domingo, 29 de outubro de 2017

BARUCH ESPINOSA (1632-1677)


“Se não queres repetir o passado estude-o!”

VÍDEO AULA (Aulas em sequências - Uma só aula em três partes):
AULA 01 https://www.youtube.com/watch?v=vxr15DL-8ek
AULA 02 https://www.youtube.com/watch?v=_cK7SDed6Pk
AULA 03 https://www.youtube.com/watch?v=5PeOqfy6N8g

 I - VIDA E OBRA
A) VIDA
- Nasceu em Amsterdam em 1632, filho de hebreus portugueses, de modesta condição social, emigrados para a Holanda.

- Recebeu uma educação hebraica na academia israelita de Amsterdam, com base especialmente nas Sagradas Escrituras.

- Demonstrando muita inteligência, foi iniciado na filosofia hebraica (medieval-neoplatônico-panteísta) e destinado a ser rabino.

- Depois de se manifestar o seu racionalismo e tendo ele recusado qualquer retratação, foi excomungado pela Sinagoga em 1656.

- Também as autoridades protestantes o desterraram como blasfemador contra a Sagrada Escritura.

- Retirou-se, primeiro, para os arredores de Amsterdam, em seguida para perto de Leida e enfim refugiou-se em Haia.

- Aos vinte e cinco anos de idade esse filósofo, sem pátria; sem família; sem saúde; sem riqueza; se acha também isolado religiosamente.

- Os outros acontecimentos mais notáveis na formação espiritual especulativa de Spinoza são: o contacto com Francisco van den Ende, médico e livre pensador; as relações travadas com alguns meios cristão-protestantes.

- Van den Ende iniciou-o no pensamento cartesiano, nas línguas clássicas, na cultura da Renascença; e nos meios religiosos holandeses aprendeu um cristianismo sem dogmas, de conteúdo essencialmente moralista.

- Provia pois às suas limitadas necessidades materiais, preparando lentes ópticas para microscópios e telescópios, arte que aprendera durante a sua formação rabínica; e também aceitando alguma ajuda do pequeno grupo de amigos e discípulos.

- Para não comprometer a sua independência especulativa e a sua paz, recusou uma pensão oferecida pelo "grande Condé" e uma cátedra universitária em Heidelberg, que lhe propusera Carlos Ludovico, eleitor palatino.

- Uma tuberculose enfraquecera seu corpo. Após alguns meses de cama, Spinoza faleceu aos quarenta e quatro anos de idade, em 1677, em Haia.

- Deixou uma notável biblioteca filosófica; mas a sua herança mal chegou para pagar as despesas do funeral e as poucas dívidas contraídas durante a enfermidade.

- Um traço característico e fundamental do caráter de Spinoza é a sua concepção prática, moral, de filosofia, como solucionadora última do problema da vida.

- E, ao mesmo tempo, a sua firme convicção de que a solução desse problema não é possível senão teoreticamente, intelectualmente, através do conhecimento e da contemplação filosófica da realidade.

B) OBRAS PRINCIPAIS
- As obras filosóficas principais de Spinoza são:

*Ethica (publicada postumamente em Amsterdam em 1677), que constitui precisamente o seu sistema filosófico.

Tractatus theologivo-politicus (publicado anônimo em Hamburgo em 1670), que contém a sua filosofia religiosa e política.

II - INTRODUÇÃO
- Privilegiou a ética na construção do seu pensamento.

- Para ele o conhecimento depende dos tipos de afetos que prevalecem nos indivíduos.

- Formulou uma concepção inusitada das relações entre Deus e a natureza.

III - INFLUÊNCIA CARTESIANA
“A razão matemática, científica - espírito geométrico - que vale para o mundo natural, Descartes tento fazer chega até Deus.”

- O cartesianismo forjou a mentalidade (racionalista-matemática) dos maiores filósofos até Kant.

- O pensamento de Descartes exercerá uma influência vasta no mundo cultural francês e europeu, diretamente até Kant e indiretamente até Hegel.

- E exerceu tal influência não tanto como sistema metafísico, quanto especialmente pelo espírito crítico, pelo método racionalista, implícito nas premissas do sistema do filósofo.

- O cartesianismo propôs os grandes problemas em torno dos quais girou a especulação de vários filósofos, a saber: a relação entre substância finita de um lado, e entre espírito e matéria do outro; a harmonia preestabelecida de Leibnize o panteísmo psicofísico de Spinoza.

- Spinoza é a mais coerente e extrema expressão do racionalismo moderno depois do fundador e antes de Kant.

IV - DEFINIÇÕES CONCEITUAIS
a) Transcendência – na teologia, significa que Deus é separado do mundo que criou e é superior a ele.

b) Imanência – na teologia, significa que Deus faz parte do mundo, não sendo, portanto, exterior a natureza.

c) Panteísmo – tudo é Deus, Deus é imanente ao mundo.

d) Determinismo – ausência do livre-arbítrio.

e) Conatus – termo latino que designa esforço físico ou moral.

f) Heteronomia – do grego hetero (diferente) e nomos (lei). Portanto, nossa ação não é comandada por nós mesmo, mas por outros.

g) Paixão – em grego phatos, significa padecer, sofrer, no sentido de algo que ocorre no sujeito independentemente de sua vontade. Ao padecer não somos nós que agimos, mas sofremos a ação de uma causa exterior.

V - DEUS SIVE NATURA
(Deus, ou seja, natureza)

- O racionalismo cartesiano é levado a uma rápida, lógica, extrema conclusão por Spinoza.

- Em geral, pode-se dizer que Descartes fornece a Spinoza o elemento arquitetônico, lógico-geométrico, para a construção do seu sistema, cujo conteúdo monista, em parte deriva da tradição neoplatônica, em parte do próprio Descartes.

- Spinoza quereria deduzir de Deus racionalmente, logicamente, geometricamente toda a realidade.

- O problema das relações entre Deus e o mundo é por ele resolvido em sentido monista.

A) de um lado, desenvolvendo o conceito de substância cartesiana, pelo que há uma só verdadeira e própria substância, a divina;

B) de outro lado introduzindo na corrente racionalista-cartesiana uma preformada concepção neoplatônica de Deus, a saber, uma concepção panteísta-emanatista.

- DITO DE OUTRO JEITO
- Os afetos e apetites humanos tratados como se fossem: linhas de superfícies ou de volumes (geometria da afetividade humana).

- Deus não é um ser transcendente, porém imanente.

- Espinosa é definido por outros pensadores como sendo um filósofo panteísta.

- O panteísmo de Espinosa possui uma sutileza: tudo está em Deus, sem que, no entanto, seja Deus. Há uma singular diferença entre a substância divina (Deus) e os seus modos (natureza).

- Deus é substância que constitui o universo inteiro e não se separa de tudo aquilo que produziu: “Todas as coisas são modos da substância infinita”.

- Deus é causa imanente (e não transcendente) dos seus modos, dentre os quais figura o ser humano.

- O PENSAMENTO: DEUS
- A substância divina é eterna e infinita: quer dizer, está fora do tempo e se desdobra em número infinito de perfeições ou atributos infinitos.

- Desses atributos, entretanto, o intelecto humano conhece dois apenas: o espírito e a matéria, a cogitatio e a extensio

- Descartes diminuiu estas substâncias, e no monismo spinoziano descem à condição de simples atributos da substância única.

- NATUREZA NATURANTE E NATURADA
- A substância e os atributos constituem a natura naturans. Da natura naturans (Deus) procede o mundo das coisas, isto é, os modos.

- Eles (os modos) são modificações dos atributos, e Spinoza chama-os natura naturata (o mundo).

- OS MODOS
- Os modos distinguem-se em primitivos e derivados.

Os modos primitivos - representam as determinações mais imediatas e universais dos atributos e são eternos e infinitos: por exemplo, o intellectus infinitus é um modo primitivo do atributo do pensamento, e o motus infinitus é um modo primitivo do atributo extensão.

VI - CONHECIMENTO, LIBERDADE E AÇÕES HUMANAS
“Toda coisa se esforça, enquanto está em si, por perseverar no seu ser”.

- Não nega a causalidade interna (determinismo), antes a considera adequada para que o ser humano atinja a sua essência.

- Defende e define a liberdade como sendo autodeterminação.

- Conatus, no sentido de uma tendência natural e espontânea de autoconservação.

- O ser quer existir de acordo com a natureza e não contra ela.

- É o conhecimento racional que nos permite distinguir os desejos verdadeiros (próprios de nossa natureza) daqueles que nos afastam dela.

- Só o conhecimento adequado de si mesmo pode promover a liberdade humana.

VII - ESCRAVIDÃO
- Desejos estranhos são os desejos exógenos, ou seja, externos e inadequados ao ser.

- Os desejos externos são inadequados porque escravizam o homem impedido a expressão plena da natureza do ser.

VIII - PAIXÕES DA ALEGRIA E DA TRISTEZA
(Qual a diferença?)

“Alegrias e tristezas (sentidas) são dimensões de nossa afetividade”.

- Alegria, a passagem do ser humano de uma perfeição menor para uma maior.

- Tristeza, a passagem do ser humano de uma perfeição maior para uma menor.

A) ALEGRIAS
“O amor é a alegria do amante, potencializado pela presença do amado ou da coisa amada”.

- Quando a potência de existir, que é o desejo, se realiza conforme nossa natureza, sentimos alegria.

- Aumenta o nosso ser e a nossa potência de agir (conatus).

- Aproxima-nos do ponto em que nos tornamos senhor da nossa própria potência de agir (dignos de ação).

- A realização do desejo que atende a uma necessidade positiva nos permite agir para realizar nosso ser, o que nos traz alegria e libertação, porque aumenta nossa potência de ser.

Exemplos de Expressões de Alegria

- Contentamento; admiração; estima; misericórdia...

B) TRISTEZAS

Quando somos obrigados a realizar um trabalho que não escolhemos, quando sofremos sob a égide de um governo autoritário, quando sucumbimos aos apelos consumistas... Sentimos a “diminuição do nosso ser”.

- Quando a potência de existir é contrariada, sentimos tristeza.

- A tristeza manifesta-se quando nos orientamos por valores exteriores a nós mesmos, nos tornamos heterônomos.

- Afasta-nos cada vez mais da nossa potência de agir (conatus).

Exemplos de Expressões de Tristeza

- Ódio; aversão; temor; desespero; indignação; inveja; crueldade; resentimento; melancolia; remorso; vingança...

IX - RELAÇÃO CORPO-MENTE
(Dualismo sem supremacia)

- Exceção à regra - superação da dicotomia: corpo e mente (corpo-consciência).

- Sem hierarquias - buscou restabelecer a unidade humana: não há hierarquia entre o corpo e a mente.

- Negando a tradição grega, afirmou que o espírito não é superior ao corpo e que o corpo não determina a consciência.

- O problema, pois, das relações entre o espírito e a matéria é resolvido por Spinoza, fazendo da matéria e do espírito dois atributos da única substância divina. - Une os dois na mesma substância segundo um paralelismo psicofísico, uma animação universal, uma forma de pampsiquismo.

X - CARACTERÍSTICAS DA ALMA
A) FORÇA

- A força da alma (poder) reside na atividade de pensar, conhecer.

- Quando a alma se reconhece capaz de produzir ideias, passa a uma perfeição maior e é afetada pela alegria.

B) FRAQUEZA
- A fraqueza da alma reside na ignorância.

- Quando não alcança o entendimento, a descoberta de sua impotência prova o sentimento de diminuição do ser (tristeza).

- A tristeza proporciona a passividade da alma.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

DAVID HUME 1711-1776 (TEXTO)

O MAIOR DOS EMPIRISTAS
Adaptado da net por: Claudio Fernando Ramos, em 19/10/2017. 

“[...] Uma aversão insuperável a tudo o que não fossem as buscas da filosofia e do conhecimento em geral”.

- ÁREAS DE CONHECIMENTO
·         Historiador, Ensaísta e Filósofo.

- OBRAS
·         “A História da Inglaterra” (1754-62);
·         “Tratado da Natureza Humana” (1739-40);
·         Investigações Sobre o Entendimento Humano.

- CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS
·         Introdutor do Método Experimental de Raciocínio nos assuntos filosóficos.
·         Forte renúncia à metafísica.
·         Textos completamente argumentativos e com riqueza literária.
·         Paradigma de escrita clara para todos os filósofos que vieram após ele.
·         Tal como Descartes, estava preocupado em entender os fundamentos do conhecimento humano.
·         Um dos principais expoentes do empirismo, principal corrente filosófica que se opunha ao racionalismo.
·         Enquanto o racionalismo tentava fundamentar na razão o papel predominante para aquisição de conhecimentos substanciais acerca da realidade; o empirismo diz que são nossos sentidos que têm esse papel fundamental.
·         A análise que Hume oferece do nosso entendimento, com a distinção entre ideias e impressões, e que todas ideias são cópias de impressões, deixa claro sua posição empirista (Experiências).
·         Se não tivéssemos essas experiências, jamais formaríamos ideias, haja vista que são essas experiências que nos permitem formar impressões, e as ideias simples são cópias das impressões que temos.

- ENTENDIMENTO HUMANO
·         Entendemos o mundo através de duas vias iniciais: Impressões e Ideias.

- IMPRESSÕES
·         As impressões são nossas percepções mais vívidas e fortes (nossas sensações).
·         A impressão é vívida, quando se está em contato direto com aquilo que nos cria impressões (Sujeito + Objeto).
·         Objeto + Sentidos = Experiências -  Impressões (Sensações).
·         Experiências + Sentimentos = Reflexões.

- IDEIAS
·         As ideias são os “objetos” que estão na mente sem que tenhamos naquele momento um contato direto com as impressões dela.
·         As ideias seriam impressões menos vívidas, mais tênues.

- TIPOS DE IDEIAS
- Podemos distinguir dois tipos de ideias:
·         As simples - São aquelas que são cópias diretas de impressões que tivemos.
·         As complexas - são objetos da nossa imaginação (Objeto + Movimento = Causalidade).

- IMAGINAÇÃO
·         É a faculdade que é capaz de manipular as ideias simples, gerando ideias complexas.
·         Cavalo (Ideia Simples) + Asa (Ideia Simples) = Cavalo Alado - Pégasos (Ideia Complexa).

- PRINCÍPIO DA CÓPIA
·         Se podemos decompor nossos pensamentos em ideias simples.
·         Todas as nossas ideias são cópias de nossas impressões (percepções mais vívidas).
·         É impossível formar ideias sem que haja uma sensação, ou impressão, pelo qual essa ideia é uma cópia.

Um cego não poderia formar a ideia de cor; um surdo não consegue formar a ideia de sons.

- CONECTIVIDADES ENTRE AS IDEIAS
Semelhança:
·         Quando vemos um retrato formamos a ideia desse retrato, mas pensamos no objeto original (o que é retratado).
·         Isso acontece por que conectamos a ideia do retrato com a ideia do objeto retratado através da semelhança.
Contiguidade:
·         Quando pensamos em um certo momento no tempo, quando formamos a ideia desse momento, sempre pensamos nos momentos anteriores e posteriores a ele, formamos a ideia desses momentos.
·         Pense na ideia de quando você nasceu. Automaticamente você pensa que houve um momento anterior ao seu nascimento, mesmo que você não tenha a experiência, a impressão desse momento anterior (você não tinha nascido), mas você forma a ideia complexa desse momento por que existe a contiguidade.
·         Para todo espaço qualquer A existe um espaço maior B no qual A pertence a B. Isso acontece por que a ideia que temos de A se conecta com a ideia que formamos de B através da contiguidade.

Causalidade:
·         Quando pensamos em causas e efeitos, pensamos através da conexão de ideias regidas pela causalidade.
·         Ao vermos essas ondas na água nós já supomos que houve alguma coisa antes, provavelmente que caiu na água, que causou esse efeito que vemos, isto é, essa perturbação.

- JUSTIFICAÇÃO DO CONHECIMENTO
·         Todo o conhecimento humano é dividido em Relações de Ideias; Questões de Fato e Questões de Fatos Não-Presentes.

Relações de ideias
(Argumentos Abstratos)
·         Determinamos sua verdade pela simples operação do pensamento, independente do que possa existir em qualquer parte do universo (A priori).
·         Todo triângulo tem três lados e o quadrado da hipotenusa de um triângulo é igual a soma dos quadrados de seus dois lados.
·         Não precisamos da experiência para descobrir que essas afirmações são verdadeiras (a Matemática, a Geometria e a Lógica).

Afirmações que são relações de ideias, se são verdadeiras, são necessariamente verdadeiras; e se são falsas, são falsidades necessárias (são verdadeiras ou falsas em todas as circunstâncias possíveis). Que todo triângulo tem três lados é uma afirmação verdadeira em qualquer circunstância possível, mesmo não existindo um objeto triangular, mesmo que nós não existíssemos para comprovar isso. Ela é verdadeira indiferente a como o mundo se comporta.

Questões de Fato
(Argumentos Empíricos)
·         São aqueles das ciências empíricas, ou aqueles que temos no dia a dia sobre o mundo (A posteriori).
·         Não podemos saber se afirmações que são questões de fato são verdadeiras ou falsas apenas pensando sobre elas.

Como sabermos se a afirmação de que Napoleão tinha um cavalo branco, é verdadeira ou falsa? Não podemos determina a veracidade desta afirmação apenas pensando sobre isso, precisamos de que alguém tenha visto o cavalo de Napoleão para determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa.

·         Toda afirmação que é uma questão de fato é contingentemente verdadeira. Ou seja, é verdadeira, mas poderia ser falsa.
·         Não se incorre em alguma contradição em se supor a negação de uma questão de fato.

Questões de fatos não-presentes
(Argumentos Indutivos)
·         Há questões de fatos que não nos é permitido conferir todos os casos, através de experiência, para sabermos se de fato a afirmação é verdadeira ou falsa.
·         Se todos os seres humanos são mortais: acredita-se que essa afirmação é verdadeira em virtude de todas as vezes que se veem seres humanos morrerem.
·         No entanto, nunca se poderá investigar todos os seres humanos para constatar se essa afirmação é verdadeira ou falsa (os que viveram, vivem e viverão).
·          Situações como essa conduz a seguinte conclusão: como todos os X se comportar de um certo modo Y, podemos inferir que se um objeto X estiver em tais condições, então ele se comportará de um certo modo Y.
·         Elas escapam da possibilidade de nós investigarmos empiricamente e descobrirmos se são verdadeiras ou falsas, tampouco podemos descobrir seus valores de verdade de modo a priori.
·         Questões de Fato Não-Presentes estão fundamentadas nos princípios da causalidade.

- CAUSALIDADE COMO ORGANIZAÇÃO DO UNIVERSO
·         A causalidade permite compreender como o mundo se organiza em causas e efeitos.

- CAUSALIDADE COMO PROBLEMA
·         Pressupomos que há Causalidades (Princípio da Causação) porque nossas faculdades cognitivas consegue melhor compreender o mundo desta forma, ou será que podemos de fato observar causas e efeitos no mundo?

- CAUSALIDADE COMO HÁBITO
·         O processo de entendimento da causalidade funciona baseado nas experiências que tivemos.

Se nunca tivéssemos visto uma bola de bilhar, ao termo uma em nossas mãos nós jamais conseguiríamos, apenas observando suas propriedades, dizer o comportamento dessa. Não se pode dizer que se jogarmos uma bola de bilhar contra outra bola de bilhar, a segunda bola iria se movimentar. Nós fazemos inferências causais, ou seja, dizemos que há um comportamento de causa e efeito entre certas coisas, nos baseando nas experiências passadas que tivemos.

·         Ainda que faça várias descrições sobre o fogo e os perigos desse, uma criança jamais criará uma relação entre causa e efeito entre o fogo e a dor de uma queimadura a não ser que ela experimente pôr a mão no fogo e perceber a dor causada.

- INFERÊNCIAS INDUTIVAS
·         Inferências indutivas são aquelas que a partir de experiências passadas ou presentes tentamos inferir uma conclusão que trata de casos gerais ou faça previsões.

Observamos no passado que se algo é um ser humano, então ele morreu.
Observamos no presente que se algo é um ser humano, então ele morre.
Logo, todos os humanos (de hoje ou do futuro) são mortais.

·         As premissas (1) e (2) tratam de observações, experiências que fizemos no passado. A partir delas nós tentamos garantir que a proposição (3) é verdadeira.
·         O mesmo ocorre, por exemplo, com as leis científicas.

Os cientistas se baseiam em diversas observações e experimentos cuidadosamente feitos para que então se conclua algo geral acerca do comportamento de certos aspectos da natureza, e com isso fazer previsões.

Saber para prever; prever para prover.

- DEDUÇÃO E INDUÇÃO

Enquanto em argumento dedutivos dizemos que a conclusão preserva o valor de verdade das premissas (ou seja, necessariamente, se as premissas são verdadeiras a conclusão também será); em argumentos indutivos as premissas aumentam a probabilidade da conclusão ser verdadeira.



·         Argumento Dedutivo
(A) Se algo é um ser humano, então é mortal.
(B) Sócrates é um ser humano.
(C) Sócrates é mortal.

·         Supondo que (A) e (B) são verdadeiras. Podemos rejeitar (C)? Não, é impossível, pois (A) e (B) implicam (C). Se rejeitarmos (C) isso significa que ou (A) ou (B) são falsas (mas nós já assumimos que são verdadeiras).


Nos argumentos dedutivos válidos, em todos os casos que assumirmos que suas premissas são verdadeiras, teremos de assumir que suas conclusões são verdadeiras também.

·         Argumento Indutivo
(1) Observamos no passado que se algo é um ser humano, então ele morreu.
(2) Observamos no presente que se algo é um ser humano, então ele morre.
(3) Logo, todos os humanos (de hoje ou do futuro) são mortais.

·         Nos argumentos indutivos válidos, ainda que aceitemos que as premissas (1) e (2) são verdadeiras, a conclusão (3) poderia ser falsa.


As premissas de argumentos indutivos ajudam a garantir maior probabilidade da conclusão ser verdadeira.


- O PROBLEMA DA INDUÇÃO
·         Quais as justificativas para aceitarmos a indução?
·         Como nos assegurarmos que a indução é um bom método para conhecermos a realidade?
·         Diferenças entre a dedução e a indução: a Validade

No argumento indutivo, ainda que a conclusão tenha uma probabilidade altíssima de ser verdadeira, ainda é possível que essa conclusão seja falsa em alguma circunstância – o que não acontece com as conclusões de argumentos dedutivos válidos, se assumirmos que suas premissas são verdadeiras.

·         Os argumentos indutivos oferecem conclusões contingentes, pois ainda que assumirmos suas premissas, a conclusão sempre pode ser falsa (ou seja, são questões de fato).
·         Isso traz preocupações tanto para o nosso dia a dia como também para a ciência.
·         Para o nosso dia a dia por que grande parte das inferências que fazemos são indutivas.
·         Para a ciência por que elas se baseiam nessas inferências para formular leis científicas.
·         Não há fortes garantias de que as conclusões são verdadeiras – garantias essas que as inferências dedutivas oferecem.

- A IMPROVÁVEL SALVAÇÃO DA INDUÇÃO
·         Hume pensa em algum modo de tornar as inferências indutivas em dedutivas.
·         Fazer isso implica que se poderia salvar do campo das incertezas as inferências indutivas.

(1) Observamos no passado que se algo é um ser humano, então ele morreu.
(2) Observamos no presente que se algo é um ser humano, então ele morre.
(PUN) A natureza mantém sua uniformidade no tempo.
(3) Logo, todos os humanos (de hoje ou do futuro) são mortais.

·         Hume adiciona (PUN) como premissa, que seria o Princípio de Uniformidade da Natureza (PUN).
·         Dessa forma a natureza mantém uma uniformidade no tempo, de modo que suas regularidades, que ocorreram no passado ou no presente, não se alteram no futuro.
·         Se aceitarmos (1), (2) e (PUN), podemos inferir dedutivamente a conclusão (3).
·         Se as premissas forem verdadeiras, então a conclusão é verdadeira.
·         Eis que temos uma aparente solução. Transformamos um argumento indutivo em um argumento dedutivo.

- INDUÇÃO PELA INDUÇÃO
(Raciocínio circular)
·         O que garante que o PUN é verdadeiro?
·         Tentou-se justificar a indução adicionando uma premissa que tornaria o argumento inicial, que era indutivo, em um argumento dedutivo.
·         No entanto, só foi possível garantir essa premissa indutivamente.

(4) Observamos no passado que a natureza se manteve uniforme.
(5) Observamos no presente que a natureza se manteve uniforme.
(PUN) Logo, a natureza mantém sua uniformidade no tempo.

·         O raciocínio que garante o PUN como verdadeiro é um raciocínio indutivo.
·         O que garante as inferências indutivas seria o PUN, mas ele só pode ser garantido pela própria indução (Raciocínio circular).
·         Em última análise, se garante a indução pela própria indução.
·         Não se pode então garantir a indução através da dedução.

- O CONHECIMENTO COMO HÁBITO
·         Hume afirma que formamos inferências indutivas não por garantias racionais, mas por questões psicológicas.
·         O fazemos por que temos o hábito de fazer.
·         O hábito de vermos regularidades no mundo nos fazem dar adesão para induções, mas não existe garantias racionais para esse método.

·         A nossa aquisição de conhecimento é feita em virtude de conhecermos e determinarmos certos conceitos, e isso ocorre em virtude de certas experiências que temos. 

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