domingo, 20 de fevereiro de 2022

O HOMEM EM DOIS TEMPOS: A PHYSIS E O NOMOS

O HOMEM EM DOIS TEMPOS:

A PHYSIS E O NOMOS

Por: Claudio F Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)17/02/2022

PHYSIS (NATUREZA)

- Por physis entende-se a substância física da qual todas as coisas eram feitas e também uma espécie de princípio interno organizadora (substância primordial).

·         O primeiro fisiólogo foi Tales de Mileto. Segundo Tales, o princípio da physis (natureza) é a água (úmido).

O HOMEM QUE SABE QUE SABE

- O determinismo é uma corrente filosófica que diz que todos os fatores são dependentes de uma casualidade, ou seja, determinados.

·         Significa que não há escolha ou livre-arbítrio.

·         As situações são pré-determinadas e não há espaço ou chance de mudança.

- Somos seres humanos; somos vertebrados, pertencentes à Ordem Primates (primatas).

·         Segundo Desmond Morris, os homens são macacos nus.

·         Macacos nus porque, comparados aos nossos “primos” mais próximos, como chimpanzés, nossos corpos são praticamente desprovidos de pelos.

- Em tempos pré-históricos, existiram várias espécies pertencentes à linhagem humana.

·         Homoerectus, Homo habilis e inclusive uma espécie, o Homo neanderthalensis que chegou a conviver com a espécie humana atual.

·         Há hipóteses que afirmam que as espécies cruzaram entre si, gerando espécimes híbridos.

·         Atualmente apenas uma espécie do gênero Homo existe, e é a que fazemos parte, o Homo sapiens.

ARQUÉTIPOS E DIVERSIDADES

- Por que há diferenças entre um morador do norte da Europa, um nigeriano, um indígena brasileiro, um chinês e um esquimó?

 

·         Isso se dá porque essas populações desenvolveram características ao logo do tempo que as tornaram únicas, distinguíveis.

·         Essa é uma das maiores belezas da espécie humana, a diversidade.

ETNIAS OU RAÇAS?

- Etnias sim, raças não.

·         Biologicamente, raças são frutos de seleções artificiais em espécies feitas por nós, como as raças de cães por nós criadas.

·          Nós, humanos, possuímos etnias.

DETERMINISMO BIOLÓGICO

- O determinismo biológico, associado ao que conhecemos como darwinismo social, foi criado para justificar porque algumas etnias deveriam ser consideradas superiores às outras.

·         O determinismo biológico foi usado como justificativa para várias situações tenebrosas da história da humanidade.

·         Adolf Hitler pregava a superioridade da "raça ariana" sobre as demais.

- Estereótipos: o determinismo biológico é baseado em uma série de estereótipos.

·         Todo asiático tem inteligência acima da média.

·         Negros são melhores em esportes.

·         Europeus são culturalmente mais elevados.

- Falsa Ciência: vários estereótipos foram utilizados como forma de dominação social utilizando o falso pretexto de argumentação científica.

·         O médico e anatomista Franz Joseph Gall, que no século XIX criou a frenologia, uma pseudociência.

·         Sua falsa ciência utilizava caracteres físicos craniais para determinar o caráter, personalidade e potencial para criminalidade.

·         Baseando-se em medidas craniais, Franz alegava ser capaz de determinar se uma pessoa tinha potencial para cometer um crime ou não.

·         Essa teoria foi utilizada para justificar muitas barbáries e sedimentar a “superioridade” que a etnia branca exercia sobre as demais.

- Ética e Ciência: a ciência é baseada em um método cuidadoso.

·         Utilizar falsos argumentos para tentar combatê-la ou sedimentar preconceitos é antiético e imoral.

·         Somos todos humanos, membros da mesma espécie que possui uma grande diversidade cultural e física, o que nos torna só mais interessantes.

NOMOS (CULTURA)

- Nomos: filosofia

·         Nomos é a lei explicada como uma convenção dependente do artifício humano.

·         É a ruptura com as legitimações jurídicas fundamentadas na religiosidade e na tradição.

- A cultura é a forma de subjetivar o mundo.

 

·         O ser humano não vive sem subjetividade.

·         A cultura não possui em si valores positivos ou negativos.

·         A cultura é a forma particular das pessoas pensarem e conceberem a vida.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

HOMEM: O ANIMAL POLÍTICO

HOMEM: O ANIMAL POLÍTICO

(Aristóteles 384-322 a. C.)

Por: Claudio F Ramos a partir de reflexões e textos na net.

C@cau “::¬) 12/02/2022

CONTINGENCIAMENTO HUMANO

A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça.

(Aristóteles)

 - Para Aristóteles o homem é um ser racional que necessita de coisas e de pessoas.

·         O homem é um ser carente e imperfeito, e deve buscar a vida em comunidade para alcançar a completude.

POLÍTICO, DIVINO OU FERA

- A partir de suas várias necessidades e limitações Aristóteles deduz que o homem é naturalmente político.

·         Segundo ele, quem vive fora da comunidade organizada (cidade ou Pólis) ou é um ser degradado ou um ser sobre-humano (divino).

CIDADANIA

«de acordo com as nossas leis, somos todos iguais no que se refere aos negócios privados. quanto à participação na sua vida pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo com os seus méritos e mais importante é o valor pessoal que a classe a que se pertence; isto quer dizer que ninguém sente o obstáculo da sua pobreza ou da condição social inferior, quando o seu valor o capacite a prestar serviços à cidade.»

- De acordo com o pensador o conceito de cidadão varia de acordo com o tipo de governo.

·         Nem todos os que moram na cidade são cidadãos.

·         Aristóteles diferencia habitante de cidadão, pois aqueles apenas moram na cidade, não participam dela.

·         Somente os que realmente pensam sobre ela tem o direito de deliberar e votar as leis que conservam e salvam o Estado.

·         Cidadão é aquele que tem o poder executivo, legislativo e judiciário. 

·         Os velhos e as crianças não são realmente cidadãos.

·         Os velhos pela idade estão isentos de qualquer serviço e as crianças não têm idade ainda para exercer as funções cívicas.

GOVERNOS E DEGENERAÇÕES

A lei e a razão livre das paixões.

(Aristóteles)

 

- O cidadão é aquele que participa ativamente da elaboração e execução das leis, sendo estas elaboradas pelo:

·         Pelo rei (Monarquia) X (Tirania).

·         Por poucos (Aristocracia) X (Oligarquia)

·         Por todos os cidadãos livres (Democracia) X (Demagogia)

COMUNIDADE

O objeto principal da política é criar a amizade entre membros da cidade.

(Aristóteles)

- Comunidades são agrupamentos de homens unidos por um fim comum.

·         Na comunidade os homens relacionam-se pela amizade e justiça, isto é, por um vínculo afetivo.

CARACTERÍSTICAS COMUNITÁRIAS

 - Aristóteles concebe quatro causas que determinam uma comunidade.

·         Causa Material: Lares, vilarejos etc. É a partir de onde nasce a cidade.

·         Causa Formal: O regime ou a Constituição que ordena a relação entre suas partes, dando forma a ela.

·         Causa Eficiente: Desenvolvimento natural. Para Aristóteles a cidade é um ser natural, um organismo vivo.

·         Causa Final: A finalidade da cidade é a Felicidade, ou seja, alcançar o bem soberano.

FELICIDADE: O BEM É COMUNITÁRIO

- Para Aristóteles, “toda comunidade visa o bem”.

·         O bem de que se trata aqui é na verdade um fim determinado.

·         Toda comunidade tem um fim como meta: o bem soberano (a felicidade).

O SOBERANO BEM COMUNITÁRIO

- A comunidade política é aquela que é soberana entre todas e inclui todas as outras.

·         A comunidade política é a cidade, que inclui todas as outras formas de comunidade (lares e vilarejos) que a compõe.

·         A cidade é o último grau de comunidade.

O DOMÍNIO DO COMUNITÁRIO

- A comunidade (cidade/Estado) deve prevalecer sobre as outras formas de sociedade (assim como o todo é anterior às partes).

·         O fim de cada coisa é justamente a sua natureza (a potência encontra-se na possibilidade de fazer aquilo que exatamente se nasceu para fazer).

·         A comunidade política é a natureza de todas as outras comunidades, ela é lógica e ontologicamente anterior a estas.

O HOMEM E O BÁRBARO

Assim como o
homem civilizado é o melhor de todos os animais, aquele que não conhece nem
justiça nem leis é o pior de todos.

(Aristóteles)

- O cidadão é aquele que, por deliberar e criar leis, é um homem melhor do que os outros que não participam do governo.

·         A liberdade política diferencia, “naturalmente”, os homens entre senhores e escravos.

·         O senhor é o homem livre que goza de direitos naturais por sua competência em comandar (Autônomo/Autárquico).

·         Os homens dotados apenas de robustez física e pouco intelecto são naturalmente aptos para obedecer (Heterônomo).

CONCLUSÃO 

Com a filosofia eu descobrir que o que eu faço sem que os outros me ordenem é o que os outros fazem somente por temerem a lei.

(Aristóteles)

- A cidade é soberana porque visa o bem comum, soberano.

·         O homem livre é soberano porque é senhor de si.

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O SER HUMANO COMO SER DE VÁRIAS FACETAS

 

O SER HUMANO COMO SER DE VÁRIAS FACETAS

Por: Claudio F Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬) 11/02/2022

VÍDEOS AULAS:

V 1 - https://www.youtube.com/watch?v=VfwdBEH4UHI

V 2 - https://www.youtube.com/watch?v=vuCQr42ON7E

V 3 - https://www.youtube.com/watch?v=fKuguIxWG-E

TEXTO COMPLEMENTAR

- A visão moderna do ser humano

·         Disponível em: https://flaylosofia.blogspot.com/2022/02/visao-moderna-do-ser-humano.html

PROPOSIÇÃO

- A humanidade do homem é: fruto de suas escolhas pessoais ou consequência direta de seu determinismo histórico e/ou biológico?

TEXTO INTRODUTÓRIO

As bestas, no momento em que nascem, trazem consigo do ventre materno, como diz Lucilio, tudo aquilo que depois terão. Os espíritos superiores ou desde o princípio, ou pouco depois, foram o que serão eternamente. Ao homem nascente o Pai conferiu sementes de toda a espécie e germes de toda a vida, e segundo a maneira de cada um os cultivar assim estes nele crescerão e darão os seus frutos. Se vegetais, tornar-se-á planta. Se sensíveis, será besta. Se racionais, elevar-se-á a animal celeste. Se intelectuais, será anjo e filho de Deus, e se, não contente com a sorte de nenhuma criatura, se recolher no centro da sua unidade, tornado espírito uno com Deus, na solitária caligem do Pai, aquele que foi posto sobre todas as coisas estará sobre todas as coisas. Quem não admirará este nosso camaleão? [...]

Mirandola, Giovanni Pico dela. Discurso sobre a dignidade do homem. São Paulo: Escala, 2005. 

TESES FILOSÓFICAS

- Blaise Pascal (1632-1662): entre o finito e o infinito

Pascal e sua invenção: a Pascalina, o protótipo da calculadora.

·         Com a obra Pensamentos (publicada postumamente 1669) Pascal apresenta ideias essenciais para a compreensão filosófica do ser humano.

·         Para o filósofo/matemático o ser humano é um ser mediano; encontra-se entre dois polos (superior e inferior).

·         O homem equilibra-se entre o polo dos anjos e o polo das bestas feras; ora subido para um e ora caindo para o outro.

·         O humano é, concomitantemente, um ser grandioso e miserável; vive em uma mediania instável (fruto de um paradoxo sem fim – não há plenitude em nenhum dos dois polos).

·         Pascal chama de espírito à disposição interior para a aquisição e apreciação do conhecimento.

·         O conhecimento humano não deve tender, demasiadamente, para o espírito de geometria (evidencias absolutas), nem para o espírito de finesse (evidências intuitivas).

·         Conhecimento do coração (razão do coração), esse é o conhecimento adequado ao homem, posto que enseja um equilíbrio entre: razão universal e fé pessoal.

·         “Crer para compreender e compreender para crer”. (Agostinho): é o coração que sente Deus, não a razão (Pascal). 

Imagem da Pascalina (protótipo da calculadora) vista por dentro.

- Giovanni Pico dela Mirandola (1463-1494): a dignidade do ser humano

·         Giovanni buscou uma verdade única entre a tradição clássica (Platão, Aristóteles) e a tradição judaico-cristã.

·         Para ele o homem possui um lugar singular no Universo, dotado de uma dignidade única.

·         Sua dignidade reside no fato de poder determinar o seu próprio destino.

·         Sendo Deus a fonte da felicidade humana, o homem pode, por meio do seu livre-arbítrio, tentar chagar ao criador e, ao memo tempo, ao conhecimento da natureza.

·         Melhor do que os anjos e os animais, seres de natureza fixa, o homem pode desenvolver sua natureza.

·         O homem não tem uma natureza indefinida, mas sim uma natureza aberta.

·         Não há um caos de possibilidades infinitas, mas sim opções que devem ser escolhidas autonomamente.

- Max Scheler (1874-1928): o ser humano como espírito.

·         Para o pensador o ser humano deve ser compreendido como espírito.

·         Ser espírito: não ser totalmente matéria (corpo) nem imaterial (transcendência).

·         O homem é uma síntese entre as duas possibilidades.

·         O espírito é o que se encontra na base das manifestações do corpo e da psiquê.

·         O homem é um trialismo: espírito, parte inteligível (psiquê) e corpo.

·         Não são três seres, mas três aspectos distintas de um mesmo ser que se interpenetram.

·         O espírito não é totalmente nem uma coisa nem outra (material/imaterial), mas um centro nervoso que possui ambas características, formando assim o ser humano.

·         Não existe esse ser universal transcendente (puramente imaterial, inteligível), nem muito menos esse ser puramente concreto, sujeito as leis da causalidade biológica.

- Ernest Cassirer (1874-1945): o ser humano como animal simbólico.

·         Definir o homem somente como animal racional é mitigar sua realidade e possibilidades.

·         A parte racional do humano encontra-se lado a lado com: as emoções, a linguagem, lógica científica e imaginação poética.

·         Levando em consideração cada uma dessas possibilidades, chega-se a seguinte conclusão: o homem é um animal simbólico.

·         É por meio dos símbolos que o ser humano busca compreender a totalidade dos fenômenos e de seus sentidos.

·         Os saberes humanos (artes, mitos, filosofias, ciências, senso comum etc.) formam uma trama de símbolos.

·         Símbolo: é aquilo que consegue representar, substituir ou sugerir algo por meio de uma analogia.

·         De acordo com o filósofo há três sistemas simbólicos fundamentais: mito, linguagem e ciência.

·         Mitos: possui a função de expressar.

·         Linguagem comum: possui a função de intuir e representar.

·         Ciências: possui a função de dar sentido.

·         Não é possível ao homem viver sem estar envolvido com o sentido das coisas.

·         Relacionar-se com o mundo por meio dos sentidos proporcionado pelos símbolos é o torna o homem um ser humano.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

SE O BRASIL NÃO MERECE, PQ ACONTECE?

 SE O BRASIL NUNCA MERECE, PQ SEMPRE ACONTECE?

Por: Claudio F Ramos, c@cau “::¬) 10/02/2022

O Brasil não merece isso!

O Brasil é melhor do que isso!

O Brasil é um país de pessoas boas, alegres e hospitaleiras!

O Brasil é o país do futuro; temos que acreditar; um dia vai dar certo!

Repetem, repetem e repetem como um mantra os otimistas, os românticos, os sonhadores, os esperançosos, os religiosos...

Agem como se quisessem mudar algo ou convencer alguém de alguma coisa pelo esforço da repetição.

Ignoram o fato de que o espaço político é, por excelência, espaço de ação; e, em razão disso, é espaço de atitude, compromisso, responsabilidade, comprometimento e, necessariamente, espaço de consequências.

Sendo assim, nasce um importante questionamento: quem no Brasil merece o quê?

Doa como doer; doa a quem doer, a verdade política é inequívoca: o Brasil “merece” o que aí está posto (um presidente tomado por ideologias disfuncionais, revestidas de um messianismo oportunista); também “mereceu” o que anteriormente estava posto (um ex-presidente populista e apregoador de uma moral que nunca existiu) e, seguramente, merecerá o que futuramente há de acontecer na próxima eleição (a manutenção do pior/ruim ou o retorno do ruim/pior).

Na política, o que você não fizer, ninguém fará; e, com aquilo que o outro fizer, você sofrerá!

Nisso não há acepção de pessoas; mesmo que a intensidade seja diferente para uns, o sofrimento sempre será o mesmo para todos!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

VISÃO MODERNA DO SER HUMANO

 VISÃO MODERNA DO SER HUMANO

(Ser Humano e Natureza)

Por: Claudio F Ramos a partir de livros e da net. C@cau “::¬)09/02/2022

VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=O-5VYaiwYBY

PROPOSIÇÕES

- O que é o ser humano?

·         A natureza humana está ou não em aberto?

·         Cabe ou não ao homem construir sua própria natureza?

INTRODUÇÃO

- O homem animal

·         No animal, a natureza fala fortemente e o tempo todo (não há liberdade).

·         Temos um corpo, um programa genético (DNA) transmitidos por nossos pais. 

- O homem cultural

·         O homem pode afastar-se das regras naturais, criando um “mundo” cultural.

·         Para o homem é possível criar uma cultura que se opõe à natureza e tenta resistir à “lógica” da seleção natural.

 

TEÓRICOS

(Não há natureza humana)

- Giovanni Pico dela Mirandola (1463-1494): a dignidade humana

·         Foi um dos primeiros pensadores modernos a conceber que a dignidade humana reside no fato de não haver uma natureza humana clara e definida.

·         Em sua obra: Discurso Sobre a Dignidade Humana (1486), o filósofo lança a pedra fundamental da visão moderna sobre o ser humano.

·         Os animais foram criados e receberam um arquétipo, um modelo/projeto que se caracteriza na natureza animal (determinismo, instintos, causalidades...).

·         O homem foi criado sem arquétipos, ou seja, sem modelos; sem uma natureza própria.

·         Uma vez criado sem modelos a priori, cabe ao homem criar um modelo para si.

·         Senhor do próprio destino; só o homem é livre para tornar-se aquilo que quiser ser.

·         A dignidade humana encontra-se na liberdade de poder inventar o seu futuro.

"Adão, não te demos nem um lugar determinado, nem um aspecto que te seja próprio, nem tarefa alguma específica, a fim de que obtenhas e possuas aquele lugar, aquele aspecto, aquela tarefa que tu seguramente desejares, tudo segundo o teu parecer e a tua decisão. A natureza bem definida dos outros seres é refreada por leis por nós prescritas. Tu, pelo contrário, não constrangido por nenhuma limitação, determiná-la-ás para ti, segundo o teu arbítrio, a cujo poder te entreguei. Coloquei-te no meio do mundo para que daí possas olhar melhor tudo o que há no mundo. Não te fizemos celeste nem terreno, nem mortal nem imortal, a fim de que tu, árbitro e soberano artífice de ti mesmo, te plasmasses e te informasses, na forma que tivesses seguramente escolhido. Poderás degenerar até aos seres que são as bestas, poderás regenerar-te até às realidades superiores que são divinas, por decisão do teu ânimo. Ó suma liberalidade de Deus pai, ó suma e admirável felicidade do homem! ao qual é concedido obter o que deseja, ser aquilo que quer."

Mirandola, Giovanni Pico dela. Discurso sobre a dignidade do homem. São Paulo: Escala, 2005.

- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): a perfectibilidade humana

·         Rousseau desenvolveu uma visão humanista do ser humano.

·         Não é a razão, nem a afetividade, nem a linguagem que distingue o ser humano do animal (esses aspectos só diferenciam em termos de graus: inteligência, afetos etc.).

·         A perfectibilidade humana encontra-se na liberdade; ou seja, capacidade de aperfeiçoar-se ao longo da vida (libertar-se da natureza).

·         Se na natureza o mais forte/adaptado é o que deve prevalecer; na cultura, caso o homem queira (vontade), a regra pode ser refeita.

- Jean-Paul Sartre (1905-1980): a existência precede a essência

·         A perspectiva moderna do homem, ou seja, um ser sem arquétipos, natureza própria se mantém viva no pensamento sartreano.

·         Não há projeto para o humano, assim sendo, não há finalidade a priori para ser seguida/alcançada.

·         A existência precede a essência: o homem não está determinado pela natureza, nem pela história.

·         Sartre se opõe à teologia cristã (projeto divino) e as ideologias sociais (classe social).

·         Ao ser humano cabe fazer/construir livremente o seu próprio projeto de vida.

·         “O homem está condenado a ser livre”; deve escolher/construir o seu próprio ser.

·         O ser humano é o único ser que pode moldar o seu destino a partir de si mesmo.

“[...] o existencialismo ateu que eu represento... declara que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e esse ser é o homem.”

Sartre, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Rio de Janeiro.: Vozes, 2010.

CONCLUSÃO

- Criatividade: a maior das virtudes humana

·         Para os filósofos modernos, em geral, a criatividade humana é parte fundamental do ser humano.

·         O ser humano não possui manual de instruções; sendo criativo poderá ser quem quiser.

Não existe uma natureza humana, por isso o homem pode dizer não ao controle dos instintos; deve assumir responsabilidades e afirmar sua liberdade incondicionalmente.


CONSCIÊNCIA ÁUREA

  CONSCIÊNCIA ÁUREA Por: Claudio F Ramos, C@cau “:¬)18/11/2024 O nosso país é cheio de feriados, mas poucos retratam a vida, a história ...