GEORG SIMMEL 1858-1918
(Microssociologia)
Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “:¬)24/01/2024
VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=vyFFeCEMh5I
INTRODUÇÃO
-
Simmel
foi um cientista social alemão que contribuiu com a sociologia em seu estágio
inicial de desenvolvimento.
· Assim como fizeram Max, Durkheim e Weber, ele formulou paradigmas e teorias sociais inovadoras.
-
Diplomou-se na Universidade de Berlim passando pelos cursos de Filosofia.
· Sua tese de doutorado, também em Filosofia, levou o título de: A natureza da matéria segundo a Monadologia física de Kant.
A
MICROSSOCIOLOGIA
-
Simmel se diferenciou no campo do estudo dos fenômenos sociais em razão de seu
interesse pela análise microssociológica.
· Microssociologia se refere à investigação da sociedade, a partir das ações e reações dos atores sociais em interação (ver Max Weber).
A
SOCIOLOGIA FORMAL
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Simmel foi o fundador da chamada "sociologia formal" ou
"sociologia das formas".
· A sociologia formal é uma perspectiva teórica que está muito próxima da chamada "sociologia da ação", e ambas se contrapõem às concepções teóricas de caráter macrossociológico, como o estruturalismo, o funcionalismo e o neomarxismo
A
INFLUÊNCIA KANTIANA
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As concepções teóricas que sustentam toda a gama de pesquisas e estudos
elaborados por Simmel estão fundamentadas no paradigma filosófico originalmente
construído por Immanuel Kant (1724-1804).
·
A
partir das concepções filosóficas kantianas, Simmel concluiu que a realidade
social é extremamente complexa, e até certo ponto caótica, em relação aos
significados.
·
O
conhecimento dos fenômenos sociais, que ocorrem imersos nessa realidade e que
interessam ao cientista social, só são passíveis de serem apreendidos mediante
a adoção de categorias ou modelos analíticos
OS
MODELOS ANALÍTICOS
-
As categorias e/ou modelos analíticos servem para ordenar o pensamento de modo
que se possa interrogar e interpretar a realidade.
·
Um
modelo ou categoria analítica é uma simplificação do real porque opera com base
na abstração.
· Nesse caso a abstração serve como um esforço de separação dos fenômenos sociais que estão imersos na complexa realidade social, tanto em seus aspectos sociológicos como históricos
-
Para Simmel, os modelos e/ou categorias analíticas não são proposições
arbitrárias e nem recursos empregados apenas pelos cientistas sociais que
interrogam o real.
· Conscientemente ou não eles também são criados e utilizados pelos próprios indivíduos que integram a sociedade, como recurso de ação e interação social
SIMMEL
E WEBER
-
Os Modelos e/ou categorias analíticas são recursos teóricos que também foram
empregados pelo cientista social alemão Max Weber (1864-1920).
·
Os
tipos ideais de Weber servem para delimitar o real, assim sendo, servem para
construir objetos de pesquisa que serão analisados e interpretados.
·
Para
Weber, os tipos ideais são dotados de algum significado.
·
Max
Weber estabeleceu em seus estudos uma interlocução permanente com as obras de
Simmel.
CONCEITO
DE SOCIAÇÃO
-
Sociação é a forma (realizada de incontáveis maneiras diferentes) pela
qual os indivíduos se agrupam em unidades que satisfazem seus interesses.
·
Esses
interesses, quer sejam sensuais ou ideais, temporários ou duradouros,
conscientes ou inconscientes, causais ou teleológicos, formam a base das
sociedades humanas.
·
A
sociedade é produto das interações entre os indivíduos (concebidos como atores
sociais).
· O conceito de sociedade pode mudar, uma vez que sociedade é uma unidade que está limitada a um determinado território ou localidade
-
Para Simmel, uma sociedade toma forma a partir do momento em que os atores
sociais criam relações de interdependência ou estabelecem contatos e interações
sociais de reciprocidade.
·
Para
ele, as fronteiras e limites de uma sociedade são difusos e extremamente
transitórios.
· Neste ponto, é possível identificar alguma aproximação ou concordância de Norbert Elias (1897-1990) com as abordagens sociológicas de Simmel.
-
Concebendo a sociedade como produto das interações individuais, Simmel formula
o conceito de Sociação.
· Simmel desejava designar mais apropriadamente as formas ou modos pelos quais os atores sociais se relacionam.
OBS: As interações
sociais e as relações de interdependência não representam, necessariamente, a
convergência de interesses entre os atores sociais envolvidos (podem significar
conflitos).
OS
BENEFÍCIOS DOS CONFLITOS
-
A microssociologia de Simmel demonstra que as interações sociais podem
prefigurar relações conflitivas, relações de interesse mútuo e relações de
subordinação (ou dominação).
·
Para
Simmel o conflito soa como algo benéfico; pode ser positivo para a sociedade
como um todo.
·
O
conflito sinaliza o desenvolvimento da tomada de consciência individual.
· A partir da conscientização, na maioria das vezes, o conflito pode ser superado, mediante acordos.
A
MODA
- Simmel abordou o fenômeno da moda em seu ensaio
intitulado A Metrópole e a Vida Mental, publicado em1903.
·
Ele examinou a moda como um fenômeno social e
cultural que reflete dinâmicas mais amplas na sociedade.
·
Argumentou que a moda desempenha um papel na busca de individualidade e
na expressão pessoal.
· A moda também envolve a conformidade, já que as pessoas muitas vezes adotam certos padrões de moda para se encaixarem em grupos sociais específicos.
- A moda é uma forma pela qual as classes sociais
se diferenciam umas das outras.
·
Diferentes grupos sociais adotam estilos distintos
de moda para marcar suas identidades e distinguir-se uns dos outros.
·
A moda é caracterizada por mudanças constantes e rápidas, o que cria um
ciclo de obsolescência e renovação.
· Essa constante mudança na moda reflete a busca humana por novidade e originalidade.
- Simmel introduziu o conceito de
"estranhamento" em relação à moda, sugerindo que as mudanças na moda
podem inicialmente parecer estranhas ou estranhas, mas eventualmente são
aceitas e internalizadas pela sociedade.
·
A moda é mais proeminente nas grandes cidades, onde
a diversidade e a interação social intensa contribuem para a rápida
disseminação de novas tendências.
O
DINHEIRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
-
O ensaio intitulado "A filosofia do dinheiro" ("Philosophie des
Geldes") foi publicado no ano de 1900 e é considerado um estudo
representativo da perspectiva sociológica adotada por Simmel.
· Simmel procurou compreender quais as consequências da invenção, introdução e difusão social desse meio simbólico de troca.
-
Para Simmel, o dinheiro alterou enormemente as relações sociais, provocando
efeitos que convergiram para a individualização (ou individualismo).
· Embora não tenha sido inventado na modernidade, o dinheiro acelerou o fim das relações tradicionais ou pré-modernas, implementando o modo de produção capitalista.
-
A difusão do dinheiro provocou uma série de conflitos na ordem social baseada
nos costumes e nas relações pessoais.
·
Para
Simmel, o dinheiro era reflexo da transformação das interações sociais tradicionais
que estavam se dissipando.
RACIONALIDADE
E IMPESSOALIDADE
-
O dinheiro carrega o simbolismo do impessoal, do racional e do individual.
·
O
dinheiro encarna à modernidade que surgiu no mundo ocidental capitalista.
·
O
dinheiro desfez determinados tipos de dependência que se caracterizavam pela
pessoalidade.
· O dinheiro criou relações que se caracterizam pela impessoalidade.
OBS: A relação de tipo monetária que se tornou predominante na época moderna representa o patamar máximo da individualização humana.
ATITUDE
BLASÉ
Antônio Cicero Correia Lima (1945 -), nasceu no Rio de Janeiro, é compositor, poeta, crítico literário, filósofo e escritor brasileiro.
-
De acordo com Simmel, a essência do comportamento blasé é a indiferença
demonstrada no caso da distinção entre as coisas (atitude de reserva, uma arrogância ou defesa do indivíduo diante dos excessos).
· Para Simmel, o indivíduo blasé é incapaz de reagir a novos estímulos com as energias adequadas.
- Estranhamento (Estranheza), Simmel introduziu esse
conceito para descrever a sensação de distância ou separação que pode surgir em
interações sociais (Ex. a moda).
·
Estranhamentos excessivos podem levar a uma Atitude
Blasé
·
É uma resposta à sobrecarga de estímulos em
ambientes urbanos modernos, descrevendo uma atitude de indiferença e
distanciamento.
O
INDIVÍDUO BLASÉ
-
Uma pessoa blasé pode ter esta atitude porque os seus sentidos foram
enfraquecidos por excessos.
·
Atitude
blasé, também pode ser característica de uma pessoa que permanece alheia ou
distante de um assunto quando na verdade deveria mostrar atenção.
-
Um indivíduo pode revelar uma atitude blasé por tédio, cansaço ou por ser
esnobe.
· É bastante comum uma pessoa com ar blasé ser categorizada como arrogante, porque não mostra interesse pelas coisas ao seu redor e parece não se importar com a opinião e interesses dos outros.
CONCLUSÃO
-
Como é possível perceber, a abordagem de Simmel à microssociologia é
caracterizada por sua ênfase nas relações interpessoais, na subjetividade e na
compreensão das complexidades das interações sociais cotidianas.
·
Sua
influência é evidente em abordagens contemporâneas, como a interacionismo
simbólico, que também se concentra nas interações sociais e nas construções
simbólicas na vida diária.
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