sábado, 30 de maio de 2020

FILOSOFIA ESTÉTICA (PARTE III)


O GOSTO E A EDUCAÇÃO PARA O BELO
Michelangelo 1475-1564 - Davi
Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 30/05/2020

I – APRECIAÇÃO DO BELO: EDUCAÇÃO OU OPINIÃO?

A) Sujeito ou Objeto? - a apreciação da beleza está relacionada à educação ou é meramente uma questão de opinião?
·         O gosto é algo que existe em todos os seres humanos ou é um produto da educação do meio social?

B) Discutível ou Indiscutível? - se, de fato, a beleza é uma questão de gosto, isso pode vir a ser ensinado?
·         Gosto se discute?
Michelangelo 1475-1564 - Moisés

C) Há Consenso no Senso? há quem teorize sobre o chamado consenso de sensação.
·         Existe um guia para nos orientar diante da variabilidade de gosto?

D) O Gosto Pessoal e o seu Dilema:
·         A beleza está relacionada à sensação que o sujeito tem de determinado ser.

·         A beleza é um dado da própria realidade.

E) O Gosto como Sensação.
·         Se o gosto é um sentimento, ele está ligado àquela parte do ser humano que é uma sensação.

·         Dizer que a apreciação do belo está relacionada à sensação, equivale afirmar que a beleza não se encontra na coisa em si – “a beleza está nos olhos de quem vê”. 

Michelangelo 1475-1564 - Pietá

F) O Gosto como Prerrogativa da Própria Realidade – nesse caso o belo é tido como algo racional.
·         No caso de uma racionalidade, as características do objeto independem das pessoas sentirem ou não alguma coisa.

·         A racionalidade concita o indivíduo a tentar enxergar, compreender as características próprias do ser observado.

II - DAVID HUME (1711-1776)
Para Hume, a beleza é uma sensação, e o gosto é variável. Mas haveria uma espécie de consenso de sensação do belo.

A) A Beleza é um Sentimento com Raiz Subjetiva.
·         Há variedades de gostos porque há variedades de sensações.

·         Mesmo com variedades de sensações há espaço para uma espécie de senso comum para o gosto.


·         O senso comum para o gosto, mesmo não sendo racional, pode estabelecer uma espécie de critério sentimental com relação ao belo.

·         O critério comum seria formado a partir das observações de experiências e sentimentos semelhantes despertados nas pessoas diante do mesmo objeto. 

Van Gogh - Os Girassóis 1888

·         O critério comum necessita de experiência com o maior número possível de obra das belas artes, para que o gosto possa ser aprimorado e, de uma certa forma, harmonizado.

·         Gosto apurado é aquele que possui muitas referências artísticas, ou seja, participa de uma dimensão sempre crescente de obras.

·         O gosto apurado possui fundamentação elaborada a partir da proporção adquirida pelas muitas referências artísticas.

·         O critério comum não deve possuir a pretensão de ser imutável e universal.

III – IMMANUEL KANT (1724-1804)
A faculdade de julgar aquilo que torna universalmente comunicável o sentimento suscitado por dada representação, sem a mediação do conceito. (Kant)

- Critérios Comuns: para Kant quando se diz que algo é belo algumas características ou critérios estão presentes nesse julgamento.

- Juízo Comunicável: A universalidade para Kant significa a possibilidade de comunicação do juízo com as outras pessoas

- Acordo de Sentimentos: segundo Kant há uma espécie de acordo de sentimento; ou seja, um juízo de gosto universal baseado em um senso comum de sentimento.
·         A inexistência do conceito – não se sabe exatamente o porquê de algo ser belo.

·         A inexistência do interesse – é um contemplar desinteressado porque não possui uma finalidade fora de si mesma (sem finalidade tida como útil).

- O Interesse deve ser Desinteressado: as diferenças nas concepções artísticas, nascem, principalmente, do fato do sujeito nem sempre estar desinteressado e sem pensar na finalidade da apreciação artística.


Casper David Friedrch – Caminhante Sobre o Mar de Névoa 1818

- Três Experiências Humanas: segundo Kant existem três tipos de Experiências Humanas:

·         Experiências Intelectuais – necessitam de conceitos, por meio dos quais os homens estabelecem relações (Conhecimento).

·         Experiências Práticas – são relativas às ações morais dos indivíduos (Ética).

·         Experiências Estéticas – são intuições ou sentimentos dos objetos que nos dão prazer (Ação Contemplativa – Ação Desinteressada).

OBS - Tanto para Kant quanto para Hume a beleza não é objetiva, não é uma questão de identificar o Belo objetivamente nas coisas. É uma questão de compreender que o juízo possui um certo padrão quando diz que algo é belo.

IV – PLATÃO (427/428 – 348 a. C.)

- O gosto pelo Belo na perspectiva platônica leva em consideração os seguintes princípios:

A) A Tese Metafísica – o ser possui essência imutável, apesar da mobilidade sensorial das coisas.
·         A Essência das coisas não se encontra nas coisas sensíveis, materiais e mutáveis.

·         A Essência das coisas se encontra em outra dimensão, inteligível, imaterial e imutável.

·         As coisas do mundo sensível existem apenas como cópias imperfeitas das ideias perfeitas.

B) A Tese Psicológica – a alma individual, não o corpo, possui acesso e afinidade com o mundo inteligível.
·         Metempsicose da Alma - a alma está aprisionada ao corpo; mas, ainda assim, possui desejo de se unir o mais perfeitamente possível ao mundo inteligível.

·         Tripartição da Alma – a alma está dividida em superior (inteligível) e inferior (irascível e concupiscente).

·         Prisão e Libertação – a parte inferior (paixões e desejos) aprisiona a alma ao mundo; a parte superior (racional) busca pela redenção.

C) Educação da Alma – a alma adequadamente educada, valorizará cada vez mais o inteligível (libertação) ao invés do sensível (prisão).
·         A educação da alma envolve, necessariamente, o desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo.


Auguste Rodin 1840-1904 – O Pensador

D) O Amor (Éros) e o Bem (Agathós): Instrumentos de Libertação – o amor e a atividade pelo bem são como luzes que chamam, seduzem e guiam a alma de volta ao mundo inteligível.
·         Alguns objetos por participarem da ideia de beleza acabam por seduzir a alma de volta a sua casa verdadeira.

·         A educação para o Belo se dá por intermédio do amor à verdade (a verdade encontra-se no mundo inteligível).

·         Seguindo uma escala a alma primeiramente amaria a ideia do belo presente nas coisas (beleza física); em seguida, pouco a pouco, a alma ascenderia à beleza universal (a ideia de beleza em si).

·         A ideia do Belo coincide com as ideias de Bem e Verdade.

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