domingo, 30 de setembro de 2018

THOMAS MORUS 1478-1535


Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de textos da net. 30/09/2018. Cacau ":¬)

A UTOPIA DE MORUS
“Um bandos de ladrões e uma justiça cega – ganância, glória e paixões – predominam sobre os singelos interesses do povo oprimido e miserável”.
(Utopia, críticas de Morus à Inglaterra de sua época)


DISTOPIA E UTOPIA

- Distopia: lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.


- Utopia: qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade.

PEQUENA BIOGRAFIA

- Jurista e Estadista: Thomas Morus (ou Tomás Moro) foi um jurista e estadista inglês da corte de Henrique VIII.

- O Filósofo - o pensador ficou conhecido por:
·         Ana Bolena - haver se posicionado contra o rei na “questão Ana Bolena”.
·         Utopia - haver escrito e publicado, bem no início do século XVI, dentre várias outras obras, o livro Utopia.
·         Erasmo de Rotterdam – ter sido grande amigo de Erasmo.
·         Catolicismo – ter permanecido irredutível diante de sua crença católica romana.
·         Santificação – ser considerado santo para os católicos.

- A Influência dos Filósofos: É um texto essencialmente humanista/renascentista com flagrantes influências:
·         Platônica - A República.
·         Agostiniana - Cidade de Deus. 

- A Influências dos Navegadores: Na ilha – assim imaginada a partir do relato de seu amigo:
·         Américo Vespúcio.
·         Diz-se também que Utopia teria sido inspirada em Fernando de Noronha.

- Atemporalidade da Obra: A ilha de Morus acabou denominando o termo útil até hoje para significar uma sociedade perfeita ou ideal: utopia! 

- Ilha Imaginária: Morus apresenta uma ilha imaginária, chamada Utopia:
·         Etimologia da Palavra - U-negação; topos-lugar.
·         Idealismo Político – A ilha é um protótipo da perfeição social, da mais plena harmonia em termos de convivência humana.
·         Antirrealismo Político – A ilha é um “não lugar”, estado de rejeição do real (que está falido) e de esperança no ideal (que se deseja construir).

- O Ideal Como Crítica do Real: Na obra, antes de descrever a ilha, Tomás Moro estabelece rigorosa crítica à Inglaterra tudoriana.
·         Corrupção sem limites - A corrupção desenfreada da monarquia centralizada, a sede por dinheiro e poder emanada por nobres e novos burgueses.
·         Enfrentamento do poder - O visível abismo entre as classes sociais move o autor a escrever um duro enfrentamento sobretudo ao governo do rei Henrique VIII.

- O socialismo de Utopia: A produção é dividida de forma igualitária, de modo a inexistir criminalidade ou mendicância.
·         Sem Propriedade Privada - Não há propriedade privada, pois que o pressuposto de Utopia é a comunhão dos bens outrora particulares.
·         Sem Injustiças - Na ilha se tem uma outra lógica social-econômica: a terra serve para ser cultivada, e não simplesmente possuída.
·         Sem Dinheiro - Dinheiro – ouro e prata – são desprezíveis porquanto irrelevantes.
·         Sem Criminosos - Na ilha não há prisão: os pouquíssimos criminosos são obrigados a usar anéis e correntes de ouro, uma forma de marcar cinicamente a inutilidade das materialidades.
·         Profissões, Aptidões e Necessidades - As profissões são escolhidas a partir das aptidões e interesses de cada utopiano, que servem a todos a partir da necessidade e da solidariedade.
·         Trabalho, Felicidade e Lazer - Trabalho e liberdade pautam o seu cotidiano: seis horas diárias de serviços, duas horas diárias de repouso, oito horas diárias de lazer ou estudos, oito horas noturnas de sono.
·         Isonomia Social I - Residências, roupas e alimentos estão na mesma proporção, para todos.
·         Isonomia Social II - Escolas e hospitais bem estruturados, úteis a todos, igualmente.
·         Isonomia Social III - Não há quem seja superior a outrem por ter mais ou ser maior: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer o que não queira.
·         Deus, Primeiro Valor - Utopia preza pelo amor e reverência a Deus, criador de tudo e veículo único de felicidade humana.
·         Felicidade, Segundo Valor - Utopia preza por alegria, conforto, solidariedade, cooperação, igualdade, liberdade, segurança, respeito, justiça.

- Utopia, um lugar sem território: Utopia, “a nação mais civilizada do mundo”, é um estado de pleno bem estar do ser humano, é “não lugar”; por isso:
·         É inexistente.
·         É irreal.
·         É inatingível.

- O Fim de Morus:
·         Da corte à prisão - Moro foi fiel aos seus princípios.
·         Discordou da Reforma Anglicana - Recusou-se a aceitar Henrique VIII como soberano da Igreja (Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra).
·         A celeuma de Clemente VII 1478-1534 e Henrique VIII 1491-1547 – Henrique VIII foi excomungado pelo Papa Clemente VIII, por conta do casamento com Ana Bolena e pela criação de Igreja Anglicana
·         A Decapitação de Moro – Por não reconhecer a liderança de Henrique VIII sobre a Igreja da Inglaterra, Moro foi processado, julgado, condenado e executado em praça pública (por decapitação a machadada) e sua cabeça foi exposta durante um mês na ponte de Londres.
 
- Morus, um Santo Católico
·         A Ação de Pio XI 1857-1939 - Quatro séculos depois de sua morte, após reconhecimento de seu martírio pela Igreja, Morus foi canonizado pelo Papa Pio XI (São Tomás Moro).
·         A Ação de João Paulo II 1920-2005 - Morus foi declarado Patrono dos Estadistas e Políticos pelo Papa João Paulo II.

sábado, 22 de setembro de 2018

ERASMO DE ROTTERDAM (1466-1536)


Produzido a partir da net por:
Claudio Fernando Ramos, 22/09/2018. Cacau “:¬)

ERASMO:
O HUMANISTA
 - Europa dos séculos XIV e XV: O humanismo deve ser entendido como um movimento literário e filosófico que nasceu na Itália, na segunda metade do século XIV, perdurando até o final do século XV.

- O Renascimento: O humanismo se difundiu da Itália para os demais países da Europa, tornando-se a base ideológica do Renascimento. 

- Bases da Ciência Moderna: O humanismo faz mudar o foco dos estudos acadêmicos conforme eram orientados na Idade Média, deixando de lado a metafísica e afirmando a importância do conhecimento das leis, da natureza, da medicina e da ética.

- O Humanismo: O humanismo constitui-se do reconhecimento do valor do homem em sua totalidade e a tentativa de compreendê-lo em seu mundo: 
·         A Physis: A episteme e o método, a natureza quantificável do ser (Leis da Natureza; Medicina...)


·         O Nomos: A história e as culturas humanas, a natureza qualificável do ser (Ética, Política, Teologia...).

ERASMO:
AMIGO DE THOMAS MORE 
Da esquerda para a direita: Thomas More e Erasmo de Rotterdam


- Elogio da Loucura (1511): A obra foi escrita originalmente em latim e publicada em Paris, pelo escritor, filósofo e teólogo Desidério Erasmo.
·         Desde seu título, ela é uma homenagem a Thomas More, autor da "Utopia" e grande amigo de Erasmo.
·         Na obra observa-se a semelhança entre o nome More e Moria (loucura). 
·         "Elogio da Loucura" fez grande sucesso à época de seu lançamento e continua atual.
·         Trata de uma das obras filosóficas mais divertidas de todos os tempos, uma vez que seu autor resolveu escrevê-la de modo francamente satírico, em seus 68 breves capítulos.

ERASMO:
ELOGIO DA LOUCURA

“Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo, menos a razão”.
(G. K. Chesterton)

- PARA ERASMO:
·         A Loucura é Real: É personificada como uma entidade viva.
·         A loucura é Sensata: Faz seu próprio elogio.
·         A Loucura Governa o Homem: Apresenta-se como a imperatriz da humanidade.

·         A Loucura é Totalizadora: É mola oculta da vida e ninguém lhe escapa.

ERASMO:
BRINCANDO DE DIZER VERDADES 

“Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço, mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria”.
(Charles Chaplin)

- Em tom de brincadeira, Erasmo denuncia males reais:
·         A ingratidão – Das pessoas comuns para com elas mesmas e para com as Divindades.
·         A hipocrisia – Das autoridades diante das pessoas comuns.
·         A intolerância – Conflitos entre Católicos e Protestantes.

ERASMO:
A REFORMA
- O Catolicismo em Xeque - Quando a poderosa Igreja Católica começou a ter sua autoridade moral questionada na Europa, por volta do final do século XV, em razão da corrupção e da lassidão de seus líderes, vários foram os pensadores, dentro e fora da própria Igreja, que defenderam reformas na instituição – quando não, a superação da mesma.

·         Dois desses reformadores foram Erasmo de Roterdã e Martinho Lutero.

ERASMO:
CRISTÃOS PRETENCIOSOS E ARROGANTES 
Erasmo escreveu tanto sobre temas eclesiásticos quanto sobre interesses humanos em geral. Na década de 1530, os escritos de Erasmo eram responsáveis ​​por dez a vinte por cento de todas as vendas de livros na Europa. Seus escritos sérios começam cedo, com o Enchiridion militis Christiani – o Manual do Soldado Cristão (1503). Neste pequeno trabalho, Erasmo delineia os pontos de vista da vida cristã normal, que ele passaria o resto de seus dias elaborando. O principal mal do dia, ele diz, é o formalismo – passando pelos movimentos da tradição sem entender sua base nos ensinamentos de Cristo. Formas podem ensinar a alma como adorar a Deus, ou podem esconder ou extinguir o espírito. Em seu exame dos perigos do formalismo, Erasmo discute o monasticismo, o culto de santos, a guerra, o espírito de classe e as fraquezas da “sociedade”.

- A “Reforma Separatista” de Lutero: Lutero se erguera contra o papa, lançando as bases da Reforma Protestante.
- A “Reforma Interna” de Erasmo: Erasmo coloca-se numa posição equidistante entre católicos e protestantes.
·         Pretensiosos Protestantes: Erasmo zomba da pretensão dos protestantes, que desejam reinterpretam o cristianismo.
·         Arrogantes Católicos: Erasmo denuncia a arrogância dos cristãos católicos em não querem ouvir, melhorar e mudar. 

ERASMO:
ESPÍRITO REFORMADOR I
(Convergências)
“Será que Cristo ficaria ofendido que o leiam aqueles que Ele escolheu para seus ouvintes? Em minha opinião, o agricultor deveria lê-lo, junto com o ferreiro e o pedreiro, e mesmo prostitutas, alcoviteiras e turcos. Se Cristo não lhes recusou sua voz, tampouco serei eu a recusar-lhes seus livros”.

- Antropocentrismo: Erasmo, apesar de profundamente cristão, se opôs ao domínio da Igreja Católica na ciência, na cultura e na Educação.

- A Vez e a Voz dos Leigos: Erasmo seguia a linha de tradição de Tertuliano e Pelágio, que consideravam normal que leigos cultos pudessem perfeitamente conduzir a Igreja, recusando a exclusividade dessa função ao clero.

- Monopólio divino, o início do fim: Erasmo foi um produto da nova civilização urbana renascentista, e ficou contente em notar que um número cada vez maior de escolas estavam sendo fundadas por pessoas laicas, quando a Igreja ainda reivindicava o direito de monopolizar o ensino.

- Uma fé sem intermediários: A diminuição do papel clerical na vida das pessoas era fruto de sua crença de que não podiam haver intermediários entre os cristãos e as Escrituras, e isso era um ponto que ele tinha em comum com todos os reformadores, numa época em que as tentativas de se estudar a Bíblia por si só constituíam prova circunstancial de heresia – e a pessoa poderia ir para a fogueira por isso.

- O poder da imprensa: A imprensa popularizou o acesso às Escrituras de tal modo que os censores da Igreja já não podiam dar conta do volume de cópias publicadas, e Erasmo saudou esse acontecimento de sua Época.

·         A invenção da imprensa por Johann Gutenberg, no século XV, foi um dos acontecimentos que mudaram a história da leitura e da circulação de ideias em escala mundial.
 - A centralidade da Bíblia: A Bíblia era, para Erasmo, bem como para os reformadores, o centro da vida cristã.

- Por um “novo” cristianismo: Erasmo rejeitou o cristianismo mecânico da Igreja Católica e suas indulgências, peregrinações, privilégios especiais, todo o negócio de conquistar a salvação com dinheiro.

ERASMO:
ESPÍRITO REFORMADOR II
(Divergências)
- Como ser salvo: Aqui é o ponto onde começam as divergências entre a reforma erasmiana e a luterana (e mais tarde, a calvinista).

- Salvação pela devoção: Erasmo defendia que a salvação era conquistada com a devoção privada, de maneira direta, sem intermediários.
·         A Igreja, na sua visão, precisava reduzir a teologia ao mínimo, de modo a simplificar a fé e a salvação.
·         Os crentes poderiam ou não aceitar as definições oficiais dos teólogos, usando o próprio discernimento para solucionar as dúvidas.

- Criticado por um, desprezado por outro: A proposta de Erasmo era abominável para os olhos da Igreja (ávida por mais controle) e, também era incompatível com a ideia dos reformadores protestantes.

- Reforma Moral: Erasmo defendia uma reforma moral, pura e simples.
·         Para Martinho Lutero, uma reforma moral da Igreja era importante, mas não podia parar por aí.
·         Ela só faria sentido se ocorresse dentro de um contexto de mudança institucional e correções drásticas na doutrina.
·         Não era questão de apenas simplificar a doutrina, mas de corrigi-la – o que significava mais doutrinas, não menos.

ERASMO:
NEUTRALIDADE CRISTÃ
“Tolerar seitas pode parecer-lhe um grande mal, mas ainda é muito melhor do que a guerra religiosa”.
(Carta de Erasmo ao duque da Saxônia)

- Neutralidade Inicial: Erasmo se mantinha neutro com relação aos ataques violentos de Lutero contra o clero, e as respostas dos correligionários destes na mesma moeda.

- Erasmo Pacifista: Sendo pacifista e tolerante, não aceitava o princípio da “guerra justa” contra as religiões minoritárias, como Lutero defendia.

- Lutero Ativista: Lutero convocava a cristandade a “lavar suas mãos no sangue desses cardeais, papas e o restante da ralé da Sodoma romana”, enquanto os teólogos papistas bradavam pela execução “daquele pestilento flato de Satanás, cujo mau cheiro chega aos céus”.

- Politização da Fé: Lutero não abria mão de fazer valer suas doutrinas nas áreas de sua influência, e Erasmo deplorava o fato do líder protestante haver recorrido aos príncipes germânicos para apoiarem sua Reforma.

ERASMO X LUTERO I:
“CÉTICO” E “GODO”
- Erasmo, um “Cético”: Martinho Lutero publicamente mantinha uma postura de respeito frente a Erasmo, mas na verdade, via-o como um “cético orgulhoso”, um homem de pouca fé.

- Lutero, um “Anacrônico”: Erasmo considerava Lutero como um “godo”, um homem do passado, por conta de seu radicalismo fanático.

ERASMO X LUTERO II:
PREDESTINAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO
“Não desejamos nem a igreja luterana, nem a católica. Queremos uma terceira”.
(Ecolampédio 1522)

- Fim da neutralidade: A ampla disseminação das visões deterministas da salvação defendidas por Martinho Lutero obrigou Erasmo a sair da neutralidade.

- Liberdade ou Determinismo: Lutero escreveu “Sobre o Servo Arbítrio” (1525), o texto é uma resposta à obra: "Sobre o Livro Arbítrio: Discursos ou Comparações" (1524), de Erasmo de Rotterdam (primeiro ataque público de Erasmo a Lutero).
·         O debate entre Lutero e Erasmo é um dos primeiros debates da reforma Protestante sobre o assunto do livre-arbítrio e da predestinação.

- A Força de Lutero e o Distanciamento de Erasmo: À medida que Lutero ia se impondo, Erasmo ia se afastando dos reformadores.

- Guerras no Horizonte: Erasmo passou seus últimos dias em cidades tolerantes onde desejava escapar da guerra religiosa que estava por vir.

- Um mundo de Loucos: Erasmo acreditava que o mundo estava enlouquecendo, e em uma de suas últimas obras, Sobre a Doce Concórdia da Igreja, fez seu último apelo por tolerância mútua, humildade, boa vontade e moderação.

- Odiado por um, desprezado por outro: Erasmo foi atacado violentamente pelos dois lados, o Católico Romano e o Luterano Protestante.
 

Texto de Apoio para Estudo:

http://lounge.obviousmag.org/itinerario_interno/2013/07/o-elogio-da-loucura---erasmo-de-rotterdam.html


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)


Adaptado por: Claudio Fernando Ramos, 09/03/2014. Cacau “:¬)
Mais do que formular um novo conceito de verdade, Maquiavel nos ensina a deixar de lado formas políticas imaginárias.



TESE
·         O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder.

FRASES
·         “Há vícios benéficos e virtudes perniciosas”.
·         “Quando você tiver de fazer algum mal a alguém, faça-o todo de uma só vez. A dor será intensa, mas apenas uma. Já o bem, faça-o em parcelas. O favorecido ficará alegre e grato a você várias vezes”.

OBRAS
- "O Príncipe" – Monarquia absolutista.
- "Discurso sobre a Primeira Década de Tito Lívio" – Perspectivas republicanas.
- "A Mandrágora" - Que se tornou um clássico do repertório teatral de todos os tempos.
- Outras Obras - "A Arte da Guerra" e "Histórias Florentinas".

PERÍODOS
- O Fim da Idade Média - Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino.
·         Os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano.

- O Renascimento - O Renascimento foi um período de intensa renovação.
·         Caracterizou-se por um movimento intelectual baseado na recuperação dos valores e modelos da Antiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a ela.
·         O Renascimento referiu-se não apenas às artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas também à organização política e econômica da sociedade.
·         No período do Renascimento, os clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento político.
·         Uma nova classe social, a burguesia comercial, buscava espaço político junto à nobreza, ao mesmo tempo em que assistia a um movimento de centralização do poder que daria origem aos Estados absolutistas (Portugal, Espanha, França e Inglaterra).

PIONEIRISMO
- Maquiavel elaborou uma teoria política totalmente inédita, fundamentada na prática e na experiência concreta.

RACIONALISMO POLÍTICO
- Razão de Estado - Depois de mais de cem anos de um cenário histórico dominado pelo apelo às utopias e pela crítica a seus efeitos na vida das nações, chama a atenção em Maquiavel seu apego ao que denomina de “verdade efetiva das coisas”.

- Realismo Político - Mais do que formular um novo conceito de verdade, ele nos ensina a deixar de lado formas políticas imaginárias para concentrar nossos esforços de compreensão nas condições objetivas que presidem as ações humanas:
·         a ambição;
·         o desejo de glória;
·         o medo;
·         os interesses materiais.

ISTO OU AQUILO?
- Maquiavélico ou Maquiaveliano? - Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é maquiavélico.
·         O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia política.
·         Tão antiga quanto o antimaquiavelismo de alguns é a percepção de que a obra do escritor florentino contém uma forte defesa da República e de valores a ela associados.

- Cínico e Amoral? - Maquiavel foi marcado, desde o século XVI, pela insistência de muitos intérpretes em descrever suas análises da política como exemplo acabado do cinismo e da amoralidade, convertidos em regra do convívio dos homens.
- Cegos ou Detratores? - Associar o nome de Maquiavel ao diabo, ou atribuir-lhe uma defesa ilimitada da tirania foi o caminho dos que quiseram defender uma plena submissão da política a regras que lhe são exteriores.

O PRÍNCIPE
- Manual Político - Em "O Príncipe" (palavra que designa todos os governantes), a política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas sim como uma atividade humana.
·         "O Príncipe" é uma análise lúcida e cortante do poder político, visto por dentro e de perto.
·         A primeira leitura que se fez dos escritos de Maquiavel tomou o livro como um manual de conselhos práticos aos governantes.
·         A premissa de que "os fins justificam os meios" (frase que não é de Maquiavel) passou a nortear a compreensão da obra.
·         O procedimento principal do narrador é comparar experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política.
·         Em algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que descreve.

- Estrutura da Obra - Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes:
·         Classificação dos Estados.
·         Como conquistar.
·         Como conservar os Estados.
·         Análise do papel dos militares e conselhos aos políticos para manutenção do poder.

- Criação - A obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o exílio de Maquiavel que fora banido de Florença, acusado de conspirar contra o governo.
- Publicação – O Príncipe só foi publicado em 1532, cinco anos depois da morte do autor.
- Experiência - Por ter sido diplomata e homem de estado, Maquiavel conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder.

DISCURSOS SOBRE A PRIMEIRA DÉCADA DE TITO LÍVIO
- Republicano - Maquiavel se compara aos grandes navegadores e afirma estar consciente dos riscos que está correndo ao propor percorrer novos caminhos na esfera do pensamento.
·         A obra de Maquiavel deve ser pensada sob o signo do novo.
·         Novidade tramada no convívio com o passado, construída pela leitura dos humanistas, e tecida num confronto sinuoso com as crenças mais arraigadas dos séculos anteriores sobre a natureza da política e das ações dos homens.
·         Ao buscar superar seu tempo e empreender uma navegação nos mares da teoria política, ele sabia que estava entrando em um terreno perigoso e quase tão arriscado quanto aquele dos aventureiros e desbravadores.
·         Pensar contra seu tempo implica em correr riscos; contrariar o estabelecido pela tradição pode levar o autor a desagradar a todos sem contentar a ninguém.
·         Ele sabia, entretanto que as formas antigas de pensar a política estavam esgotadas e que não existe outro caminho para os descobridores do que o dos mares revoltos.
·         Permanecer em terra firme, naquele momento, podia evitar o perigo do naufrágio, mas não o conduziria a novas terras.
·         Como os bons navegadores, no entanto, Maquiavel sabia que não se pode começar uma aventura sem antes calcular todos os riscos, sem levar a bordo as ferramentas de que dispomos no presente e que nos foram legadas pelo passado, mesmo se algumas delas venham a se revelar inúteis ao longo da travessia.

VIRTÚ E FORTUNA
- Virtú - A história é fruto do encontro da capacidade de agir dos homens.
·         Maquiavel observou que o estadista deve contar, para ter sucesso, com sua própria capacidade pessoal, sua determinação ferrenha.
·         O estadista deve dirigir sua energia para um determinado objetivo.

- Fortuna - A indeterminação das forças que compõem o campo da política.
·         Maquiavel - observou que o estadista, ou político, não poderá garantir-se apenas com suas qualidades pessoais (intrínsecas).

- O Imponderável - O estadista não pode só contar com a virtú, deve também contar com:
·         a sorte (para o bem ou para o mal);
·         a oportunidade;
·         o acaso e/ou destino.

- Sucesso X Fracasso - a dialética entre Virtú e Fortuna seria capaz de explicar o sucesso ou ou fracasso de projetos de poder.
- Sem Determinismos - Com esses termos (Virtú e Fortuna), Maquiavel nos ajuda a situar nosso campo de análise longe de uma visão determinística da história.
- Fatos Históricos - Maquiavel acreditava firmemente que era possível descobrir os fios que uniam o passado e o presente através do estudo acurado dos acontecimentos.

ÉTICA E POLÍTICA
(Estado Laico)

- O Antigo e o Moderno - Enquanto na Idade Média (476 a 1453 d.C.) a moralidade cristã ditava os destinos e as ações dos governantes e do povo em geral, na modernidade isto seria alterado de maneira inexorável e irreversível.

- Menos Moral, Menos Divino - A nova perspectiva política livrava o príncipe do dossel da moralidade religiosa, dando-lhe uma liberdade jamais imaginava.
·         A nova perspectiva política também retirava esse escudo de proteção que envolvia, avaliava e validava suas atitudes.

- Pragmatismo – Na ação política, o que vale é atingir as metas estabelecidas, em benefício do grupo que se defende ou que se governa, dentro dos limites da legalidade.

- Responsabilidade - A ética em termos políticos a ser respeitada pelo príncipe seria a ética da responsabilidade.

CONSCIÊNCIA ÁUREA

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