Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 05/10/2021
TESES
-
Como separar a aparência da realidade?
- Como separar a opinião, sombra das meias verdades, do verdadeiro conhecimento?
A
ILUSÃO NO VIVER
[...]
o povo não suportaria por muito tempo o seu príncipe, o criado seu senhor, a
criada sua senhora, o estudante seu preceptor, o amigo seu amigo, a mulher seu
marido, o empregado seu patrão, o colega seu colega, o anfitrião seu hóspede,
se um não mantivesse o outro na ilusão, se não houvesse entre eles embuste
recíproco, adulação, convivência prudente, enfim, o lenitivo (mitigação da dor)
intercambio do mel da loucura. [...]
(E. de Roterdã)
IDEOLOGIA:
ORIGEM
-
Antoine Destutt de Tracy (1754-1836) na obra Elementos de Ideologia 1801,
cunhou o termo ideologia para a análise das sensações e das ideias.
·
Os
ideólogos – nascia aqui uma nova ciência.
·
Os
ideólogos – atribuíam às percepções sensoriais do mundo externo a origem das
ideias humanas.
·
Os
ideólogos – rejeitavam as religiões e a metafísica.
·
Os
ideólogos – procuravam um sistema de leis naturais que, se obedecidos, poderiam
tornar-se o fundamento da harmonia social universal.
· Os ideólogos – acreditavam que o conhecimento, derivado das sensações, poderia aperfeiçoar a sociedade, por meio de métodos morais de educação.
IDEOLOGIA
CRITICADA
-
O conceito de ideologia passou a assumir um significado pejorativo devido a uma
ação do imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821).
·
Napoleão,
por ter sido criticado por pensadores (filósofos) relacionados com a ideologia,
declarou em um discurso (1812) que todos os males da França, deveriam ser
creditados aos ideólogos.
· A partir daí desenvolveu-se uma caracterização de ideólogos como pessoas destituídas de senso político e prático, ou seja, pessoas alienadas da realidade.
IDEOLOGIA MARXISTA
- Para Marx a
ideologia é - “Conjunto de ideias que procura ocultar a sua própria origem nos
interesses sociais de um grupo particular da sociedade”.
·
Ideologia, a verdade por
trás da fumaça - “Através da
ideologia, são construídos (produzidos) imaginários e lógicas de
identificação social cuja função seria escamotear o conflito (entre as classes
sociais), dissimular a dominação e ocultar a presença do particular, dando-lhe
a aparência de universal”.
- Gestora de uma falsa consciência - equivalente de ilusão.
- Dissimulação
do poder - ideias que elaboram uma
"compreensão da realidade" para ocultar ou dissimular o domínio
de um grupo sobre o outro.
- Preservadora do status quo - a
ideologia tem funções como a de preservar a dominação de classes
apresentando uma explicação apaziguadora para as diferenças sociais.
- Mola propulsora da
realidade - concepção idealista na qual a realidade é invertida e
as ideias aparecem como motor da vida real.
- Fomentadora de uma falsa unidade social - criação de uma falsa imagem de unidade social.
- Apaziguadora de conflitos sociais - seu objetivo é evitar o conflito aberto entre dominadores e
dominados.
- Instrumento de homogeneização social - uma forma de consciência, mas uma consciência parcial, ilusória e enganadora que se baseia na criação de conceitos e preconceitos como instrumentos de hegemonia.
IDEOLOGIA E CIÊNCIA
- Segundo o
filósofo e sociólogo Émile Durkheim, a palavra ideologia refere-se a qualquer
doutrina que aparenta ser científica, mas que, no fundo, não tem bases sólidas
de verificação empírica.
·
A ciência pertence ao campo da observação e do raciocínio.
· A ideologia pertence o campo dos sentimentos e da fé.
- Segundo Karl
Mannheim, a ideologia é usada como instrumento de persuasão e serve para
dirigir a ação de determinados grupos de interesse.
·
Uma teoria científica verdadeira nem sempre tem força persuasiva fora
do campo da comunidade científica.
· O que conta, na verdade, é sua capacidade de mobilizar grupos sociais.
- Norberto Bobbio defende que: “[...] sistema de crenças ou valores que é utilizado na luta política para influir sobre o comportamento das massas, para orientá-las numa direção e não em outra, para obter consenso, enfim para fundamentar a legitimidade do poder [...]”.
IDEOLOGIA COMO MESSIANISMO
- Kenneth Minogue (1930-2013) entende ideologia da
seguinte maneira: “[...] qualquer doutrina que apresente a verdade salvífica e
oculta do mundo sob a forma de análise social [...]”.
·
Para ele a ideologia é, enquanto perspectiva messiânica, um complexo de
“mitos” artificiais disfarçados de história (messianismo político).
· Esse messianismo bem pode ser o de uma classe (burguês e proletariados), uma pessoa (político) etc.
- Raymond Aron (1905-1983) sobre a ideologia diz: “quando pretendem
“mudar as condições da existência”, os partidos e movimentos políticos se
tornam como que “religiões saculares”.
·
Na obra Ópio dos intelectuais, Aron diz que
muitos intelectuais se deixavam seduzir pelas teorias marxistas sem maiores
juízos críticos.
·
Trocou-se o céu dos cristãos pelo ateísmo marxista, ou seja, um
messianismo dogmático pelo messianismo secular.
·
Não há esperança no pós morte; o destino da humanidade cumpre-se
integralmente na terra.
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