Respostas - Os Pré-Socráticos 1-7
1. (Enem 2017) A representação de
Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente
múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece
de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é,
absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de
ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que
aparece como figura.
HEGEL. G. W. F.
Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os
pré-socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado).
O texto faz uma
apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o
“princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
a) número,
que fundamenta a criação dos deuses.
b) devir,
que simboliza o constante movimento dos objetos.
c) água,
que expressa a causa material da origem do universo.
d) imobilidade,
que sustenta a existência do ser atemporal.
e) átomo,
que explica o surgimento dos entes.
2. (Enem PPL 2016) Todas as coisas são
diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente.
Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as
outras coisas que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse
diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não
permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não
poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer
bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal
ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem
compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de
diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando
sempre a mesma coisa.
DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo,
Cultrix, 1967.
O texto descreve argumentos
dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal
preocupação filosófica era de ordem
a) cosmológica, propondo uma
explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza.
b) política, discutindo as
formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia.
c) ética, desenvolvendo uma
filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.
d) estética, procurando
investigar a aparência dos entes sensíveis.
e) hermenêutica, construindo
uma explicação unívoca da realidade.
3. (Enem 2016)
Texto I
Fragmento B91: Não se pode
banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a
mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo
reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a
natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).
Texto II
Fragmento B8: São muitos os
sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e
sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como
poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?
PARMÊNIDES. Da natureza.
São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
Os fragmentos do pensamento
pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das
a) investigações do pensamento
sistemático.
b) preocupações do período
mitológico.
c) discussões de base
ontológica.
d) habilidades da retórica
sofística.
e) verdades do mundo sensível.
4. (Enem
2015) A filosofia grega parece começar com uma
ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas.
Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões:
em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das
coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em
terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de crisálida, está contido
o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE. F.
Crítica moderna. In: Os pré-socráticos.
São Paulo: Nova Cultural. 1999
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza
o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar,
mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar,
usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de
forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de
maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar,
a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
5. (Uema 2015) Leia a letra da canção a seguir.
No mundo [...]
Fonte:
SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de Janeiro: Sony-BMG, 2004.
Da mesma forma como canta o
poeta contemporâneo, que vê a realidade passando como uma onda, assim também
pensaram os primeiros filósofos conhecidos como Pré-socráticos que denominavam
a realidade de physis. A característica dessa realidade representada,
também, na música de Lulu Santos é o(a)
a) fluxo.
b) estática.
c) infinitude.
d) desordem.
e) multiplicidade.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir e responda à(s)
próxima(s) questão(ões).
De onde vem o mundo? De
onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em
algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra
coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa,
então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum
dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de
contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma
substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os
primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava
era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem
vida podia se transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de:
GAARDER, J. O Mundo de Sofia.
Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
6. (Uel 2015) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores
pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque
a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as
histórias contadas acerca do mundo dos deuses.
b) Os primeiros filósofos da
natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa
oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir
da observação, buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas.
c) Os teóricos da natureza que
desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram
da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme
capacidade de transformação.
d) A filosofia da natureza
nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do
mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos
primeiros princípios que originam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos
da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único
denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos
humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas.
7. (Unimontes 2013) Segundo a tradição, Heráclito, também chamado “o
obscuro”, era um homem reservado e de poucas palavras. Seu “riso” fora
interpretado por muitos. Padre Antônio Vieira foi um desses intérpretes e,
segundo ele,
a) Heráclito ria das
ignorâncias humanas.
b) Heráclito ria das loucuras
humanas.
c) Heráclito ria das
travessuras humanas.
d) Heráclito ria das misérias
humanas.
Resp. 1: Demócrito é considerado um dos pensadores
pré-socráticos, que, em linhas gerais, buscavam compreender a natureza e sua
origem. Para ele, a origem das coisas está no átomo, o menor e indivisível
elemento dos entes. [E]
Resp. 2: Pode-se dizer que os pré-socráticos tinham
em comum uma preocupação em compreender os fenômenos naturais ou cosmológicos,
desenvolvendo reflexões sobre a natureza e sobre as coisas. [A]
Resp. 3: Heráclito e Parmênides
apresentam visões opostas sobre uma mesma questão: “o que é o ser?”. Enquanto o
primeiro defende a volatilidade, o segundo afirma a imutabilidade. Tal
questionamento ontológico é a base das discussões pré-socráticas, ainda que as
respostas para essa pergunta sejam diversas. [C]
Resp. 4: Pode-se dizer que a
filosofia grega, em seu início, esteve preocupada com a origem das coisas, em
especial da natureza. É essa uma das características que Nietzsche diagnostica
e que está bem destacada na afirmativa [C]. [C]
Resp. 5: Os filósofos Pré-socráticos eram conhecidos como os
pensadores da “physis”
(natureza), pois tentavam encontrar na própria realidade o “arché” (princípio)
que lhes permitisse formular explicações pela qual pudessem compreender a
mutabilidade observada na realidade. Assim para alguns destes pensadores a
natureza é um fluxo constante que esta sempre em transformação.
Assim como na
música de Lulu Santos a mutabilidade, a transformação, o fluxo se expressa nas
passagens: “Nada
do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia [...]” e “Tudo que se vê
não é/ Igual ao que a gente/ Viu há um segundo/ Tudo muda o tempo todo/ No
mundo [...]”.
Filósofos que
corroboram estas teses são: Tales de Mileto que afirmava que a água era o
princípio da realidade, pois estava em constante fluxo; Anaxímenes que afirmava
que o ar era o princípio vital, pois estava em constante movimento; e Heráclito
que colocava o fogo como elemento central, pois ele representava transformação
constante de realidade.
Em relação às
demais as concepções expressas nas alternativas restantes: a estática era
defendida por Zenão: a infinitude era defendida por Anaximandro, a desordem era
defendida por Empédocles e a multiplicidade era defendida por Empédocles. Estas
concepções não se relacionavam com o conceito de mutabilidade. [A]
Resp. 6: Os filósofos
pré-socráticos representam uma mudança no pensamento grego por serem os
primeiros a buscarem explicações sobre a origem do universo (cosmos) e da
natureza (phisys) por meio do discurso racional (logos), sem apelar para o
recurso mítico. Em suas elaborações buscavam determinar um princípio unificador
(arché) que pudesse servir de referencial básico para alicerçar suas teorias.
Eles desenvolveram suas teorias em diferentes localidades ao longo de toda a
Grécia (Samos, Mileto, Efeso), construindo diferentes escolas que defendiam
diferentes princípios explicativos. Não havia uma unificação no pensamento.
Por exemplo,
Tales de Mileto tinha como arché a água, a fim de demonstrar a mutabilidade da
realidade. Anaxímenes, mesmo sendo de Mileto, definia como arché o ar. Já
Heráclito definia como arché o fogo. O princípio do ilimitado foi criado por
Anaximandro e é conhecido como ápeiron,
representa aquilo que une as coisas, mas não possui materialidade. Assim
para Tales, Anaxímenes e Heráclito, o arché é uma transformação da matéria e o
ápeiron é a geração a partir do indefinido. A alternativa [B] é a única que
esta de acordo com as características e teorias referentes aos filósofos
pré-socráticos. [B]
Resp. 7: A questão está errada ao dizer que Heráclito
teve o seu “riso” interpretado pelo Padre Antônio Vieira. O padre dos grandes
sermões interpretou o choro de Heráclito, e o interpretou como uma postura
superior a de Demócrito, este, sim, o filósofo que ri. A citação a seguir – que
poderia servir de referência no enunciado – esclarece:
“Como nem todas as
misérias são ignorâncias e todas as ignorâncias são misérias, e as maiores
misérias, muito maior matéria e muito maior razão tinha Heráclito de chorar,
que Demócrito de rir, antes digo, que só Heráclito tinha toda a razão e
Demócrito nenhuma. Todas as misérias humanas eram o assunto de Heráclito e o de
Demócrito só uma parte delas; e como toda a miséria é causa da dor, e nenhuma
dor pode ser causa do riso, o riso de Demócrito não tinha causa, nem motivo
algum que o justificasse”.
(Antônio Vieira.
As lágrimas de Heráclito. São Paulo: Ed. 34, 2001, p. 125) [D]