Os Sofistas - O poder da retórica eloquente.
1. (Pucpr 2015) Leia os enunciados abaixo a
respeito do pensamento filosófico de Sócrates.
I.
O texto Apologia de Sócrates, cujo autor é Platão, apresenta a defesa de
Sócrates diante das acusações dos atenienses, especialmente, os sofistas, entre
os quais está Meleto.
II.
Sócrates dispensa a ironia como método para refutar as acusações e calúnias
sofridas no processo de seu julgamento.
III.
Entre as acusações que Sócrates recebe está a de “corromper a juventude”.
IV.
Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e terrenas, a não acreditar
nos deuses e a tornar mais forte a razão mais débil.
V.
Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e resolutos e, em grande
número, falam de forma persuasiva e persistente contra ele.
Assinale
a alternativa que apresenta apenas as afirmativas CORRETAS.
a)
II, IV e V.
b)
I, III e IV.
c)
I, III e V.
d)
II, III e V.
e)
I, II e III.
2. (Unimontes 2010) Via de regra, os sofistas
eram homens que tinham feito longas viagens e, por isso mesmo, tinham conhecido
diferentes sistemas de governo. Usos, costumes e leis das cidades-estados
podiam variar enormemente. Sob esse pano de fundo, os sofistas iniciaram em
Atenas uma discussão sobre o que seria natural e o que seria criado pela
sociedade.
(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995).
Sobre
os sofistas, é incorreto afirmar que
a)
eles tiveram
papel fundamental nas transformações culturais de Atenas.
b)
eles se
dedicaram à questão do homem e de seu lugar na sociedade.
c)
eles eram
mercenários e só visavam ao lucro na arte de ensinar.
d)
eles foram os
primeiros a compreender que o “homem é medida de todas as coisas”.
3. (Enem 2017) Uma conversação de tal
natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva
a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os
temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de
que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva
a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele
tenta imprimir sua orientação.
BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
O
texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na
a)
contemplação
da tradição mítica.
b)
sustentação do
método dialético.
c)
relativização
do saber verdadeiro.
d)
valorização da
argumentação retórica.
e)
investigação
dos fundamentos da natureza.
4. (Ufu 2015) Há um abismo
imenso que separa esta escala de valores que Sócrates proclama com tanta
evidência e a escala popular vigente entre os gregos e expressa na famosa
canção báquica antiga:
O bem supremo do mortal é a saúde;
O segundo, a formosura do corpo;
O terceiro, uma fortuna adquirida sem mácula;
O quarto, desfrutar entre amigos o esplendor da juventude.
JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes,
1995, pp. 528-529.
Responda:
a) O que é o homem para Sócrates?
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b) Qual é a relação entre o que define o homem e a máxima délfica
“Conhece-te a ti mesmo”?
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5. (Uea 2014) O sofista é um diálogo de Platão do
qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início
do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de
recorrer para definir o que é um sofista.
Sócrates:
– Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar,
numa longa exposição ou empregar o método interrogativo?
Estrangeiro:
– Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse
mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas
para si mesmo.
(Platão. O sofista, 1970. Adaptado.)
É
correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista
metodológico, adotar
a)
a maiêutica,
que pressupõe a contraposição dos argumentos.
b)
a dialética,
que une numa síntese final as teses dos contendores.
c)
o empirismo,
que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos.
d)
o apriorismo,
que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus.
e)
o dualismo,
que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano.
6. (Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates,
filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida
na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates.
A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens.
Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de
que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.
O
“sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois
a)
aquele que se
reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
b)
é um exercício
de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da
Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
c)
a dúvida é uma
condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades
dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
d)
é uma forma de
declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se
apenas com causas abstratas.
7. (Ufu 2013) O diálogo
socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates
ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates
considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o
único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima.
De acordo com a doutrina socrática,
a)
a
busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da
filosofia.
b)
é
a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica.
c)
o
exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é,
portanto, de natureza sofística.
d)
a
impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é sanada pelo homem,
medida de todas as coisas.
8. (Ufu 1998) Sócrates é tradicionalmente
considerado como um marco divisório da filosofia grega. Os filósofos que o
antecederam são chamados pré-socráticos. Seu método, que parte do pressuposto “só
sei que nada sei”, é a maiêutica que tem como objetivo:
I.
“dar luz a ideias novas, buscando o conceito”.
II.
partir da ironia, reconhecendo a ignorância até chegar ao conhecimento.
III.
encontrar as contradições das ideias para chegar ao conhecimento.
IV.
“trazer as ideias do céu à terra”.
Assinale
a)
se apenas I e
II estiverem corretas.
b)
se apenas I e
III estiverem corretas.
c)
se apenas II,
III e IV estiverem corretas.
d)
se apenas III
e IV estiverem corretas.
e)
se apenas I e
IV estiverem corretas.
Resposta da questão 1: [B]
No escrito Apologia de Sócrates, realizado por seus discípulos, pois
este filósofo não deixou escritos próprios, encontramos um relato detalhado das
acusações sofridas por ele, bem como os argumentos utilizados em sua defesa.
Neste relato, o principal acusador de Sócrates é Meleto que o acusa de
“corromper a juventude” e “desrespeitar os deuses” dizendo que estes em nada
contribuem para a melhora da sociedade. Destaca-se no relato o método socrático
que se fundamenta na: ”Ironia” que representa a capacidade de fingir-se de
ignorante perante seu adversário a fim de por meio de perguntas e respostas
fazer com que este se reconheça ignorante acerca do assunto que julga saber; e
a “Maiêutica”, que busca conduzir de forma gradativa o indivíduo a encontrar
respostas mais coerentes que o levam a descobrir a verdade. Os principais
inimigos de Sócrates era os sofistas. Estes representam para os filósofos os
“falsos mestres do saber”, pois não se preocupam com a busca pela verdade, (por
considerarem isto impossível) e assim se dedicam principalmente para a arte da
oratória. Portanto, vendem seu saber em toca de poder, benefícios e honrarias.
Os itens II e V não condizem com o pensamento de Sócrates ou o modo como
transcorreu a defesa empreendida contra aqueles que o acusavam.
Resposta da questão 2: [C]
Os sofistas
foram muito mal vistos devido aos escritos de Platão. Entretanto, ainda que
lucrassem com sua atividade de ensino, esses filósofos desenvolveram
importantes teorias. Hoje sua importância é reconhecida principalmente em
relação ao relativismo cultural e às contribuições ao espírito democrático.
Resposta da
questão 3: [B]
O método socrático é também conhecido como método dialético. Fazendo
perguntas a seu interlocutor, Sócrates tinha a intenção que de que este
chegasse a um estado de aporia, para depois poder gerar às suas próprias ideias
das coisas.
Resposta da questão 4:
a)
O homem para
Sócrates é entendido como um ser dotado de uma alma, sendo que sua alma é o que
lhe confere diferenciação entre todas as outras coisas. O corpo para Sócrates
representa um instrumento pelo qual utilizamos para promover o enobrecimento
desta alma, por meio de nossas ações, portanto deve possuir saúde e harmonia
física e ser capaz de possuir condições para desempenhar funções na cidade que
se revertam em condições materiais que garantam o seu sustento. A inteligência
é o instrumento da alma e tem por finalidade promover condições para o homem
aprimorar-se, a reflexão. Desta forma, o homem deve buscar ampliar seu
conhecimento, controlar suas emoções, desenvolver suas potencialidades agindo
por meio da conduta virtuosa. A reflexão realiza a união entre a reflexão e a
ação virtuosa, com isto ocorre o aprimoramento moral que aperfeiçoa o caráter e
enobrece a alma.
b)
Sócrates
expõe em sua filosofia que o homem somente pode cuidar de si na medida em que
conhece sua própria natureza. Para isto o homem deve buscar na ciência
(conhecimento) a capacidade de refletir para poder desenvolver-se em plenitude.
Uma vez posta em ação o conhecimento de si, o homem pode então partir para a
ação refletida, ou seja, uma vez que o homem possui conhecimento de sua essência
ele pode então melhorar sua vida através da ação virtuosa na qual ocorre a
coerência entre a reflexão e a ação, produzindo um melhor estado de vida. Por
meio do próprio conhecimento o homem é capaz de conhecer seu semelhante e com
isto é capaz de agir corretamente no intuito de buscar a verdade em todas as
ações que realiza. Com este autoconhecimento de si e dos outros, o homem pode
atingir a verdadeira felicidade.
Resposta da questão 5: [A]
Platão,
influenciado fortemente por Sócrates, apresenta em seus diálogos a metodologia
de seu mestre para empreender a busca da verdade. O método socrático
constrói-se a partir de perguntas e respostas (dialética) que levam o
interlocutor, que não possua conhecimento e coerência sobre o que está falando,
a contradizer-se e acabar por revelar sua ignorância. A partir deste momento
inicia-se outra construção que conduz o interlocutor a descobrir a verdade de
forma gradativa e coerente. Este método que busca a construção da verdade por
meio da contraposição de argumentos é conhecido como maiêutica.
Resposta da questão 6: [A]
Primeiramente,
o ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”,
mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para
Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavra
do Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando
outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento
sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que
todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a
palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo.
Resposta da questão 7: [A]
É um tanto complicado dizer
que Sócrates ministrava aulas com a finalidade de transmissão dos seus
conhecimentos, pois como é sabido o filósofo se gabava de ser um parteiro de
ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à consideração de que o
conhecimento era do interlocutor e o seu trabalho consistia em fazer isto ser
concebido.
Esta
afirmação: “a busca pela essência do bem está
vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia”, necessita de referência
precisa, pois há uma mistura de termos antigos e modernos que cria um
anacronismo inaceitável. Todavia, até onde conseguimos percebemos, a intenção
da alternativa é ressaltar que os pré-socráticos mantinham pesquisas
preocupadas com o conhecimento da natureza, enquanto Sócrates possuía como
grande tema o conhecimento de si. Essa noção é parcialmente verdadeira, pois
nem os pré-socráticos eram simplesmente preocupados com o “mundo objetivo”, nem
Sócrates era simplesmente preocupado com o “mundo subjetivo”. A natureza, o
cosmos, possui enorme importância para a filosofia desenvolvida por Platão;
podemos observar isso na leitura da República (Livro VI, por exemplo).
Resposta da questão 8: [A]
A ironia é
uma dissimulação, isto é, Sócrates sabe de algo, porém ele sabe disto apenas
porque um oráculo lhe falou. Essa sabedoria faz com que o filósofo finja que
não sabe assumindo o máximo possível que seu interlocutor possui realmente um
conhecimento para lhe informar. Então, Sócrates sabe que seu interlocutor não
sabe porque o oráculo falou que Sócrates é o homem mais sábio e Sócrates sabe
que não sabe. Se o mais sábio não sabe, outro qualquer também não saberá, porém
é necessário fingir que não se sabe para saber realmente se aquilo pronunciado
pelo oráculo é verdadeiro. Portanto, a ironia é uma necessidade perante o
conhecimento divino do oráculo, uma postura através da qual se torna possível
interrogar outros homens que se dizem sábios e avaliar até que ponto eles
realmente sabem do que dizem saber. Assim, nós chegamos ao conhecimento das
contradições presentes nas opiniões desses supostos sábios e superando tais
contradições chegamos às ideias. Nesse relacionamento com as opiniões da
cidade, Sócrates foi o filósofo que trouxe a filosofia do céu à terra, isto é,
Sócrates deixou de preocupar-se com problemas cosmológicos e passou a se
preocupar com problemas políticos.