SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA
Adaptado de livros didáticos, C@cau “:¬)06/03/2025
VÍDEOS:
https://www.youtube.com/watch?v=9EZ18Kw8at4
https://www.youtube.com/watch?v=VC9jUVFCM-I
https://www.youtube.com/watch?v=UlhhgBiCz7M
TEÓRICOS
- Talcott Parsons (1902-1979); Robert King Merton (1910-2003); Peter Berger (1929-2017); Thomas Luckmann (1927-2016)
INTRODUÇÃO
Enquanto as ciências duras definem e quantificam os seus objetos, a Sociologia ainda discute os seus métodos.
-
A Sociologia, como campo de investigação e metodologia própria, surgiu no
século XIX.
· A complexidade das Sociedade Humanas “obrigou” os sociólogos a ajustarem e criarem métodos para compreender, de forma mais verdadeira possível, o objeto social.
-
Ainda que as sociologias clássicas tenham sido importantes para estabelecer o
conteúdo e os métodos de estudo, outras concepções foram desenvolvidas
posteriormente, já no século XX.
·
Alguns
tomaram os clássicos como base; outros foram por outros caminhos.
· Apesar das diferenças dos métodos, é preciso sempre considerar o que une as diferentes sociologias.
ESTRUTURALISMO
FUNCIONALISTA
-
Talcott Parsons (1902-1979) foi um dos sociólogos americanos mais influentes do
século XX.
·
Professor
em Harvard, seu objetivo era criar uma metodologia que se opusesse ao empirismo
e ao Positivismo.
·
Fundou
assim o método do estruturalismo funcionalista, juntando os métodos de Max
Weber (que buscava entender o sentido das ações de um indivíduo) e Émile
Durkheim (que defendia que as ações humanas eram influenciadas por fatores
externos).
- Parsons procurou formular uma teoria geral da ação social; uma teoria geral para explicar o comportamento das pessoas em sociedade.
CATEGORIAS
CRIADAS POR PARSONS:
-
Adaptação:
procura entender as relações entre os meios e as finalidades das ações sociais.
·
A
adaptação pressupõe que deve haver respeito a certas normas por parte dos
indivíduos dadas pelo próprio meio social.
· É o estudo da adaptação do indivíduo aos meios sociais.
-
Realização dos fins coletivos: é o estudo dos objetivos que o conjunto social
procura realizar.
· Assim como o estudo dos membros desse conjunto que realizam tal ação.
-
Integração:
procura deixar explícitas as unidades que compõem um sistema social.
· Explicar como cada uma das partes se relaciona umas com as outras de modo a entender como tal conjunto se mantém coeso.
- Manutenção dos modelos de controle: visa ao estudo daquilo que assegura a estabilidade das normas e dos valores.
COESÃO
SOCIAL
-
As quatro categorias de Parsons se relacionam com o conceito clássico de
sociologia da coesão social.
·
A
coesão social refere-se ao grau de identificação que os indivíduos possuem com
o sistema social no qual estão inseridos.
· Se se identificam com ele, se se sentem dispostos a apoiá-lo no que diz respeito às normas, valores e crenças.
COESÃO
SOCIAL E DURKHEIM
-
Segundo Durkheim, o grau de coesão varia de acordo com o modo que o sistema
social é organizado.
· Durkheim explica a coesão social por meio dos conceitos de solidariedade mecânica e orgânica.
COESÃO
SOCIAL E PARSONS I
-
Segundo Parsons, a coesão social ocorre pelo consenso geral sobre os
valores.
·
Esse
consenso se dá por meio de instituições socializantes, sobretudo a família, a
escola e a mídia.
·
Para
ele, ainda que haja um consenso geral, há também consensos em subgrupos da
população.
·
Desse
modo, o consenso nem sempre significa que alguns valores sejam, de fato, o
melhor para o interesse de toda a sociedade.
· O consenso pode refletir poder de alguns grupos e moldar toda a sociedade de acordo com seus próprios interesses.
OBS 1: Parsons faz referência às sociologias de Karl Marx e Max Weber, segundo os quais a coesão e a ordem só vêm por meio do domínio de instituições como o Estado.
COESÃO
SOCIAL E PARSONS II
-
Estuda a primeira infância, como se constroem as primeiras relações com o
mundo.
· Nessa fase, a relação com a mãe, que Parsons chama de fusão, é essencial.
-
Somente depois dessa primeira etapa é que a criança pode entender as primeiras
restrições morais, de modo a controlar as próprias pulsões e se situar no meio
familiar.
· A mediação exercida pelo pai também é essencial, uma vez que ele é aquele que encarna os valores sociais, de modo que oferece à criança o acesso ao mundo extrafamiliar.
-
A entrada na escola constitui outro momento essencial da socialização, uma vez
que a integração depende dos resultados escolares, determinado aos olhos da
escola, do grupo e de si mesmo.
· Por um lado, a escola valoriza os desempenhos, por outro, a amizade e o coleguismo são inerentes ao processo de socialização escolar.
PARSONS
E OS ESTÁGIOS HUMANO
-
Apesar das críticas, o pensamento de Parsons se assemelha ao de Comte, porque
considera que a história humana possui três estágios:
·
Primitivo
– a escrita como razão da passagem do primeiro para o segundo.
·
Intermediário
– a emersão do Direito como passagem para o moderno.
· Moderno – o Direito Institucionalizado como marca da modernidade.
- Para Parsons as sociedades seguem etapas que transformam suas relações sociais:
PARSONS
CRITICADO
-
Uma crítica ao método de Parsons é sua tendência a desvalorizar o papel da ação
individual.
·
Compreender
a ação individual acaba se resumindo a entender como a pessoa adota os sistemas
sociais existentes.
· Isso esvazia o conflito entre indivíduo e sociedade, em nome da integração social, e acentua a ordem e a ideia de consenso.
ROBERT
KING MERTON E O FUNCIONALISMO REVISTO
(Teoria
geral da anomia)
-
Robert King Merton (1910-2003), professor da Universidade de Colúmbia, Nova
York, foi um dos continuadores da obra de Parsons, embora tenha feito releitura
e crítica da tradição funcionalista.
·
Merton
procurou manter distância do Positivismo, que segundo ele estudava os fatos
puros, acabando por focar demais nos detalhes e perdendo a noção do conjunto
social.
· Manteve distância das grandes teorias, porque considera que são muito abrangentes e que perdem os detalhes do meio social.
SOCIOLOGIA
DO DESVIO DA NORMA
-
Merton procurou um meio-termo entre as tendências clássicas, com a sua chamada sociologia
do desvio da norma, segundo a qual há maior ou menor adaptação do
indivíduo ao meio.
·
Merton
possui uma nova noção de anomia, que havia sido desenvolvida por Durkheim.
· A anomia, para Merton, ocorre quando não há uma harmonia entre os objetivos culturais que os membros da sociedade perseguem e os meios de que esses membros dispõem ou não para realizar tais objetivos (os meios são definidos pela sociedade).
-
Ainda que a ideologia das classes abertas e da mobilidade social se esforce
para negá-lo, para aqueles que estão situados nos níveis mais baixos da
estrutura social (não só para estes), a civilização impõe exigências
contraditórias.
· Essa tensão pode levar justamente ao desvio de norma.
O
QUE É ANOMIA?
-
A anomia é uma situação social caracterizada pela falta de coesão e
ordem, sobretudo em se tratando de normas e valores.
·
Há
vários motivos para uma situação de anomia, como leis arbitrárias ou falta de
leis que regulem novos comportamentos.
· A anomia ocorre quando o sistema de leis está completamente separado dos valores dos indivíduos, de maneira que as pessoas passam a se preocupar muito mais com os próprios interesses do que com os interesses da comunidade.
DURKHEIM
E A ANOMIA
-
Durkheim desenvolve esse conceito a partir de uma situação específica: as taxas
de suicídio eram mais altas em países protestantes do que nos católicos.
·
Segundo
ele, isso ocorreria porque a cultura protestante atribui muito mais valor à
autonomia e à autossuficiência individual.
·
Dessa
maneira, seria menos provável que as pessoas desenvolvessem tipos de laços
comunais, que poderiam ajudá-las em situações de crise emocional.
· Há uma dualidade entre aquilo que o indivíduo se vê na obrigação de atingir e os meios de que dispõe para isso: o sucesso material.
TIPOLOGIAS
DE MERTON
-
Merton estabelece uma tipologia capaz de analisar os diferentes tipos de
adaptação às normas/desvios:
O conformismo - é o modo de
adaptação mais comum, e é o que garante a estabilidade da ordem social.
·
Aqui
a pessoa partilha dos objetivos dados pela sociedade – como também dos meios
para atingi-los.
A
Inovação -
é uma atitude daquele que partilha dos objetivos que a sociedade impõe, mas não
os meios.
·
Ex - Al Capone, como aquele que aceita os objetivos – ficar
rico – mas por meios ilícitos, não aceitos.
O Ritualismo - ele acontece quando
a pessoa renuncia aos projetos de sucesso social, reduzindo suas aspirações
iniciais.
·
Mas
isso não torna a adesão às normas sociais mais fracas; ao contrário, elas são
aceitas com mais vigor ainda.
·
Não
são questionadas, mas reforçadas pelo ritualismo das ações.
·
Ex - a classe média baixa e o burocrata, pelo seu zelo quase
sacro pelo regulamento e pelas normas.
A Evasão - consiste em um
modo de ação relativamente raro.
·
São
os indivíduos que se colocam fora da sociedade, fogem das obrigações que lhes
parecem insuportáveis.
·
Ex - o “vagabundo”, personagem de Charles Chaplin.
A Rebelião - a pessoa não aceita
os objetivos, nem as normas, mas, em vez de evadir-se, cria novos objetivos e
novas normas.
·
A
atitude na rebelião geralmente é acompanhada de adoção de comportamentos
revolucionários, para superar a estrutura social.
· Essa análise procura explicar as maneiras diferentes do indivíduo de se posicionar diante de normas, que podem ou não ser legítimas, como também o comportamento dele e sua relação no grupo e também na hierarquia social.
O
QUE É CONSTRUTIVISMO?
-
O construtivismo é um método que procura compreender a sociedade não como uma
realidade em si, como uma coisa, ou algo objetificado, mas como uma entidade
viva, que se compõe de atores individuais e coletivos em diferentes situações,
em constante desenvolvimento.
·
Sob
o ponto de vista construtivista, a sociedade está em permanente construção, de
modo que é preciso dirigir a atenção de estudo para situações mais concretas.
· As ações sociais estão em um mundo social, que por sua vez resulta da construção das primeiras e vice-versa.
CONSTRUTIVISMO:
DIVERSOS GRUPOS DE TEORIAS
-
Em geral, essas teorias rejeitam a separação circunscrita entre indivíduo e
sociedade.
·
Consideram
que indivíduos e sociedade estão em permanente cooperação e troca.
·
Indivíduos
não significam muito fora da sociedade em que se desenvolvem, do mesmo modo que
a sociedade não pode ser considerada uma entidade estática completamente
separada de seus componentes ou indivíduos.
·
Para
as teorias construtivistas, a ordem social aparece mais frágil.
·
Os
papéis sociais já não são mais tão evidentes e fixos, necessitando de um
trabalho de legitimação, assim como as próprias instituições, que estariam em
constante transformação.
·
O
indivíduo transforma a sociedade como esta transforma o indivíduo.
· Desse modo, a dimensão subjetiva (indivíduo) e a dimensão objetiva (instituições) constroem-se mutuamente.
TEÓRICOS
CONSTRUTIVISTAS
(Socialização
Primária e Secundária)
- Peter Berger (1929-2017) e Thomas Luckmann (1927-2016), publicam a obra “A construção social da realidade” 1966,
em que estudam o processo pelo qual os indivíduos se esforçam para compreender
o sentido de sua ação social.
·
Procuram
explicar como os atores sociais ordenam sua experiência com os outros membros
da sociedade, dando-lhes um sentido.
·
Argumentam
que isso ocorre por meio de estoque social dos conhecimentos – uma criação de
referências a partir da repetição das ações cotidianas, que procuram ajustar a
ação ao contexto da situação.
·
Essa
coleção de referências também pode ser chamada de costume, de importante
aquisição sociológica e psicológica.
·
O
costume é um estreitamento de escolhas.
·
Ex - há várias maneiras de realizar algo, mas, na prática,
isso se reduz a poucas possibilidades.
· Ex - o costume libera o indivíduo do peso de todas as decisões, isto é, de todas as possibilidades para realizar alguma ação.
-
O costume também se expressa por meio de esquemas classificatórios, que
permitem encontrar semelhanças, tipificar um lugar-comum, de modo a orientar a
ação social.
·
Ex - “homem”, “europeu”, “sul-americano”, “mulher”,
“comprador”, “vendedor”, “tipo jovial” etc.
·
Todos
esses esquemas fornecem um estoque de conhecimento para decifrar o real e
permitir ações sociais.
· Ex - o “padeiro” talvez seja, como o vizinho, apaixonado por futebol; seu filho pode estar em recuperação na escola, assim como o filho do vizinho.
-
Assim, “padeiro”, “professora” etc. são tipificações permitidas também pela
linguagem.
·
É
a linguagem que permite a capacidade de partilhar referências.
·
Ela
cria uma imagem que reúne dados mais ou menos suficientes para estabelecer uma
relação social.
·
Essa
tipificação não é um reflexo completo da realidade.
· O padeiro continua sendo um padeiro, mas não apenas isso.
-
Berger e Luckmann, a vida social é uma mistura de uma zona de lucidez (aquilo
que se conhece das pessoas – por meio da tipificação) e uma zona de obscuridade
(aquilo que escapa à tipificação).
·
Ambos
os sociólogos realizaram importante contribuição também para o conceito de
socialização, dividindo-a em duas partes essenciais.
·
Há
a chamada socialização primeira, que forja suas primeiras referências na
primeira infância, por meio da qual você se torna membro da sociedade,
reconhecendo os outros, primeiramente os pais e os membros da família mais
próximos.
·
Nesse
estágio, ocorre o aprendizado das regras morais e sociais: “não coloque os
cotovelos sobre a mesa”, “não bata na coleguinha” etc.
·
A
socialização continua após a infância e se estende para a vida inteira; ocorre
à medida que as pessoas adquirem novos papéis e pouco a pouco se ajustam à
perda dos papéis sociais mais antigos.
·
É
o que os autores chamam de socialização secundária, em que ocorre a
interiorização das normas dos “submundos”, tais como na escola, sobretudo em
estabelecimentos de ensino de nível superior, e no trabalho.
·
A
passagem dos antigos papéis dados na socialização primária para os da
secundária pode ocorrer de forma mais ou menos harmoniosa.
·
Um
adolescente que não consegue entender que o papel de estudante não é o mesmo
papel social que o de um trabalhador terá dificuldades no ambiente do trabalho,
por exemplo.
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