quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

KARL RAIMUND POPPER (1902 -1994)

(FILOSOFIA DA CIÊNCIA)

Por: Claudio Fernando Ramos, a partir de livros e da net. C@cau “::¬)09/02/2023

Vídeo Aula:

https://www.youtube.com/watch?v=N0C1LkaXWcs 

“(...) só reconhecerei um sistema como empírico ou científico se ele for passível de comprovação pela experiência. Essas considerações sugerem que deve ser tomado como critério de demarcação não a verificabilidade, mas a falseabilidade de um sistema. Em outras palavras, não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo através de recurso a provas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível refutar, pela experiência, um sistema científico empírico.”

(Popper, 1993, p. 42)

PARTE I – ALGUMAS TESES:

- O que torna um conhecimento científico?

- Quais são os procedimentos científicos?

- Quais são os limites do conhecimento científico?

- Existe, de fato, a chamada certeza científica?

PARTE II – QUEM FOI POPPER

- Popper nasceu na Áustria, em 1902.

·         Filho de judeus, emigrou para a Nova Zelândia em 1937.

- Faleceu em 1994, na Inglaterra, país que o acolheu a partir de 1946, conferindo a ele o título de Sir. Na Inglaterra.

- “Lógica da Investigação Científica”.

·         Considerada uma das obras mais importantes de filosofia da ciência.

·         Popper publicou muitos de seus escritos e desenvolveu carreira docente na London School of Economics.

- Popper teve no início de sua formação a influência das discussões feitas no Círculo de Viena.

·         Embora seu pensamento político seja muito conhecido, o que o tornou célebre foi o seu pensamento sobre a ciência que impactou filósofos e cientista. 

PARTE III – O CÍRCULO DE VIENA

- Círculo de Viena foi uma associação fundada no final da década de 1920 por um grupo de cientistas, lógicos e filósofos que concentrava seus esforços em torno de um projeto intelectual.

·         Tal projeto era o desenvolvimento de uma filosofia da ciência baseada em uma linguagem lógica e a partir de procedimentos lógicos com alto rigor científico.

·         O tema prioritário dos estudos desse grupo era a formulação de um critério que permitisse distinguir entre proposições com ou sem significação a partir do critério de “verificabilidade”.

·         Para o Círculo, quilo que não tivesse possibilidade de verificação deveria ser retirado do saber científico, como os enunciados metafísicos.

- A Física era o modelo que eles propunham para todos os enunciados científicos.

·         Só aquilo que foi dito a partir de observações poderia ser considerado verdadeiro.

·         Os enunciados que não pudessem ser examinados a partir da verificação empírica não tinham significação e, portanto, deveriam ser desconsiderados da ciência.

- A verificação pode ser feita ainda de outra forma além do método empírico.

·         Por meio da aplicação da lógica para saber se há coerência no enunciado.

·         Dependentes de constatações empíricas ou de demonstração lógico-matemática, as leis científicas para os pensadores do Círculo de Viena só poderiam ser a posteriori.

- A proposição “Existe petróleo no meu quintal” é possível de ser verificada e pode ser verdadeira ou falsa a partir da constatação feita (uma escavação no solo).

·         A proposição “A alma é imortal”, ao contrário, não é verificável, apesar de ser uma construção gramaticalmente correta e independente dos argumentos utilizados para prová-la.

·         A primeira proposição tem significação e valor cognitivo porque é verificável; a segunda, não.

- Pelo critério de verificabilidade é possível fazer uma distinção entre a Filosofia e a Ciência.

·         O objetivo da Filosofia é, segundo Rudolf Carnap, um dos principais representantes do Círculo, o de estudar a natureza da linguagem científica.

- Um estudo que compreenderia três processos:

·         Sintático - pelo qual ela estabeleceria teorias a respeito das relações formais entre os signos.

·         Semântico - pelo qual estabeleceria teorias a respeito das interpretações.

·         Pragmático - pelo qual estabeleceria teorias a respeito das relações entre a linguagem, o locutor e o ouvinte.

PARTE IV - O FIM DO CÍRCULO

- Alguns pensadores importantes do Círculo de Viena foram: 

·         Otto Neurath; Moritz Schilick e Ernest Nagel.

- A ascensão do nazismo repercutiu na formação do Círculo:

·         Carnap e outros membros mudaram-se para os Estados Unidos.

·         Hahn, Schilick e Neurath morreram.

·         O movimento intelectual dispersou-se a partir de então.

PARTE V - POPPER X CÍRCULO

(Verificabilidade X Falseabilidade)

- O princípio de verificabilidade dos pensadores do Círculo de Viena foi um dos principais pontos combatidos por Popper.

·         Para ele, uma proposição poderia ser considerada verdadeira ou falsa não a partir de sua verificabilidade, e sim da sua refutabilidade (ou falseabilidade).

- A observação científica, segundo ele, é sempre orientada previamente por uma teoria a ser comprovada.

·         A ciência que se baseia no método indutivo seleciona os fenômenos que serão investigados para a comprovação de algo que já se supõe.

·         Por essa razão, o critério de verificabilidade nem sempre será válido.

- Segundo Popper, em vez de buscar a verificação de experiências empíricas que confirmassem uma teoria, buscava fatos particulares que, depois de verificados, refutariam a hipótese.

·         Assim, em vez de se preocupar em provar que uma teoria era verdadeira, ele se preocupava em provar que ela era falsa.

·         Quando a teoria resiste à refutação pela experiência, pode ser considerada comprovada.

- Com o princípio da falseabilidade, Popper estabeleceu o momento da crítica de uma teoria como o ponto em que é possível considerá-la científica.

·         As teorias que não oferecem possibilidade de serem refutadas por meio da experiência devem ser consideradas como mitos, não como ciência.

·         Dizer que uma teoria científica deve ser falseável empiricamente significa dizer que uma teoria científica deve oferecer possibilidade de refutação – e, se refutadas, não devem ser consideradas.

PARTE VI - METODOLOGIA CIENTÍFICA

 

- Como se inicia o conhecimento científico?

·         Primeiro tem-se um problema.

- O que é um problema?

·         É um fenômeno da natureza (ou hipotético) cuja resolução, a princípio, não está aparente.

- Como ocorre o processo que vai construir a solução para um determinado problema?

·         O primeiro passo deve ser dado a partir da criação de uma hipótese científica.

- Como se constrói uma hipótese científica (teorias científicas)?

·         Por meio da criatividade e imaginação humana surgem as hipóteses.

·         O assombro e a curiosidade também contribuem para o surgimento da hipótese.

·         Há uma espécie de salto criativo para que hipóteses sejam criadas.

- O que são hipóteses ou teorias científicas?

·         Hipóteses são tentativas de solucionar problemas.

·         As hipóteses são conjecturas desenvolvidas por mentes criativas.

·         As hipóteses não são, necessariamente, resultados de procedimentos de rotina.

PARTE VII - CRÍTICA À INDUÇÃO

- Começado por F. Bacon, o método indutivo é a base para a ciência moderna.

·         Para se obter uma base sobre as leis naturais é preciso que se observe uma série de fenômenos.

·         Uma vez observado certa regularidade nos fenômenos singulares, pode-se generalizar.

- Para Popper, a indução não é capaz de produzir um conhecimento possuidor de um grau absoluto de certeza (para ele há dois modos de indução).

a) Indução por Enumeração – consiste em fazer observações repetidas, que podem fundamentar a generalização de uma teoria.

·         No entanto, nenhum número de observação de fenômenos particulares é capaz de estabelecer com certeza uma regra absoluta. 

Ex. Por maior que seja a quantidade de átomos de hidrogênio que se observe, não se pode estabelecer com certeza absoluta que todos os átomos de hidrogênio emitem espectros do mesmo tipo.

b) Indução Eliminatória – baseia-se no método de eliminação, o qual rejeita falsas teorias.

·         Eliminando-se teorias falsas, pode-se ter certezas da teoria não rejeitada.

·         Mas isso não garante nada; uma teoria ainda não rejeitada, não significa que nunca o será (antes de Copérnico, acreditava-se em Ptolomeu).

- As teorias gerais com base em observações particulares não têm fundamento lógico.

·         Não se deve inferir assertivas universais por meio de eventos particulares.

- Já que por meio da indução não se pode chegar à certeza da verdade, Popper desenvolveu o critério da Falseabilidade.

·         Se a pesquisa se inicia com problemas, hipóteses são criadas para encontrar uma solução.

·         Essas hipóteses devem ser comprovadas.

·         Uma teoria só é científica se for passível de ser falsificável.

·         Essa teoria deve ser de tal modo que dela seja extraíveis consequências que possam ser refutadas, ou seja, falsificadas por novos fatos.

- Popper afirma que há uma assimetria lógica na ciência.

·         Bilhões - de experiências não são capazes de proporcionar cem por cento de certeza.

·         Uma - nova experiência pode contrariar (falsificar) uma teoria largamente aceita

- Para Popper, não há nem haverá verdade científica definitiva.

·         A ciência produz verdades provisórias que podem ser refutadas a qualquer momento.

·         Com Popper, a ciência torna-se a forma de conhecimento que busca constantemente o aperfeiçoamento de suas verdades, a autocorreção

PARTE VIII - O MITO DA TÁBULA RASA

- Segundo tal conceito, Tábula Rasa, a mente do pesquisador deve estar desprovida de pressupostos (hipótese, suspeitas, problemas etc.).

·         No entanto, a realidade não é uma Tábula Plena; ela existe em um quadro cheio de sinais, tradições e elementos culturais.

·         Toda observação orienta-se por expectativas; pressupondo o quê e como observar.

·         Sempre se opera com teorias, com ou sem consciência desse fato.

·         Sem preconceitos a mente já não é mente; apenas vazio.

PARTE IX - DESCOBERTA E JUSTIFICATIVA

- Para Popper uma coisa é o contexto de descoberta, outra coisa é o contexto de justificativa.

·         Descoberta – esse contexto pode vir dos mitos, da filosofia, dos sonhos, dos sentimentos, da intuição etc.

·         Justificativa – maneiras de comprovar, objetivando cientificamente.

FINAL - CIÊNCIA DESCRITIVA

- Na antiguidade clássica, a demonstração da geometria euclidiana tinha sido o modelo de cientificidade.

·         A partir do Renascimento, a ciência tornou-se descritiva.

·         Procura descrever, medir, compreender e registrar as realidades mensuráveis ao nosso redor.

·         Uma ciência que possui uma abordagem experimental na sua metodologia.

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