domingo, 20 de agosto de 2017

AURÉLIO AGOSTINHO (354-430)

(FÉ E RAZÃO)
Por: Claudio Fernando Ramos, a partir da net.
Cacau “:¬) 21/04/2020

“Compreender para crer, crer para compreender.”
(Aurélio Agostinho)


I - PATRÍSTICA: FRASES
 - “Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Espírito Santo”. 
·         (Santo Ambrósio)

- “Quem não se ilumina com o esplendor de todas as coisas criadas, é cego. Quem não desperta com tantos clamores, é surdo. Quem, com todas essas coisas, não se põe a louvar a Deus, é mudo. Quem, a partir de indícios tão evidentes, não volta a mente para o primeiro princípio, é tolo”.
·         (São Boaventura)

- “Creio tudo o que entendo, mas nem tudo o que creio entendo. Todo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”.
·         (Aurélio Agostinho)
  

II - PATRÍSTICA: O QUE FOI?

- A Patrística (Conceitual): trata-se do nome dado a filosofia cristã, ou seja, por meio da premissa de que Deus existe os Filósofos “provavam” os motivos Fé e de todas as coisas.
·         A Patrística - recebeu esse nome por abrigar os primeiros padres, "pais", da Igreja Católica.
·         A Patrística (Filosofia Cristã) - em seu início, serviu ao pensamento cristão por meio das Apologias do cristianismo, pois o pensamento cristão, ainda no século III d.C., não era bem difundido na Europa.

- A Patrística (Ativista) – utilizou a filosofia para defender a religião cristã dos ataques dos seus adversários Pagãos e Gnósticos (Gnosticismo).
·         Gnosticismo - ecletismo filosófico e religioso que gerou a heresia gnóstica (redução da criação e redenção cristãs a fenômenos naturais).

- A Patrística (Dogmática) - utilizou a Filosofia para prestar ajuda na justificação dos seus Dogmas (Dogmas = pontos fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa).

 - A Patrística (Teológica) - não nos legou nenhum Sistema Filosófico Cristão (mas sim um Sistema Teológico Cristão); a maioria das questões de que tratou derivou de polêmicas doutrinárias e de tentativas de sua resolução.
·         Até Santo Agostinho - a Patrística foi Ocasional e Fragmentária.

III - PATRÍSTICA: QUANDO FOI? 

- A Filosofia Patrística - foi desenvolvida no início do período de transição da Antiguidade para o Medievo.
·         A Patrística - inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII.
·         A Patrística - é um período distinto da Filosofia, que não se encontra nem na Filosofia Antiga, como também não se encontra na Filosofia Medieval.
·         Patrística e Escolásticas – alguns historiadores classificam a Filosofia Patrística como parte da Filosofia Medieval, junto à Filosofia Escolástica, pois os temas e o modo de operar dos pensadores patrísticos e escolásticos aproximavam-se totalmente da Teologia Cristã e do Conhecimento Filosófico.

IV - PATRÍSTICA: COM QUEM FOI?

- Dentre os principais representantes da Patrística, pode-se citar:
·         Justino de Roma (Conciliar Fé e Razão) 100-165 - Flávio Justino, também conhecido como Justino Mártir ou Justino de Nablus, foi um teólogo romano do século II. A visão apologista defendida por Justino prevaleceu, inclusive no período filosófico posterior (Escolástica). 
·         Porfírio de Tiro (Libano) 233-305 - um filósofo neoplatônico conhecido por sua biografia de Plotino e seu papel na edição da obra Eneadas. Ajudou a popularizar e difundir o Neoplatonismo em todo Império Romano.
·         Agostinho de Hipona 354-450 - conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Ele era o bispo de Hipona, uma cidade na província romana da África.
·         Boécio 480-séc. V - Anício Mânlio Torquato Severino Boécio, conhecido como Severino Boécio ou simplesmente Boécio, foi um filósofo (comentarista e tradutor de Aristóteles), poeta, estadista e teólogo romano, cujas obras tiveram uma profunda influência na filosofia cristã do Medievo. Inclui-se entre os fundadores da Escolástica.

V- PATRÍSTICA: TENDÊNCIAS

- Encontramos - nessa época (Patrística), duas tendências opostas:
·         Os padres da Igreja Oriental (Grega) - pretenderam harmonizar a Filosofia Grega com a Religião Cristã (Fé e Razão).
·         Os padres da Igreja Ocidental (Latina) - combateram a cultura pagã e a separação entre Filosofia e Religião (Fé e Razão).

VI - PATRÍSTICA: CARACTERÍSTICAS 

- A Patrística - desenvolveu os primeiros passos da doutrina cristã.
·         O primeiro movimento da Patrística - era composto pelos primeiros professadores da fé cristã e pelos Padres Apologistas, que tinham a missão de fazer uma “defesa” do pensamento cristão.
·         Apologistas do Sim - escolheram o caminho de união da Filosofia grega pagã com o cristianismo (Justino).
·         Apologistas do Não - defenderam a total exclusão e repressão da Filosofia pagã grega (Tertuliano). 
·         Conflito entre Razão e Fé – às vezes se acirrou de maneira a gerar uma visão binária, em que somente era possível Crer ou Pensar Racionalmente.
·         Influência Platônica - Platão foi o pensador grego amplamente estudado, traduzido e difundido entre os Apologistas que recorriam à Filosofia grega.

VII - PATRÍSTICA: MATRIZ FILOSÓFICA

- O Pensamento Platônico - difundido para os patrísticos adveio do chamado Neoplatonismo.
·         Neoplatonismo – é a corrente filosófica que estudou, classificou e formulou teorias filosóficas próprias a partir dos escritos deixados por Platão.
·         Os principais expoentes do neoplatonismo são:
A)    Plotino (século III d.C.).
B)    Porfírio (discípulo de Plotino, que reformulou partes do pensamento neoplatonista e introduziu novas questões, como a questão dos universais, baseadas na Filosofia aristotélica).

·         Por que Platão? - tomou certo destaque em relação ao aristotelismo durante a Patrística, principalmente por conta da maior proximidade das obras de Platão com o pensamento cristão.
·         Aristóteles quando? - o aristotelismo somente ganhou força dentro da Filosofia Medieval com início no pensamento de Tomás de Aquino, já no período Escolástico.

VIII - PATRÍSTICA: IMPORTÂNCIA

- A importância do período patrístico - reside, principalmente, no fato de que ela produziu grande parte do pensamento que daria origem a todo um Sistema Teológico Cristão:
·         Teceu uma análise criteriosa das bases do pensamento cristão.
·         Fundamentou dogmas cristãos.
·         Estruturou concepções teológicas cristãs.
·         Foi no período patrístico que surgiu a maior parte doutrinária do pensamento cristão.

- Católicos Apostólicos Romanos - Os padres que foram "pais" da Igreja católica tiveram a missão de formular o princípio de todo o pensamento cristão que daria origem ao que conhecemos hoje como Igreja Católica Apostólica Romana.

IX - PATRÍSTICA: OBRAS

- A Patrística (junto com a Escolástica) - produziu diversos livros importantes para a compreensão do pensamento religioso cristão ocidental e para a formulação de um pensamento racional medieval.
·         Enéadas - escritos por Plotino, Enéadas totaliza 54 tratados diferentes sobre diversos assuntos que vão de ética e convívio em sociedade a problemas de ordem psicológica individuais, apresentando uma visão cristã sustentada pela Filosofia Platônica.
·         Isagoge - o clássico de Porfírio retoma a Filosofia Grega de origem aristotélica para reintroduzir aspectos do método de procedência de Aristóteles, formando comentários sobre a Filosofia Grega. O principal elemento trazido por Porfírio por meio de Isagoge é a chamada “Questão dos Universais” (ver: Escolástica).
·         Confissões - obra que mescla Literatura e elementos filosóficosConfissões apresenta a biografia de Agostinho, contando seus momentos em que ele encontrava-se, como ele mesmo diz, "perdido", antes da conversão, até os momentos que viveu, segundo ele mesmo, momentos de glória, após a conversão ao cristianismo.
·         Cidade de Deus - obra que trata das heresias, do Reino de Deus e do comportamento esperado de um cristão para chegar à plenitude da vida, no sentido cristão.

X - PATRISTICA: O MAIOR FILÓSOFO

- Aurélio Agostinho - que se tornou Bispo de Hipona e foi, mais tarde, canonizado pela Igreja Católica, foi um padre patrístico, considerado como o maior difusor do pensamento patrístico e o maior polemista da Filosofia Patrística.
·         Sem Cristo - a história de Agostinho é complexa, pois até os 32 anos de idade, o filósofo era resistente ao pensamento cristão.
·         Em Busca de um Sentido - Agostinho buscou diversas correntes teóricas e escolas filosóficas na tentativa de encontrar um sentido para a sua vida.
·         Maniqueísta – Agostinho teve contato com o Pitagorismo, com o Maniqueísmo e com parte da Filosofia Helênica.
·         Santa Mônica - Sua mãe esforçou-se para a criação cristã do filho, que na juventude não se interessou pelo Evangelho, pois “as escrituras sagradas pareciam-lhe vulgares e indignas de um homem culto”.
·         Conversão - aliada à erudita educação fornecida graças aos esforços do pai, Agostinho converteu-se, ordenou-se e passou a estudar a Teologia baseada na Filosofia e a combater as heresias.

AURÉLIO AGOSTINHO 354-430

I - MANIQUEÍSMO

- Denomina-se Maniqueísmo - a doutrina religiosa pregada por Maniqueu (também chamado Mani ou Manes) na Pérsia, no século III da era cristã.
·         Dualismo Existencial - a principal característica do Maniqueísmo é a concepção dualista do mundo como fusão de Espírito (Bem) e Matéria (Mal).
·         Concepção Dualista no âmbito Moral - simbolizada pela luta entre:
A)    O Bem e o Mal.
B)    A Luz e as Trevas.
C)    A Alma e o Corpo.

II - PECADO ORIGINAL

- O Pecado Original (Afastamento de Deus) – peca-se por que se é pecador ou se é pecador por que se peca?

III - CETICISMO MODERADO

 - Influência do Ceticismo – permanente desconfiança nos dados dos sentidos:
·         Mutáveis; Fluentes e Transitórios.

IV - DUALISMO PSICO-FÍSICO

 - Alma, Superior ao Corpo – a alma, proveniente de Deus, foi feita para governar o corpo; mas o pecado original, juntamente com o inadequado uso do livre-arbítrio, leva o homem a inverter essa ordem.
·         Consequência da Inversão – a consequência disso é a submissão do espírito à matéria, a subordinação do eterno ao transitório, da essência à aparência.

V - LIBERDADE E VONTADE

- A Liberdade e o Voluntarismo - a verdadeira liberdade está na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus.
·         Ser livre - é servir  a Deus, sendo o prazer de pecar a própria escravidão.
·         A liberdade é fruto da vontade – a liberdade é própria da Vontade (que no pecador é má) e não da Razão (A Razão conhece, mas é a Vontade que decide).
·         O Engano Socrático - Intelectualismo Moral (“Só erra quem não sabe”. Sócrates).

VI - FÉ E RAZÃO 

- Precedência da Fé sobre a Razão – a fé revela verdades ao homem de forma direta e intuitiva.
·         A Razão - esclarecendo aquilo que a Fé já antecipou.

VII - TEOLOGIA NATURAL

- Prova da Existência de Deus - a Razão humana pode intuir verdades eternas e imutáveis.
·         Com a Razão – se pode “provar” a existência de Deus.
·         Se há Corrupção é porque há algo sendo Corrompido - se vemos algo que se corrompe é porque antes era bom (Adão e Eva).

VIII - GRAÇA DIVINA

- Teoria da iluminação - a razão pode muito, mas não pode tudo.
·         Revelação – é a Graça reveladora de Deus que salva o homem por intermédio da Fé.
·         Boas Obras e/ou Graça Divina – a salvação do homem só é possível mediante a concessão imprescindível da graça divina.

IX - PELÁGIO DA BRETANHA 360-420 


- Pelagianismo (Boa Vontade e Boas Obras) - doutrina segundo a qual o homem era totalmente responsável por sua própria salvação e que minimizava o papel da graça divina.

- O Poder da Vontade - em Roma, Pelágio notou que muitos cristãos viviam de maneira indecente e muitos outros pareciam não se preocupar com a crescente indiferença à pureza moral e obediência na igreja. Rastreou o problema até uma publicação de Agostinho (Confissões), onde este afirmava que ninguém podia ser continente (abster-se da imoralidade), a menos que Deus lhe desse essa dádiva. Argumentou que, se os cristãos acreditavam que não podiam ser continentes, era de se esperar que praticassem a incontinência. Escreveu, então o livro da Natureza, em que sustentava que os seres humanos podem ter uma vida sem pecado com seus “dons naturais” e que cabe a eles fazer isso.
·         Grande Controvérsia - esse foi o início da grande controvérsia que ocupou a igreja por mais de cem anos e cuja repercussão continuou nos séculos seguintes:
A)    Sobre o Pecado Original – de Adão para todos ou só para ele?
B)    Sobre o Livre-Arbítrio – capacidade autônoma de decisão ou necessidade de Deus?
C)    Sobre a Graça Divina – necessária para a salvação ou apenas uma ajuda?

- Pelagianismo Condenado – o Pelagianismo foi condenado como Heresia pelos Concílios de:
·         Cartago (417/418) – presidido pelo Bispo de Roma (Papa Zózimo).
·         Primeiro Concílio de Éfeso 431.

- Cartago, o fim da Cultura Clássica - o Concílio de Cartago pôs fim:
·         À Autonomia Humana – fruto da Filosofia grega.
·         À Ética Racional – fruto da Antropologia grega.
·         Ao Humanismo Cultural – fruto da Liberdade grega.

X - ORIGEM DO MAL 

- O Mal não possui uma existência real – o Mal é uma carência, é ausência do Bem.

XI - O TEMPO E O UNIVERSO

- O Tempo e a Eternidade - o homem percebe o tempo como duração de uma alma.
·         O passado como memória – passado do presente.
·         O presente como vivência – presente do presente.
·         O futuro como expectativa – futuro do presente.

- Deus criou o Universo e o Tempo - o que fazia Deus antes de criar o homem?
·         Deus - criou o tempo junto com o universo!

TEXTO BASE: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/patristica.htm

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