Anarquia)
Por: Claudio Fernando
Ramos, a partir de textos e livros da net.
C@cau “::¬) 01/09/2021
“A verdadeira escola para o povo e para todos os homens feitos é a vida.
A única autoridade onipotente, simultaneamente natural e racional, a única que
poderemos respeitar, será aquela do espírito coletivo e público de uma
sociedade fundada no respeito mútuo de todos os seus membros. Sim, eis uma
autoridade que não é, de forma alguma, divina, mas inteiramente humana, e
diante da qual nós nos inclinaremos de coração, certos de que, longe de
subjugar os homens, ela os emancipará. Ela será mil vezes mais poderosa,
estejais certos, do que todas as vossas autoridades divinas, teológicas,
metafísicas, políticas e jurídicas, instituídas pela Igreja e pelo Estado; mais
poderosa que vossos códigos criminais, vossos carcereiros e vossos carrascos”.
(Deus e o Estado 1871)
VÍDEO:
https://www.youtube.com/watch?v=NI4D-8jXNsY
BIOGRAFIA:
·
De
família aristocrática, Bakunin nasceu em Prjamuchino (Rússia).
·
Entra na Universidade de Berlim em 1840.
·
A partir do ano seguinte, dedica-se a atividades
políticas.
·
Propõe uma revolução universal liderada pelo
campesinato.
·
Entre 1843 e 1848 viaja pela Europa e conhece o
filósofo alemão Karl Marx, defensor do comunismo, e o jornalista francês
Pierre-Joseph Proudhon, principal pensador do anarquismo.
·
Defende o uso da violência para promover mudanças na sociedade em
direção a relações mais justas entre os homens.
·
Participa de movimentos revolucionários na Alemanha
e acaba condenado à morte.
·
Foge para a Rússia, onde é preso e deportado para a
Sibéria (1857).
·
Escapa da prisão em 1860 e volta para a Europa,
envolvendo-se em atividades políticas na Polônia e na Itália.
·
Em 1868 funda a Aliança Internacional Democrática
Social, entidade responsável pela introdução do anarquismo na Espanha.
·
Desenvolve intensa militância a favor do
anarquismo, o que não o impede de produzir significativa obra teórica.
· Morre em Berna, na Suíça.
OBRAS:
·
Deus e o Estado (1871).
·
Federalismo, Socialismo e
Antiteologismo(1872).
· O Estado e a Anarquia (1873).
TESES:
- Por que os homens suportam as desigualdades?
- Por que submeter sua vontade a um poder
absoluto que determina o destino do que pensamos, daquilo
que devemos sentir ou acreditar?
- Por que alguma religião arroga para si o poder de
determinar o que somos?
- Que sentido existe de alguns homens terem várias
casas de aluguel enquanto outros sobrevivem com pouco mais que um pedaço de
pão?
- Que razão há na ganância?
ANARQUIA, CARACTERÍSTICAS:
A anarquia, de alguma forma, assemelha-se ao sentido originário da ágora; pois contesta que o poder seja dado a um único governante, ou mesmo a representantes políticos, mas a todos os cidadãos. E esse poder deve ser social de forma real e não abstrata ou burocrática, senão efetiva e vivida.
-
A ideologia anarquista possui, a exemplo de tantas outras ideologias, suas
próprias características:
• O anticlericalismo.
• A igualdade plena dos direitos.
• A conquista da liberdade plena.
• A rejeição de toda a forma de poder.
• A defesa do espontaneísmo das massas.
ATENÇÃO: Entre os princípios libertários básicos, de teoria e ação do anarquismo, estão: a autonomia individual, a autogestão social, o internacionalismo, a greve geral e a ação direta.
ANARQUIA: PRINCÍPIOS
Os museus do mundo todo são patrimônios da humanidade e não de um país. Igualmente, a economia deve ser partilhada.
O anarquismo de Bakunin propõe
como princípio o indivíduo e a vida como valor primeiro.
· Toda a riqueza produzida pela humanidade deve ser partilhada entre os homens.
ESTADO: PODER E LIMITAÇÕES
(Hobbes e Locke)
- Locke observou que os argumentos de Hobbes
admitem réplica, pois não provocam a menor convicção social.
· Conceder todo o poder político a uma autoridade suprema que se põe acima das leis e princípios que ela mesma cria, é ter por menos a capacidade de pensar dos cidadãos em geral.
- Acreditar, com Locke que o pacto do Estado com a
sociedade põe fim aos conflitos sociais, é candura em excesso.
·
Por um lado, o Estado mostra-se incapaz de banir as
desigualdades sociais entre os homens.
· Por outro lado, o Estado revela a covardia e o caráter frágil dos cidadãos, já que não se assume uma postura, de fato, ético-política-cidadã diante da vida.
O ESTADO: O BEM E O MAL
- Estado ora é vida ora é morte.
·
Mesmo assumindo um pacto com a
sociedade (de deveres e de direitos), ele usa seu poder para
controlar e determinar, às vezes de maneira detestável, o modo de viver
dos cidadãos em geral.
· O Estado detém não apenas o poder de criar leis e estabelecer princípios, mas também detém parte do poder econômico.
OS MOVIMENTOS SOCIAIS
- Os movimentos sociais surgem como resposta à
privação do acesso aos direitos mais básicos da condição humana.
·
Alguns movimentos sociais requerem do Estado acesso
aos bens públicos; bens básicos de sobrevivência.
·
Tais movimentos expressam a luta por melhores
condições de vida, não menos que a retomada do direito de exercer a cidadania.
· Tal exercício consiste em decidir, discutir, escolher sobre o melhor destino do dinheiro público; sobre as leis ambientais que protegem o meio-ambiente; o modelo de educação; transporte público de qualidade etc.
ANARQUISMO RUSSO: ORIGEM
- É da luta por melhores condições de vida – no
sentido pleno do exercício da cidadania – que surge, na Rússia, um movimento
social que dá origem ao anarquismo.
·
Por volta de 1870, Mikhail Bakunin abordou o anarquismo
como “opção política”.
· Bakunin entendia a história como um processo natural, mas não determinista; o homem pode fazer-se humano.
ANARQUISMO, O QUE É?
- O termo anarquia tem sua raiz no
grego e designa o caos, a extinção total, o aniquilamento.
· É justamente isso que defendia Bakunin; a extinção do Estado e da sociedade dividida em classes.
BAKUNIN E A AUTORIDADE
O movimento anarquista propõe, em última instância, o caos, porque expressa o desejo de extinguir a supremacia do poder do Estado e de qualquer autoridade que arrogue para si o poder de determinar o destino da sociedade, seja a religião, um governante ou uma classe que se pretenda a esse poder.
- O homem deve se libertar das autoridades que
arrogam o poder para si e tomar as rédeas da própria história.
· O homem se faz livre, na medida em que se propõe à busca das leis e princípios que governam a si próprio, bem como a política.
BAKUNIN E A LIBERDADE
- Segundo Bakunin, a história dos homens segue um
curso e tem um fim.
·
Os homens percorrem seu estado bárbaro – das
frivolidades e vaidades – até alcançarem a liberdade.
·
A humanidade percorre seus estágios
progressivamente.
·
A liberdade é inevitável, porque a humanidade já
produziu riquezas suficientes para realizar esse fim.
·
Esse poder econômico é poder
transformar-se em bem público.
·
O poder econômico pode ser usado
tanto para fazer do homem uma obra da natureza como para destrui-lo.
·
A economia e a ciência são os timoneiros que
levarão a humanidade ao homem.
· A liberdade humana é inevitável, mas é por meio da política que ela será possível.
BAKUNIN: A LIBERDADE EM TRÊS TEMPOS
- Três elementos constituem condições fundamentais
para o alcance da liberdade:
·
Economia - a economia social como princípio
transformador da natureza humana.
·
Ciência - o pensamento científico como patrimônio
da humanidade.
· Política - a revolta contra os poderes instituídos como forma de promoção da liberdade.
BAKUNIN E A SOLIDARIEDADE
- Para o anarquismo, a
solidariedade entre os homens deve ser alcançada no mundo; é, portanto,
mundana.
· Isso significa que essa teoria política não pretende realizar seus fins através de qualquer religião.
AIT: COMUNISTAS X ANARQUISTAS
"Entre meus caluniadores
mais agressivos e insistentes, juntamente com os agentes do governo russo
– menciono naturalmente o senhor Marx, o chefe dos comunistas alemães,
que, sem dúvida por causa de sua tripla condição de comunista, de alemão e de
judeu, cismou comigo. Ainda que pretenda nutrir igualmente um
grande ódio contra o governo russo, nunca se ocultou, pelo menos contra mim, de
agir de acordo com este governo. Para me denegrir aos olhos do público, o
senhor Marx não só recorre aos órgãos de uma imprensa complacente como também
se serve de correspondências e cartas íntimas, de documentos e conferências da
Internacional Socialista e não hesita em fazer desta grande e bela associação,
que ele contribuiu a fundar, um instrumento de suas vinganças pessoais…
Mas não é para responder a Marx que farei uma exceção à regra de silêncio
que me tenho imposto. Hoje, no entanto, senhores, eu tenho o dever de repelir
suas mentiras ou, para usar uma linguagem mais parlamentar, seus erros, que se
inseriram nas colunas do seu jornal."
(Fragmento de carta enviado por Bakunin a um jornal suíço)
AIT:
SIGNIFICADO
-
A Associação Internacional dos Trabalhadores, AIT (ou simplesmente
Internacional), foi a primeira organização que pretendeu reunir diversas
correntes do movimento operário do mundo industrializado, na segunda metade do
século XIX.
· A AIT existiu entre 1864 e 1876, sendo dissolvida após as disputas ocorridas ao fim da Comuna de Paris, em 1871.
AIT:
INÍCIO
-
Em 1864, foi fundada em Londres a AIT, que consistia em uma federação composta
por diversas seções de países europeus, contando com várias organizações de
trabalhadores, como partidos, sindicatos, cooperativas etc.
· Havia ainda uma grande diversidade de correntes do movimento operário, como republicanos blanquistas, democratas radicais, cartistas, marxistas, proudhonianos, cooperativistas e sindicalistas.
AIT:
REIVINDICAÇÕES
-
Dentre as várias reivindicações e propostas apresentadas pela AIT constavam:
·
Solidariedade
entre todos os trabalhadores e suas lutas.
·
Promoção
do trabalho cooperativo.
·
Redução
da jornada de trabalho de mulheres e crianças.
· Redução da jornada de trabalho para 10 horas em todos os países etc.
AIT:
OS COMUNISTAS
-
Foi formado um Conselho Geral da AIT para poder coordenar os trabalhos da
Internacional.
·
A
liderança do Conselho Geral acabou ficando nas mãos de Karl Marx, que
inclusive redigiu os Estatutos da AIT.
·
Os
marxistas defendiam uma organização mais hierarquizada, estruturada em torno de
uma autoridade para colocar em prática as decisões.
· Marx via com desconfiança a luta camponesa, setor popular apoiado pelos bakuninistas, dando a primazia à luta dos operários fabris.
AIT:
OS ANARQUISTAS
-
A entrada de Mikhail Bakunin e seus seguidores ocorreu em 1868, pouco
depois da criação da AIT.
·
A
entrada dos anarquistas bakuninistas representou o início da polarização dentro
da AIT: de um lado, os marxistas; de outro, os bakuninistas.
·
Os
anarquistas defendiam a luta insurrecional e a organização interna à AIT em
organizações secretas.
·
Os
anarquistas eram contrários à participação em disputas políticas, defendendo o
sindicalismo.
· Os bakuninistas acusavam os marxistas de serem socialistas autoritários por defenderem a ditadura do proletariado como via para o comunismo e a necessidade de criação de partidos políticos de trabalhadores.
AIT:
O FIM
-
As divergências internas da AIT tornaram-se mais intensas após a derrota da
Comuna de Paris, em 1871.
·
Diversas
seções francesas da AIT e seus militantes, de variados matizes políticos,
participaram ativamente da luta na Comuna.
·
Marx
e Bakunin ficaram afastados da capital francesa, não intervindo diretamente no
enfrentamento das tropas francesas e prussianas que derrotaram os comunardos.
·
O
resultado das divergências teve o ponto alto no Congresso da AIT realizado em
Haia, na Holanda, em 1872.
·
Os
delegados presentes no congresso decidiram por um maior poder ao Conselho Geral
e pela expulsão dos bakuninistas da AIT, sob a acusação de quererem organizar
uma sociedade secreta dentro da Internacional.
·
Esses
debates ideológicos enfraqueceram substancialmente a AIT.
·
Mas
o principal golpe foi mesmo a derrota da Comuna de Paris.
·
Uma
das seções mais fortes da AIT era a francesa, e o esmagamento da Comuna
representou a morte de muitos dos integrantes da Internacional.
·
Em
1876, a AIT foi definitivamente extinta.
· Outras Internacionais foram criadas posteriormente, mas nenhuma com a variedade de correntes que caraterizou a AIT, garantindo, assim, um caráter de classe a essa I Internacional, e não um caráter ideológico e político.
CONCLUSÃO
- Mikhail Bakunin é ainda lembrado hoje como mais famoso teórico
do anarquismo.
·
Sua
influência, considerável em vida, ampliou-se muito após sua morte.
·
Bakunin nasceu
numa família rica e poderia ter seguido um destino privilegiado, não fosse sua
inquietação intelectual e as circunstâncias aterradoras de sua Rússia
natal.
·
Desde a
juventude, Bakunin engajou-se progressivamente nas causas revolucionárias,
compartilhando com outros grandes líderes muitas ideias e tantas outras
divergências.
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