terça-feira, 9 de março de 2021

FILOSOFIA E MORTE

 

(A Filosofia Pensa a Morte)

Por: Claudio F. Ramos, a partir de livros, textos e imagens da net.

C@cau "::¬)09/03/2021

 VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=It8ZsTwdlvE

PROPOSIÇÃO

- Para muitos filósofos a questão da morte seria a questão fundamental da filosofia.

·         Como parte constitutiva da vida, a morte se apresenta como assunto do interesse de todos.

A MORTE

(Enquanto Tema Filosófico)

- A morte vem sendo discutida pela filosofia desde Platão.

·         Desde de Platão muito filósofos vêm tentando encontrar uma utilidade nesse fenômeno natural.

·         Para alguns filósofos a morte humana, enquanto fenômeno natural da existência, possui desdobramentos morais.

A NEGAÇÃO DA MORTE

(A dupla consciência da morte)

- Sendo a morte um problema humano, uma vez que só o homem possui consciência da mesma, o homem, sem poder resolvê-lo, deve ao menos ter a dignidade de enfrentá-lo.

“Esse mistério, em que a humanidade talvez comece (é verossímil que nenhum animal nunca se interrogou a esse respeito), não é certamente um recurso. À pergunta: - O que é a morte?, os filósofos não pararam de responder. Toda uma parte da metafísica se joga aí. Mas suas respostas, para simplificar ao extremo, se dividem em dois campos: uns dizem que a morte não é nada (um nada, estritamente); outros que afirmam que é outra vida, ou a mesma vida continuada, purificada, libertada... São duas maneiras de negá-la”.

(Andre comte-Sponville)

 - Ao abordar o tema da morte a filosofia adquire uma dupla consciência sobre o tema: a morte como sendo alguma coisa ou como não sendo nada.

·         Os materialistas mecanicistas – esses acreditam que a vida não passa de agregação de átomos, sendo a morte apenas uma desagregação; uma espécie de cessar das sensações (Epicuro).

·         Os espiritualistas idealistas – acreditam que a vida, regra geral, é apenas uma passagem, uma curta estação no eterno itinerário da existência (Platão).

·         Ponto comum – o que há de comum entre ambas as posições é que há fim da vida tal como se conhece.

A MORTE É PARTE DA VIDA

“Contra todas as outras coisas é possível obter a segurança; mas, por causa da morte, todos nós, os homens, habitamos uma cidade sem muralhas”.

(Epicuro)

- A morte é o único mal contra o qual nada se pode fazer; vivemos como uma cidade sem muros, sem fortificações, sem exércitos, sem muralhas.

·         Em razão dessa inevitabilidade, ironicamente, a morte é, por excelência, o mais humano dos temas humanos (a morte humaniza).

·         Em filosofia, pensar a morte é pensar metafisicamente (transcendência – além do natural).

·         Temas paralelos: “Por que existe algo ao invés do nada?”, “Qual o sentido da vida?”, “Deus existe?”, ...

POR QUE PENSAR NA MORTE?

Aprender a morrer é, antes de tudo, aprender a viver.

(Michel de Montaigne 1533-1592)

- Montaigne concluiu que a filosofia pode ajudar na compreensão e na maneira de viver diante da inevitabilidade da morte.

·         A influência platônica no pensamento de Michel - o conduz à seguinte conclusão: o corpo e a alma são instâncias distintas; essa consciência em vida nos prepara para a separação final na hora da morte.

O corpo é o tumulo da alma. (Platão) 

Se a vida e a alma existem depois da morte, a morte é um bem para a alma porque esta exerce melhor sua atividade sem o corpo. E, se com a morte, a alma passa a fazer parte da Alma Universal, que mal pode haver para ele?

(Plotino)

·         A influência epicurista no pensamento de Michel – o conduz a seguinte conclusão: a morte é ponto final da vida; é um término de fato, não uma passagem.

·         Sendo um fim inevitável faz-se necessário pensa-la para que haja condições adequadas para o irremediável enfrentamento dos fatos.

·         Segundo Montaigne a morte não deve ser encarada com ansiedade, nem com coragem; apenas com serena aceitação (Despreocupação).

Quero que ajam e que prolonguem os ofícios da vida quanto possível, e que a morte me encontre plantando meus repolhos, mas despreocupado com ela, e mais ainda com o meu imperfeito jardim.

(Michel de Montaigne)

A MORTE E O EXISTENCIALISMO

(Angústia, Negação e Arbitrariedade)

- O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) – considera a morte como possibilidade existencial.

·         Isso significa que a morte é uma possibilidade que se encontra sempre presente (A morte, sua eterna companheira).

·         A presença onipresente da morte, ou seja, como possibilidade constante, determina a forma como vivemos nossa vida.

·         Existindo enquanto possibilidade, a morte nunca pode ser vivenciada enquanto experiência (ver: Epicuro – o problema da morte é um falso problema).

·         Nossa relação com a morte só pode ser “real” por intermédio da angústia, ou seja, uma relação de forma antecipada.

- Segundo Heidegger, existem dois fenótipos humano: o angustiado e o negacionista.

·         O angustiado (Forma Autêntica, segundo o filósofo) – aquele que sabe, possui consciência da morte (às vezes sofre por antecipação).

·         O negacionista (Forma Inautêntica, segundo o filósofo) – evita qualquer forma de fala, pensamentos e discussões sobre o tema (às vezes quando fala, o faz religiosamente).

- Para Heidegger o ser humano é um SER-AÍ.

·         O ser-aí é um ser que não sabe de onde veio, nem para onde vai (se é que essas duas possibilidades existem).

·         A morte é um fenômeno tipo desse ser, sobre o qual nada se sabe; à semelhança humana, a morte é um fenômeno arbitrário.

COSMOVISÃO SOBRE A MORTE

- Sidarta Gautama: é popularmente chamado simplesmente de Buda ou Buddha, foi um príncipe de uma região no sul do atual Nepal que, tendo renunciado ao trono, se dedicou à busca da erradicação das causas do sofrimento humano e de todos os seres, e desta forma encontrou um caminho até ao "despertar" ou "iluminação".

·         Devemos compreender, da melhor maneira possível, que não há controle sobre a própria morte, nem, muito menos, sobre a dos outros.

·         Assim sendo, o sofrimento será amenizado diante do inexorável (não por indiferença, mas por precaução).

·         Essa concepção assemelha-se a forma como os estoicos também lidam com o tema.

- Jesus Cristo: apresentado como filho do Deus vivo, Jesus orienta que há no amor e obediência divina, esperança de uma vida eterna.

·         Uma esperança que promete o que geralmente mais se deseja: a imortalidade pessoal e o reencontro com quem se ama. 

- Marco Aurélio (121-180): a morte como repouso ou cessação das preocupações da vida.

 

Na morte está o repouso dos contragolpes dos sentidos, dos movimentos impulsivos que nos arrastam para cá e para lá como marionetes, das divagações de nossos raciocínios, dos cuidados que devemos ter para com o corpo.

(Marco Aurélio) 

- Tomás de Aquino (1225-1274): a morte, a exemplo do que diz a Bíblia, é consequência do pecado original.

A morte, a doença e qualquer defeito físico decorrem de um defeito na sujeição do corpo à alma. E assim como a rebelião do apetite carnal contra o próprio espírito é a pena pelo pecado dos primeiros pais, também o são a morte e todos os outros defeitos físicos.

(Tomás de Aquino)

- Arthur Schopenhauer (1788-1860): há uma imortalidade, mas uma imortalidade impessoal da vida.

·         Nascem uns, morrem outros; a vida é imortal, não o indivíduo. 

- Blaise Pascal (1623-1662): segundo o filósofo e matemático, a consciência da morte seria como um guia para amar mais, a verdade.

·         O aspecto verdadeiro da vida é a realidade divina, que pode ser acessada por intermédio de Cristo.

- Luc Ferry (1951): propõe uma terceira via; entre o não se apegar do budismo e estoicismo e a esperança judaica/cristã, a melhor opção seria a sabedoria humanista (viver e amar com resignação e com consciência – procurar o que convém no aqui e agora enquanto é possível).

A MORTE E A BIOÉTICA

- Atualmente a morte, corporal, está no centro da discussão da bioética.

·         Eutanásia – direito de matar ou morrer por tal razão.

·         Ortotanásia – é o termo utilizado para definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, deixando a evolução e percurso da doença.

·         Distanásia – é a obstinação terapêutica para adiar a morte iminente.

 

 

 

 

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