sábado, 6 de outubro de 2018

MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592)


Produzido, a partir da net, por:
Claudio Fernando Ramos, 06/10/2018. Cacau “:¬)
Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. Por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana.”

BIOGRAFIA
O casamento é uma gaiola em que os pássaros que estão fora querem entrar e os que estão dentro querem sair.
O melhor casamento seria entre uma mulher cega e um marido surdo.
(MM)

- Michel de Montaigne nasceu em 1533 no Castelo de Montaigne (Dordonha, próximo da região de Bordeaux).
- Faleceu em 1592 em sua cidade natal, de inflamação nas amígdalas.
- Seu pai era um próspero comerciante com título de nobreza e a mãe vinha de uma família de judeus espanhóis convertidos ao catolicismo. 
- Foi educado em casa e sua língua materna era o latim.
- Demonstrou grande interesse pela escrita e por assuntos de história.
- Estudou Direito na Universidade de Toulose e foi um grande jurista, ocupando os cargos de Presidente da Câmara e Prefeito de Bordeaux.

OBRA
(Ensaios)
- Michel de Montaigne é considerado:
·         Ensaios (1580), foi a única obra publicada por Montaigne (reunida em três volumes).
·         Michel é o inventor do gênero Ensaio Pessoal.
·         Em Ensaios Montaigne fala sobre tudo, desde flores, animais, mulheres, traições e até de seu próprio corpo.

ÁREAS DE ATUAÇÕES
O homem não tem nenhum outro animal a temer no mundo tanto quanto ao homem.”

- Michel de Montaigne foi:
·         Filósofo.
·         Escritor.
·         Humanista.

INFLUÊNCIAS FILOSÓFICAS
“(…) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos (Tupinambás); e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (…) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer um homem previamente executado. (…) Podemos portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades”.
(MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984).

- Michel de Montaigne foi influenciado por diversas correntes filosóficas:
·         Relativismo Cultural – A verdade é circunstancial.
·         Epicurismo – Hedonismo e Aponia.
·         Estoicismo – Harmonia universal e Rigor Moral.
·         Ceticismo – Impossibilidade do Conhecimento e Epoché.
·         Humanismo – Antropocentrismo.

OPOSIÇÃO
- Michel de Montaigne fez significativa oposição ao pensamento de origem:
·         Escolástica – Teocêntrico, Teorético, Contemplativo e demasiadamente Metafísico.

O FILÓSOFO I
(Educação)
 “Cuidamos apenas de encher a memória, e deixamos vazios o entendimento e a consciência.”

- Revolucionário: Montaigne foi um revolucionário no tema da educação.

- Pedagogo: Em sua obra Ensaios, escreveu alguns artigos dedicados ao assunto de educação, dos quais se destacam:
·         Do Pedantismo.
·         Da Educação das Crianças.

- Educação Sem Memorização: Michel criticou o esquema de memorização e o uso dos livros (baseado na cultura livresca do Renascimento), que segundo ele:
·         Sem rapidez - Na cultura livresca os estudantes não aprenderiam de forma rápida.
·         Sem prática - Os alunos não adquirem prática para solucionar diversos assuntos de suma importância, os quais estavam ligados com o desenvolvimento humano e a moral.
·         Sem articulação - Os alunos não apresentam habilidades necessárias para articular conhecimentos.

A sabedoria é uma construção sólida e única, na qual cada parte tem seu lugar e deixa sua marca”.

- Educação Com Empirismo: De acordo com Michel o ensino deveria estar atrelado com o empirismo, ou seja, através de experiências práticas. Para ele a educação deveria:
·         Investigadores - Criar seres humanos voltados para a investigação.
·         Realizadores - Formar seres humanos capazes de tirar conclusões.
·         Críticos – Preparar alunos que exercitassem a mente resultando num posicionamento crítico do indivíduo.

O FILÓSOFO II
(Singularidade, Pluralidade e Relatividade Humana)
A melhor coisa do mundo é saber ser você mesmo”.

- Essência Humana: Em Montaigne o "Conhece a ti mesmo" (Sócrates) não pode nos dar uma resposta sobre a essência do homem.

- Singularidade Humana: Quando alguém conhece a si mesmo está conhecendo a singularidade e não a totalidade do homem.

- Alteridade: Conhecer a nós mesmos não é a garantia de conhecer os outros.

- Espelhos Individuais: Para melhor nos conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos outros e nos vermos refletidos nelas, mas isso não significa que conhecemos os outros, pois todos somos claramente diferentes.
            
- Pluralidade Humana: Como cada ser humano apresenta múltiplos aspectos e cada um tem suas características próprias, não é possível estabelecer regras para todos os homens.

- Relatividade Humana: Não podemos indicar algo que seja comum a todos, cada indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua sabedoria particular, que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo.

- Antropocentrismo Renascentista: Conhecendo a si mesmo o homem também regressa a si, o que é um dos princípios do renascimento.

O FILÓSOFO III
(Existencialismo)
“Quem tem medo do sofrimento já está sofrendo”.
“O verdadeiro espelho dos nossos discursos é nossa vida”.
“Cada homem tem em si a condição inteira da humanidade”.
“As mais belas almas são as que têm mais variedade e flexibilidade”
(MM).

- Condição Humana: A filosofia de Montaigne se preocupa com a condição existencial do ser humano. 

- Existência, pergunta sem resposta: A existência é um problema, uma pergunta que nunca poderá ser respondida.

- Existência pela existência: A nossa existência é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a si própria.

- O milagre de existir: A existência é um milagre em si mesmo.

- Viver é filosofar: Em seus escritos Michel utilizar a própria vida como filosofia (relato autobiográfico).
·         Isonomia existencial: Para Michel cada indivíduo tem em si a capacidade máxima da situação humana.

- Humanos, Demasiadamente Humanos: O homem deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada mais que isso.
·         Determinismo existencial - Não podemos fazer nada melhor do que sermos humanos.
·         Inutilidade existencial - Aspirarmos ser algo além de homens é inútil e pode nos causar danos morais.

O FILÓSOFO IV
(Viver e Morrer)
“A morte: nossa eterna companheira”. (AD)
“Do medo é que eu tenho mais medo”. (MM)
“Quem ensinar os homens morrer vai também ensinar a viver”. (MM)
“Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos”. (MM)

- A Morte Como Condição: Para Michel a morte faz parte da nossa condição de humanos.
·         Vida e Morte: duas faces de uma mesma moeda - Nós somos uma mescla de vida e morte e ambas confundem-se em nós.
·         Para morrer basta está vivo - Aprender a viver é aprender a morrer.
·         Aceitar a morte é assumir a vida - Quando assumimos nossa condição mortal tendemos a estimar mais a vida que temos.


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