domingo, 31 de maio de 2020

FILOSOFIA ESTÉTICA (PARTE IV)


FILOSOFIA, ARTE E CULTURA
Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 31/05/2020.

"A Fonte", urinol de porcelana branco, é também considerada uma das obras mais representativas do dadaísmo em França. Com esta obra, Duchamp quis questionar o conceito da palavra arte, apresentando um objeto já feito ('ready made') para lançar o debate de forma provocatória.

O que é arte? O que define um artista? As respostas para essas perguntas foram abaladas em 1917, quando o francês Marcel Duchamp trouxe um mictório (ou urinol) assinado como R. Mutt, para uma exposição da Associação dos Artistas Independentes de Nova York. A condição para expor era simples: pagar 6 dólares de inscrição. Os membros da associação só não esperavam por Fonte, algo que Duchamp chamaria de ready-made (“já pronto”). Objetos banais transformados em arte. A reação do conselho da associação, do qual Duchamp fazia parte, veio nesta declaração: “Pode ser um objeto muito útil em seu lugar, mas seu lugar não é em uma exposição de arte e ele não é, de forma alguma, uma obra de arte”.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-urinol-duchamp.phtml


I - TESES:

·         O que é Arte?

·         Qual é a função da Arte?

II - A ARTE DEVE TER COMO FINALIDADE A REPRODUÇÃO DO BELO OU DEVE SE PAUTAR EM OUTROS PRINCÍPIOS?
A roda de bicicleta. Marcel Duchamp

Uma das mais importantes transformações que estamos assistindo hoje, em decorrência dos meios técnicos de reprodução de imagens - fotografia, cinema, televisão -, é, segundo Walter Benjamim, a perda da aura das obras de arte, que, reproduzidas, divulgadas e vulgarizadas, para satisfazer às necessidades da cultura de massa, multiplicam-se em grande número, tornando-se familiares e banais.
(Benedito Nunes 1929-2011)

·         Princípio da Originalidade.

·         Princípio da Crítica Social.

III - GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL 1770-1831
O mundo moderno não dá condições para que a arte tenha a importância que ela teve no passado. A sociedade moderna está civilmente organizada; o império das leis arranja e organiza o mundo e as relações humanas; a hegemonia do Estado se faz presente como elemento de controle. Todas essas e outras características impedem ou tiram a necessidade da existência tipicamente artística. Ou seja, o Estado moderno, com sua estruturação e controle, anula os conflitos fundamentais (Sociais, Morais, Religiosos etc.); desses conflitos, no passado, nasciam as grandes tragédias com os seus respectivos heróis, as poesias, arte etc.

A) Só Deus Conhece Tudo - já que o Conhecimento Absoluto é prerrogativa divina, ao homem cabe buscar, por meios variados, possuir esse entendimento (Arte, Religião, Filosofia e Ciência).

B) Intuição Sensível – de acordo com Hegel, a Arte apreende a realidade por meio da Intuição Sensível captada pelo sentimento.

·         Segundo Hegel - a arte foi a primeira tentativa do homem de entender o Absoluto.

C) Sede de Conhecimento – segundo Hegel, a Arte sozinha não é capaz de aplacar a sede humana pelo conhecimento do Absoluto.

·         Em razão disso o homem vai da Arte para a Religião e vai da Religião para a Filosofia.

D) Conhecimento Absoluto - a Arte é uma forma de Conhecimento do Absoluto.

·         Absoluto - para Hegel toda realidade é um Absoluto.

·         Compreensão do Absoluto – a compreensão se dá por meio de um longo processo: de pouco em pouco; de ideia em ideia; de conceito em conceito (Histórico).

·         Dialética - em cada etapa de sua evolução, o pensamento de uma determinada época supera o pensamento anterior.

·         Ideia - a Arte, a Filosofia e a Religião, as Ciências são meios pelos quais o humano busca compreender o Absoluto; Hegel chama isso de Ideia.

IV - A ARTE E OS SEUS PROCESSOS
(Segundo Hegel)

- Três Fases – segundo Hegel os processos pelos quais a arte passou foram:

A) A Arte Simbólica: apenas sugere a representação do divino (O Absoluto Simbolizado – Imagens).

·         Estatuas de Buda, Cristo, Santos, Orixás etc.

B) A Arte Clássica - o divino já se encontra encarnado na matéria e nela é sensível (O Absoluto Materializado – Deuses Homens).

·         Hércules filho de Zeus, Jesus filho de Davi, Reencarnações de Buda etc.

C) A Arte Romântica: o divino se interioriza, o artista busca a realidade do Absoluto dentro de si mesmo (O Absoluto Interiorizado – Subjetividades).

·         O romantismo alemão na poesia de Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832).

V - A MODERNIDADE E A PERDA DA INGENUIDADE
Museu do Amanhã – Rio de Janeiro

- Dificuldades da Modernidade: para Hegel, na modernidade, já não é mais possível produzir arte como no passado:

·         Arte como Encarnação do Divino – em uma sociedade organizada não há mais espaços para heróis (um mundo mais prático e racional).

·         Arte como Produção Espontânea – cópias, encomendas, produção em série a serviço do capital (mais reflexão, menos estética).

OBS: Nos dias atuais, o artista passa mais tempo escrevendo para explicar o que produz do propriamente produzindo.

VI - A MODERNIDADE E A PERDA DA COLETIVIDADE

- Pluralidades: na arte moderna falta uma visão de mundo coletiva; faltam valores comuns; há um excesso de subjetividade.

·         Sem valores comuns as pessoas não conseguem concordar e se identificar com a arte.

VII - A MODERNIDADE E A PERDA DA AUTONOMIA
Max Ernst 1891-1976 – (Dadaísmo, Surrealismo, Expressionismo etc.)

(Herbert Edward Read 1893-1968; Walter Benjamin 1892-1940; Max Horkheimer 1895-1973; Theodor Adorno 1903-1969)

No passado os artistas estavam vinculados à igreja; depois aos nobres e em seguida aos mecenas; hoje, esses mesmos artistas encontram-se sobre a égide do capitalismo.

- Indústria Cultural: depois de terem estado sob a influencia da igreja, nobreza e mecenas, os artistas modernos encontram-se hoje sob a regência do capitalismo.

·         Fogo ou Frigideira - os artistas entram em conflito com as forças econômica/ou política (fogem do Estado para o setor privado e vice-versa) correndo o risco de “venderem a alma”.

·         Cruz ou Punhal - ou os artistas fabricam aquilo que o mercado quer consumir ou servem aos ideais de propaganda política.

·         Perda da Aura - com a cultura de massa (meios técnicos de reprodução em massa de imagens: TV, Cinema, Fotografia) perde-se a aura da obra artística.

·         O que é Aura - a aura de uma obra artística é aquilo que a torna singular, aquilo que lhe dá autenticidade.

·         Do Contemplativo ao Sensacionalismo - a arte de massa não é contemplativa; ao contrário, ela é espetacular, sensacionalista, chocante; busca sempre gerar uma atividade excessiva dos sentidos.

·         Enquadramento Capitalista – o capitalismo (enquanto Indústria Cultural) enquadra a arte, assim como todas as outras coisas, na lógica da produção industrial, ou seja, fundamenta tudo nas máximas do consumo e do lucro (Padronização, Formatação e Acriticidade).

VIII - A MODERNIDADE E O DOMÍNIO DA TÉCNICA
(Lewis Mumford 1895-1990)
- Tecnicismo: na modernidade a técnica se desenvolveu tanto que, que acabou por suplantar a expressão artística propriamente dita.

·         No passado arte e técnica se harmonizavam.

- Neutralização: na modernidade a linguagem própria da arte foi neutralizada.

·         A Objetividade e o Rigor da Técnica substituíram a Imaginação e a Criatividade Artística.

IX - A MODERNIDADE E A AUTODESTRUIÇÃO
(Marcel Duchamp 1887-1968)
Obra do Dadaísmo

- Em Busca de Novas Fronteiras: não podendo mais concorrer com o poder de precisão da técnica, os artistas vão a outros campos em busca de material para a sua produção.

·         O Inconsciente – os artistas vão até o inconsciente em busca do exótico, do extravagante, do chocante etc. (surrealismo – lutar contra a razão para salvar a imaginação).

·         Nos Braços de Morfeu - muitos artistas buscam experiências oníricas, instintivas, ilógicas e irracionais.

·         Falando por Códigos - outros artistas criam linguagens cifradas que só eles parecem capazes de saber o significado.

·         Arte Engajada - outros artistas usam a arte como instrumento de Revolta e Protesto.

- Autodestruição: diante de sua impotência o artista entra em um círculo de autodestruição.

·         Questionamento dos Questionamentos – os artistas questionam incessantemente a finalidade da arte (cada um busca apresentar sua própria definição).

·         Dadaísmo – existem artistas que praticam e divulgam a Antipoesia; a Antipintura; a Antiescultura (Dadaísmo); assumindo como objetivo consumar a negão da própria arte.

X - CONCLUSÃO COM DUCHAMP
 
·         O que é arte?
·         O que define um artista?

 - Uma Provável Resposta: as respostas para essas perguntas foram abaladas em 1917, quando o francês Marcel Duchamp trouxe um mictório (ou urinol) assinado como R. Mutt, para uma exposição da Associação dos Artistas Independentes de Nova York.

·         A condição para expor era simples: pagar 6 dólares de inscrição.

- O Inesperado: os membros da associação não esperavam por Fonte, algo que Duchamp chamaria de ready-made (“já pronto”).

·         Objetos banais transformados em arte.

- Útil e/ou Artístico: a reação do conselho da associação, do qual Duchamp fazia parte, veio nesta declaração:

·         “Pode ser um objeto muito útil em seu lugar, mas seu lugar não é em uma exposição de arte e ele não é, de forma alguma, uma obra de arte”.


sábado, 30 de maio de 2020

FILOSOFIA ESTÉTICA (PARTE III)


O GOSTO E A EDUCAÇÃO PARA O BELO
Michelangelo 1475-1564 - Davi
Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 30/05/2020

I – APRECIAÇÃO DO BELO: EDUCAÇÃO OU OPINIÃO?

A) Sujeito ou Objeto? - a apreciação da beleza está relacionada à educação ou é meramente uma questão de opinião?
·         O gosto é algo que existe em todos os seres humanos ou é um produto da educação do meio social?

B) Discutível ou Indiscutível? - se, de fato, a beleza é uma questão de gosto, isso pode vir a ser ensinado?
·         Gosto se discute?
Michelangelo 1475-1564 - Moisés

C) Há Consenso no Senso? há quem teorize sobre o chamado consenso de sensação.
·         Existe um guia para nos orientar diante da variabilidade de gosto?

D) O Gosto Pessoal e o seu Dilema:
·         A beleza está relacionada à sensação que o sujeito tem de determinado ser.

·         A beleza é um dado da própria realidade.

E) O Gosto como Sensação.
·         Se o gosto é um sentimento, ele está ligado àquela parte do ser humano que é uma sensação.

·         Dizer que a apreciação do belo está relacionada à sensação, equivale afirmar que a beleza não se encontra na coisa em si – “a beleza está nos olhos de quem vê”. 

Michelangelo 1475-1564 - Pietá

F) O Gosto como Prerrogativa da Própria Realidade – nesse caso o belo é tido como algo racional.
·         No caso de uma racionalidade, as características do objeto independem das pessoas sentirem ou não alguma coisa.

·         A racionalidade concita o indivíduo a tentar enxergar, compreender as características próprias do ser observado.

II - DAVID HUME (1711-1776)
Para Hume, a beleza é uma sensação, e o gosto é variável. Mas haveria uma espécie de consenso de sensação do belo.

A) A Beleza é um Sentimento com Raiz Subjetiva.
·         Há variedades de gostos porque há variedades de sensações.

·         Mesmo com variedades de sensações há espaço para uma espécie de senso comum para o gosto.


·         O senso comum para o gosto, mesmo não sendo racional, pode estabelecer uma espécie de critério sentimental com relação ao belo.

·         O critério comum seria formado a partir das observações de experiências e sentimentos semelhantes despertados nas pessoas diante do mesmo objeto. 

Van Gogh - Os Girassóis 1888

·         O critério comum necessita de experiência com o maior número possível de obra das belas artes, para que o gosto possa ser aprimorado e, de uma certa forma, harmonizado.

·         Gosto apurado é aquele que possui muitas referências artísticas, ou seja, participa de uma dimensão sempre crescente de obras.

·         O gosto apurado possui fundamentação elaborada a partir da proporção adquirida pelas muitas referências artísticas.

·         O critério comum não deve possuir a pretensão de ser imutável e universal.

III – IMMANUEL KANT (1724-1804)
A faculdade de julgar aquilo que torna universalmente comunicável o sentimento suscitado por dada representação, sem a mediação do conceito. (Kant)

- Critérios Comuns: para Kant quando se diz que algo é belo algumas características ou critérios estão presentes nesse julgamento.

- Juízo Comunicável: A universalidade para Kant significa a possibilidade de comunicação do juízo com as outras pessoas

- Acordo de Sentimentos: segundo Kant há uma espécie de acordo de sentimento; ou seja, um juízo de gosto universal baseado em um senso comum de sentimento.
·         A inexistência do conceito – não se sabe exatamente o porquê de algo ser belo.

·         A inexistência do interesse – é um contemplar desinteressado porque não possui uma finalidade fora de si mesma (sem finalidade tida como útil).

- O Interesse deve ser Desinteressado: as diferenças nas concepções artísticas, nascem, principalmente, do fato do sujeito nem sempre estar desinteressado e sem pensar na finalidade da apreciação artística.


Casper David Friedrch – Caminhante Sobre o Mar de Névoa 1818

- Três Experiências Humanas: segundo Kant existem três tipos de Experiências Humanas:

·         Experiências Intelectuais – necessitam de conceitos, por meio dos quais os homens estabelecem relações (Conhecimento).

·         Experiências Práticas – são relativas às ações morais dos indivíduos (Ética).

·         Experiências Estéticas – são intuições ou sentimentos dos objetos que nos dão prazer (Ação Contemplativa – Ação Desinteressada).

OBS - Tanto para Kant quanto para Hume a beleza não é objetiva, não é uma questão de identificar o Belo objetivamente nas coisas. É uma questão de compreender que o juízo possui um certo padrão quando diz que algo é belo.

IV – PLATÃO (427/428 – 348 a. C.)

- O gosto pelo Belo na perspectiva platônica leva em consideração os seguintes princípios:

A) A Tese Metafísica – o ser possui essência imutável, apesar da mobilidade sensorial das coisas.
·         A Essência das coisas não se encontra nas coisas sensíveis, materiais e mutáveis.

·         A Essência das coisas se encontra em outra dimensão, inteligível, imaterial e imutável.

·         As coisas do mundo sensível existem apenas como cópias imperfeitas das ideias perfeitas.

B) A Tese Psicológica – a alma individual, não o corpo, possui acesso e afinidade com o mundo inteligível.
·         Metempsicose da Alma - a alma está aprisionada ao corpo; mas, ainda assim, possui desejo de se unir o mais perfeitamente possível ao mundo inteligível.

·         Tripartição da Alma – a alma está dividida em superior (inteligível) e inferior (irascível e concupiscente).

·         Prisão e Libertação – a parte inferior (paixões e desejos) aprisiona a alma ao mundo; a parte superior (racional) busca pela redenção.

C) Educação da Alma – a alma adequadamente educada, valorizará cada vez mais o inteligível (libertação) ao invés do sensível (prisão).
·         A educação da alma envolve, necessariamente, o desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo.


Auguste Rodin 1840-1904 – O Pensador

D) O Amor (Éros) e o Bem (Agathós): Instrumentos de Libertação – o amor e a atividade pelo bem são como luzes que chamam, seduzem e guiam a alma de volta ao mundo inteligível.
·         Alguns objetos por participarem da ideia de beleza acabam por seduzir a alma de volta a sua casa verdadeira.

·         A educação para o Belo se dá por intermédio do amor à verdade (a verdade encontra-se no mundo inteligível).

·         Seguindo uma escala a alma primeiramente amaria a ideia do belo presente nas coisas (beleza física); em seguida, pouco a pouco, a alma ascenderia à beleza universal (a ideia de beleza em si).

·         A ideia do Belo coincide com as ideias de Bem e Verdade.

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