domingo, 14 de janeiro de 2024

TEMA III - SOCIOLOGIA CLÁSSICA (ALGUMAS ABORDAGENS)

 TEMA III - SOCIOLOGIA CLÁSSICA

(Conceitos Fundamentais)

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “:¬)14/01/2024

INTRODUÇÃO

- A Sociologia busca, diferentemente do senso comum, identificar as origens do comportamento dos indivíduos em suas inúmeras relações com outras pessoas, grupos e setores sociais.

·         É tarefa da Sociologia entender e explicar como as nossas biografias individuais se entrelaçam com a história que partilhamos com outros seres humanos.

SOBRE O SENSO COMUM

- Senso comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou metodicamente analisado.

·         O conhecimento de senso comum está presente em nosso cotidiano e é passado de geração a geração. Podemos afirmar que esse tipo de conhecimento é, categoricamente, popular e culturalmente aceito.

·         Por ser obtido a partir de um movimento de repetição cultural, pode estar correto ou não.

·         O fato de não se estabelecer métodos e testes comprobatórios, não significa, necessariamente, que o tipo de conhecimento popular está errado.

SOBRE A SOCIEDADE

- Sociedade é uma associação entre indivíduos que compartilham valores culturais e éticos e que estão sob um mesmo regime político e econômico, em um mesmo território e sob as mesmas regras de convivência.

·         A sociedade não é um amontoado de indivíduos, mas um sistema organizado deles e ordenado em uma estrutura social, com um arcabouço normativo e com instituições formais e informais (Estado, família, Igreja, escola etc.).

- A vida em sociedade promove repertórios e mais repertórios de prescrições.

·         Fomenta a unidade cultural; pune a transgressão das regras e socializa os indivíduos.

·         Define uma gama de papéis que eles podem desempenhar e mantêm a coesão social, econômica e política.

SOBRE A SOCIALIZAÇÃO

- O processo de socialização (humanização/institucionalização) define-se como sendo a assimilação que um determinado indivíduo ou grupo pequeno, faz de hábitos, características comportamentais e culturais do grupo social no qual está inserido.

·         A assimilação sociocomportamental e cultural torna-se própria daquele indivíduo que a aceitou e assimilou.

·         O processo de assimilação e socialização não é fixo, isto é, pode sofrer alterações ao longo da vida e dos contextos nos quais o ser social está inserido (linguagem, valores, crenças etc.).

·         O processo de socialização é feito durante toda a vida, terminando apenas com a morte.

- O processo de socialização se dá basicamente de duas maneiras: Primária e Secundária.

·         A Socialização Primária - é a responsável por formar a base do indivíduo, é o primeiro contato deste com o mundo exterior.

·         A Socialização Secundária - impõe ao indivíduo submundos dos quais ele desconhece, com isso, percebe que existem outras culturas, outras ideologias além da dele.

SOBRE A MUDANÇA SOCIAL

- A mudança social é um dos principais temas de que se ocupa a Sociologia.

·         A mudança social é a transformação da sociedade e do seu modo de organização.

·         Decorre de hábitos e costumes que deixam de fazer ou que começam a fazer parte do cotidiano das pessoas.

·         A mudança social não é provisória, é constante e afeta o desenvolvimento da sociedade.

·         A mudança social deve ser observada sob a corrente histórica.

Ex. Abolição da escravatura, êxodo rural, evolução dos meios de transporte etc.

- Os sociólogos apresentaram diferentes pontos de vista no que respeita a essa dinâmica, sem a qual a sociedade não existiria.

·         Auguste Comte (1798-1857): admitia a importância da mudança desde que a ordem não fosse afetada, de modo que é contra a revolução (Conservador).

·         Karl Marx (1813-1883): acreditava que as condições econômicas e a luta entre as classes são a principal causa da mudança social (Revolucionário).

·         Émile Durkheim (1858-1917): a mudança social é resultado das relações de trabalho e descarta a necessidade de revoluções (Sistematizador).

·         Max Weber (1864-1920): a principal causa da mudança da sociedade está na origem do capitalismo, especialmente como resultado do progresso e da urbanização (Compreensivo).

SOBRE A COMUNIDADE

- Comunidade é constituída por um grupo menor de indivíduos, que apresentam relações mais próximas e partilham interesses e projetos (maior coesão social).

·         Já na sociedade, os sujeitos estão mais dispersos, uma vez que esta possui características mais voltadas para a vida urbana.

SOBRE A COESÃO SOCIAL

- A coesão social é o que mantem um grupo social unido e operando de forma constante dentro da sociedade.

·         Ela tem a ver com a identidade que um grupo é capaz de criar e reproduzir para si e para os outros, e também tem a ver com suas normas e valores, que o caracterizam.

·         A coesão social pode ser trabalhada em grupos menores da sociedade, mas é mais correto buscar percebê-la para uma sociedade em si.

·         Como a sociedade pode ter subgrupos muito plurais, a forma de manter controladas as diferenças também entra no debate sobre coesão social.

- Coesão Tradicional (Mecânica): a coesão das sociedades tradicionais deriva do seu compartilhar de:

·         Costumes, valores, normas e crenças sociais, de forma que ela é bastante homogênea.

- Coesão Moderna (Orgânica): a nova coesão que surge para as sociedades modernas deriva do oposto da tradicional.

·         Com a industrialização e a maior complexidade do trabalho de algumas sociedades, a coesão social deriva da interdependência das partes do sistema, já que cada trabalho colabora com uma parte da produção social.

·         Para Durkheim, esse movimento de coesão se chamará solidariedade, pensando em como as partes do social colaboram para a produção do trabalho.

SOBRE A ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

- A estratificação social é a organização da sociedade em camadas hierárquicas, em que as pessoas são classificadas de acordo com seu status social, poder, renda e educação.

·         Essa divisão pode resultar em desigualdades econômicas e políticas, dificultando a mobilidade social e reforçando privilégios e desvantagens de determinados grupos.

·         A estratificação social é um tema abrangente em sociologia, e existem diferentes abordagens teóricas para explicar suas causas e consequências na sociedade.

- No decorrer dos séculos, as civilizações adotaram alguns modelos que impediam a mobilidade social de determinados grupos e indivíduos, as três formas mais comuns de estratificação são: o sistema de castas, o feudalismo e as mudanças ocorridas no contexto da Revolução Industrial 

- As castas têm sua origem ligada a religião hindu e a divisão faz uma analogia ao corpo do deus Brahma.

·         Nas castas superiores estão os brâmanes, que são os líderes religiosos e representam a cabeça do deus.

·         Abaixo dos brâmanes estão os xáritas, que representam os braços do deus e na sociedade são os governantes e guerreiros.

·         As pernas dos deuses são representadas pelos vaixás, os comerciantes.

·         Nas castas mais baixas, que formam os pés, estão os trabalhadores, chamados de shudras.

·         Por fim, existem ainda os sem castas, chamados de párias.

OBS: Na década de 1950, a constituição indiana foi reformada e a discriminação baseada em castas foi proibida.

·         No entanto, mesmo com a proibição, o sistema ainda tem força cultural e segue funcionando em algumas partes do país.

- O Feudalismo, na maior parte da Europa da Idade Média, a sociedade era dividida em ordens ou estamentos.

·         Nas áreas rurais, os feudos eram formados por uma sociedade bem rígida e delimitada.

·         O clero exercia funções religiosas, os nobres, no geral, exerciam funções militares e por fim, os servos trabalhavam e pagavam tributos.

·         Por ter estruturas bem rígidas, era quase impossível a possibilidade de ascensão social.

- A Revolução Industrial: após a revolução, ocorrida no século XVIII, a estrutura social baseou-se na ideia de que, só os que realmente se esforçam ou têm mérito, podem aumentar a renda e consequentemente, ter melhores condições de vida.

·         Em uma corrida meritocrática, os de maior renda sempre começam mais à frente daqueles que tem condições menos favoráveis.

ESTRATIFICAÇÃO DURKHEIMIANA

- Para Durkheim: a estratificação de uma sociedade está ligada à importância do trabalho exercido pelos indivíduos.

·         É um critério moral e excludente que divide a sociedade de acordo com suas profissões e seus ganhos.

·         Profissões tidas como importantes, são melhor remuneradas, enquanto as consideradas pela sociedade como menos importantes, recebem remuneração menor. 

ESTRATIFICAÇÃO MARXISTA

- Para Marx: a estratificação social está diretamente relacionada ao modelo de produção e divisão social do trabalho da sociedade.

·         A burguesia, dona dos meios de produção, emprega a classe proletária, que tem apenas sua força de trabalho para vender ao mercado.

·         A exploração das classes proletárias pela burguesia marca a desigualdade social e acentua a estratificação.

·         Marx aponta que a estratificação e as desigualdades produzidas pelo modelo capitalista de produção e influenciam diretamente na luta de classes.

·         A desigualdade nos meios de produção industrial se estabelece com o surgimento da mais-valia, que na visão de Marx atua de maneira intensa na construção e manutenção de um sistema pautado pela exploração.

ESTRATIFICAÇÃO WEBERIANA

- Para Weber: o processo de estratificação acontece a partir das relações de produção, do status social, dos poderes político e econômico e das oportunidades que os indivíduos ou grupos sociais têm para adquirirem bens.

·         As oportunidades de ascensão social estão diretamente ligadas às variações econômicas do mercado.

·         Na teoria weberiana, o uso do termo “status” torna-se mais importante que o conceito de classes sociais, utilizado por Marx.

·         O reconhecimento dos grupos que ocupam o topo das pirâmides sociais se dá através do reconhecimento do status, do padrão de vida, das oportunidades e dos fatores econômicos.

·         A renda, portanto, torna-se importante, mas não é essencial.

·         O status, na explicação weberiana da estratificação social, das distinções e da mobilidade social, também sofre influência do gênero, condições de saúde, cor e idade.

ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE

-  A estratificação social é a organização da sociedade em camadas hierárquicas, enquanto a desigualdade social se refere à distribuição desigual de recursos e oportunidades entre essas camadas.

·         A estratificação social - é a divisão da sociedade em grupos sociais com diferentes níveis de poder, status e privilégios.

·         A desigualdade social - é a disparidade de acesso a recursos, como renda, educação, saúde e emprego, entre esses grupos.

 

OBS: a Estratificação Social pode ser vista como uma das principais causas da Desigualdade Social, uma vez que algumas camadas da sociedade têm mais recursos e oportunidades do que outras, criando assim uma hierarquia social baseada em privilégios e desvantagens.

CONTATO, CULTURA, NORMAS E ESTIGMAS

- Contato Social: podemos definir contatos sociais como as formas que os indivíduos estabelecem as relações sociais e as associações humanas.

·         Uma conversa entre duas pessoas, um aperto de mão, um “bom-dia” ou uma consulta médica são exemplos de contatos sociais, que em função deles, irão surgir as relações sociais e os graus de intensidade dessas relações.

- Contatos Sociais Primários: se caracterizam por serem pessoais, diretos e com uma forte influência emotiva.

·         Estes são os primeiros tipos de contatos que as pessoas estabelecem, originados das relações entre pais e filhos, irmãos, amigos etc.

- Contatos Sociais Secundários: se diferenciam dos primários pelo fato de serem calculados, racionais e sem influências emotivas.

·         Quando alguém vai comprar pão, por exemplo, a pessoa já sabe que vai haver um vendedor ali e que terá que se comunicar com ele.

·         Essa comunicação, extremamente racional, breve, calculada e sem nenhuma carga emocional é classificada como um contato social secundário.

- Cultura: a sociologia se ocupa em entender os aspectos aprendidos que o ser humano, em contato social, adquire ao longo de sua convivência.

·         Esses aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste grupo de convívio específico, refletem especificamente a realidade social desses sujeitos.

·         Características como a linguagem, modo de se vestir em ocasiões específicas são algumas características que podem ser determinadas por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a comunicação entre aqueles que dela fazem parte.

- Cultura Tangíveis: objetos ou símbolos que fazem parte do seu contexto.

- Cultura Intangíveis: ideias, normas que regulam o comportamento, formas de religiosidade.

OBS: Esses aspectos (Tangíveis/Intangíveis) constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram, dando forma a relações e estabelecendo valores e normas.

·         Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis no comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o princípio da honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa sociedade.

- Normas: elas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, que servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte.

·         O valor do princípio da honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites convencionados pelos integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir dentro do que é estipulado como “honesto”.

- Estigma é uma reação negativa da sociedade a características ou crenças que se desviam da norma ou do aceitável.

·         Esta "marca" não é física, não necessariamente, mas sim uma marcação simbólica que isola e desvaloriza pessoas ou grupos.

 

 

 

 

 

 

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