EMPODERAMENTO POR PROCURAÇÃO
(A
banalização da militância)
Por:
Claudio F Ramos, C@cau “:¬)12/07/2024
O
mudo e as sociedades que nele existem vêm mudando a passos largos: novas exigências
(seja polivalente etc.), novos hábitos (alimentação saudável, consumo
consciente etc.), nova postura (práticas esportivas etc.), novos conceitos
(faça e diga a coisa certa etc.), novas possibilidades (você pode ser o que
quiser etc.) ... No entanto, para a execução de algumas ou até mesmo todas
essas possibilidades (algumas utópicas, outras distópicas e sabe lá o que mais)
precisa-se de autênticos seres “humanizados” ou pelo menos seres em avançado
processo de humanização. Dito de outra maneira, pessoas com um mínimo de
discernimento sobre si mesmo e o outro (o estranho); pessoas capazes de compreender
o distinto e o diverso. Na internet, uma verdadeira arena de vale-tudo (modalidade
de luta livre em que são válidos golpes de cunho extremamente brutais), existem
inúmeros copiadores das ações alheia, pessoas que sem reflexão alguma, só reproduzem
palavras, valores e comportamentos (engajados ou não) à revelia da realidade
dos fatos. Acreditam que por cantarem uma música de orientação feminista,
dançarem um reggae etnicamente identitário, lerem um livro (progressista
ou conservador), assistirem um filme libertário ou inclusivo; fazerem parte de
uma legenda/agremiação etc., estão aptas para enfrentar o mundo com todos os seus
prazeres e mazelas sem titubear. Ingenuamente, ignoram que usar o verde e o
amarelo juntos, não transforma ninguém em patriota; dissertar sobre democracia,
não garante liberdade alguma para a diversidade; falar sobre ética, não abre
portas para a honestidade; bradar sobre o amor, não promove a tolerância com o próximo
e que invocar o nome de Deus, não nos torna necessariamente adoradores de coisa
alguma. A maioria dos produtores de conteúdo das redes sociais, vivem em um
mundo à parte; um mudo que nasce e renasce da contradição magnificamente
exemplificada em uma das letras de Renato Russo: “provar para todo mundo que não
é preciso provar nada para ninguém”; o inusitado mundo do faz de conta. Verdadeiros
empoderados por procuração (poder que uma pessoa dá a outra de agir em seu nome), promotores
da famigerada consciência coletiva (“conjunto das crenças e dos
sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade - capaz de coagir
ou constranger os indivíduos a se comportarem de acordo com as regras de
conduta prevalecentes”); ao invés de promoverem a liberdade, o que eles de fato
promovem é um verdadeiro espetáculo de pantomima, acompanhado de um inaceitável
desserviço a identidade e a autonomia das pessoas que os seguem e que,
infelizmente, neles acreditam. C@cau “:¬)
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