quinta-feira, 12 de julho de 2018

EDUCAÇÃO


O ANIMAL DA PHYSIS OU O HUMANO DO NOMOS?

A Educação Formal reúne, ao menos teoricamente, o que há de “melhor” em tudo que o homem foi capaz de imaginar, refletir e produzir ao longo de toda a sua existência. Nessa reunião não há uma hegemonia das formas e conteúdos, às vezes ela se dá de forma mais cartesiana, às vezes de forma mais fenomenológica; às vezes o ceticismo é a palavra de ordem; às vezes o dogmatismo é o prato do dia. O fato é que o homem, no que diz respeito ao saber acumulado ao longo dos séculos, vem provando mudanças significativas em sua maneira de ver, sentir e lidar consigo mesmo, com os outros e com as coisas ao seu redor.


A escola (Educação Formal), fiel depositária de muito do que o homem se mostrou capaz ao longo de sua construção enquanto humano, vem amargando perdas e fracassos irreversíveis no que tange ao seu papel de instituição capacitada e capacitadora. Alguém já disse que palavra dita, flexa lançada e oportunidade perdida não retornam; ao menos não da mesma forma que a anterior.

As pessoas, de forma genérica, dizem enfaticamente que a culpa é do governo; entendo essa expressão como uma débil tentativa de substituir, quer seja por ignorância ou por conveniência, outra expressão igualmente genérica, ou seja, a culpa é do Estado. Se sabemos que a culpa é do Estado, saberíamos igualmente responder quem é o Estado? Do que é feito? Por quem é formado? Acho que ao menos de uma coisa todos temos ciência: nesse assunto não há inocentes!

É notório e de longa data que a Educação Formal vem sofrendo reveses sucessivos. No entanto, essas perdas seriam menos desastrosas se uma outra educação fosse ressuscitada de seu infindável marasmo sepulcral; refiro-me a tão necessária, mas infelizmente tão ausente, Educação Informal. Por Educação Informal entendemos a atuação das inúmeras instâncias que atual, com um certo grau de autonomia, no interior da sociedade; principalmente a Instituição Familiar e a Religiosa.

Nesse país não se pode falar sobre muitas coisas; pelo menos não de forma séria e oficial. Posso aqui elencar algumas delas, conhecidas como temas capciosos: suicídio, controle de natalidade, planejamento familiar, descriminalização do aborto (não confundam com legalização do aborto), etc. A grande mídia, sempre atenta aos vultosos lucros advindos do consumismo, tenta evitar polêmicas; mas quando isso não é possível, reúne um grupo de artistas famosos (quase sempre desqualificados para os grandes debates) e volta sempre ao lugar comum, ou seja, a situação dos negros e pardos, os direitos das mulheres e dos gays, o uso das drogas, a vida abaixo da linha de pobreza e, no final do ano, tudo termina bem com uma mensagem de “hoje é um novo dia e um novo tempo...”. Sabemos que os últimos temas arrolados aqui são tão importantes quanto os primeiros; mas não é essa a questão, a questão é: por que evitamos os primeiros?

Quando um problema é grande demais é coerente que se comece o enfrentamento do simples para o complexo, da parte para o todo. Por isso, todas às vezes que vejo alguém abrindo o vidro do carro - hoje vi isso sendo praticado por um homem muito bem vestido que guiava um luxuoso Toyota 2018 - e jogando um saco plástico no meio-fio, não só percebo que é importante pensar em qual país isso ocorre (Estado/Governo), é também indispensável arqui se a ele foi permitido frequentar um colégio (Educação Formal) e, principalmente, devemos ponderar sob a égide de qual Educação Informal ele foi e/ou é criado!

Como podemos perceber, as instâncias menores, as micro sociedades (principalmente a Família e a Religião) independente do descrédito e assédio que sofrem interna e externamente na chamada pós-modernidade, sempre tiveram e terão importâncias decisivas nas constituição e consolidação de uma nação mais educada, mais progressiva e, acima de tudo, mais humanizada.
É bem verdade que a Educação Formal agoniza de fracasso em fracasso, mas ainda não deu o seu derradeiro suspiro (lutaremos para que isso não aconteça); mas se um dia isso vier a ocorrer, é bom que se saiba: todas as outras instâncias que não faleceram antes dela morreram logo em seguida! O homem da Physis (natureza) não passa de um animal, portanto não ultrapassa os limites das próprias necessidades instintivas; só o homem do nomos (normas, leis, sociedade, cultura) é capaz de construir humanidade! Cacau “:¬)

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