segunda-feira, 15 de março de 2021

O AMOR (EROS) E FILOSOFIA

 

(O amor enquanto problema filosófico)

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros, textos e imagens da net.

 C@cau “::¬) 15/03/2021

VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=xTRBhT0TOyI

 PROPOSIÇÕES

- O amor possui, ou é ele mesmo uma essência?

·         Qual é o seu papel na existência humana?

- Há uma variedade de fenômenos que são genericamente definidos como sendo amor, por isso ocorre?

PERSPECTIVA MÍTICA

Conforme o mito, Eros não é filho de Afrodite, apesar de nascer sob o signo de sua beleza. Na realidade, é filho de Poros (Recurso) e de Penia (Pobreza). No jantar oferecido pelos deuses por ocasião do nascimento de Afrodite, Penia chega para mendigar junto à porta. Poros, embriagado, adormece no jardim. Penia tem a idéia de ter um filho de Poros, deita-se junto dele e concebe o Amor. Assim, Eros herda dos pais a mistura que o torna inquieto e apaixonado, pobre e rico. Ao mesmo tempo, instável, inventivo, caprichoso. Vivendo na penúria, aspira o saber e a beleza.  Alcibíades, no seu discurso, elogia o próprio Sócrates. O que é dito teoricamente no discurso de Sócrates é confirmado nas ações de Sócrates. Também Sócrates não é belo nem feio, mas sedutor. Sendo pobre, é rico interiormente.

 

O AMOR PLATÔNICO

“O amor nunca é totalmente pobre nem totalmente rico. Ele está no meio entre a ignorância e a sapiência.”

(Platão)

- Segundo Platão, a experiência de amar é na verdade uma experiência de ascensão.

·         Parte-se de uma percepção cada vez mais completa da Beleza, do Bem e da Verdade.

·         O amor é uma força mediadora que faz com que a alma saia do mundo sensível ascendendo para o mundo inteligível.

·         O amor atrai a alma através dos diversos graus de beleza até chegar ao Bem.

·         O amor não é belo, nem bom, mas sim a sede desses dois conceitos.

·         Nem mortal, nem imortal, o amor assemelha-se a um ser intermediário entre o divino e o humano (Demon, o nosso demônio interior).

·         O amor está sempre com fome (Penia, sua mãe) e também sempre criado ardis para conseguir o que deseja (Poros, seu pai).

·         O amor é, simbolicamente, o próprio filósofo, nem rico, nem pobre; nem ignorante, nem sábio.

·         O amor é desejo do que não se tem: bem, sabedoria, felicidade, imortalidade, absoluto, Deus...

- Platão diferencia o Amor da Amizade.

·         Na amizade prevalece elementos racionais, ao contrário do Amor.

- Os três grandes diálogos de Platão:

·         Lisis (fala sobre a amizade); Banquete e Fedro (falam sobre o amor).

OS ESTÁGIOS DO AMOR

(Platão)

- Primeiro Estágio: nesse estágio o amor é físico (busca-se um corpo belo).

·         Deseja-se com isso gerar a beleza em outro corpo (filhos).

·         Nesse estágio já aparece a necessidade da imortalidade (mas, nessa fase, isso mostra-se inútil).

- Segundo Estágio: nesse estágio o amor habita as dimensões do espírito.

·         Aqui ama-se as almas, a justiça, as leis (ama-se o conhecimento, as ciências).

- Terceiro Estágio: nesse nível alcança-se a visão cintilante da Beleza, do Absoluto.

·         Aqui se chega ao conhecido amor platônico; nesse nível os elementos sensíveis já foram depurados.

·         O amor está totalmente ligado com a visão intelectual profunda e verdadeira da realidade (Beleza, Bem, Absoluto, Verdade).

SEXO, DESEJO E AMOR

(Diferenças)

- Primeiro Estágio, nesse nível o desejo é mais fisiológico.

·         Nesse nível, o desejo surge como resultado de uma química hormonal, sem objeto definido (por não ter um objeto definido, o desejo pode ser projetado em qualquer coisa).

- Segundo Estágio, nesse nível o desejo tem fonte exterior.

·         O sujeito é despertado pela visão direta ou indireta de um objeto externo.

·         O sujeito é atraído por um traço sexual secundário, tais como: olhos, boca, pernas etc.

- Terceiro Estágio, nesse nível o desejo é despertado por uma impressão geral, indefinida e não localizada.

·         Uma espécie de áurea mágica, beleza ou charme (uma impressão geral de uma pessoa). 

- Quarto Estágio, nesse nível o desejo se apresenta pela presença obsessiva da pessoa amada na mente do sujeito (uma carência devoradora do outro).

·         É o que geralmente se chama de paixão (esse é um sentimento repleto de ambiguidades).

·         Traz ao mesmo tempo ansiedade, medo da rejeição, assim como alguns mecanismos de defesas diante de possíveis rejeições.

·         Nesse nível sente-se também ciúmes, raiva e desejos de vinganças (convive-se com o prazer e a dor). 

- Quinto Estágio, nesse nível o desejo se manifesta através do sonho conjugal de possuir a pessoa amada para sempre.

·         Aqui os desejos adquirem formas morais que são aceitas e louvadas pela comunidade.

·         Nesse nível se faz sacrifícios visando benefícios mútuos (forma família, educar os filhos).

·         Ama-se o outro tal como ele é, e não como imaginamos que seja (amizade marital).

- Sexto Estágio, nesse nível atinge-se ao amor no sentido pleno da palavra.

·         Desejo constante e irrevogável de sacrificar tudo pelo bem da pessoa amada. 

- Sétimo Estágio, esse é o nível mais alto dentre todos (amor ao próximo, mesmo que esse próximo seja um inimigo).

·         Ágape – Amor, Querer Bem (em grego); Caritas (latim): Caridade (português).

·         Amor desinteressado, amor puro (alguns dizem amor de mãe, outros dizem amor de Deus).

OBS:

·         Cada nível engloba o nível anterior.

·         Os níveis vão se incorporando e se misturando até se tornarem mais e mais complexos e abrangentes.

O PESSIMISMO

(Schopenhauer)

- O amor (a vida) enquanto equilíbrio entre o Sofrimento e o Tédio.

Um pêndulo é um sistema (um dispositivo, um instrumento) que oscila em torno de um ponto de equilíbrio. Um pêndulo em condições ideais realiza este movimento periódica e eternamente: ou seja, fica sempre oscilando em torno do ponto de equilíbrio, mas não fica nele. Quando Schopenhauer disse que a vida é um pêndulo entre o sofrimento e o tédio, uma das possíveis interpretações disso é de que ele quis dizer que o ser humano persegue o equilíbrio mas não consegue se acomodar ali. Ele busca deixar de sofrer, e procura a paz, o equilíbrio. Mas neste equilíbrio, nada acontece, é um tédio, então ele busca novas experiências. Novas experiências, levam a traumas e decepções, ou seja, sofrimento. Então ele tenta novamente restaurar o equilíbrio. E novamente é levado ao tédio e novamente ao sofrimento, e tédio, e sofrimento - eternamente. A vontade, muito mais do que a razão, seria o que há de essencial no mundo. E, pela alegoria do pêndulo, são vontades que nunca estão satisfeitas, pois o homem idealiza a felicidade (não admite que a felicidade pode ser entediante) e idealiza a aventura (não admite que a aventura pode ser sofrida).


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