IMMANUEL KANT
1724-1804
Organizado
por: Claudio Fernando Ramos a partir de livros da net. C@cau “::¬) 29/08/2021
TEORIA DO CONHECIMENTO
(CRITICISMO)
I
- IMPORTÂNCIA
O sistema kantiano foi contestado pelos filósofos posteriores. No entanto, suas teorias estão na raiz das principais correntes da filosofia moderna, da Fenomenologia e Existencialismo à Filosofia Analítica e Pragmatismo. Por esta razão, sua leitura é obrigatória para quem se interessa pela história do pensamento moderno.
II
- TESES:
Na “Crítica da Razão Pura”, Kant vai analisar o valor dos conhecimentos puramente racionais, através de sua revolução copernicana vai colocar em questão não mais o objeto do conhecimento, mas sim como se dá o processo humano de conhecimento; não mais o objeto é o centro do conhecimento, mas sim o sujeito cognoscente.
-
Como é possível o conhecimento?
-
O conhecimento é Racional e/ou Empírico; haveria uma terceira via?
-
Quem é o sujeito que possui as condições de possibilidade da experiência?
-
O conhecimento é possível porque o homem possui faculdades que o tornam
possível?
- O que é a razão humana e quais são seus limites e possibilidades?
III
- SENSIBILIDADE E INTUIÇÃO
"Sem sensibilidade
nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado.
Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas”.
(Crítica da Razão Pura – I. Kant)
-
Sensibilidade,
modo receptivo (passivo), é a maneira como somos afetados pelos objetos.
· Temos multiplicidades de sensações dos objetos do mundo, como cor, cheiro, calor, textura, etc. Estas sensações são o que podemos chamar de matéria do fenômeno, ou seja, o conteúdo da experiência.
-
Intuição,
é a maneira direta de nos referirmos aos objetos.
·
Para
que todas as impressões tenham algum sentido e entrem no campo do cognoscível
(daquilo que se pode conhecer), elas precisam, em primeiro lugar, serem
colocadas em formas a priori da intuição, que são o Espaço e o Tempo.
· As formas puras da intuição (Espaço/Tempo) surgem antes de qualquer representação mental do objeto; antes que se possa pensar a palavra "cadeira", a cadeira deve ser apresentada, recebida, na forma a priori do Espaço e do Tempo.
CONCLUSÃO
I
Sem o conteúdo da experiência, dados na intuição, os pensamentos são vazios de mundo (Racionalismo); sem os conceitos apriorísticos do sujeito, os fenômenos não têm nenhum sentido para nós (empirismo).
-
Sensibilidade e Intuição - estes são os primeiros passos para que se
possa conhecer algo.
·
O Conhecimento - só é possível se os objetos da experiência
forem dados no espaço e no tempo.
·
O Espaço e Tempo - são propriedades subjetivas, isto é,
atributos do sujeito e não do mundo (da coisa-em-si).
IV
- TEMPO E ESPAÇO
(Percepções:
Externa e Interna)
-
Percepção Externa (Espaço) - os objetos externos se apresentam em uma forma
Espacial.
· Pense em uma cadeira em um espaço qualquer. Mentalmente, retire esta cadeira da sala. Sobra o espaço vazio! Agora tente fazer contrário, retirar o espaço vazio e deixar só a cadeira. Não dá, a menos que sua cadeira fique flutuando em uma dimensão extraterrena.
-
Percepção Interna (Tempo) – os objetos internos se apresentam em uma forma
Temporal.
· Só podemos conceber a existência de um "eu" estando em relação a um passado, um presente e a um futuro. Podemos eliminar a cadeira do tempo - ela foi destruída, não existe mais. Porém, não posso eliminar o tempo da cadeira - eu sempre a penso em uma duração, antes ou depois.
CONCLUSÃO
II
-
Espaço e Tempo preexistem como faculdades do sujeito; são a priori e universais.
·
Espaço
e Tempo são condições de possibilidade de qualquer experiência.
·
É
impossível conhecer os objetos externos sem ordená-los em uma forma Espacial.
· Nossa percepção interna dos objetos fica impossível sem uma forma Temporal
V
– ENTENDIMENTO
-
Esquema do Entendimento I: primeiro momento.
·
Só
podemos conhecer os objetos do mundo como fenômenos, isto é, na medida em que
aparecem para o sujeito.
·
Os
objetos, fora do sujeito, como coisa-em-si, estão fora do alcance da razão
humana.
·
Para
serem fenômenos, os objetos, antes de tudo, precisam aparecer no Espaço e Tempo,
que são faculdades do sujeito.
· Esta é a primeira condição para o Entendimento.
EX: Vejo uma árvore. Esta árvore eu vejo em suas cores e formas, que são as sensações deste objeto. Estas sensações são recebidas e organizadas pela intuição no espaço e no tempo.
-
Esquema do Entendimento II: segundo momento.
·
Depois
de o sujeito receber o objeto na intuição, na sensibilidade, pela faculdade do
entendimento ele reunirá estas intuições em conceitos.
·
Os
conceitos básicos são chamados de categorias, que são representações que reúnem
o múltiplo das intuições sensíveis.
· Esta é a segunda condição para o Entendimento.
VI
- CATEGORIAS
-
De acordo com Kant, o intelecto humano possui doze Categorias ou Formas A Priori
de Conhecimento que permitem ao homem conhecer a realidade.
·
Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.
·
Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.
·
Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.
· Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.
-
As Categorias são formas vazias, a serem preenchidas pelos fenômenos.
- Os Fenômenos, só podem ser pensados dentro das categorias.
CONCLUSÃO
III
-
O erro de D. Hume (1711-1776) - em Hume, a causalidade - relação de causa e
efeito - era um hábito, uma ilusão.
-
Para Kant, Hume estava errado em procurar a causalidade na Natureza.
· Só podemos pensar as coisas em uma relação de causa e efeito porque a causalidade está no sujeito, não no mundo.
EX: Uma criança vê uma bola sendo arremessada (causa) e olha na direção de quem atirou a bola (efeito). Como a criança liga um fato ao outro porque ela possui, a priori, a categoria de causalidade, que a permite conhecer.
VIII
- JUÍZOS: ANALÍTICOS E SINTÉTICOS
Um juízo consiste na conexão de dois conceitos, dos quais um (A) sempre cumpre função de Sujeito e o outro (B) a de Predicado.
-
Juízos Analíticos (J. Elucidação): são juízos em que o predicado (B) pode estar
contido no sujeito (A) e, por isso, ser extraído por pura análise.
·
Os
Juízos Analíticos - independem da experiência.
·
Se
independem da experiência podemos afirmar que são então a priori.
·
Se
são a priori não podem ser conhecidos, ou não geram conhecimento.
·
Esclarecem
ou tornam claro tal conhecimento, mas não geram.
· Neste juízo o Predicado já está contido no Sujeito.
Ex.: “Todo triângulo tem três lados”.
-
Juízos Sintéticos a posteriori (J. de Ampliação): são aqueles em que o
predicado não está contido no sujeito.
·
Os
Juízos Sintéticos - dependem da experiência.
·
Se
dependem da experiência, logo são a posteriori.
·
Ampliam
nosso conhecimento, produzem conhecimentos.
· Estes conhecimentos não são universais, pois derivam da experiência.
Ex.: “Aquela casa é verde”.
IX
- SURGE UM PROBLEMA
-
Sobre qual juízo se fundamenta a ciência do conhecimento?
·
De
um lado estão os juízos analíticos que não podem ser conhecidos.
· Do outro lado estão os juízos sintéticos que podem ser conhecidos, mas não são universais.
X
- ENCONTRA-SE A SOLUÇÃO
A ciência se baseia em um terceiro tipo de juízo, ou seja, no tipo de juízo que, a um só tempo, une a aprioridade, ou seja, a universalidade e a necessidade, com a fecundidade (fecundo, fértil), e, portanto, a ‘sinteticidade’.
-
Sobre os princípios sintéticos, isto é, princípios de ampliação, repousa todo o
objeto ultimo do nosso conhecimento especulativo a priori.
·
Os
princípios analíticos são, na verdade, altamente importantes e necessários, mas
só para chegar àquela clareza dos conceitos exigida para uma síntese segura e
vasta ao invés de uma aquisição realmente nova.
· O objeto do nosso conhecimento especulativo repousa sobre os princípios sintéticos; mas, estes princípios sintéticos devem ser a priori.
-
Juízo Sintético a priori
Kant concorda com
Leibniz (1646-1716) que “nada há na mente que não tivesse passado pelos
sentidos, exceto a própria mente”.
-
Se os Juízos Analíticos e Sintéticos não são suficientes, surge a necessidade
de se formular um juízo que fundamente a ciência e o conhecimento, um juízo que
seja conhecido e universalizado.
·
Esse
juízo será então o Juízo Sintético a priori.
·
São
juízos em que o predicado não é extraído do sujeito, mas que pela experiência
forma-se como algo novo, construído.
·
Essa
construção deve permitir ou antever a possibilidade da repetição da experiência,
entendida como a possibilidade formal de construção fenomênica, que permite a
universalidade e a necessidade dos juízos.
·
A
experiência aqui não é a mera deposição de fenômenos na mente em razão da
sequência das percepções, mas sim a organização da mente numa unidade sintética
daquilo que é recebido pela intuição.
· Sobre este juízo é que deve se fundamentar o conhecimento humano.
X
– A MORAL NÃO É UMA CIÊNCIA
(Ideias
Reguladoras)
-
A Razão possui três ideias totalizadoras que não constituem objetos, mas são
reguladoras das ações.
•
Ideia Psicológica (de Alma).
•
Ideia Cosmológica (do Mundo).
• Ideia Teológica (de Deus).
-
No que tange à Razão Pura, as ideias não são objetos cognoscíveis, ou seja, não
podem ser conhecidas pelos homens.
·
Apesar
de serem objetos pensáveis, as ideias não podem ser intuídas e, dessa forma,
Deus, Alma e o Mundo como totalidade não constituem coisas, mas regulam as
ações do homem.
·
Por
serem reguladoras das ações, são estudadas na Ética, não na Ciência.
· São norteadores, não coisas, provocando erros e ilusões nos juízos científicos (os chamados paralogismos – falso silogismo).
XI
- CONCLUSÃO FINAL
Nem Racionalismo Dogmático nem Empirismo Cético, mas sim um Racionalismo Crítico ou ‘Criticismo’ é disso que trata a filosofia kantiana.
-
A ciência é uma construção humana.
·
A
razão deve buscar na natureza a conformidade que ela mesma coloca.
·
Os a
priori são a antecipação da forma de uma experiência possível em geral e transcendental
refere-se às estruturas a priori da sensibilidade e do intelecto
humanos.
·
Sem
a Sensibilidade e o Intelecto não é possível nenhuma experiência de nenhum
objeto.
·
É
a condição de cognoscibilidade (intuibilidade e pensabilidade) que nos garante
a possibilidade de todo e qualquer conhecimento.
·
A
Cognoscibilidade é aquilo que o sujeito põe nas coisas no próprio ato de
conhecê-las.
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