domingo, 4 de junho de 2017

GILBERTO FREYRE (1900-1987)

(Casa Grande e Senzala)

Ø  O livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, fez um grande sucesso no Brasil e no exterior quando foi lançado, em 1933.

Ø  A obra, que completou 80 anos em 2013, gerou muita polêmica.

Ø  Alguns críticos acusavam Freyre de não ter retratado com fidelidade a relação entre negros e brancos, entre dominadores e dominados.

Ø  Por causa disso, o escritor não teria registrado de forma fiel a escravidão que existiu durante o Brasil Colônia.

OPINIÕES: PRÓS E CONTRAS


Ø  Antônio Paulo Resende -  Segundo o historiador, o autor foi muito leve na análise da escravidão no País.

"Eu acho a obra de Gilberto Freyre muito importante para gente entender o que foi o Brasil. Ele é um intérprete da sociedade brasileira, a gente não deve negar o valor que ele tem. Mas eu acho que ele suaviza muito a violência que, a meu ver, existia na sociedade colonial e existe ainda na sociedade brasileira; então, quando ele suaviza e dá uma cor de nostalgia ao passado, a gente deixa de entender muita coisa que está acontecendo agora no Brasil, com relação à violência, com relação à discriminação, com a relação à manutenção de certos preconceitos que a gente diz que no Brasil não existem, inclusive preconceito racial, que pra mim ainda existe no Brasil”.

Ø  Fátima Quintas - Para a presidente da Academia Pernambucana de Letras e especialista na obra de Freyre, o autor de Casa Grande e Senzala nunca negou a existência da escravidão.


"Ele é criticado por romantizar um pouco a escravidão. E ele até responde a essa crítica. Ele diz que ele é romântico, realmente, mas que tentou mostrar a vida como ela era, um tanto à Nelson Rodrigues, sendo que maquiando um pouco, mas nunca negando que a escravidão deixou grande marca no Brasil; ele não suaviza, ele mostra momentos muito fortes, [como] a presença do sadismo que existia no mundo patriarcal. Ele fala desse sadismo, havia sadismo e diz que a mulher foi mais sádica ainda, com a mucama, por conta do ciúme, que a gente sabe que o senhor patriarca transava com as escravas. Então ela tinha ciúmes”.

Ø  Mário Hélio - escritor e jornalista, afirmou:

"Não creio que ele amenize a situação. Acho que Casa Grande Senzala mostra bastante bem como era a situação da sociedade brasileira, da família brasileira no tempo da sua formação. Não vejo que ele adocicasse tanto isso. É um livro que põe a nu também esse aspecto. Não é uma obra que simplesmente fala de uma maneira singela sobre o que seria uma democracia racial. É uma obra complexa. Quem se dá ao trabalho de ler, vai encontrar muito mais do que isso, muito mais do que uma ideia linear do que seria uma mestiçagem. Há muito mais do que isso lá".

Ø  Sônia Freyre - filha do autor e presidente da Fundação Gilberto Freyre, lembra-se das críticas que o pai recebeu, mas disse que ele não se incomodava muito com elas.

"Ele era muito aberto às críticas; ria muito com as coisas. As pessoas que, a princípio, criticaram muito, depois que leram, passaram a minimizar o que disseram. E muita gente passou para o outro lado depois do que viu o que era. Porque essa história de ouvir dizer e criticar é muito fácil, mas não tem fundamento. Não se justifica. Não persevera”.


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