimentos de um passado remoto, imemorial.
Platão utiliza o recurso do mito em diversos de seus escritos como forma de revesti-los com a transmissão da verdade. Em seu livro “A República”, Platão utiliza o recurso do mito como uma alegoria, não representando aquilo que aconteceu, mas como um recurso que mistura o fictício (o mundo da caverna) com o real o Mundo das Ideias que podemos contemplar por meio do pensamento. Seu objetivo é criar explicações que sejam compreensíveis a seus interlocutores. Desta forma, o item [IV] não corresponde à teoria descrita. A alternativa [E] é a única que se enquadra nas teorias explicitadas.  [D]

Resp. 3:
O texto 1 - Coloca que a explicação mítica da realidade foi o recurso disponível aos homens daquela época para poder compreender a realidade que os cercava. Neste período a realidade exterior ao mundo natural somente poderia ser conhecida por meio de explicações que tivessem a magia, o sobrenatural como base fundante. Desta forma, somente aqueles que se dedicavam exclusivamente a esta atividade poderiam, ser aqueles capazes de compreender os desígnios dos deuses. Os sacerdotes representavam os intermediários entre os dois mundos (humano e divino). Assim, a autoridade de sua palavra era por si só critério suficiente para estabelecer “verdades” míticas que serviam como forma de explicação para os fenômenos naturais.

No texto 2 - Diferente da explicação mítica, o empirismo, tendo como principais teóricos: John Locke, Francis Bacon e David Hume, não recorre à autoridade da mesma maneira que os mitos, para explicar os fenômenos. Esta corrente de pensamento rejeita que o conhecimento seja inato, descarta, não considera como válido aquilo que não pode ser aferido, verificado, aquilo que não for evidente. A verdade reside não mais na autoridade de quem fala, mas na evidência, na constatação, naquilo que pode ser captado pelos sentidos. O suprassensível é negado, pois não é passível de investigação, verificação.  

Resp. 4: A filosofia nasce, historicamente, em um período da Grécia antiga no qual se modificava a maneira com que os homens se relacionavam. Sendo que os mitos organizavam toda a vida social consolidando práticas e cerimônias religiosas nas famílias, entre as famílias, nas tribos, entre cidades, etc., a sua modificação, ou até extinção, inevitavelmente faria renascer, distinta, a organização das relações dos homens entre eles mesmos nas casas e na cidade. A filosofia, por conseguinte, tem sua origem em duas modificações uma contextual e outra subjetiva, isto é, uma modificação na cidade e outra no próprio homem. As modificações da cidade e da própria subjetividade se confundem, pois a própria cidade deixa de se conformar com certas tradições religiosas e a própria subjetividade, com o passar das gerações, deixa de prezar os valores ancestrais organizados nos mitos. Com essas mudanças a cidade e o homem passam a se constituir a partir de outras práticas consideradas fundamentais, como o pensamento racional – um pensamento com começo, meio e fim e justificado pela a experiência do mundo, sem o auxílio de entes inalcançáveis. [B]

Resp. 5: O mito é uma simples história contada de modo pomposo. A grande diferença entre mito e ciência é a justificação do discurso, enquanto o primeiro simplesmente se satisfaz com o seu encantamento próprio, a segunda necessita axiomaticamente de uma satisfação pública de seu conteúdo, isto é, uma satisfação acessível a qualquer um que seja racional. [A]

Resp. 6: A questão diz respeito ao papel dos poetas na cultura grega clássica. Sendo eles inspirados pelos deuses, são responsáveis pela transmissão dos mitos e da memória aos homens. Todas as alternativas, com exceção da [A], fazem referência a características que não são próprias da atividade dos poetas gregos.  [A]


Resp. 7: Somente a alternativa [E] está incorreta. O conhecimento mítico não se pauta na reflexão, mas na autoridade do narrador. No caso da Grécia Antiga, é a filosofia que surge como forma de pensamento que apresenta a racionalidade como componente definidora do seu próprio modo de ser.  [E]

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