quinta-feira, 30 de outubro de 2025

REVISÃO ENEM 2025

 REVISÃO DE VESPERA - ENEM 25

FILOSOFIA/SOCIOLOGIA

Organizado por: Claudio Ramos, C@cau ":¬)30/10/2025

Gabarito: 1 B, 2 B, 3 C, 4 C, 5 D, 6 C, 7 C, 8 D.

 Tema: Os clássicos da Sociologia

1. Leia o trecho a seguir:
"A divisão do trabalho, ao se acentuar, não provoca apenas uma especialização das tarefas, mas a diferenciação dos indivíduos e a formação de grupos sociais cada vez mais heterogêneos. [...] Para Durkheim, essa especialização e diferenciação criavam novos tipos de laços sociais, gerando uma nova forma de solidariedade."

A partir da leitura, a solidariedade descrita por Émile Durkheim, que caracteriza a coesão social em sociedades complexas, é a
A) mecânica, baseada na igualdade e na consciência coletiva forte.
B) orgânica, fundamentada na interdependência e na diferença entre os indivíduos.
C) tradicional, resultado da tradição e de laços familiares.
D) afetiva, originada das relações emocionais e irracionais.
E) de classe, gerada pela luta entre burguesia e proletariado.

Comentário: A solidariedade orgânica, segundo Durkheim, é o tipo de coesão social que predomina nas sociedades modernas e complexas, com alta divisão do trabalho. Nela, a interdependência entre os indivíduos, que se especializam em diferentes funções, gera a coesão social, como em um organismo vivo, onde cada órgão tem uma função específica para o bom funcionamento do todo. Já a solidariedade mecânica é típica de sociedades pré-modernas, onde a coesão se dá pela semelhança entre os indivíduos (consciência coletiva forte).

Tema: Estratificação social

2. Para Karl Marx, a sociedade capitalista é estratificada principalmente em duas classes sociais antagônicas, cujas posições são definidas pela posse ou não dos meios de produção. Essa relação de desigualdade gera um conflito inerente ao sistema.

De acordo com o pensamento marxista, as duas classes sociais antagônicas são:
A) Clérigos e nobres.
B) Burguesia e proletariado.
C) Nobres e servos.
D) Classe alta e classe baixa.
E) Senhores e escravos.

Comentário: Marx divide a sociedade capitalista em duas classes principais: a burguesia, que detém os meios de produção (fábricas, terras, etc.), e o proletariado, que detém apenas sua força de trabalho e a vende em troca de salário. O conflito entre essas duas classes, a chamada luta de classes, é o motor da história para o sociólogo.

Tema: Indústria cultural

3. Na perspectiva da Escola de Frankfurt, o termo "indústria cultural" é utilizado para descrever um fenômeno no qual a cultura é produzida e distribuída em massa, como uma mercadoria. Esse processo visa padronizar o gosto e os comportamentos dos indivíduos, inibindo a capacidade de pensamento crítico.

Considerando o conceito de indústria cultural, qual das seguintes ações exemplifica sua lógica?
A) A valorização da cultura popular e tradicional.
B) A produção de filmes de arte independentes e de baixo orçamento.
C) A criação de músicas e filmes com fórmulas repetitivas e previsíveis.
D) O apoio a manifestações artísticas que promovem a diversidade e a crítica social.
E) A difusão de conteúdos culturais que questionam o consumismo.

Comentário: A indústria cultural, segundo Adorno e Horkheimer, produz bens culturais em série e de forma padronizada, com o objetivo de gerar lucro e manter o controle social. A criação de filmes e músicas com fórmulas repetitivas e previsíveis serve para garantir o sucesso comercial, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade crítica do público, acostumando-o a consumir produtos culturais sem questioná-los.

Tema: Cidadania

4. O sociólogo T. H. Marshall, em sua obra Cidadania, classe social e status, analisa a cidadania como um conjunto de direitos que se desenvolveu historicamente em três dimensões inter-relacionadas: civil, política e social.

De acordo com a teoria de Marshall, um exemplo de direito social é:
A) O direito à liberdade de expressão e de ir e vir.
B) O direito ao voto e de ser votado.
C) O direito à educação e à saúde pública.
D) O direito à propriedade privada.
E) O direito a um julgamento justo.

Comentário: Segundo Marshall, os direitos sociais são aqueles que garantem um mínimo de bem-estar e segurança econômica a todos os cidadãos, como a saúde, a educação e a aposentadoria. Eles se desenvolveram após os direitos civis (século XVIII) e políticos (século XIX).

Tema: Movimentos sociais

5. Os movimentos sociais são ações coletivas que visam promover, impedir ou resistir a mudanças sociais em uma sociedade. Eles podem ser classificados de diversas formas, de acordo com seus objetivos, como a luta por direitos, por identidade ou por questões ambientais.

Um exemplo de movimento social que tem como principal objetivo a luta por direitos civis e o reconhecimento de identidades específicas é o:
A) Movimento dos trabalhadores rurais sem-terra (MST).
B) Movimento sindical.
C) Movimento estudantil.
D) Movimento feminista.
E) Movimento ambientalista.

Comentário: O movimento feminista é um exemplo clássico de movimento social que luta por direitos civis e pelo reconhecimento de identidades específicas, no caso, a igualdade de gênero. Enquanto outros movimentos citados se concentram em questões de classe (MST e sindical) ou de forma mais ampla (estudantil e ambientalista), o feminismo se dedica especificamente às questões de gênero.

Tema: Ação social (Weber)

6. Para Max Weber, a Sociologia deve ser uma ciência compreensiva, capaz de entender o sentido da ação social individual para, a partir daí, interpretar os fenômenos sociais. Ele categoriza a ação social em quatro tipos ideais: racional com relação a fins, racional com relação a valores, afetiva e tradicional.

O ato de um estudante se dedicar intensamente aos estudos, visando obter uma boa nota no Enem para ingressar em uma universidade, é um exemplo de ação social do tipo:
A) Afetiva.
B) Tradicional.
C) Racional com relação a fins.
D) Racional com relação a valores.
E) Irracional.

Comentário: A ação social racional com relação a fins é aquela em que o indivíduo age de forma calculada e estratégica para alcançar um objetivo específico. O estudante que estuda para passar no Enem, por exemplo, utiliza os estudos como meio para atingir o fim (aprovação na universidade).

Tema: Cultura e ideologia

7. A relação entre cultura e ideologia tem sido objeto de reflexão de diversos sociólogos. Uma das principais abordagens, de matriz marxista, considera que a cultura, como um conjunto de ideias e valores, pode ser utilizada como instrumento de dominação pela classe dominante, para manter a ordem social e esconder as contradições do sistema capitalista.

Nesse sentido, a cultura seria um reflexo da
A) diversidade de saberes e práticas.
B) capacidade de crítica da sociedade.
C) ideologia dominante da época.
D) autonomia criativa dos indivíduos.
E) tradição e dos costumes.

Comentário: Para a perspectiva marxista, a ideologia dominante, que representa os interesses da classe no poder, se manifesta na cultura, fazendo com que certas ideias sejam naturalizadas e vistas como "normais", enquanto as desigualdades sociais são mascaradas.

Tema: Desigualdade e exclusão social

8. Pierre Bourdieu, sociólogo francês, desenvolveu o conceito de capital cultural, que se refere ao conjunto de conhecimentos, habilidades e disposições que um indivíduo acumula ao longo de sua vida. Esse capital é transmitido, principalmente, no ambiente familiar e influencia o desempenho escolar e as oportunidades futuras.

A partir do conceito de capital cultural de Bourdieu, a desigualdade social é explicada, entre outros fatores, pela
A) falta de esforço individual.
B) divisão do trabalho nas sociedades modernas.
C) diferença na posse dos meios de produção.
D) herança de saberes e vivências de famílias e classes sociais.
E) ausência de direitos civis.

Comentário: Bourdieu destaca que a desigualdade social não se limita à dimensão econômica (capital econômico), mas também se manifesta no capital cultural, transmitido de geração para geração, o que explica por que indivíduos de famílias de classes mais altas tendem a ter mais sucesso escolar e profissional.

Gabarito: 1 E, 2 D, 3 D, 4 D, 5 C, 6 A, 7 C, 8 D.

Tema: Filosofia Antiga - Platão

1. TEXTO I
"A filosofia de Platão, por exemplo, é inseparável do mito da caverna. De modo geral, todas as teorias sobre a sociedade, o conhecimento e a política, que marcaram o Ocidente, são derivadas, em boa parte, do legado platônico.".

TEXTO II
"Na Alegoria da Caverna, Platão descreve prisioneiros que, acorrentados desde a infância, veem apenas sombras projetadas na parede, as quais tomam por realidade. A libertação de um deles e a sua ascensão ao mundo exterior, iluminado pelo sol, representam a passagem do mundo sensível para o mundo das ideias."

Com base nos textos, a alegoria da caverna platônica tem como objetivo principal
A) demonstrar a superioridade do conhecimento empírico.
B) descrever a realidade material dos prisioneiros.
C) defender a importância da experiência sensorial para o conhecimento.
D) criticar a sociedade ateniense e a política da época.
E) ilustrar a teoria do conhecimento de Platão, distinguindo o mundo das ideias do mundo sensível.

Comentário: A Alegoria da Caverna é a principal forma utilizada por Platão para exemplificar sua teoria das Ideias, que distingue o mundo sensível (as sombras da caverna), que é ilusório, do mundo inteligível ou das ideias (a realidade externa, iluminada pelo sol), que é a verdadeira realidade. A saída da caverna representa o processo de conhecimento filosófico que conduz à verdade.

Tema: Filosofia Antiga - Aristóteles

2. Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, defende que a felicidade (eudaimonia) é o bem supremo que o ser humano pode alcançar. Para ele, a felicidade não é um estado de espírito passageiro, mas a finalidade da vida e da ação humana, que só é possível de ser atingida por meio de uma vida virtuosa.

De acordo com a ética aristotélica, a vida virtuosa e a busca pela felicidade (eudaimonia) dependem do(a):
A) Prazer e satisfação dos desejos.
B) Acúmulo de riquezas e bens materiais.
C) Cumprimento de ordens divinas e religiosas.
D) Exercício da razão e do justo meio em todas as ações.
E) Busca incessante por poder e glória.

Comentário: Para Aristóteles, a virtude é o meio-termo entre dois extremos viciosos (um por excesso e outro por falta). A virtude é alcançada por meio do exercício da razão, que guia a conduta humana em direção à moderação e à excelência moral. Ao agir virtuosamente, o indivíduo alcança a felicidade (eudaimonia), que é a finalidade última da vida.

Tema: Filosofia Moderna - Racionalismo (Descartes)

3. "Penso, logo existo."
A célebre frase de René Descartes sintetiza a sua filosofia racionalista. Por meio da dúvida metódica, ele buscava encontrar uma verdade indubitável, uma certeza que pudesse servir de fundamento para todo o conhecimento.

A partir da frase e da filosofia de Descartes, pode-se afirmar que o ponto de partida do seu pensamento é a
A) autoridade da Igreja.
B) experiência sensorial.
C) existência do mundo externo.
D) razão como fonte de certeza.
E) tradição filosófica.

Comentário: O racionalismo de Descartes postula que a razão é a fonte primária e mais segura do conhecimento. A partir da dúvida metódica, ele chega à conclusão de que a única coisa que não pode ser duvidada é o ato de duvidar, ou seja, o próprio pensamento. A partir dessa certeza ("Penso, logo existo"), ele reconstrói todo o conhecimento, demonstrando que a razão é o fundamento da verdade.

Tema: Filosofia Moderna - Empirismo (Locke)

4. O filósofo inglês John Locke, em sua teoria do conhecimento, defende que a mente humana é, ao nascer, uma tabula rasa, ou seja, uma tábua em branco, desprovida de ideias inatas. Todas as ideias que o ser humano possui são adquiridas por meio da experiência sensorial.

A partir da perspectiva empirista de Locke, o conhecimento é construído a partir da
A) razão inata.
B) tradição cultural.
C) fé religiosa.
D) experiência.
E) intuição.

Comentário: O empirismo de John Locke e de outros filósofos como David Hume defende que todo o conhecimento humano deriva da experiência, seja ela externa (sensação) ou interna (reflexão). Ao contrário do racionalismo, que acredita em ideias inatas, o empirismo sustenta que a mente humana é moldada pela experiência.

Tema: Ética e Filosofia Política

5. TEXTO I
O filósofo político Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, rompe com a tradição ética na política, ao argumentar que a ação política deve se basear na necessidade e na eficácia, e não em princípios morais absolutos.

TEXTO II
O pensamento de Maquiavel sugere que o príncipe deve ser "leão para espantar os lobos e raposa para fugir das armadilhas", ou seja, deve ser capaz de usar a força e a astúcia para manter o poder e a ordem do Estado.

A partir dos textos, a ética maquiaveliana se diferencia da ética tradicional por
A) defender que o poder deve ser exercido com base na moralidade.
B) subordinar a política à moral e à religião.
C) priorizar a ação política eficaz, mesmo que imoral.
D) negar a existência de conflitos no exercício do poder.
E) propor a divisão do poder entre diversos grupos sociais.

Comentário: A filosofia política de Maquiavel é conhecida pelo realismo, que defende que o príncipe deve se preocupar com a eficácia de suas ações para manter o poder, mesmo que para isso precise agir de forma imoral ou cruel. Essa visão rompe com a tradição ética que buscava conciliar a política com a moralidade.

Tema: Filosofia Política - Contratualismo (Hobbes)

6. "A condição natural do homem é a guerra de todos contra todos. Nesse estado, a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. Para escapar desse estado, os homens firmam um pacto social, abdicando de sua liberdade natural em prol de um soberano, que lhes garante a paz e a segurança."

O texto se refere à teoria contratualista de Thomas Hobbes. Nessa perspectiva, o Estado surge como uma solução para o(a)
A) excesso de liberdade e a anarquia na vida em sociedade.
B) busca por riquezas e bens materiais.
C) falta de direitos e a submissão dos mais fracos.
D) desinteresse dos indivíduos pela vida em sociedade.
E) necessidade de punir os criminosos.

Comentário: Segundo Hobbes, no estado de natureza, os homens são livres para fazerem o que quiserem, o que gera um constante estado de guerra e insegurança. Para escapar dessa situação, eles abdicam de sua liberdade em favor de um soberano, que tem o poder de garantir a paz e a ordem.

Tema: Filosofia Contemporânea - Existencialismo

7. Jean-Paul Sartre, expoente do existencialismo, defendia a tese de que a "existência precede a essência". Para ele, o ser humano é livre e responsável por suas escolhas, não possuindo uma natureza predeterminada.

A partir da perspectiva sartreana, o ser humano é
A) determinado por sua natureza e essência.
B) condicionado pela sociedade e cultura.
C) livre para criar sua própria essência.
D) submisso ao destino e à fatalidade.
E) produto de suas condições biológicas.

Comentário: A frase "a existência precede a essência" significa que o ser humano não nasce com uma essência predeterminada, mas a constrói ao longo de sua vida, por meio de suas escolhas e ações. O ser humano é livre e, por isso, responsável por se tornar o que é.

Tema: Teoria do Conhecimento - Senso Comum e Ciência

8. O senso comum é um conhecimento espontâneo e fragmentado, baseado na experiência cotidiana, na tradição e no costume. A ciência, por sua vez, busca um conhecimento sistemático, metódico e crítico, que questiona e investiga a realidade de forma rigorosa.

A principal diferença entre o senso comum e o conhecimento científico reside no
A) objeto de estudo.
B) nível de complexidade.
C) uso de conceitos e termos técnicos.
D) caráter sistemático e crítico da investigação.
E) volume de informações disponíveis.

Comentário: A principal distinção entre o senso comum e o conhecimento científico está na metodologia. O senso comum é assistemático e acrítico, enquanto o conhecimento científico é rigorosamente metódico e crítico, submetendo suas hipóteses a testes e verificações constantes. A ciência não se contenta com a mera observação dos fatos, mas busca explicá-los e compreendê-los de forma aprofundada.

 

 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A MÚSICA RUIM E SUAS PECULIARIDADES

 A MÚSICA RUIM E SUAS PECULIARIDADES

Por: Claudio Ramos, C@cau “:¬)09/10/2025

Diante da maioria das músicas atuais, com exceções de poucas, há várias impossibilidades de uma audição concentrada, reflexiva e prazerosa. Elas são músicas feitas “sob encomenda” para as pessoas de espírito mediano; deve ser por isso que muitos só escultam música alta (sem pensamento, sem diálogo, sem imaginação). Os autores dessas músicas se especializaram em catalisar sofrimentos intensos e recorrentes (sofrência/piseiro/pagodes etc.). Elas potencializam o individualismo nas escolhas pessoais, tornando a ação ética uma lenda, um devaneio, um mito (valorizam o egoísmos, a indiferenças e a apatia). Elas fragilizam a dignidade humana com frases como: “você não vale nada mais eu gosto de você”, “sem você eu não sou nada”, “você é tudo na minha vida”, “sem você eu morrerei”, “você vai pagar pelo que fez” etc. (baixa autoestima/ressentimentos/vingança). Além de tudo isso, como se não bastasse, essas mesmas músicas sensualizam o sexo feminino, distorcendo e/ou diminuindo a imagem social da mulher (funk, swingueira etc.), tornando-as objetos descartáveis do desejo masculino (coisificação/reificação/desumanização). Toda essa degradação está relacionada ao fato de que a música se tornou um produto de consumo banal, relativo e imediato (ganhar o máximo de dinheiro em menos tempo possível; os fins sempre justificando os meios). Essas músicas marcam o abandono definitivo do poder crítico do ser humano que, a rigor, deveria ser parte intrínseca de toda produção cultural (o homem melhorando a si mesmo). Quanto mais se ouve essas músicas, menos chance sem tem de pensar, refletir e criar qualquer coisa, verdadeiramente útil e boa para todos! Com certeza não foram esses tipos músicas que, juntamente com a arquitetura, Platão chamou de arte maior C@cau “:¬)

 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

KARL MANNHEIM (1893-1947)

 KARL MANNHEIM (1893-1947)

(Sociologia do Conhecimento)

Por: Claudio Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “:¬)06/10/2025

Quando alguém “tem a coragem de submeter não só o ponto de vista do adversário, mas qualquer ponto de vista, inclusive o seu próprio, à análise ideológica”, justamente nesse momento, passa-se de uma limitada crítica da ideologia à Sociologia do Conhecimento propriamente dita.

 VÍDEO AULA DISPONÍVEL EM:

https://www.youtube.com/watch?v=2wj3z9BjbGU

 SOBRE O AUTOR

- Judeu nascido na Hungria

·         Foi influenciado por György Lukács, Georg Simmel, Friedrich Nietzsche...

·         O marxismo exerceu inicialmente uma forte influência sobre o pensamento do Sociólogo Mannheim.

·         Mannheim abandonou (em parte) o marxismo, por não acreditar que fossem necessários meios revolucionários para atingir uma sociedade melhor.

·         Seu pensamento assemelha-se em certos aspectos aos de Hegel e Comte.

·         Ele acreditava que, no futuro, o homem iria superar o domínio que os processos históricos exercem sobre ele.

·         Foi muito influenciado pelo historicismo alemão e pelo pragmatismo inglês.

·         Weber e Marx são os principais sociólogos com quem Mannheim dialoga para a construção da sua teoria sociológica a partir da obra “Ideologia e Utopia” (1929).

TESES

- Analisar as possíveis relações que há entre o conhecimento produzido e as condições sociais em que foi gerado.

·         O fato de pertencer a uma determinada classe social teria alguma influência sobre os conhecimentos, mesmo aqueles mais aparentemente fundamentados?

·         Que influência exatamente?

·         Em que grau?

INTRODUÇÃO

- Mannheim desenvolveu uma área de conhecimento chamada de Sociologia do conhecimento.

·         Essa disciplina procura estudar os condicionamentos sociais do saber.

- Essa área de conhecimento não é exatamente nova.

·         Sócrates já aconselhava que o autoconhecimento procurasse separar as opiniões pessoais da verdade conceitual de determinado valor.

·         No século XVI, o filósofo inglês Francis Bacon, com a sua teoria dos ídolos, tinha consciência do condicionamento social do pensamento (Pascal, Voltaire, Nietzsche e outros também agiram de maneira semelhante).

MARX E A IDEOLOGIA

(Condicionamento social do pensamento)

- Karl Marx foi quem iniciou, de forma mais sistemática e relativamente autônoma, o estudo dos condicionamentos sociais do saber.

·         Marx escreveu sua famosa frase que sintetizou sua posição segundo a qual “não é a consciência dos homens que determina seu ser, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência” (Ideologia).

- A ideologia é um pensamento subvertido.

·         Não são as ideias que dão sentido à realidade, mas são as condições sociais que determinam as ideias morais, religiosas, filosóficas etc.

 - A ideologia é uma visão distorcida.

·         Supõem-se que ela seja universal; no entanto ela serve aos interesses específicos de uma classe.

·         Tudo para justificar e manter uma relação de domínio na luta de classes.

MARX ERA IDEÓLOGO

- Segundo Mannheim, Marx utilizou de forma unilateral sua importante descoberta (Ideologia).

·         Marx procurou invalidar a concepção burguesa do mundo, dizendo que ela é falsa porque não se baseia na realidade dos fatos, mas apenas no desejo de manter seu domínio.

·         Porém, Marx não utiliza essa mesma crítica para si e seus próprios valores.

- Mannheim afirmou que a mesma crítica à ideologia pode ser feita para a visão de mundo socialista-comunista.

·         O socialismo não reflete, semelhantemente ao capitalismo, um conhecimento objetivo da realidade, mas interesses de uma classe (Proletariado).

“Pode-se mostrar facilmente que aqueles que pensam em termos socialistas e comunistas só identificam o elemento ideológico nas ideias de seus adversários, ao passo que consideram suas próprias ideias livres da deformação ideológica. Como sociólogos, não temos nenhuma razão para deixar de aplicar ao marxismo o que ele próprio descobriu, e para não identificar, caso por caso, seu caráter ideológico. [...]”.

MANNHEIM E O CONDICIONAMENTO SOCIAL

- Mannheim deu um passo a mais quando cria a Sociologia do conhecimento.

·         Para ele, há uma influência da sociedade sobre o pensamento, mas essa influência não é uma determinação, mas algo como um condicionamento, à maneira Behaviorista.

·         Há aspectos do conhecimento que só podem ser compreendidos adequadamente se as origens sociais de onde partiram forem investigadas, e também seus condicionamentos.

OBS: O Behaviorismo é um termo que abrange diversas teorias que têm como principal objeto de estudo o comportamento.

·         Sua linha de pensamento acredita que os comportamentos podem ser medidos, treinados e mudados.

AS CONCEPÇÕES DE IDEOLOGIA

- Concepção Particular da Ideologia:

·         São aqueles casos em que a falsidade de um conhecimento ocorre de modo intencional ou não, consciente ou não, eles permanecem em um plano psicológico, não se enquadrando no caso de simples mentiras.

·         Nesse nível, identifica-se a ideologia em afirmações particulares e específicas, que podem ser deformações ou falsificações, mas que não comprometem a estrutura mental do sujeito que a pronuncia.

- Concepção Total da Ideologia:

·         As ideias não camuflam apenas situações particulares, mas se referem à ideologia de toda uma época ou de um grupo histórico-social.

·         Elas compõem toda uma cosmovisão, incluindo aí seus instrumentos intelectuais.

OBS 1: Quando se diz ao adversário que determinada ideia sua é falsa, pois é somente uma defesa de seu privilégio de classe, desmascara-se a ideologia parcial.

OBS 2: Quando se descobre a correspondência entre toda uma situação social e determinada perspectiva coletiva, está se desmascarando a ideologia total.

IDEOLOGIAS E UTOPIAS

(Visões parciais da realidade)

- A Sociologia do Conhecimento: Ideologia.

·         Mannheim explica que ideologia são as convicções e ideias dos grupos dominantes.

·         Eles escondem o estado real da sociedade para os outros de fora do grupo, mas também para si.

·         A ideologia não é apenas uma crítica de uma classe por outra, mas um fenômeno que acomete a todos os grupos, independentemente da matriz política.

·         A ideologia é um pensamento disseminado em defesa de interesses adquiridos.

- A Sociologia do Conhecimento: Utopia.

·         O pensamento dos grupos utópicos não consegue obter uma visão objetiva da realidade.

·         Eles apenas enxergam na realidade o que criticam nela mesma, de acordo com um viés ideológico.

·         Como não conseguem enxergar o outro lado (além do negativo), o fenômeno observado aparece na análise como fundamentalmente mal.

·         Isso não significa que sua crítica esteja completamente fora da realidade; significa apenas que ela não é completa o bastante, por não considerar a realidade como um todo.

- A Utopia é o pensamento voltado para destruir a ordem vigente.

·         As utopias também são condicionadas socialmente.

- Tipologia de Utopias:

·         O Quiliasmo Orgiástico dos Anabatistas - doutrina segundo a qual os predestinados, depois do julgamento final, ficariam ainda mil anos na Terra, no gozo das maiores delícias, como prêmio por seus esforços em vida.

·         O Ideal Liberal-Humanitário - que guiou o movimento da Revolução Francesa.

·         A Utopia Socialista-Comunista – um mundo de igualdades para todos.

·         O Ideal Conservador – um mundo de valores e princípios invioláveis.

- A IDEOLOGIA é o pensamento da classe dominante (seja ela qual for em determinado momento).

·         Classe que procura se manter com seu domínio sobre a sociedade.

- A UTOPIA é o pensamento da classe que está sendo dominada.

·         Classe dominada que procura destruir a classe dominante.

OBS: Do ponto de vista do Conhecimento Social, ambas as classes estão presas em visões parciais da realidade social.

CONSCIÊNCIA E SÍNTESE

- Problema: como conhecer autenticamente?

·         Se o pensamento é socialmente condicionado, também a Sociologia do Conhecimento o é.

·         O pressuposto da Sociologia do Conhecimento não conduziria para o relativismo?

- Consciência: o indivíduo passar a ser consciente dos condicionamentos do próprio pensamento e de outras concepções de mundo.

·         Pode haver um senso de comparação e de proporção para fugir, ao menos proporcionalmente, da ideologia (uma espécie de “filtro”).

- Síntese: é preciso estar consciente das relações entre as diversas cosmovisões e a existência social – de modo a chegar a uma síntese das várias perspectivas.

·         Tem-se assim uma visão um pouco mais objetiva da realidade.

RELACIONISMO X RELATIVISMO

- Mannheim chamou de Relacionismo, a visão mais objetiva da sociedade, diferenciando-a do Relativismo.

·         Mannheim ensina a adquirir um pouco de senso das proporções, uma vez que afirma que não há nem total condicionamento nem total imparcialidade.

·         Cada caso se difere de outro em sua especificidade, sendo preciso, na verdade, analisá-los conforme surgem.

Na Sociologia do Conhecimento, o Relacionismo de Karl Mannheim se traduziria em uma visão mais objetiva da realidade, em oposição ao relativismo, e se constitui em uma importante ferramenta de análise da realidade social, tornando o indivíduo mais consciente dos condicionamentos de seu próprio pensamento e de outras concepções de mundo: ideológicas, utópicas e autoritárias.

 

 

NIKLAS LUHMANN (1927-1998)

 NIKLAS LUHMANN (1927-1998)

(Teoria dos Sistemas/Sociologia do Direito)

Por: Claudio Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “:¬)06/10/2025

 VÍDEO AULA:

https://www.youtube.com/watch?v=mDzEFhdl4tg

AUTOR

- Luhmann foi um sociólogo alemão apontado como um dos principais autores das teorias sociais do século XX.

·         Deixou uma obra com mais de 14.000 páginas.

·         Durante sua carreira acadêmica abordou estudos sobre a política, as artes, economia, religião e os sistemas comunicacionais.

OBS: Recebeu influência dos seguintes pensadores:

·         Jürgen Habermas, Talcott Parsons, Edmund Husserl, G. Spencer-Brown...

OBRA AVALIADA

- Introdução à Teoria dos Sistemas (1995).

·         O que a sociologia pretende é descrever a sociedade como um sistema que se autodescreve.

·         Para Luhmann, a sociedade só pode ser analisada e compreendida como um sistema, formada por vários subsistemas.

TESE

·         Como produzir um autêntico conhecimento da sociedade?

INTRODUÇÃO

- Como se pode compreender a sociedade, estando dentro dela?

·         Uma vez que o conhecimento produzido está condicionado socialmente, será que esse conhecimento é realmente verdadeiro?

- Luhmann buscou compreender a sociedade como um todo, e não apenas de forma parcial.

·         Para compreender a sociedade é preciso atentar para a interdependência complexa entre as variáveis componentes da sociedade.

·         Uma sociedade é um tipo complexo de sistema.

O QUE É UM SISTEMA?

- Um sistema é um conjunto organizado de componentes interligados e interdependentes.

·         As partes trabalham juntos para alcançar um objetivo comum, funcionando como um todo mais coeso do que a simples soma de suas partes. 

·         O sistema pode ser composto por elementos físicos (como o corpo humano) ou lógicos (como um sistema de software), e a ideia se aplica a diversas áreas, da biologia, antropologia, física, administração, tecnologia etc.

CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA

- O sistema em geral possui duas características:

·         É contingente - Luhmann considera que as leis do universo que existem atualmente poderiam ser outras; ele acredita na contingência do universo.

·         É complexo – Para Luhmann, isso significa que as tentativas de explicar o sistema podem ser múltiplas.

EX: Existe sempre mais de uma explicação possível para o fenômeno dentro de um sistema.

ORDEM E CAOS NO SISTEMA

- Ordem e Caos nos Sistemas: os sistemas em geral possuem ordem e do caos.

·         Para Luhmann, apesar de um aparente caos, há elementos de ordem dentro dos sistemas.

·         Nos sistemas em geral há um princípio organizador.

O PADRÃO NO SISTEMA

- Estruturas do Sistema - Em um sistema, determinadas ações acabam se repetindo.

·        As repetições formam estruturas, que irão se condensar em uma continuidade e, com o tempo, formarão outros sistemas.

OS TIPOS DE SISTEMA

- Os Tipos de Sistemas: Para Luhmann, há três tipos de sistemas:

·         Sistemas Vivos (Natureza) - São aqueles cuja operação básica é manter e frutificar a vida.

·         Sistemas de Personalidade - Têm como operação básica a transformação dos estímulos em pensamento.

·         Sistemas Sociais - Têm como operação básica a comunicação.

OBS - Os sistemas sempre trabalham com uma ação de transformar o que é exterior ao sistema para algo que passe a fazer parte do interior do sistema.

EX1 – Biologia: os sistemas vivos transformam o exterior (Comida) em interior (Energia).

·         Isso faz com que elementos de sistemas diferentes passem a integrar outros sistemas.

EX2 – Sociologia: o indivíduo vê algo e comunica o que vê, transforma o exterior (Coisa Vista/Objetividade) no interior (Linguagem/Subjetividade).

SISTEMAS ABERTO E FECHADO

- Abertos: Não há determinismo.

·         Comem-se vários tipos de alimento (Complexidade, Variabilidade, Mutabilidade).

- Fechados: Há necessidade.

·         É sempre necessário transformar comida em energia (Fechado, Imutável, Rígida, Inflexível)

OBS: O Sistemas Sociais - a sociedade pode transformar um número infindável de fatos em comunicação (Sistema Aberto).

OBS: O Sistema Social – Há uma tendência de comunicação invariável entre as pessoas (Sistema Fechado).

 A DIFICULDADE EM CONHECER O SISTEMA SOCIAL

- Quando se analisa um sistema social com base em um elemento, tem-se uma determinada compreensão desse sistema.

·         Ao se analisar esse mesmo sistema a partir de outro elemento, uma nova compreensão é estabelecida.

- Teoria dos Sistemas indica que há uma diferença entre o sistema estudado e o meio pelo qual esse sistema é estudado na Sociologia.

·         Há uma circularidade: a sociedade procura se explicar, mas, como os meios de comunicação já são sociais, eles podem influenciar essa compreensão.

- Para Luhmann a Sociologia é um subsistema dentro do sistema maior, que é o sistema social.

·         É um subsistema de conhecimento, que procura descrever o restante do sistema, do qual faz parte.

·         A sociedade é um sistema que se autodescreve; ela mesma define sua própria posição e objeto.

·         É observadora daquilo que observa - não há diferença entre o sujeito conhecedor e o objeto conhecido.

·         A Sociologia não consegue se distanciar da sociedade que descreve.

A DIFERENCIAÇÃO COMO SOLUÇÃO

- Para Luhmann, a Sociologia pode se DISTANCIAR de outros sistemas dentro do interior da sociedade.

·         Pode também se DIFERENCIAR do restante da sociedade, conhecendo-a em partes, sem sair totalmente dela.

- Luhmann chama de diferenciação: a capacidade de um subsistema social – a Sociologia – de se afastar dos outros sistemas dentro da sociedade, para poder compreendê-los.

·         Há partes dentro de uma sociedade que têm maior capacidade de análise e reflexão, do que mesmo o todo que torna possível aquela parte que reflete.

·         A própria sociedade produz um sistema que procura, com base em seu interior, compreender, a partir da parte, seu restante.

“METASSOCIEDADE”, É POSSÍVEL?

(Conclusão)

- A comunicação sempre permanece dentro do sistema, visto que é parte dele.

·         Deve-se tentar compreender a comunicação que a sociedade faz de si mesma.

- Quando a própria sociedade se diz capitalista, social-democrática, aberta ou fechada, é ela mesma que diz isso de si própria.

- Ao tentar se compreender, a sociedade se define justamente como aquilo que procura compreender (Metassociedade).

·         A sociedade se explica a si mesma, dentro de um sistema complexo.

- Luhmann mostra que, uma vez que não há como sair da sociedade para analisá-la, resta, enquanto parte da sociedade, prestar atenção em como o indivíduo se define dentro dela.

REVISÃO ENEM 2025

  REVISÃO DE VESPERA - ENEM 25 FILOSOFIA/SOCIOLOGIA Organizado por: Claudio Ramos, C@cau ":¬)30/10/2025 Gabarito: 1 B, 2 B, 3 C, 4 ...