REVISÃO DE VESPERA - ENEM 25
FILOSOFIA/SOCIOLOGIA
Organizado por: Claudio Ramos, C@cau ":¬)30/10/2025
Gabarito: 1 B, 2 B, 3 C, 4 C, 5 D, 6 C, 7 C, 8 D.
1. Leia o trecho a seguir:
"A divisão do trabalho, ao se acentuar, não provoca apenas uma
especialização das tarefas, mas a diferenciação dos indivíduos e a formação de
grupos sociais cada vez mais heterogêneos. [...] Para Durkheim, essa
especialização e diferenciação criavam novos tipos de laços sociais, gerando
uma nova forma de solidariedade."
A partir da leitura, a solidariedade descrita por
Émile Durkheim, que caracteriza a coesão social em sociedades complexas, é a
A) mecânica, baseada na igualdade e na consciência coletiva forte.
B) orgânica, fundamentada na interdependência e na diferença entre os
indivíduos.
C) tradicional, resultado da tradição e de laços familiares.
D) afetiva, originada das relações emocionais e irracionais.
E) de classe, gerada pela luta entre burguesia e proletariado.
Comentário: A solidariedade orgânica, segundo Durkheim, é o tipo de coesão social que predomina nas sociedades modernas e complexas, com alta divisão do trabalho. Nela, a interdependência entre os indivíduos, que se especializam em diferentes funções, gera a coesão social, como em um organismo vivo, onde cada órgão tem uma função específica para o bom funcionamento do todo. Já a solidariedade mecânica é típica de sociedades pré-modernas, onde a coesão se dá pela semelhança entre os indivíduos (consciência coletiva forte).
Tema: Estratificação social
2. Para Karl Marx, a sociedade capitalista é estratificada principalmente em duas classes sociais antagônicas, cujas posições são definidas pela posse ou não dos meios de produção. Essa relação de desigualdade gera um conflito inerente ao sistema.
De acordo com o pensamento marxista, as duas
classes sociais antagônicas são:
A) Clérigos e nobres.
B) Burguesia e proletariado.
C) Nobres e servos.
D) Classe alta e classe baixa.
E) Senhores e escravos.
Comentário: Marx divide a sociedade capitalista em duas classes principais: a burguesia, que detém os meios de produção (fábricas, terras, etc.), e o proletariado, que detém apenas sua força de trabalho e a vende em troca de salário. O conflito entre essas duas classes, a chamada luta de classes, é o motor da história para o sociólogo.
Tema: Indústria cultural
3. Na perspectiva da Escola de Frankfurt, o termo "indústria cultural" é utilizado para descrever um fenômeno no qual a cultura é produzida e distribuída em massa, como uma mercadoria. Esse processo visa padronizar o gosto e os comportamentos dos indivíduos, inibindo a capacidade de pensamento crítico.
Considerando o conceito de indústria cultural, qual
das seguintes ações exemplifica sua lógica?
A) A valorização da cultura popular e tradicional.
B) A produção de filmes de arte independentes e de baixo orçamento.
C) A criação de músicas e filmes com fórmulas repetitivas e previsíveis.
D) O apoio a manifestações artísticas que promovem a diversidade e a crítica
social.
E) A difusão de conteúdos culturais que questionam o consumismo.
Comentário: A indústria cultural, segundo Adorno e Horkheimer, produz bens culturais em série e de forma padronizada, com o objetivo de gerar lucro e manter o controle social. A criação de filmes e músicas com fórmulas repetitivas e previsíveis serve para garantir o sucesso comercial, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade crítica do público, acostumando-o a consumir produtos culturais sem questioná-los.
Tema: Cidadania
4. O sociólogo T. H. Marshall, em sua
obra Cidadania, classe social e status, analisa a cidadania como um
conjunto de direitos que se desenvolveu historicamente em três dimensões
inter-relacionadas: civil, política e social.
De acordo com a teoria de Marshall, um exemplo de
direito social é:
A) O direito à liberdade de expressão e de ir e vir.
B) O direito ao voto e de ser votado.
C) O direito à educação e à saúde pública.
D) O direito à propriedade privada.
E) O direito a um julgamento justo.
Comentário: Segundo Marshall, os direitos sociais são aqueles que garantem um mínimo de bem-estar e segurança econômica a todos os cidadãos, como a saúde, a educação e a aposentadoria. Eles se desenvolveram após os direitos civis (século XVIII) e políticos (século XIX).
Tema: Movimentos sociais
5. Os movimentos sociais são ações coletivas que visam promover, impedir ou resistir a mudanças sociais em uma sociedade. Eles podem ser classificados de diversas formas, de acordo com seus objetivos, como a luta por direitos, por identidade ou por questões ambientais.
Um exemplo de movimento social que tem como
principal objetivo a luta por direitos civis e o reconhecimento de identidades
específicas é o:
A) Movimento dos trabalhadores rurais sem-terra (MST).
B) Movimento sindical.
C) Movimento estudantil.
D) Movimento feminista.
E) Movimento ambientalista.
Comentário: O movimento feminista é um exemplo clássico de movimento social que luta por direitos civis e pelo reconhecimento de identidades específicas, no caso, a igualdade de gênero. Enquanto outros movimentos citados se concentram em questões de classe (MST e sindical) ou de forma mais ampla (estudantil e ambientalista), o feminismo se dedica especificamente às questões de gênero.
Tema: Ação social (Weber)
6. Para Max Weber, a Sociologia deve ser uma ciência compreensiva, capaz de entender o sentido da ação social individual para, a partir daí, interpretar os fenômenos sociais. Ele categoriza a ação social em quatro tipos ideais: racional com relação a fins, racional com relação a valores, afetiva e tradicional.
O ato de um estudante se dedicar intensamente aos
estudos, visando obter uma boa nota no Enem para ingressar em uma universidade,
é um exemplo de ação social do tipo:
A) Afetiva.
B) Tradicional.
C) Racional com relação a fins.
D) Racional com relação a valores.
E) Irracional.
Comentário: A ação social racional com relação a fins é aquela em que o indivíduo age de forma calculada e estratégica para alcançar um objetivo específico. O estudante que estuda para passar no Enem, por exemplo, utiliza os estudos como meio para atingir o fim (aprovação na universidade).
Tema: Cultura e ideologia
7. A relação entre cultura e ideologia tem sido objeto de reflexão de diversos sociólogos. Uma das principais abordagens, de matriz marxista, considera que a cultura, como um conjunto de ideias e valores, pode ser utilizada como instrumento de dominação pela classe dominante, para manter a ordem social e esconder as contradições do sistema capitalista.
Nesse sentido, a cultura seria um reflexo da
A) diversidade de saberes e práticas.
B) capacidade de crítica da sociedade.
C) ideologia dominante da época.
D) autonomia criativa dos indivíduos.
E) tradição e dos costumes.
Comentário: Para a perspectiva marxista, a ideologia dominante, que representa os interesses da classe no poder, se manifesta na cultura, fazendo com que certas ideias sejam naturalizadas e vistas como "normais", enquanto as desigualdades sociais são mascaradas.
Tema: Desigualdade e exclusão social
8. Pierre Bourdieu, sociólogo francês, desenvolveu o conceito de capital cultural, que se refere ao conjunto de conhecimentos, habilidades e disposições que um indivíduo acumula ao longo de sua vida. Esse capital é transmitido, principalmente, no ambiente familiar e influencia o desempenho escolar e as oportunidades futuras.
A partir do conceito de capital cultural de
Bourdieu, a desigualdade social é explicada, entre outros fatores, pela
A) falta de esforço individual.
B) divisão do trabalho nas sociedades modernas.
C) diferença na posse dos meios de produção.
D) herança de saberes e vivências de famílias e classes sociais.
E) ausência de direitos civis.
Comentário: Bourdieu destaca que
a desigualdade social não se limita à dimensão econômica (capital econômico),
mas também se manifesta no capital cultural, transmitido de geração para
geração, o que explica por que indivíduos de famílias de classes mais altas tendem
a ter mais sucesso escolar e profissional.
Gabarito: 1 E, 2 D, 3 D, 4 D, 5 C, 6 A, 7 C, 8 D.
Tema: Filosofia Antiga - Platão
1. TEXTO I
"A filosofia de Platão, por exemplo, é inseparável do mito da caverna. De
modo geral, todas as teorias sobre a sociedade, o conhecimento e a política,
que marcaram o Ocidente, são derivadas, em boa parte, do legado
platônico.".
TEXTO II
"Na Alegoria da Caverna, Platão descreve prisioneiros que, acorrentados
desde a infância, veem apenas sombras projetadas na parede, as quais tomam por
realidade. A libertação de um deles e a sua ascensão ao mundo exterior,
iluminado pelo sol, representam a passagem do mundo sensível para o mundo das
ideias."
Com base nos textos, a alegoria da caverna
platônica tem como objetivo principal
A) demonstrar a superioridade do conhecimento empírico.
B) descrever a realidade material dos prisioneiros.
C) defender a importância da experiência sensorial para o conhecimento.
D) criticar a sociedade ateniense e a política da época.
E) ilustrar a teoria do conhecimento de Platão, distinguindo o mundo das ideias
do mundo sensível.
Comentário: A Alegoria da Caverna é a principal forma utilizada por Platão para exemplificar sua teoria das Ideias, que distingue o mundo sensível (as sombras da caverna), que é ilusório, do mundo inteligível ou das ideias (a realidade externa, iluminada pelo sol), que é a verdadeira realidade. A saída da caverna representa o processo de conhecimento filosófico que conduz à verdade.
Tema: Filosofia Antiga - Aristóteles
2. Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, defende que a felicidade (eudaimonia) é o bem supremo que o ser humano pode alcançar. Para ele, a felicidade não é um estado de espírito passageiro, mas a finalidade da vida e da ação humana, que só é possível de ser atingida por meio de uma vida virtuosa.
De acordo com a ética aristotélica, a vida virtuosa
e a busca pela felicidade (eudaimonia) dependem do(a):
A) Prazer e satisfação dos desejos.
B) Acúmulo de riquezas e bens materiais.
C) Cumprimento de ordens divinas e religiosas.
D) Exercício da razão e do justo meio em todas as ações.
E) Busca incessante por poder e glória.
Comentário: Para Aristóteles, a virtude é o meio-termo entre dois extremos viciosos (um por excesso e outro por falta). A virtude é alcançada por meio do exercício da razão, que guia a conduta humana em direção à moderação e à excelência moral. Ao agir virtuosamente, o indivíduo alcança a felicidade (eudaimonia), que é a finalidade última da vida.
Tema: Filosofia Moderna - Racionalismo (Descartes)
3. "Penso, logo existo."
A célebre frase de René Descartes sintetiza a sua filosofia
racionalista. Por meio da dúvida metódica, ele buscava encontrar uma verdade
indubitável, uma certeza que pudesse servir de fundamento para todo o
conhecimento.
A partir da frase e da filosofia de Descartes,
pode-se afirmar que o ponto de partida do seu pensamento é a
A) autoridade da Igreja.
B) experiência sensorial.
C) existência do mundo externo.
D) razão como fonte de certeza.
E) tradição filosófica.
Comentário: O racionalismo de Descartes postula que a razão é a fonte primária e mais segura do conhecimento. A partir da dúvida metódica, ele chega à conclusão de que a única coisa que não pode ser duvidada é o ato de duvidar, ou seja, o próprio pensamento. A partir dessa certeza ("Penso, logo existo"), ele reconstrói todo o conhecimento, demonstrando que a razão é o fundamento da verdade.
Tema: Filosofia Moderna - Empirismo (Locke)
4. O filósofo inglês John Locke, em sua teoria do conhecimento, defende que a mente humana é, ao nascer, uma tabula rasa, ou seja, uma tábua em branco, desprovida de ideias inatas. Todas as ideias que o ser humano possui são adquiridas por meio da experiência sensorial.
A partir da perspectiva empirista de Locke, o
conhecimento é construído a partir da
A) razão inata.
B) tradição cultural.
C) fé religiosa.
D) experiência.
E) intuição.
Comentário: O empirismo de John Locke e de outros filósofos como David Hume defende que todo o conhecimento humano deriva da experiência, seja ela externa (sensação) ou interna (reflexão). Ao contrário do racionalismo, que acredita em ideias inatas, o empirismo sustenta que a mente humana é moldada pela experiência.
Tema: Ética e Filosofia Política
5. TEXTO I
O filósofo político Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, rompe
com a tradição ética na política, ao argumentar que a ação política deve se
basear na necessidade e na eficácia, e não em princípios morais absolutos.
TEXTO II
O pensamento de Maquiavel sugere que o príncipe deve ser "leão
para espantar os lobos e raposa para fugir das armadilhas", ou seja, deve
ser capaz de usar a força e a astúcia para manter o poder e a ordem do Estado.
A partir dos textos, a ética maquiaveliana se
diferencia da ética tradicional por
A) defender que o poder deve ser exercido com base na moralidade.
B) subordinar a política à moral e à religião.
C) priorizar a ação política eficaz, mesmo que imoral.
D) negar a existência de conflitos no exercício do poder.
E) propor a divisão do poder entre diversos grupos sociais.
Comentário: A filosofia política de Maquiavel é conhecida pelo realismo, que defende que o príncipe deve se preocupar com a eficácia de suas ações para manter o poder, mesmo que para isso precise agir de forma imoral ou cruel. Essa visão rompe com a tradição ética que buscava conciliar a política com a moralidade.
Tema: Filosofia Política - Contratualismo (Hobbes)
6. "A condição natural do homem é a guerra de todos contra todos. Nesse estado, a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. Para escapar desse estado, os homens firmam um pacto social, abdicando de sua liberdade natural em prol de um soberano, que lhes garante a paz e a segurança."
O texto se refere à teoria contratualista de Thomas
Hobbes. Nessa perspectiva, o Estado surge como uma solução para o(a)
A) excesso de liberdade e a anarquia na vida em sociedade.
B) busca por riquezas e bens materiais.
C) falta de direitos e a submissão dos mais fracos.
D) desinteresse dos indivíduos pela vida em sociedade.
E) necessidade de punir os criminosos.
Comentário: Segundo Hobbes, no estado de natureza, os homens são livres para fazerem o que quiserem, o que gera um constante estado de guerra e insegurança. Para escapar dessa situação, eles abdicam de sua liberdade em favor de um soberano, que tem o poder de garantir a paz e a ordem.
Tema: Filosofia Contemporânea - Existencialismo
7. Jean-Paul Sartre, expoente do existencialismo, defendia a tese de que a "existência precede a essência". Para ele, o ser humano é livre e responsável por suas escolhas, não possuindo uma natureza predeterminada.
A partir da perspectiva sartreana, o ser humano é
A) determinado por sua natureza e essência.
B) condicionado pela sociedade e cultura.
C) livre para criar sua própria essência.
D) submisso ao destino e à fatalidade.
E) produto de suas condições biológicas.
Comentário: A frase "a existência precede a essência" significa que o ser humano não nasce com uma essência predeterminada, mas a constrói ao longo de sua vida, por meio de suas escolhas e ações. O ser humano é livre e, por isso, responsável por se tornar o que é.
Tema: Teoria do Conhecimento - Senso Comum e
Ciência
8. O senso comum é um conhecimento espontâneo e fragmentado, baseado na experiência cotidiana, na tradição e no costume. A ciência, por sua vez, busca um conhecimento sistemático, metódico e crítico, que questiona e investiga a realidade de forma rigorosa.
A principal diferença entre o senso comum e o
conhecimento científico reside no
A) objeto de estudo.
B) nível de complexidade.
C) uso de conceitos e termos técnicos.
D) caráter sistemático e crítico da investigação.
E) volume de informações disponíveis.
Comentário: A principal distinção
entre o senso comum e o conhecimento científico está na metodologia. O senso
comum é assistemático e acrítico, enquanto o conhecimento científico é
rigorosamente metódico e crítico, submetendo suas hipóteses a testes e verificações
constantes. A ciência não se contenta com a mera observação dos fatos, mas
busca explicá-los e compreendê-los de forma aprofundada.

 
 
 
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