segunda-feira, 24 de março de 2025

O TRABALHO

 O TRABALHO

O trabalho é essencial para a visão que o ser humano tem de si mesmo.

Organizado a partir de livros didáticos e da net. C@cau “:¬)24/03/2025 

VÍDEO DE APOIO: https://www.youtube.com/watch?v=C8kXG25Z2cY

TRABALHO E SOCIALIZAÇÃO

- Uma visão superficial: quando se começa a trabalhar, com responsabilidades e horários a cumprir, muita coisa muda na vida de uma pessoa.

·         O indivíduo é obrigado a aprender a se relacionar com outras pessoas.

·         O trabalho passa a ser um meio de aprendizado das relações sociais, tanto quanto uma forma de obter o sustento.

- A coisa é mais complexa: a questão do trabalho não é tão simples.

·         Dependendo de como se compreende o trabalho, e de como esse trabalho se realiza, pode-se ter uma ou outra visão de mundo.

·         É importante compreender diferentes noções de trabalho para compreender diferentes formas de socializações.

- EX: “[...] Na produção, os homens não atuam apenas sobre a natureza, mas também atuam uns sobre os outros. Não podem produzir sem se associarem de um certo modo, para atuarem em comum e estabelecerem um intercâmbio de atividades. Para produzir, os homens contraem determinados vínculos e relações sociais, e só através deles se relacionam com a natureza e se efetua a produção. [...] As relações sociais que os indivíduos produzem mudam, transforma-se, na medida da mudança e do desenvolvimento dos meios materiais de produção, isto é, das forças produtivas. [...]”

MARX, Karl. Trabalho assalariado e capital. In: REZENDE, Antonio (org.). Curso de filosofia. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. p. 178.

A ANTIGUIDADE E O TRABALHO

(Manual e Contemplativo)

- O trabalho em dois aspectos: os antigos e boa parte dos medievais o consideravam como dividido em duas partes: como trabalho manual e como trabalho contemplativo.

·         O trabalho manual era algo tido como degradante e inferior ao trabalho contemplativo.

·         O trabalho contemplativo envolvia a atividade intelectual, artística e política.

·         Aristóteles (384-322 a C.) declarou que o trabalho manual é uma atividade ignóbil.

·         Acreditava-se que o trabalho manual era causa de deformações somáticas e psíquicas.

- O trabalho e o uso de instrumentos: o trabalho manual estava vinculado ao uso de utensílios.

·         Aristóteles considerava que a obrigatoriedade do uso do utensílio tornava aquela atividade escrava dos instrumentos.

·         O trabalho intelectual, que prescindia dos utensílios, estava assim libertado.

·         O critério de autonomia (autarquia), foi para os gregos antigos muito importante para fazer esse tipo de distinção.

OBS – Autarquia: concepção grega importante que significa, em geral, autossuficiência, o governo de si mesmo, de ser o mais independente possível. Nas tradições socráticas e helenísticas, era a condição da felicidade e da paz de espírito (Ataraxia). 

- O trabalho contemplativo acima do mecânico: Aristóteles também compreendia que todas as Artes necessitam também de alguns instrumentos.

·         Não se poderia descartar as atividades manual e mecânica do conjunto das atividades humanas.

·         Para Aristóteles as atividades manuais estão submetidas às atividades contemplativas.

- EX: o construtor manual deve seguir o plano do arquiteto.

OBS – A escravidão no mundo antigo: No sistema escravista, o escravo eram os únicos que realizavam os trabalhos manuais, tal atividade passa a ser considerada objeto de desprezo pelas classes dirigentes das sociedades (Aristocracia).

A IDADE MÉDIA E O TRABALHO

(Sociedade Estamental)

- Os três estados: a posição do trabalho na IM estava de acordo com a chamada fórmula dos três estados, rigidamente hierarquizada e de pouca mobilidade social.

·         Oradores (eclesiásticos) - responsáveis pela orientação espiritual da comunidade.

·         Defensores (guerreiros, nobreza) - responsáveis pela proteção da comunidade.

·         Lavradores (campesinato, agricultores) - responsáveis pela produção.

- O trabalho artesanal: a condição de subordinação do trabalho com base nessa fórmula está mais relacionada aos lavradores do que aos artesãos.

·         As comunidades monásticas – aquelas que abdicam de bens comuns do cotidiano em prol da prática religiosa –, também realizavam esse tipo de trabalho.

·         A ação dos clérigos fez com que os medievais tivessem mais respeito pelos trabalhos artesanais manuais que os antigos.

A MODERNIDADE E O TRABALHO

(A dignificação pelo Trabalho)

- A divinização do trabalho: na modernidade o trabalho manual adquire grande valorização, passando a ser visto como uma atividade de natureza quase divina.

·         De acordo com Max Scheler (1874-1928), em  muitos povoados da Alemanha, essa valorização do trabalho traduziu-se como o hábito de trabalhar apenas por trabalhar, mesmo sem considerar seus fins.

·         Para Max Scheler e também para Max Weber, a supervalorização do trabalho manual manifesta o ressentimento que o ser humano moderno vai pouco a pouco tendo com relação aos valores vitais e espirituais.

·         Passa-se a considerar que só possui valor aquilo que é feito e adquirido pela própria pessoa por meio de esforço, cumprimento e dever.

·         O produto do trabalho é visto como uma prova de que o ser humano pode assumir papel de protagonista diante da natureza, modificá-la, controlá-la, subjugá-la.

·         A noção de trabalho passa a adquirir uma importância central e a influenciar outros valores dentro das sociedades modernas.

- A Revolução Industrial e o trabalho como técnica: ao se falar da Revolução Industrial, fala-se também do desenvolvimento da técnica ou da tecnologia.

·         A questão do trabalho muda bastante com o aprimoramento da técnica.

·         O alemão Karl Jaspers (1883-1969) procura compreender o trabalho a partir do uso da técnica.

·         A técnica surge quando o ser humano se dispõe a realizar qualquer atividade.

- O trabalho como transformação e diferenciação entre o homem e o animal: isso ocorre de três modos: como trabalho corporal, como ação de acordo com um plano e como uma característica do ser humano que o diferencia do animal.

·         Considerar o trabalho como comportamento fundamental do ser humano (Karl Marx) está ligado ao processo de humanização do mundo ao redor do homem e do próprio homem.

OBS: A valorização do trabalho está fortemente associada à Revolução Industrial

HEGEL E O TRABALHO

(Mediação entre o Mundo e o Humano)

- Hegel (1770-1831) compreende o trabalho como mediação entre o ser humano e o mundo.

·         Distintamente dos animais, o ser humano não consome imediatamente o produto que elabora por meio do trabalho, mas elabora de forma cada vez mais complexa a matéria fornecida pela natureza, atribuindo-lhe valor humano.

·         O ser humano só se realiza como tal nas necessidades que satisfaz por meio do trabalho.

·         Ao trabalhar, o ser humano se torna humano, ou seja, passa pelo processo de humanização, tanto teoricamente, por meio do trabalho intelectual, como na prática, por meio da ocupação manual.

·         O ser humano que se civilizou é aquele que compreendeu a necessidade do trabalho para sua formação.

- Divisão Social do Trabalho (não se pode fazer tudo, um depende do outro): há um crescimento infinito das necessidades e a concepção da divisão social do trabalho, que tem por consequência a divisão de classes.

·         A divisão social do trabalho facilita o trabalho e aumenta a produção, mas também aumenta a especialização e as desigualdades – o que faz com que o indivíduo passe a depender cada vez mais do conjunto da sociedade.

·         A especialização tira a necessidade de se aprender a realizar várias tarefas, de modo que o indivíduo se vê obrigado a depender dos outros para que realizem trabalhos que ele mesmo não sabe mais fazer.

OBS: O avanço da técnica gera a substituição das pessoas pelas máquinas.


KARL MARX E O TRABALHO

(Trabalhando o homem humaniza-se)

- Os temas de Hegel são aceitos por Karl Marx, que passa a desenvolvê-los.

·         Para Marx, os seres humanos começam a se distinguir dos animais quando começam a produzir seus meios de subsistência.

·         Trabalhando, os indivíduos produzem indiretamente sua própria vida material.

·         O trabalho não é apenas o meio de subsistência, mas sobretudo a própria realização e a produção da vida humana.

·         O trabalho não é uma condenação para o homem, mas o próprio homem, modo específico de existir, de se fazer humano.

·         Por meio do trabalho, o indivíduo percebe-se como um ser social.

·         Pelo trabalho, a natureza torna-se uma extensão do corpo humano, por meio do qual o ser humano pode tomar consciência de si mesmo.

- Trabalho alienado: só há humanização por meio do trabalho não alienado, isto é, que não é uma mercadoria.

·         No capitalismo, surge o confronto entre a personalidade do proletário como indivíduo e o trabalho como condição de vida, que lhe é imposta pelas relações, e das quais não participa mais como ator, mas como objeto.

·         As relações de trabalho e produção constituem a estrutura autêntica da história, de onde são refletidas as diversas formas de consciência.

·         A visão de mundo do ser humano está totalmente vinculada à maneira de produzir sua subsistência.

·         A consciência humana estaria vinculada ao modo como trabalha e produz sua subsistência, segundo tese clássica de Marx.

·         É por meio do trabalho que o ser humano pode se libertar da natureza e ser protagonista de sua transformação.

OBS: O trabalho reflete e fundamenta, a visão sobre o papel do ser humano em sociedade.

 

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