(FILOSOFIA DA CIÊNCIA)
Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)09/02/2023
Vídeo Aula:
“(...) só reconhecerei
um sistema como empírico ou científico se ele for passível de comprovação pela experiência.
Essas considerações sugerem que deve ser tomado como critério de demarcação não
a verificabilidade, mas a falseabilidade de um sistema. Em outras palavras, não
exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de
uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica
seja tal que se torne possível validá-lo através de recurso a provas empíricas,
em sentido negativo: deve ser possível refutar, pela experiência, um sistema
científico empírico.”
(Popper, 1993, p. 42)
PARTE
I – ALGUMAS TESES:
-
O que torna um conhecimento científico?
-
Quais são os procedimentos científicos?
-
Quais são os limites do conhecimento científico?
- Existe, de fato, a chamada certeza científica?
PARTE
II – QUEM FOI POPPER
-
Popper nasceu na Áustria, em 1902.
·
Filho de judeus, emigrou para a Nova Zelândia
em 1937.
- Faleceu em 1994, na Inglaterra, país que o acolheu a partir de 1946, conferindo a ele o título de Sir. Na Inglaterra.
-
“Lógica da Investigação Científica”.
·
Considerada
uma das obras mais importantes de filosofia da ciência.
· Popper publicou muitos de seus escritos e desenvolveu carreira docente na London School of Economics.
-
Popper teve no início de sua formação a influência das discussões feitas
no Círculo de Viena.
·
Embora
seu pensamento político seja muito conhecido, o que o tornou célebre foi o seu
pensamento sobre a ciência que impactou filósofos e cientista.
PARTE
III – O CÍRCULO DE VIENA
-
Círculo de Viena foi uma associação fundada no final da década de 1920 por um
grupo de cientistas, lógicos e filósofos que concentrava seus esforços em torno
de um projeto intelectual.
·
Tal
projeto era o desenvolvimento de uma filosofia da ciência baseada em uma
linguagem lógica e a partir de procedimentos lógicos com alto rigor científico.
·
O
tema prioritário dos estudos desse grupo era a formulação de um critério que
permitisse distinguir entre proposições com ou sem significação a partir do
critério de “verificabilidade”.
· Para o Círculo, quilo que não tivesse possibilidade de verificação deveria ser retirado do saber científico, como os enunciados metafísicos.
-
A Física era o modelo que eles propunham para todos os enunciados científicos.
·
Só
aquilo que foi dito a partir de observações poderia ser considerado verdadeiro.
· Os enunciados que não pudessem ser examinados a partir da verificação empírica não tinham significação e, portanto, deveriam ser desconsiderados da ciência.
-
A verificação pode ser feita ainda de outra forma além do método empírico.
·
Por
meio da aplicação da lógica para saber se há coerência no enunciado.
· Dependentes de constatações empíricas ou de demonstração lógico-matemática, as leis científicas para os pensadores do Círculo de Viena só poderiam ser a posteriori.
-
A proposição “Existe petróleo no meu quintal” é possível de ser verificada e
pode ser verdadeira ou falsa a partir da constatação feita (uma escavação no
solo).
·
A
proposição “A alma é imortal”, ao contrário, não é verificável, apesar de ser
uma construção gramaticalmente correta e independente dos argumentos utilizados
para prová-la.
· A primeira proposição tem significação e valor cognitivo porque é verificável; a segunda, não.
-
Pelo critério de verificabilidade é possível fazer uma distinção entre a
Filosofia e a Ciência.
· O objetivo da Filosofia é, segundo Rudolf Carnap, um dos principais representantes do Círculo, o de estudar a natureza da linguagem científica.
-
Um estudo que compreenderia três processos:
·
Sintático
- pelo qual ela estabeleceria teorias a respeito das relações formais entre os
signos.
·
Semântico
- pelo qual estabeleceria teorias a respeito das interpretações.
· Pragmático - pelo qual estabeleceria teorias a respeito das relações entre a linguagem, o locutor e o ouvinte.
PARTE
IV - O FIM DO CÍRCULO
-
Alguns pensadores importantes do Círculo de Viena foram:
· Otto Neurath; Moritz Schilick e Ernest Nagel.
-
A ascensão do nazismo repercutiu na formação do Círculo:
·
Carnap
e outros membros mudaram-se para os Estados Unidos.
·
Hahn,
Schilick e Neurath morreram.
· O movimento intelectual dispersou-se a partir de então.
PARTE
V - POPPER X CÍRCULO
(Verificabilidade
X Falseabilidade)
-
O princípio de verificabilidade dos pensadores do Círculo de Viena
foi um dos principais pontos combatidos por Popper.
· Para ele, uma proposição poderia ser considerada verdadeira ou falsa não a partir de sua verificabilidade, e sim da sua refutabilidade (ou falseabilidade).
-
A observação científica, segundo ele, é sempre orientada previamente por uma
teoria a ser comprovada.
·
A
ciência que se baseia no método indutivo seleciona os fenômenos que
serão investigados para a comprovação de algo que já se supõe.
· Por essa razão, o critério de verificabilidade nem sempre será válido.
-
Segundo Popper, em vez de buscar a verificação de experiências empíricas que
confirmassem uma teoria, buscava fatos particulares que, depois de verificados,
refutariam a hipótese.
·
Assim,
em vez de se preocupar em provar que uma teoria era verdadeira, ele se
preocupava em provar que ela era falsa.
· Quando a teoria resiste à refutação pela experiência, pode ser considerada comprovada.
-
Com o princípio da falseabilidade, Popper estabeleceu o momento da crítica de
uma teoria como o ponto em que é possível considerá-la científica.
·
As
teorias que não oferecem possibilidade de serem refutadas por meio da
experiência devem ser consideradas como mitos, não como ciência.
· Dizer que uma teoria científica deve ser falseável empiricamente significa dizer que uma teoria científica deve oferecer possibilidade de refutação – e, se refutadas, não devem ser consideradas.
PARTE
VI - METODOLOGIA CIENTÍFICA
-
Como se inicia o conhecimento científico?
· Primeiro tem-se um problema.
-
O que é um problema?
· É um fenômeno da natureza (ou hipotético) cuja resolução, a princípio, não está aparente.
-
Como ocorre o processo que vai construir a solução para um determinado
problema?
· O primeiro passo deve ser dado a partir da criação de uma hipótese científica.
-
Como se constrói uma hipótese científica (teorias científicas)?
·
Por
meio da criatividade e imaginação humana surgem as hipóteses.
·
O
assombro e a curiosidade também contribuem para o surgimento da hipótese.
· Há uma espécie de salto criativo para que hipóteses sejam criadas.
-
O que são hipóteses ou teorias científicas?
·
Hipóteses
são tentativas de solucionar problemas.
·
As
hipóteses são conjecturas desenvolvidas por mentes criativas.
· As hipóteses não são, necessariamente, resultados de procedimentos de rotina.
PARTE
VII - CRÍTICA À INDUÇÃO
-
Começado por F. Bacon, o método indutivo é a base para a ciência moderna.
·
Para
se obter uma base sobre as leis naturais é preciso que se observe uma série de
fenômenos.
· Uma vez observado certa regularidade nos fenômenos singulares, pode-se generalizar.
- Para Popper, a indução não é capaz de produzir um conhecimento possuidor de um grau absoluto de certeza (para ele há dois modos de indução).
a)
Indução por Enumeração – consiste em fazer observações repetidas, que podem
fundamentar a generalização de uma teoria.
· No entanto, nenhum número de observação de fenômenos particulares é capaz de estabelecer com certeza uma regra absoluta.
Ex. Por maior que seja a quantidade de átomos de hidrogênio que se observe, não se pode estabelecer com certeza absoluta que todos os átomos de hidrogênio emitem espectros do mesmo tipo.
b)
Indução Eliminatória
– baseia-se no método de eliminação, o qual rejeita falsas teorias.
·
Eliminando-se
teorias falsas, pode-se ter certezas da teoria não rejeitada.
· Mas isso não garante nada; uma teoria ainda não rejeitada, não significa que nunca o será (antes de Copérnico, acreditava-se em Ptolomeu).
-
As teorias gerais com base em observações particulares não têm fundamento
lógico.
· Não se deve inferir assertivas universais por meio de eventos particulares.
-
Já que por meio da indução não se pode chegar à certeza da verdade, Popper
desenvolveu o critério da Falseabilidade.
·
Se
a pesquisa se inicia com problemas, hipóteses são criadas para encontrar uma
solução.
·
Essas
hipóteses devem ser comprovadas.
·
Uma
teoria só é científica se for passível de ser falsificável.
· Essa teoria deve ser de tal modo que dela seja extraíveis consequências que possam ser refutadas, ou seja, falsificadas por novos fatos.
-
Popper afirma que há uma assimetria lógica na ciência.
·
Bilhões
- de experiências não são capazes de proporcionar cem por cento de certeza.
· Uma - nova experiência pode contrariar (falsificar) uma teoria largamente aceita
-
Para Popper, não há nem haverá verdade científica definitiva.
·
A
ciência produz verdades provisórias que podem ser refutadas a qualquer momento.
· Com Popper, a ciência torna-se a forma de conhecimento que busca constantemente o aperfeiçoamento de suas verdades, a autocorreção
PARTE
VIII - O MITO DA TÁBULA RASA
-
Segundo tal conceito, Tábula Rasa, a mente do pesquisador deve estar desprovida
de pressupostos (hipótese, suspeitas, problemas etc.).
·
No
entanto, a realidade não é uma Tábula Plena; ela existe em um quadro cheio de
sinais, tradições e elementos culturais.
·
Toda
observação orienta-se por expectativas; pressupondo o quê e como observar.
·
Sempre
se opera com teorias, com ou sem consciência desse fato.
· Sem preconceitos a mente já não é mente; apenas vazio.
PARTE
IX - DESCOBERTA E JUSTIFICATIVA
-
Para Popper uma coisa é o contexto de descoberta, outra coisa é o contexto de
justificativa.
·
Descoberta – esse contexto pode vir dos mitos, da
filosofia, dos sonhos, dos sentimentos, da intuição etc.
· Justificativa – maneiras de comprovar, objetivando cientificamente.
FINAL
- CIÊNCIA DESCRITIVA
-
Na antiguidade clássica, a demonstração da geometria euclidiana tinha sido o
modelo de cientificidade.
·
A
partir do Renascimento, a ciência tornou-se descritiva.
·
Procura
descrever, medir, compreender e registrar as realidades mensuráveis ao nosso
redor.
·
Uma
ciência que possui uma abordagem experimental na sua metodologia.
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