terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

FRANCIS BACON (1561-1626)

(O MÉTODO EXPERIMENTAL CONTRA OS ÍDOLOS)
Adaptado a partir da net por: Claudio Fernando Ramos, 13/02/2018.

Conhecimento é poder.
O objetivo de Bacon foi o de fazer do conhecimento científico um instrumento prático de controle da realidade.

VÍDEO AULA: https://www.youtube.com/watch?v=2nw1ksiEGy0

BIOGRAFIA
- Em meados dos séculos XVI e XVII no reinado da Rainha Elizabeth I, a Inglaterra passava por um período de mineração e industrialização.
- Neste mesmo período nascia um dos mais célebres filósofos ingleses, Francis Bacon.
- Tendo exercido um significativo papel na vida política daquela sociedade, conseguiu o título de conselheiro da Coroa (grão-chanceler). 
- Havia muitos inimigos que o cercavam; quando lhe foi tomado o poder em virtude de acusações políticas (corrupção e suborno), seu trabalho intelectual se tornou mais intenso.

PIONEIRISMO
- Pioneirismo Metodológico - Embora Bacon não tenha realizado nenhum progresso nas ciências naturais, ele foi o autor do primeiro esboço racional de uma metodologia científica.
- Pré Cientista-Social - E sua “Teoria dos Ídolos" antecipa, em germe, a moderna Sociologia do Conhecimento.
- Moderno Prosador Inglês - Bacon também foi notável escritor: seus "Ensaios" são os primeiros modelos de prosa inglesa moderna.

PRÉ-POSITIVISMO
- Bacon manifestou grande entusiasmo pelas conquistas técnicas de sua época: a bússola, a pólvora, a imprensa...
- Bacon manifestou aversão ao pensamento puramente abstrato (Escolástica).
- Além das contundentes críticas aos filósofos clássicos, rompeu com uma tradição filosófica de mais de dois mil anos e com a religião da época.
- Bacon acreditava numa filosofia que favorecesse a humanidade com seus métodos experimentais (Filosofia da Ciência).
- Bacon era totalmente a favor de ciência moderna que libertasse o homem de seus ídolos.
- A Filosofia Positiva só foi, efetivamente, postulada pelo filósofo-matemático francês Auguste Comte, no início do século XIX (Fundador da Sociologia).

CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS
- Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos:
a) A Poesia - Ciência da Imaginação.
b) A História - Ciência da Memória:
- História Natural.
- História Civil.
c) A Filosofia - Ciência da Razão:
- Filosofia da Natureza.
- Filosofia Antropológica.

MÉTODO CIENTÍFICO
- Método Indutivo de Investigação Científica - Em sua teoria do conhecimento, Francis Bacon propõe um novo método indutivo, o qual ofereceu uma profunda contribuição aos métodos de investigação da natureza.
- Mudanças de Tempo - A obra de Bacon representa tentativa de realizar o vasto plano de "Instauratio Magna" ("Grande Restauração").
- A Grande Restauração - De acordo com o prefácio do "Novum Organum" ("Novo método"), publicado em 1620, a "Grande Restauração" deveria desenvolver-se através de seis partes.
- Aristóteles Superado - A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, estudavam o novo método que deveria substituir o de Aristóteles.
- O Conhecimento Sem Radicalidades - O "Novum Organum" é a expressão de uma perspectiva que tanto se afasta do empirismo radical quanto do racionalismo exagerado - ambos duramente criticados por Bacon.

MÉTODO INDUTIVO
- A Regularidade da Natureza - Em função da nova metodologia, e como meio de realizar a busca das formas que se poderão revelar como regularidades no domínio dos fatos, Bacon recomenda o uso de três tábuas que disciplinarão o método indutivo:
a) A Tábua de Presença - Registra a presença das formas que se investigam.
b) A Tábua de Ausência ou de Declinação - Possibilita o controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes.
c) A Tábua de Comparação - Registram-se as variações que as referidas formas manifestam.

TEORIA DOS ÍDOLOS
- Bacon denominou ídolos as falsas noções que bloqueiam a mente e invadem o intelecto humano.
- Os ídolos impossibilitam o acesso à verdade e gera dificuldades em relação às ciências, quando não combatidos.
- Os ídolos se classificam em quatro categorias: Ídolos da Tribo, Ídolos da Caverna, Ídolos do Mercado ou do Fórum e Ídolos do Teatro.

OS ÍDOLOS
a) Os Ídolos da Tribo 
- Menos Natureza, Mais Superstições - São aqueles que se apoderam da própria natureza humana e não levam em conta o aprendizado sobre o universo, produzem uma certa espécie de superstição.
- Humano, Demasiadamente Humano - Tem sua origem nas ações humanas, nas limitações, preconceitos, sentimentos, incompetência.
- As Falsas Ciências - A cabala de sua época imaginava uma realidade (não inexistente) numérica e os alquimistas pensavam na atividade da natureza como na atividade humana, encontrando amor e ódio nos fenômenos naturais.

b) Os Ídolos da Caverna 
- Um Pouco de Platão - Fazem uma alusão à alegoria da caverna de Platão.
- A Caverna de Cada Um - Para o autor,  cada um tem a sua própria caverna, tem os seu jeito próprio de interpretar a natureza, todos os indivíduos veem sua própria luz por ângulos diferentes e cometem erros diversos. 
- Choque Entre o Qualitativo e o Quantitativo - Com isso a luz da natureza entra em choque com a luz humana, pois cada um tem os seus ídolos da educação, do esporte, da cultura, da autoridade e daqueles que honra e admira a diversidade das falsas verdades que vão ocupando o intelecto humano.

c) Os Ídolos do Fórum ou do Mercado 
- O Perigo das Palavras – São os mais incômodos, pois podem invadir o intelecto através das palavras.
- Verborragia Retórica - São aqueles erros encontrados nas palavras ou nos discursos humanos quando o diálogo sai ao contrário ou a palavra é distorcida pelos homens “sábios” que usam de suas oratórias para enfatizar o discurso. 
- Lógica Falaciosa - Segundo Bacon, “as palavras cometem uma grande violência ao intelecto e perturbam os raciocínios, arrastando os homens a inumeráveis controvérsias e vãs considerações” (REALE, 1990, p.339).

d) Os Ídolos do Teatro 
- Pura Ficção - São aquelas teorias que não têm harmonia com a natureza humana ou obras filosóficas, que se consagraram figurando mundos fictícios, como aquelas que encontramos na filosofia antiga ou nas tradições religiosas. 
- Um Platão Religioso e um Aristóteles Relativista - Bacon acusa Aristóteles de ter sido um dos piores sofistas e Platão de ter confundido filosofia com teologia.
- O Método Como Solução - Para expulsá-los é preciso ter conhecimento dos mesmos a fim de expurgá-los da mente, além de conhecer um novo método.
- A Indução Empírica - É a verdadeira indução o método proposto, pelo qual o homem poderia construir uma nova ciência capaz de interpretar corretamente a natureza e realizar os anseios do espírito moderno.
- Indução: Certezas ou Hábitos? - Para o filósofo escocês David Hume (1711-1776) o raciocínio indutivo não possui fundamentação lógica. Será, portanto, sempre um salto do raciocínio impulsionado pela crença ou hábito.

SOBRE AS FORMIGAS, ARANHAS E ABELHAS
- O Conhecimento Enquanto Metáfora - Aqueles que lidaram com as ciências, ou foram homens de experimentos, ou homens de dogmas.
a) Formigas - Os homens de experimentos são como as formigas, só coletam e usam o que coletaram.
b) Aranhas - Os pensadores lembram aranhas, que constroem teias com sua própria substância.
c) Abelhas - A abelha toma o caminho do meio (diferente das formigas e das aranhas): coleta seu material das flores do jardim e do campo, mas o transforma e o digere por um poder próprio.

O CAMINHO DA FILOSOFIA
- Semelhante às Abelhas - Este é o verdadeiro negócio da filosofia; pois ela nem depende exclusiva ou principalmente dos poderes da mente, nem aloja a matéria que coleta da história natural e dos experimentos mecânicos por inteiro na memória, como a encontra, mas a aloja no intelecto alterada e digerida.
- Empirismo Com Racionalismo - A partir de uma liga mais estreita e pura entre essas duas faculdades, a Experimental e a Racional, muito pode ser esperado (Francis Bacon, Novum Organum, Book One, XCV).

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