domingo, 3 de junho de 2018

MAX WEBER (1864-1920)


Adaptado e organizado a partir da net por:
Claudio Fernando Ramos, 03/06/2018. Cacau “:¬)
Max Weber definiu a sociologia como uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seus desenvolvimentos e efeitos.

VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=nLI6FpjkjuA

MINI BIOGRAFIA
- Weber foi sociólogo e economista alemão.
- Obras principais: “Economia e Sociedade” e “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”.
- Origem: Alemanha 1864-1920.
- Habilidades: Professor de economia da Universidade de Heidelberg; Colaborou em diversos jornais alemães e realizou diversas pesquisas.
- É considerado um dos fundadores da sociologia moderna, ao lado de Conte, Marx e Durkheim.
Max Weber viveu no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha.
- Filho de uma família de classe média alta, com o pai advogado, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante.
- Em 1882 foi para a Faculdade de Direito de Heidelberg.
- Dedicou-se as áreas de economia, história, filosofia e direito.
- Trabalhou na Universidade de Berlim como livre-docente, ao mesmo tempo em que era assessor do governo.
- Escreveu sua tese de doutoramento sobre a história das companhias de comércio durante a Idade Média.
- A seguir escreveu a tese "A História das Instituições Agrárias".
- Em 1894 tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, transferindo-se, em 1896, para a de Heidelberg.
- Participou da direção de uma das mais destacadas publicações de ciências sociais da Alemanha.
- Publicou ensaios sobre a objetividade nas ciências sociais.
- Em 1906 redigiu dois ensaios sobre a Rússia: "A Situação da Democracia Burguesa na Rússia" e "A Transição da Rússia para o Constitucionalismo de Fachada".
- No início da Primeira Guerra Mundial, Weber, no posto de capitão, foi encarregado de administrar nove hospitais em Heidelberg.
- Quando a guerra terminou, mudou-se para Viena, onde deu o curso "Uma Crítica Positiva da Concepção Materialista da História".
- Em 1919 pronunciou conferências em Munique, publicadas sob o título de "História Econômica Geral".
- No ano seguinte faleceu em consequência de uma pneumonia aguda.

SEGUIDORES
- Max Weber possui muitos seguidores, entre eles o sociólogo francês Raymond Aron, o ensaísta brasileiro José Guilherme Merquior e o escritor Sérgio Buarque de Holanda.

AÇÕES SOCIAIS
Texto I: Por Ação Social entende-se um comportamento humano sempre e na medida em que o agente ou agentes o relacionem a um sentido subjetivo. Uma piscadela de olhos, gesto que sinaliza alguma coisa, é um comportamento que tem um sentido para quem o praticou. É diferente de um tique nervoso que faz alguém piscar os olhos automaticamente, sem que nenhum sentido seja atribuído a esse ato.


- Objeto de Estudo - O Ponto central da sociologia de Weber é a Ação Social.
- Soc. Compreensiva - Na visão de Max Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das chamadas ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam.
·         A ação social é aquela que é orientada ao outro.

- Exatas e Humanas - Não só a estatística, mas também a história e a filosofia têm grande valor na compreensão da ação social.
- O Indivíduo Protagonista - A ação social nasce do indivíduo que, por meio dos valores sociais e sua motivação, produz o sentido da ação social.
- A Importância da Subjetividade - Ação Social é todo comportamento cuja origem depende da reação ou expectativa de outras partes envolvidas.
- O Indivíduo Coletivo - A ação social resulta de uma enorme e inesgotável interação entre os indivíduos.
- Causalidades Sociais - O Significado da ação se encontra em suas consequências
- Sem sentido, Sem Valor - Entende-se que ações imitativas, nas quais não se confere um sentido para o agir, não são ditas ações sociais.
·         Há algumas atitudes coletivas que não podem ser consideradas sociais.

Texto II: A ação é social quando existe referência ao comportamento de outros na elaboração do sentido da ação. Quando pisco um olho para dizer a alguém que estou tramando alguma coisa contra um terceiro a minha ação é social. O sentido de minha ação (piscar o olho) tem a ver com o fato de que quero me comunicar com a outra pessoa. É sempre bom lembrar que a ação social se define pela participação de outros na elaboração de seu sentido. Dar um soco na cara de alguém - O sentido do ato dar um soco tem a ver com a presença do outro e com alguma coisa que ele fez ou deixou de fazer.

TIPOS IDEAIS
Para orientar o trabalho de interpretação, Weber estabeleceu quatro tipos puros de ação social. São chamados tipos puros porque só existem como arranjo de ideias no mundo conceitual. A realidade é muito mais complexa do que os tipos propostos. O objetivo é usar a simplicidade conceitual dos tipos para ordenar a realidade, organizá-la de forma simplificada para que possa ser compreendida de acordo com as limitações do intelecto humano (incapaz de apreender toda a infinita complexidade do real).
- O objeto da Sociologia é uma realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que não existem de fato, mas que norteiam a referida análise.

- Os tipos ideais servem como modelos e a partir deles a citada infinidade pode ser resumida em quatro ações fundamentais, a saber:

1- Ação Social Racional com Relação a Fins (Racional)
Ação racional com respeito a fins - De acordo com este tipo, o sentido racional da ação se encontra na escolha dos meios mais adequados para a realização de um fim. O único critério de seleção dos meios é a sua capacidade de realizar o objetivo estabelecido. Qualquer meio eficiente é válido tão somente por sua eficiência, independentemente de avaliações morais ou éticas. É o tipo de ação mais frequente na sociedade moderna. É a ação do empresário capitalista, é a ação do político que leu Maquiavel, é a ação do crime organizado, é a ação de Auschwitz.

- É determinada pelo calculo racional previamente definido; objetivo.

- É a situação na qual a ação é estritamente racional.
·         Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado.
·         Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim.

2- Ação Social Racional com Relação a Valores (Racional)
A diferença em relação à primeira é que o fim é um VALOR que pode ter conteúdo ético, moral, religioso, político ou estético. O que dá sentido à ação é a sua racionalidade quanto aos valores que a guiaram. A ação é orientada pela fidelidade aos valores que inspiram a conduta. Desde que fiel aos valores, o comportamento é válido por si mesmo. A ação racional com respeito a valores pode tender para a irracionalidade tanto mais quanto maior for a adesão aos valores absolutos. É a ação do crente que prefere pregar para as paredes a fazer alguma adaptação de suas ideias de acordo com o gosto do público. É a ação do artista que prefere não vender nenhuma obra a fazer concessões à patuleia. É a ação do político que prefere perder as eleições a renegar a sua ideologia.

- Está associada à fidelidade aos valores individuais (ético/religioso), aos princípios do indivíduo.
- É a situação na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, esse valor pode ser:
·         Ético; Religioso;
·         Político; Estético.

3 - Ação Social Afetiva (Irracional)
De acordo com a Teoria de Max Weber, uma ação afetiva é movida por emoções imediatas, ou seja, por sentimentos. Não tem qualquer motivação racional, visto que não há um objetivo pré-estabelecido. É a ação inspirada por emoções imediatas tais como vingança, desespero, admiração, orgulho, medo, inveja ou entusiasmo. Na ação afetiva o agente segue um impulso e não elabora as consequências da sua ação. É a ação de quem larga tudo por amor. É a ação de quem dá um tiro na cara da mulher quando descobre que foi traído. É a ação de quem larga o emprego porque foi xingado pelo chefe. A ação afetiva se diferencia da racional com respeito a valores porque nesta última o agente elabora racionalmente o sentido de sua ação de modo que sua conduta seja fiel aos valores aos quais adere. Na ação afetiva não existe elaboração racional das consequências.

- É definida por uma reação emocional ou humor do sujeito.
- É a situação na qual a conduta é movida por sentimentos, tais como:
·         Orgulho; Vingança;
·         Loucura; Paixão;
·         Inveja; medo, etc.

4 - Ação Social Tradicional (Irracional)
Também não é racional. Ocorre quando o agente cumpre hábitos e costumes arraigados simplesmente porque é o que sempre foi feito. Quando o grau de automatismo é muito alto, o comportamento pode deixar de ter um sentido subjetivo para o agente. Neste caso, deixaria de ser ação. É a ação daquelas pessoas que se casam na igreja e batizam os filhos sem nunca terem sido religiosas, mas apenas porque todo mundo faz assim.

- É aquele estabelecido pela crença nos costumes.
- É a situação que tem como fonte motivadora as tradições ou hábitos arraigados.
TEORIA BUROCRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO
(Política)

A POLÍTICA
- Weber buscou a separação entre ciência e ideologia.
- A esfera política é irracional.
- A finalidade ideal da ação política é a instituição e perpetuação do poder.

PODER
- Probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social – Napoleão Bonaparte / Mahatma Gandhi.

Weber define a burocracia como a estruturação formal da organização, permitindo, dessa forma, organizar as atividades humanas para a realização de objetivos comuns no longo prazo. Essa definição de Weber foi fundamental para outros estudiosos fora da área da administração interpretassem melhor as organizações. Para Weber, a ideia de burocracia está intrinsecamente ligada ao conceito de autoridade.

TIPOS DE AUTORIDADES
Probabilidade de encontrar obediência dentro de um grupo a um certo mandato.

AUTORIDADE TRADICIONAL
- Baseada em tradições e costumes e práticas passadas de uma cultura.
- Pode ser encontrada nas figuras dos patriarcas e anciões, principalmente das sociedades antigas, apesar de ainda hoje existirem.
- A legitimidade da autoridade é assegurada pelas tradições religiosas, crenças e costumes sociais.
- Acredita-se que ela é sagrada.

AUTORIDADE CARISMÁTICA
- Baseada nas características físicas e/ou de personalidade do líder em questão.
- Os seguidores reverenciam seus feitos, sua história e qualidades pessoais.
- A autoridade carismática tem como desvantagens o fato de poder ser passageira, uma vez que se segura no reconhecimento por parte do grupo e por não deixar sucessores certos.

AUTORIDADE RACIONAL-LEGAL
Weber acreditava que a autoridade racional-legal era a mais adequada para o ambiente corporativo, uma vez que não é personalista como as outras duas formas.

- É garantida por regras e normas oriundas de um regulamento.
- É reconhecida e aceita pelo grupo.
- Deve-se seguir os comandos da pessoa que ocupa o cargo, independente de quem seja.
- A autoridade está no cargo e não na pessoa que o exerce.

BUROCRACIA
Através autoridade racional-legal surgiria, conforme Weber, o tipo de organização à qual ele deu o nome de Burocrática.

- A burocracia apresenta os seguintes princípios essenciais:
·         Divisão de funções e tarefas feita de forma racional.
·         Sustenta-se rigorosamente em regras e normas específicas.
·         Tem o objetivo de permitir a execução das atividades necessárias para se alcançar os objetivos da organização.
·         A Hierarquia é definida por regras explícitas.
·         Os direitos e deveres de cada cargo, bem como o exercício da autoridade (racional-legal) e seus limites sustentam-se legalmente.
·         A contratação de funcionários é realizada baseando-se em regras previamente estabelecidas, visando garantir igualdade formal.
·         Somente um indivíduo com preparo técnico adequado segundo quesitos pré-estabelecidos poderia se juntar ao quadro funcional da empresa.
·         Equiparação salarial para o exercício de posições e funções semelhantes.
·         Avanços na carreira são regulados por normas e critérios objetivos.
·         O favoritismo e as relações pessoais não são levados em consideração.
·         Separação total entre função e as características pessoais da pessoa que a exerce.
·         Regras e normas que ditam os direitos e deveres devem ser seguidas por todos, conforme o cargo e a função.

BUROCRACIA:
CRÍTICAS E VANTAGENS
Uma das críticas que se faz ao Modelo Burocrático é o enfoque baseado na previsibilidade e estabilidade, sem levar em consideração as alterações no cenário externo, a qualificação dos membros da organização e a tecnologia e seus avanços.

CRÍTICAS
- Mecanicismo - A Teoria Burocrática possui uma postura altamente técnica e mecanicista.
- Estruturalismo - A Teoria Burocrática preocupação apenas com a estrutura e seu conjunto de cargos e funções.
- Objetivismo - Na Teoria Burocrática o comportamento pessoal das pessoas não é levado em consideração.
- Formalismo – Na Teoria Burocrática, muitas vezes, há excesso de rigidez e a lentidão na execução dos processos.

VANTAGENS
As grandes vantagens apresentadas pela Teoria Burocrática são:
·         a consistência.
·         a eficiência.

A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
A moral (hábitos/costumes/valores) é determinante no mundo capitalista.

- Nesta obra Weber investigou as conexões existentes ente o protestantismo e o comportamento de seus adeptos em relação ao capitalismo moderno.

- O sociólogo realizou importante estudo sobre como a religião, especialmente o protestantismo nos EUA, foi um fator importante para a consolidação do capitalismo.

- Para Weber a religião protestante possuía maior identificação com a produção de riquezas, justamente, por
·         valorizar o mérito pessoal e entender o trabalho como meios de valorização espiritual.

- Weber achava que o catolicismo tradicional poderia ser um fator impeditivo para o desenvolvimento e prosperidade econômica de países que praticavam aquela religião.

·         Isso se devia ao fato do ideário católico pregar a condenação do lucro.

PROTESTANTES
·         Propensão ao trabalho.
·         Poupança.
·         Ensino voltado para o lucro.
·         A procura racional do lucro.

CATÓLICOS
·         Alheamento material.
·         Vida voltada ao sacrifício.
·         Renuncia a vida prática.

CONSEQUÊNCIAS:
·         Católicos - Não acumulação de bens.
·         Protestantes - Acumulação de bens.


CIÊNCIA
A ciência é racional e influenciada pela imparcialidade

DIFERENÇAS ENTRE
WEBER E DURKHEIM
(Resumo)

A Soc. Positiva de Durkheim
- Os Fatos Sociais - A Sociologia deve estudar os fatos sociais, que precisam ser:
·         Gerais;
·         Exteriores;
·         coercitivos, além de objetivos, para que a sociologia possa ser chamada corretamente de “ciência”.

- O Método:
·         observação; experimentação;
·         análise comparativa - faz-se a análise das diversas sociedades as quais devem ser comparadas entre si posteriormente.

- Os Fatos Sociais como coisas:
·         o cientista precisa romper com qualquer pré-noção;
·         é necessário o abandono dos juízos de valores (neutralidade);
·         é preciso uma total separação entre o sujeito que estuda e o objeto estudado;
·         busca-se, apesar das singularidades, um emparelhamento com as ciências naturais.

A Soc. Compreensiva de Weber
- Objetivo - Weber não tem como objetivo descobrir regras universais para fenômenos sociais.

·         Cada sociedade é um conjunto de individualidade sociocultural formada de componentes historicamente agrupados.

- Rejeição - Weber rejeita as pesquisas que se resumem a uma mera descrição dos fatos.
- Objeto de Estudo - Para Weber o estudo da sociologia é o estudo da ação social.

·         O objeto de estudo é apenas um fragmento finito da realidade.

- Tipos Ideais - A ação social é dividida em tipologias.

·         Weber desenvolveu uma ferramenta de investigação chamada TIPO IDEAL.
·         Escolha, por parte do cientista, de elementos considerados mais relevantes. 

- O Soc. Não é só Objetiva - Weber não se apoia nas ciências naturais a fim de construir seus métodos de análises.
- Antipositivismo - Weber não acredita ser possível encontrar leis gerais que expliquem a totalidade do mundo social.
- Partes da Totalidade - Para Weber a realidade é infinita, e quem a estuda faz nela apenas um recorte a fim de explicá-la.

·         Concorda com a impossibilidade de entender os fenômenos sociais em sua totalidade.

- O Particular e o Coletivo - O recorte feito é prova de uma escolha de alguém por estudar isto ou aquilo neste ou naquele momento.
- Objetividade Parcial – se há escolhas não há, como queria Durkheim, uma completa objetividade.
- Juízos de Fato e de Valor - Os juízos de valor aparecem no momento da definição do tema de estudo.
- A Objetividade que Nasce da Subjetividade - é apenas após a definição do tema, quando se vai partir rumo à pesquisa em si, que se faz possível ser objetivo e imparcial.

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