O GOSTO E A EDUCAÇÃO
PARA O BELO
Michelangelo 1475-1564 - Davi
Por: Claudio Fernando Ramos,
a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 30/05/2020
I – APRECIAÇÃO DO BELO: EDUCAÇÃO OU OPINIÃO?
A) Sujeito ou Objeto? - a apreciação da
beleza está relacionada à educação ou é meramente uma questão de opinião?
·
O
gosto é algo que existe em todos os seres humanos ou é um produto da educação
do meio social?
B) Discutível ou Indiscutível? - se, de fato, a
beleza é uma questão de gosto, isso pode vir a ser ensinado?
·
Gosto
se discute?
Michelangelo 1475-1564 - Moisés
C) Há Consenso no Senso? – há quem teorize
sobre o chamado consenso de sensação.
·
Existe
um guia para nos orientar diante da variabilidade de gosto?
D) O Gosto Pessoal e o seu Dilema:
·
A
beleza está relacionada à sensação que o sujeito tem de determinado ser.
·
A
beleza é um dado da própria realidade.
E) O Gosto como Sensação.
·
Se
o gosto é um sentimento, ele está ligado àquela parte do ser humano que é uma
sensação.
·
Dizer
que a apreciação do belo está relacionada à sensação, equivale afirmar que a
beleza não se encontra na coisa em si – “a beleza está nos olhos de quem vê”.
Michelangelo 1475-1564 - Pietá
F) O Gosto como Prerrogativa da Própria Realidade – nesse caso o belo é
tido como algo racional.
·
No
caso de uma racionalidade, as características do objeto independem das pessoas
sentirem ou não alguma coisa.
·
A
racionalidade concita o indivíduo a tentar enxergar, compreender as
características próprias do ser observado.
II - DAVID HUME (1711-1776)
Para Hume, a beleza é uma sensação, e o gosto é variável.
Mas haveria uma espécie de consenso de sensação do belo.
A) A Beleza é um Sentimento com Raiz Subjetiva.
·
Há
variedades de gostos porque há variedades de sensações.
·
Mesmo
com variedades de sensações há espaço para uma espécie de senso comum para o
gosto.
·
O
senso comum para o gosto, mesmo não sendo racional, pode estabelecer uma
espécie de critério sentimental com relação ao belo.
·
O
critério comum seria formado a partir das observações de experiências e
sentimentos semelhantes despertados nas pessoas diante do mesmo objeto.
Van Gogh - Os
Girassóis 1888
·
O
critério comum necessita de experiência com o maior número possível de obra das
belas artes, para que o gosto possa ser aprimorado e, de uma certa forma,
harmonizado.
·
Gosto
apurado é aquele que possui muitas referências artísticas, ou seja, participa
de uma dimensão sempre crescente de obras.
·
O
gosto apurado possui fundamentação elaborada a partir da proporção adquirida
pelas muitas referências artísticas.
·
O
critério comum não deve possuir a pretensão de ser imutável e universal.
III – IMMANUEL KANT (1724-1804)
A faculdade de julgar aquilo que torna universalmente
comunicável o sentimento suscitado por dada representação, sem a mediação do
conceito. (Kant)
- Critérios Comuns: para Kant quando se diz que algo é
belo algumas características ou critérios estão presentes nesse julgamento.
- Juízo Comunicável: A universalidade
para Kant significa a possibilidade de comunicação do juízo com as outras
pessoas
- Acordo de Sentimentos: segundo Kant há uma
espécie de acordo de sentimento; ou seja, um juízo de gosto universal baseado
em um senso comum de sentimento.
·
A
inexistência do conceito – não se sabe exatamente o porquê de algo ser belo.
·
A
inexistência do interesse – é um contemplar desinteressado porque não possui
uma finalidade fora de si mesma (sem finalidade tida como útil).
- O Interesse deve ser Desinteressado: as diferenças nas
concepções artísticas, nascem, principalmente, do fato do sujeito nem sempre
estar desinteressado e sem pensar na finalidade da apreciação artística.
Casper David Friedrch – Caminhante Sobre o Mar de Névoa
1818
- Três Experiências Humanas: segundo Kant existem
três tipos de Experiências Humanas:
·
Experiências Intelectuais – necessitam de
conceitos, por meio dos quais os homens estabelecem relações (Conhecimento).
·
Experiências Práticas – são relativas às
ações morais dos indivíduos (Ética).
·
Experiências Estéticas – são intuições ou
sentimentos dos objetos que nos dão prazer (Ação Contemplativa – Ação
Desinteressada).
OBS - Tanto para Kant quanto para Hume a beleza não é
objetiva, não é uma questão de identificar o Belo objetivamente nas coisas. É
uma questão de compreender que o juízo possui um certo padrão quando diz que
algo é belo.
IV – PLATÃO (427/428 – 348 a. C.)
-
O gosto pelo Belo na perspectiva platônica leva em consideração os seguintes
princípios:
A) A Tese Metafísica – o ser possui
essência imutável, apesar da mobilidade sensorial das coisas.
·
A
Essência das coisas não se encontra nas coisas sensíveis, materiais e mutáveis.
·
A
Essência das coisas se encontra em outra dimensão, inteligível, imaterial e
imutável.
·
As
coisas do mundo sensível existem apenas como cópias imperfeitas das ideias
perfeitas.
B) A Tese Psicológica – a alma individual,
não o corpo, possui acesso e afinidade com o mundo inteligível.
·
Metempsicose
da Alma - a alma está aprisionada ao corpo; mas, ainda assim, possui desejo de
se unir o mais perfeitamente possível ao mundo inteligível.
·
Tripartição
da Alma – a alma está dividida em superior (inteligível) e inferior (irascível
e concupiscente).
·
Prisão
e Libertação – a parte inferior (paixões e desejos) aprisiona a alma ao mundo;
a parte superior (racional) busca pela redenção.
C) Educação da Alma – a alma adequadamente
educada, valorizará cada vez mais o inteligível (libertação) ao invés do
sensível (prisão).
·
A
educação da alma envolve, necessariamente, o desenvolvimento moral e
intelectual do indivíduo.
Auguste Rodin
1840-1904 – O Pensador
D) O Amor (Éros) e o Bem (Agathós): Instrumentos de Libertação
–
o amor e a atividade pelo bem são como luzes que chamam, seduzem e guiam a alma
de volta ao mundo inteligível.
·
Alguns
objetos por participarem da ideia de beleza acabam por seduzir a alma de volta
a sua casa verdadeira.
·
A
educação para o Belo se dá por intermédio do amor à verdade (a verdade
encontra-se no mundo inteligível).
·
Seguindo
uma escala a alma primeiramente amaria a ideia do belo presente nas coisas
(beleza física); em seguida, pouco a pouco, a alma ascenderia à beleza
universal (a ideia de beleza em si).
·
A
ideia do Belo coincide com as ideias de Bem e Verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário