O SER HUMANO COMO SER RACIONAL

 

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)30/01/2022 

Conhecer a própria humanidade, esse conhecimento constitui a base sobre a qual se desenvolve o restante dos conhecimentos e das ciências. 

TESES

- Qual deve ser o principal tema da filosofia?

·         Compreender o ser humano, essa é a principal tarefa da filosofia?

·         Quem somos e como devemos viver?

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

- A antropologia filosófica figura como a exposição sistemática dos conhecimentos a respeito do ser humano.

·         Como uma disciplina autônoma, surgiu a partir do século XVIII.

·         Pensar no que é essencialmente o homem é uma atividade da filosofia desde Sócrates.

SOCRATES: A DESCOBERTA DO SER HUMANO

“Sou amante do conhecimento, e os homens que habitam as cidades são meus mestres, e não as árvores, nem o campo”. (Sócrates)

- Antropologia filosófica, está presente em boa parte da história da filosofia.

·         De acordo com Sócrates, o lema: “Conhece-te a ti mesmo” deve ser o centro de atenção para todos aqueles que procuram filosofar.

·         Devemos reconhecer o tipo de natureza que possuímos enquanto pessoas.

·         O conhecimento da própria natureza norteará o tipo de comportamento devemos ter diante da vida e das várias ciências.

·         O cuidado da alma deve estar acima de outros cuidados, afim de melhor servir à cidade.

·         Sócrates esteve sempre à procura de uma verdade que fosse Objetiva, Absoluta e Universal.

- O essencial no ser humano: a consciência

·         É possível conhecer as coisas, menos o humano, pela descrição de suas qualidades objetivas.

·         Apenas o ser humano pode ser descrito em termos de consciência (o homem é/ou possui uma consciência.

·         Só é possível conhecer o ser humano por meio da convivência com ele (diálogo).

- Dialética socrática (1): introspecção

Uma vida que não é avaliada é uma vida que não merece ser vivida.

·         Em uma primeira instância, o diálogo pode ser compreendido como diálogo consigo mesmo (Introspecção).

·         Introspecção: percepção dos próprios sentimentos, emoções e pensamentos (visão da própria natureza).

- Dialética socrática (2): ação

·         Diálogo construído na convivência com os outros: ação, atividade, modo de vida.

·         A verdade é filha do pensamento dialético (diálogo comprometido com a busca da verdade).

·         O humano é um ser que possui uma faculdade especial (razão) pela qual é capaz de dar respostas a si mesmo.

PLATÃO: O CARÁTER DUALISTA DO SER HUMANO

- Platão compreende o ser humano à luz de sua teoria das ideias.

·         Teoria das ideias: abordagem dualista da realidade (mundos sensível e inteligível).

·         Mundo sensível: realidade captável pelos sentidos; mundo concreto.

·         Mundo inteligível: realidade para além do mundo material; ideias ou formas imutáveis e eternas.

- O homem: um ser entre dois mundos

·         O corpo: parte que corresponde ao mundo sensível.

·         A alma (pensamento/consciência): parte que corresponde ao mundo inteligível.

·         O homem é uma alma presa ao corpo; o corpo é o túmulo da alma.

- Como o homem deve viver?

·         Deve esforçar-se por libertar-se do corpo pouco a pouco, por meio da filosofia dialética.

·         O corpo é a origem de todo mal: paixões, inimizades, discórdias ignorâncias e loucuras.

·         O verdadeiro filósofo é aquele que deseja a verdadeira vida; a vida da alma.

·         A alma não é composta de sensibilidade: não sofre as vicissitudes do corpo (morte).

·         A alma é capaz de conhecer as ideias imutáveis e eternas do mundo inteligível (possui a mesma natureza das ideias).

ARISTÓTELES: O SER HUMANO COMO ANIMAL RACIONAL

- Segundo Aristóteles, na obra Metafísica, o homem é um animal que deseja conhecer.

·         Conhecer é inerente a existência humana; sentimos prazeres em nossos sentidos.

·         O homem tem por finalidade suprema a realização de sua natureza específica: ser racional.

- O bem supremo, a felicidade e a ética

·         Como devemos viver: aperfeiçoando-nos como ser humano.

·         Aperfeiçoar-se: por em prática a sua racionalidade; ir além de sua dimensão biológica.

·         O uso da razão possibilita o desenvolvimento da virtude por meio do hábito.

·         O hábito da moderação, do justo meio, da justa medida.

·         A razão possui também uma dimensão política, manifesta-se na vida em sociedade.

·         Não há sociedade justa sem homens justo, e, o inverso é igualmente verdadeiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

POSSÍVEL ALIANÇA ENTRE LULA E ALCKIMIN

 

Por: Claudio F. Ramos, C@cau “::¬) 30/01/2022

“Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...”

“Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais...”

Belchior tinha razão; nada muda!

Talvez esteja aqui a razão pela qual, hoje em dia, as letras das músicas (forros, sertanejos, funks e pagodes) dizem nada com coisa nenhuma; a arte cansou de engajar-se politicamente.

Resiliência, identidade e coerência são, definitivamente, coisas do passado!

A política nacional é um espetáculo macabro de famintos zumbis dançando em torno da fogueira do poder! 

C@cau “::¬)

A INFLUÊNCIA DE PLATÃO E ARISTÓTELES

 A INFLUÊNCIA DE PLATÃO E ARISTÓTELES

NA FILOSOFIA OCIDENTAL

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)23/01/2022

VÍDEOS:

https://www.youtube.com/watch?v=XAodxKr_91Y

https://www.youtube.com/watch?v=NluJ9Bh8erE

COSMOGONIA/COSMOLOGIA

- Criação ou origem do Universo.

·         Objeto de estudo ou de especulação do saber mítico e filosófico antigo.

·         Etimologia: grego kósmos (mundo) e gonia (geração, nascimento).

·         Com o nascimento da filosofia o conceito foi modificado: Cosmogonia X Cosmologia

ESCOLA JÔNICA

- Escola da filosofia grega centrada na cidade de Mileto, na região da Jônia (séc. VI e V a. C.).

·         Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Anaxágora, Arquelau e Diógenes de Apolônia são alguns dos pensadores dessa escola.

·         Aristóteles os definiu como: physiologoi (os que discursam sobre a natureza).

PLATÃO (427-347 a. C.)

- O filósofo racionalista/idealista defensor do dualismo psicofísico.

·         Fundador da Academia, escola platônica (“Se não souber matemática, não entre”.).

·         Propagador do pensamento filosófico de Sócrates.

·         Postulador a construção de uma república ideal.

·         Desenvolveu a famosíssima Teoria das Ideias.

·         Criador da conhecida Alegoria da Caverna.

- Em Platão a Teoria das Ideias surge como uma vertente de transformação radical da Escola Jônica e estabelece uma nova diretriz de leis e de hábitos.

·         A cosmogonia, até então estruturada por uma causalidade mecânica, perpassa novamente o âmbito da reflexão.

·         Reivindicando para o cosmo uma estruturação unitária e lógica.

·         Regida pelo princípio da justiça e sob o amparo do Bem supremo.

·         O Bem supremo, enquanto valor ideal, contém em si a própria a própria ordem.

·         Com essa nova estruturação cosmológica, fundamenta-se a Metafísica.

·         A Metafísica passa a figurar como reflexão sistemática em torno dessa nova ordem cósmica.

O DUALISMO ONTOLÓGICO

(O Inteligível e o Sensível)

- Mundo Inteligível – Alcançável pela dialética ascendente (Racional).

·         O mundo da razão - Incriado; Perfeito; Uno; Imutável.

·         A Episteme – Científico, racionalmente demonstrativo, verdadeiro.

·         Influência de Parmênides - “O Ser é, o Não-Ser não é”.

- Mundo Sensível – Alcançável pelos sentidos (Empírico).

• O mundo das impressões - Múltiplo, Mutável, Efêmero, Aparente.
• A Dóxa – Crenças, opiniões, pontos de vistas, senso comum.
• Influência de Heráclito - “O Ser não é mais do que devir”.

OBS: Segundo a Teoria da Participação, o Mundo Sensível só existe na medida em que participa do Mundo Inteligível.

ARISTÓTELES (384-322 a. C.)

- Aristóteles foi, seguramente, o melhor discípulo que Platão já teve em toda e qualquer época.

·         Por não lhe ter sido permitido assumir a Academia, fundou sua própria escola: o Liceu.

·         Notabilizou-se pelo seu hilemorfismo: teoria da substância (matéria e forma).

·         Segundo o Estagirita, há na matéria uma potencia própria que lhe garante o movimento.

·         Aristóteles desdobrou-se como filósofo metafísico e do real, do abstrato e do concreto, rompendo assim a estreiteza das classificações vigentes.

- A lei das quatro causas: conhecer é conhecer pelas causas.

·         Causa Material (de que é feito?) – a estátua é feita de mármore.

·         Causa Eficiente (quem fez isso?) – o artífice fez a estátua.

·         Causa Formal (como é isso?) – o que diferencia uma coisa da outra.

·         Causa Final (para que se fez isso?) – a finalidade de uma existência qualquer.

- As quatro causas, segundo Aristóteles, é um princípio de elucidação do próprio modo do ser humano de pensar.

·         Nada do que se pensa foge à formalização causal do universo.

·         A metafísica aristotélica está centrada na ideia de Ato e Potência, tendo início nas relações causais presentes na natureza.

- O Homem e a Pólis: quem é o homem e para que viver em sociedade?

·         No livro A política, Aristóteles questiona: para que serve o ser humano (causa final)?

·         O filósofo chega à conclusão que o homem é um: zoon politikon (animal político).

·         O homem vive e se realiza na pólis, essa existe para o bem comum (o sumo Bem).

- Os Regimes Políticos e suas degenerações

·         Democracia: poder do povo (Demagogia: desconsideração do bem comum).

·         Monarquia: poder de um só (Tirania: poder ditatorial de apenas um).

·         Aristocracia: poder dos “melhores” (Oligarquia: poder e interesse de alguns).

COCLUSÃO

- Aristóteles não despreza a razão, porém não é um racionalista; ele é um empirista.

·         Não escolhe qual das três formas de governo é a ideal; o que importa não são quantos governam, mas para quantos se governa.

ELZA SOARES

 ELZA SOARES

(A Mulher e a Voz que vieram do Planeta Fome)

Por: Claudio F. Ramos, C@cau “::¬)

Elza Soares, uma das mais talentosas representantes da música brasileira, teve sua voz silenciada no último dia 20/01/2022. Elza, segundo ela mesma, era proveniente do Planeta Fome (nascida na zona leste da cidade do Rio de Janeiro, favela da Vila Vintém). Em Elza, essa condição inicial de pobreza extrema e invisibilidade social, ao invés de massacrá-la, como geralmente ocorre com uma parcela considerável da sociedade vulnerabilizada, só fez contribuir para a sua tomada de consciência pessoal e verdadeiro engajamento civil (na condição de artista, pessoa, mulher e negra); engajamento verdadeiro, e, por isso mesmo, comprometido; sem as conhecidas superficialidades e modismos presentes nas redes sociais e nas vazias retóricas de incontáveis influenciadores digitais, os chamados: youtubers. Elza, que como poucos, tinha consciência plena da ininterrupta desvalorização da Carne Negra no mercado mundial, recusou-se a vender barato a sua maravilhosa existência nesse mundo de todos, controlado por uns poucos. C@cau “::¬)23/01/2022

SOCIOLOGIA: CIÊNCIA DA SOCIEDADE

SOCIOLOGIA

(Ciência da sociedade)

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)23/01/2022

ESTUDO DAS UNIDADES QUE FORMAM A SOCIEDADE

A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.

BASE TEÓRICO-METODOLÓGICA NO ESTUDO DOS FENÔMENOS SOCIAIS

Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência.

COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS

Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.

ABRANGÊNCIA DOS RESULTADOS DA SOCIOLOGIA

Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso —, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber.

INTERESSE E FINANCIAMENTO ESTATAL

Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.

A GENERALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA

Augusto Comte (1798-1857)

Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas.

A EXCELÊNCIA E AMPLITUDE DA SOCIOLOGIA

O conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.

OBSERVAÇÕES, PARTICULARIZAÇÕES, PADRONIZAÇÕES E GENERALIZAÇÕES

A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares.

RESPOSTA ACADÊMICA PARA DESAFIOS MODERNOS

A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XIX, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada.

ANTÍDOTO PARA A DESINTEGRAÇÃO

Sociólogos não só esperam entender o que une os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social.

ESTUDO DAS MACROESTRUTURAS E DOS MICROPROCESSOS

Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e gênero, além de instituições como a família; processos sociais que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e divórcio. E pesquisam os micro processos como relações interpessoais.

QUANTITATIVISMO (ESTATÍSTICA)

Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social (como a estatística) para descrever padrões generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a desenvolver modelos que possam entender mudanças sociais e como os indivíduos responderão a essas mudanças.

METODOLOGIA PRÓPRIA

Em alguns campos de estudo da Sociologia, as técnicas qualitativas — como entrevistas dirigidas, discussões em grupo e métodos etnográficos — permitem um melhor entendimento dos processos sociais de acordo com o objetivo explicativo.

MACRO-SOCIOLÓGICAS/MICRO-SOCIOLÓGICA

(QUANTITATIVO-QUALITATIVO)

Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas servem, normalmente, a objetivos explicativos distintos ou dependem da natureza do objeto explicado por certa pesquisa sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às pesquisas macrossociológicas; as qualitativas, às pesquisas micro sociológicas. Entretanto, o uso de ambas as técnicas de coleta de dados pode ser complementar, uma vez que os estudos micro sociológicos podem estar associados ou ajudarem no melhor entendimento de problemas macrossociológicos.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Em algumas línguas de Moçambique não existe a palavra “pobre”. O indivíduo é pobre quando não tem parentes. A pobreza é a solidão, a ruptura das relações familiares que, na sociedade rural, servem de apoio à sobrevivência. Os consultores internacionais, especialistas em elaborar relatórios sobre a miséria, talvez não tenham em conta o impacto dramático da destruição dos laços familiares e das relações de entre ajuda. Nações inteiras estão tornando-se “órfãs”, e a mendicidade parece ser a única via de uma agonizante sobrevivência.

COUTO, M. E se Obama fosse africano? & outras intervenções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado).

Em uma leitura que extrapola a esfera econômica, o autor associa o acirramento da pobreza à

A) Afirmação das origens ancestrais.

B) Fragilização das redes de sociabilidade

C) Padronização das políticas educacionais.

D) Fragmentação das propriedades agrícolas.

E) Globalização das tecnologias de comunicação.

 

FILOSOFIA E BIOÉTICA

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e textos da net. C@cau “::¬)20/01/2022

“Bioética não é uma parte da Biologia; é uma parte da Ética, é uma parte de nossa responsabilidade simplesmente humana; deveres do homem para com outro homem, e de todos para com a humanidade”.

(André Comte-Sponville)

VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=8y5wE_CnkNo 

(OBS: se aparecer que não está mais disponível é só copiar e colar dentro da área de pesquisa do You Tube que aparece o vídeo)

TESES:

- A ciência é uma forma neutra de conhecimento?

·         A marcha triunfante da ciência e suas conquistas tecnológicas devem prosseguir avançando indiferentes a toda e qualquer reflexão de caráter ético?

·         É possível tratar e superar situações-limite sem lançar mão das concepções éticas?

·         É possível combinar conhecimento biológicos com reflexões sobre valores humanos?

·         Os estudos sobre a clonagem humana levantaram algumas questões: o que faz uma pessoa ser única? (o código genético; as experiências; a educação; sua história...).

BIOÉTICA: ORIGEM

- Segundo Nicola Abbagnano, Bioética é um termo cunhado na década de 1970 para designar:

·         o estudo sistemático da conduta humana no âmbito das ciências da vida e do tratamento de saúde, em que tal conduta é examinada à luz de valores e princípios éticos (Dicionário de Filosofia).

·         Van Rensselaer Potter (1911-2001), bioquímico norte-americano e professor de oncologia, utilizou o termo em sua obra Bioética: uma ponte para o futuro (1971).

BIOÉTICA: UMA PARTE DA ÉTICA

- A bioética é uma parte/subseção da ética.

·         Traz reflexões sobre os problemas éticos ocasionados pelo desenvolvimento das ciências.

·         A bioética apresenta um caráter interdisciplinar; faz uso de conceitos das seguintes disciplinas: Biologia, Medicina, Psicologia, Sociologia, Direito etc.

·         A finalidade da bioética é servir de guia para que os saberes biológicos sirvam aos interesses da humanidade e não o seu contrário.

BIOÉTICA: GRANDES QUESTÕES

- O desenvolvimento das ciências biológicas possibilitou o surgimento de várias questões pessoais, política, econômica, religiosas, sociais e comportamentais.

·         Clonagem animal e/ou humana – Por quê? Com quem? Para quê?

·         Transgenia animal e vegetal – sinônimo da seguinte expressão: Organismo Geneticamente Modificado (OGM); o melhor/correto é o natural ou o modificado?

·         Morte antecipada, prolongada ou natural – Eutanásia, Distanásia ou Ortotanásia?

·         Aborto – meu corpo minhas regras ou uma só regra para todos os corpos?

·         Inseminação artificial – também conhecida como inseminação intrauterina (IIU); reproduzir de for assistida é o mesmo que brincar de ser deus?

·         Barriga de aluguel – também conhecida como “cessão temporária de útero”, “útero de substituição” ou “barriga solidária”. É correto fazer isso? Deve ou não haver vínculos comerciais nessa ação?

·         Anticoncepcionais – “crescei-vos e multiplicai-vos” ou quem não tem condições não faz filhos?  

BIOÉTICA: DUAS POSTURAS

- A bioética não possui uma postura clara e unânime sobre os procedimentos humano no campo da biologia.

·         Do ponto de vista teórico, a bioética se divide em duas filosofias diferentes: matriz metafísica/religiosa e matriz materialista/laica.

1 – Matriz Metafísica/Religiosa

·         Essa forma de pensar parte da sacralidade e da inviolabilidade da vida humana.

·         A vida é tida como um dom de Deus; o direito à vida não é prerrogativa humana.

·         Tomás de Aquino (1225-1274) – segundo ele os indivíduos são criaturas de Deus.

·         O homem tem origem metafísica e transcendente, pertence a uma ordem natural e imutável da natureza.

·         Essa forma de pensar coloca-se contrária a todo procedimento considerado antinatural.

·         Fornece um leque de regras morais; farol/guia a priori em tempos de incertezas.

2 – Matriz Materialista/Laica

·         Penso os valores humanos sem aderir a qualquer credo religioso.

·         Cabe a humanidade estabelecer normas de comportamento para regular e proteger a vida humana.

·         Há uma visível separação entre o Nomos (cultura) e a Physis (natureza).

·         Embora tenha uma origem natural, os fundamentos dos valores devem nascer de deliberações livres e racionais.

·         Nega-se a ideia de valores absolutos e independentes da vontade dos indivíduos.

·         Apelo à flexibilidade moral; aceitação da pluralidade ética, tolerância e respeito a autodeterminação dos indivíduos.

ASPECTOS NEGATIVOS DAS MATRIZES

- Bioética Metafísica/Religiosa: acusada de possuir princípios dogmáticos.

·         Se arroga o direito de ser a única correta; a única que conhece a ordem natural da vida humana.

·         Só a religião ou uma religião específica possui o monopólio da verdade.

- Bioética Materialista/Laica: acusada de possuir princípios subjetivos.

·         Ao renunciar valores absoluto abre portas para a total relativização dos princípios.

·         A relativização, invariavelmente, conduz ao ceticismo; a partir daí é possível qualquer tipo de abuso em nome do conhecimento e de uma pseudociência.

EM BUSCA DE UM EQUILÍBRIO

- A diversidade da multiplicidade é boa, mas também gera conflito.

·         No mundo moderno, as civilizações perderam o centro metafísico e religioso.

·         Sem um centro surgiram várias correntes religiosas, místicas e existenciais que muitas vezes entram em conflito.

·         Talvez já esteja na hora, ou não, de se buscar um ponto de equilíbrio entre a Ética sacra e a Ética Laica.

·         Um acordo, um fundamento comum, capaz de dialogar/unir essa dicotomia humana.  

 CONCLUSÃO

- Não importa o quão longe o saber científico possa nos levar; a questão, até que se prove o contrário, continuará sendo sempre a mesma: ciência é um saber e um fazer humano, voltado para seres humanos. Por isso, jamais poderá prescindir de reflexões. C@cau “::¬)20/01/2022