quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

AS FORMAS DE CONHECIMENTO


AS MÚLTIPLAS FORMAS DE CONHECER:
ARTE, MITOLOGIA, FILOSOFIA, CIÊNCIA E SENSO COMUM
A partir da net, por: Claudio Fernando Ramos 23/01/2020.

VÍDEO AULA: É CLICAR E ASSISTIR
https://www.youtube.com/watch?v=XEeesS70PvY

INTRODUÇÃO
- As Formas: a Arte, a Mitologia, a Filosofia, a Ciência e o Senso Comum são formas de conhecer o mundo.

- A Legitimação: todos eles, citados anteriormente, são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desvenda os segredos do mundo, explicando-o ou atribuindo-lhe um sentido.

- A Variável: como já foi dito, há muitos modos de se conhecer o mundo, no entanto, isso vai sempre depender significativamente da seguinte variável:
A) a situação do sujeito diante do objeto do conhecimento.
- O Exemplo: Ao olhar as estrelas no céu noturno, um índio caiapó as enxerga a partir de um ponto de vista bastante diferente do de um cientista.
·         O caiapó - vê nas estrelas as fogueiras que alguns de seus deuses acendem no céu para tornar a noite mais clara.
·         O cientista - vê astros que têm luz própria e que formam uma galáxia.
·         O caiapó - compreende e conhece as estrelas a partir de um ponto de vista mitológico ou religioso.
·         O cientista - as compreende e conhece a partir de um ponto de vista científico.

1 - A ARTE
- O valor e importância da sensibilidade: O conhecimento proporcionado pela arte não nos dá o conhecimento objetivo de uma coisa qualquer, mas o de um modo particular de compreendê-la, um modo que traduz a sensibilidade do artista.

- Quando o qualitativo diz mais que o quantitativo: O conhecimento artístico trata-se de um conhecimento produzido pelo sujeito e pela subjetividade.
- Exemplo: Soneto do poeta baiano Gregório de Matos, no qual ele dá a sua "visão" do braço de uma imagem do Menino Jesus que havia sido quebrada por holandeses protestantes, quando da invasão da cidade de Salvador.

O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.

Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.

2 - O MITO (RELIGIÃO)
- O argumento da transcendência: O mito proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades (forças, energias, criaturas, personagens) que estão além do mundo natural, que o transcendem.

- A força do inexplicável: Mitos e religiões apresentam uma explicação sobrenatural, mágica, fantástica para o mundo.

- A fé como fundamento principal: É uma parte fundamental da crença religiosa a fé em que essa explicação sobrenatural proporciona ao homem uma garantia de salvação, bem como prescreve maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações.

- A ausência da evidência não é o mesmo que evidência da ausência: Em matéria de provas objetivas, se a religião não tem como provar a existência de Deus, a ciência também não tem como provar a Sua inexistência.
                
- Exemplo I: Se é verdade que não podemos provar que Deus existe, tampouco, podemos provar o seu contrário!
Certa vez, um cosmonauta e um neurologista russos discutiam sobre religião. O neurologista era cristão, e o cosmonauta não. “Já estive várias vezes no espaço”, gabou-se o cosmonauta, “e nunca vi nem Deus, nem anjos”. “E eu já operei muitos cérebros inteligentes”, respondeu o neurologista, “e também nunca vi um pensamento”.
O mundo de Sofia, Jostein Gaardner, Cia. das Letras, 1995
 - Exemplo 2: O mito através do qual os antigos gregos explicavam a origem do mundo:
No princípio era o Caos, o Vazio primordial, vasto abismo insondável, como um imenso mar, denso e profundo, onde nada podia existir. Dessa oca imensidão sem onde nem quando, de um modo inexplicável e incompreensível, emergiram a Noite negra e a Morte impenetrável. Da muda união desses dois entes tenebrosos, no leito infinito do vácuo, nasceu uma entidade de natureza oposta à deles, o Amor, que surgiu cintilando dentro de um ovo incandescente. Ao ser posto no regaço do Caos, sua casca resfriou e se partiu em duas metades que se transformaram no Céu e na Terra, casal que jazia no espaço, espiando-se em deslumbramento mútuo, empapuçados de amor. Então, o Céu cobriu e fecundou a Terra, fazendo-a gerar muitos filhos que passaram a habitar o vasto corpo da própria mãe, aconchegante e hospitaleiro.

3 - A FILOSOFIA
- Filosofia, proveito e poder humano: Para Platão, a filosofia é o uso do saber em proveito do homem; Bacon fala em poder.

- O conhecimento só tem início: A filosofia implica a posse ou aquisição de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível.

- O incansável trabalho da filosofia: A filosofia toma para si a árdua tarefa de debater problemas ou especular sobre problemas que ainda não estão abertos aos métodos científicos: o bem e o mal, o belo e o feio, a ordem e a liberdade, a vida e a morte.

- Ciência: filha da filosofia: A ciência e o pensamento científico se originaram com a filosofia na Grécia da Antiguidade.

- A autonomia das disciplinas: Com o passar do tempo, certas áreas da especulação filosófica, como a matemática, a física e a biologia ganharam tal especificidade que se separaram da filosofia (psicologia, sociologia, antropologia etc.).

- Áreas da filosofia:
·         Lógica: que estuda o método ideal de pensar e investigar.
·         Metafísica: que estuda a natureza do Ser (ontologia), da mente (psicologia filosófica) e das relações entre a mente e o ser no processo do conhecimento (epistemologia).
·         Ética: que estuda o Bem, o comportamento ideal para o ser humano.
·         Política: que estuda a organização social do homem.
·         Estética: que estuda a beleza e que pode ser chamada de filosofia da Arte.
·         Teoria do Conhecimento: investigação a cerca do conhecimento verdadeiro.
·         Filosofia da linguagem: estuda a essência e natureza dos fenômenos linguísticos.
- Exemplo: Algumas formas de conceituar a filosofia.
·         Desabituar o olhar: Filosofia é a desbanalização do banal.
·         Reconhecer a própria ignorância: Filosofar é espantar-se.
·         Só se filosofa, filosofando: Não se ensina filosofia, mas sim a pensar filosoficamente.
·         Autoanálise: Conhece-te a ti mesmo.

4 - A CIÊNCIA
- O que é ou como é? A ciência procura descobrir como a natureza "funciona", considerando, principalmente, as relações de causa e efeito.

- A hora e a vez do quantitativo: A ciência pretende buscar o conhecimento objetivo, isto é, que se baseia nas características do objeto, com interferência mínima do sujeito.

- Metodologia válida: Quando se fala em "mínima interferência do sujeito", quer se dizer que a o saber deve seguir caminhos (metodologia) válidos, independentemente do estudioso que a formulou.

- Entre o dogma e o relativismo: A definição tradicional de ciência pressupõe que ela seja um modo de conhecimento com absoluta garantia de validade. A ciência moderna já não tem a pretensão ao absoluto, mas ao máximo grau de certeza.

- Ciências aplicadas: A aplicação da ciência resulta na tecnologia, ou no conhecimento tecnológico.

- A Ciência e suas “garantias” de validade:
·         Descrição - Descrever um fenômeno qualquer com bases em metodologias científicas.
·         Demonstração - Um teorema matemático qualquer.
·         Corrigibilidade - Possibilidade de corrigir noções e conceitos, a partir dos avanços da própria ciência.
- Exemplo: uma descrição científica:
O coração é um músculo oco, em forma de cone achatado com a base virada para cima e a ponta voltada para baixo, do tamanho aproximado de um punho fechado. O músculo cardíaco é chamado de miocárdio. Sua superfície interna é recoberta por uma membrana delgada, o endocárdio. Sua superfície externa tem um invólucro fibro-seroso, o pericárdio.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998

5 - O SENSO COMUM
- Opinião, uma velha conhecida: O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo, baseada na opinião, que não inclui nenhuma garantia da própria validade.

- Opinião, filho das crenças: Para alguns filósofos, o senso comum designa as crenças tradicionais do gênero humano, aquilo em que a maioria dos homens acredita ou devem acreditar.

- A sabedoria nos ditos populares: A mais completa tradução do venha ser o senso comum, talvez esteja nos ditados populares:
·         "Cada cabeça, uma sentença."
·         "Quem desdenha quer comprar."
·         "Quem ri por último ri melhor."
·         "A pressa é a inimiga da perfeição."
·         "Se conselho fosse bom, não era dado de graça."
- Exemplo: o filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir sobre o que é Senso Comum.
Visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres vivos e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados pela cultura corrente de um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas no grupo. As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo se intercomunicam.
Lógica, VI, 6, J. Dewey

Texto base - https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/conhecer-o-mundo-mitologia-religiao-ciencia-filosofia-senso-comum.htm




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