ENEM 2017 - (IIª PARTE)
1. (Enem 2012) Na
regulamentação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a
linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das
Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto
ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a
posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de
normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada — em tudo
isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura
majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras,
implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que
garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um
conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da
maioria.
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São
Paulo: Loyola, 2002.
A reivindicação dos direitos culturais das
minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias
contemporâneas, na medida em que se alcança
a) a secessão, pela qual a minoria
discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração
espacial, num tipo de independência nacional.
b) a reunificação da sociedade que se encontra
fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas
e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política
nacional.
c) a coexistência das diferenças, considerando
a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate
público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor
argumento.
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem
à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em
nome da harmonia da política nacional.
e) o desaparecimento de quaisquer limitações,
tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para
compor a arena política a ser compartilhada.
2. (Enem 2012)
TEXTO I
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e
a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de
maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja
nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O
brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do
exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários
territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade
e a violência fincam suas raízes.
Entrevista com Joel
Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 2010.
TEXTO II
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as
pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento.
Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações
umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são
impostas, em medo de um ou outro tipo.
ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador,
tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e
agressividade na sociedade brasileira expressa a
a) incompatibilidade entre os modos
democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle
policial.
b) manutenção de práticas repressivas herdadas
dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos
administrativos.
c) inabilidade das forças militares em conter
a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades
brasileiras.
d) dificuldade histórica da sociedade
brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com
valores democráticos.
e) incapacidade das instituições
político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à
realidade social brasileira.
3. (Enem 2012) As mulheres
quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins,
na sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo
quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as
mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição
desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de
resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais,
pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu
trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela
libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII
Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco
de babaçu é resultante da
a) constante violência nos babaçuais na
confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses,
região com elevado índice de homicídios.
b) falta de identidade coletiva das
trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas
rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
c) escassez de água nas regiões de veredas,
ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares,
impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.
d) progressiva devastação das matas dos
cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte
brasileiro.
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e
posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
propriedades.
4. (Enem 2012) Leia.
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL,
H. A vida de viajante,
1953. Disponível em: www.recife.pe.gov.br.
Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).
A letra dessa canção reflete elementos identitários
que representam a
a) valorização das características naturais do
Sertão nordestino.
b) denúncia da precariedade social provocada
pela seca.
c) experiência de deslocamento vivenciada pelo
migrante.
d) profunda desigualdade social entre as
regiões brasileiras.
e) discriminação dos nordestinos nos grandes
centros urbanos.
5. (Enem 2011) Um volume
imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos
programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito a crianças - o
que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente
ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a
socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no
âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed,
2005.
O texto indica que existe uma significava produção
científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano.
E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências,
porque
a) codificam informações transmitidas nos
programas infantis por meio da observação.
b) adquirem conhecimentos variados que
incentivam o processo de interação social.
c) interiorizam padrões de comportamento e
papéis sociais com menor visão crítica.
d) observam formas de convivência social
baseadas na tolerância e no respeito.
e) apreendem modelos de sociedade pautados na
observância das leis.
6. (ENEM
2012) Mirem–se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas.
BUARQUE, C.; BOAL, A.
Mulheres de Atenas. In: Meus caros Amigos, 1976. Disponível
em:
http://letras.terra.com.br. Acesso em: 4 dez. 2011 (fragmento).
Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, em razão de
a)sua função pedagógica, exercida junto às crianças
atenienses.
b) sua importância na consolidação da democracia,
pelo casamento.
c) seu rebaixamento de status social frente aos
homens.
d) seu afastamento das funções domésticas em
períodos de guerra.
e) sua igualdade política em
relação aos homens.
7. (ENEM 2015)
“O filósofo Augusto Comte (1798-1857) preenche sua
doutrina com uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e
política: a ação política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a
política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a
Revolução Francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o positivismo
obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do
“reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial
das revoluções e engendra o progresso”
RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998
(adaptado).
A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem,
como também o desejado progresso das nações, é
ser
a)espaço
coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das
leis.
b) produto
científico da física social, transcendendo e transformando as exigências da realidade.
c) elemento
unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da
comunidade.
d) programa
necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo portanto se manter aberto a
novas insurreições.
e) agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por
impor pelo menos um curto período de ordem.
Gabarito: 1 C, 2 D, 3 E, 4 C, 5 C, 6 C, 7 C.
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